O SGA e a Mudança Organizacional

INTRODUÇÃO:

Nos anos recentes, muitas empresas reconheceram a importância do SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL para solucionar os problemas ambientais gerados por suas atividades. Uma parte delas reconheceu em obediência à legislação, para escapar de multas, ou por uma simples questão de imagem. Outras mudaram o entendimento sobre o tema e, de fato, abraçaram as causas ambientais.

Deixando de lado opiniões, entendimentos ou reconhecimentos, hoje, o que tem chamado atenção, é o seu papel de destaque. O SGA cresceu em importância, sendo entendido como alternativa (ou ferramenta) cada vez mais empregada na solução de problemas ambientais, muito mais do que uma mera coleta seletiva atuando…

…na eficiência industrial e melhor aproveitamento das matérias-primas.

…nos ganhos econômicos na criação de produtos mais conceituados e modernos.

…na redução dos custos de diversas atividades.

…na criação de imagem empresarial positiva.

NEM TUDO SÃO FLORES

Certamente, um projeto de IMPLANTAÇÃO do SGA na empresa vai solicitar demandará MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS. Profundas ou superficiais, as mudanças precisam ser avaliadas pelos GESTORES por envolverem a CULTURA ORGANIZACIONAL, CLIMA ORGANIZACIONAL e as estruturas existentes.

É natural. Qualquer processo novo gera ambiente de desconfiança, desconforto e várias reações às MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS a serem introduzidas. Em muitos casos, os contratempos não estão nos aspectos técnicos ou na área financeira. O problema pode estar relacionado às PESSOAS e suas resistências.

Estas resistências não são exclusividade em relação ao SGA. Elas acontecem em todas as áreas pelas rupturas necessárias, quebra de paradigmas, quebra de maus hábitos adquiridos, na perda de espaços políticos e no desmanche das ZONAS DE CONFORTO estabelecidas.

O BOM ÊXITO

A execução do projeto vai requerer o comprometimento da DIRETORIA/ALTA GERÊNCIA, fator decisivo e determinante no sucesso ou fracasso da IMPLANTAÇÃO do SGA. Será de sua responsabilidade a revisão ou mudanças na CULTURAL ORGANIZACIONAL, MISSÃO/VISÃO/VALORES, POLÍTICAS EM USO, FILOSOFIA DE TRABALHO e LIDERANÇA. Além do mais, todas as áreas da empresa deverão se empenhar para uma forte articulação e envolvimento:

PRODUÇÃO, GESTÃO DA ÁREA AMBIENTAL, SEGURANÇA DO TRABALHO, CIPA e LOGÍSTICA.

RH (Treinamento, Comunicação Interna, Endomarketing e funcionários-chave) e um forte trabalho de GESTÃO DE PESSOAS.

1 – DIRETORIA/ALTA GERÊNCIA – Comprometimento

O andamento dos negócios tem exercido fortes pressões sobre as empresas por uma gestão eficiente, moderna, comprometida com responsabilidade social para administrar a questão ambiental. É preciso fazer frente às necessidades do mercado com inovações tecnológicas que elevem a qualidade dos produtos, que reduzam custos em atividades que somem desenvolvimento sustentável com o aumento de competitividade.

Os EXECUTIVOS da alta direção, principalmente das indústrias, são os grandes responsáveis pela condução e decisões sobre o SGA. Sua proximidade, participação ativa e direta na construção da política e diretrizes deverá atuar na junção de todas as áreas. O trabalho deve ser feito com acompanhamento rigoroso, que elimine a emissão de RESÍDUOS e impactos ao meio ambiente, com menor uso de recursos naturais.

DESAFIOS: o SGA, entretanto, requer mudanças em procedimentos visando melhoria contínua, inclusive com a provisão de recursos financeiros:

Primeiro desafio: está na CULTURAL ORGANIZACIONAL, entendida como um conjunto de significados compartilhados entre todos os membros da empresa. Contudo, é uma tarefa complexa para a DIRETORIA/ALTA GERÊNCIA modificar um quadro de características culturais e valores já estabelecidos a favor da IMPLANTAÇÃO do SGA na empresa.   

Segundo desafio: alinhar a MISSÃO/VISÃO/VALORES da empresa com a política ambiental estabelecida.

Terceiro desafio: a capacidade de LIDERANÇA vai ser colocada à prova. Os EXECUTIVOS deverão interferir e mudar a maneira de pensar, as políticas habituais e formas vigentes de comunicação. Portanto, envolve também os relacionamentos e a filosofia de trabalho dos funcionários.

2 – PRODUÇÃO– Mudanças

A área industrial viu sua responsabilidade crescer com a GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL. Os processos em uso deverão mudar fazendo o CHÃO DE FÁBRICA entender os programas que envolvem políticas e práticas operacionais a favor do meio ambiente. A área de PRODUÇÃO deverá suprimir ou minimizar impactos e danos ambientais trabalhando com planejamento, implantação, operação, manutenção, ampliação, realocação ou descontinuidade de processos produtivos.

O GESTOR de PRODUÇÃO também deverá, de maneira contínua, acompanhar normas e protocolos ambientais em vigência. Em suas atividades verificam desperdícios de materiais, seguem prazos através de mapeamento, diagnósticos, avaliações e vistorias ambientais.

Além do mais, compara os resultados das modificações realizadas na empresa que apresentaram potencial para emissões de poluentes. Neste trabalho é importante a frequência e qualidade da troca de dados e informações.

É vital compartilhar procedimentos para apoiar decisões e iniciativas do COMITÊ DE GESTÃO AMBIENTAL. O trabalho também é feito em conjunto com GESTOR DA ÁREA AMBIENTAL, SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO e CIPA.

3 – LOGÍSTICA REVERSA – A participação  
Todo e qualquer projeto ou mudança importante numa organização não pode levar em conta apenas o lado financeiro e a tecnologia a ser empregada. Até mesmo pequenas alterações envolvem um processo de MUDANÇA ORGANIZACIONAL que, obrigatoriamente, precisa considerar a forma como gerenciar as PESSOAS.

A LOGÍSTICA também atua no SGA auxiliando no manuseio, reaproveitamento e destinação correta de materiais:

REJEITOS são materiais considerados sem nenhuma possibilidade de reaproveitamento ou reciclagem. São RESÍDUOS SÓLIDOS que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada (LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos).

● Os RESÍDUOS PÓS-VENDA são produtos que retornam à empresa por: avaria, mau desempenho, falta de garantia, extravio da encomenda, erros de pedido, estoques obsoletos, manuseio, saldos, leilões etc. Normalmente têm pouco uso, ou nem foram utilizados. Se não houver possibilidade de uso deverão ser transportados para uma disposição final ambientalmente adequada.

4 – RECURSOS HUMANOS – Transformação

Desenvolver e implantar o SGA solicita que o recurso humano disponível na empresa esteja apto para a tarefa.  Mas, internamente, podem ocorrer problemas como a qualidade insuficiente das PESSOAS pela falta de capacitação, baixo nível de escolaridade, pouco envolvimento, falta de motivação e treinamento adequado, além da resistência às mudanças. Na falta de profissionais habilitados, será preciso o trabalho de recrutamento, seleção e contratação.

Comunicação Interna e Endomarketing: o RH deverá encontrar formas de comunicação que esclareçam e conscientizem funcionários sobre o SGA.

● Treinamento organizacional: é uma das ferramentas mais valiosas no aprendizado e estímulo aos funcionários de todos os níveis. Eleva o nível de capacitação, pois, com novos conhecimentos, amplia-se a visão, desenvolvem-se habilidades e mudam-se atitudes com relação ao SGA.

O Treinamento também contribui para superar dificuldades de interpretação das MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS, novas orientações, identificação das necessidades de treinamentos, procedimentos e normas demonstrando benefícios das ações ambientais. Aborda a execução das atividades, o uso racional da água e da energia elétrica, conservação e manutenção de equipamentos, uso de combustíveis e o perigo pela falta de comprometimento.

ENDOMARKETING: a finalidade é criar campanhas para o envolvimento, participação e motivação nas atividades do SGA com campanhas internas. Poderão ser criados planos de incentivo como reconhecimento e premiações pelas ações e ideias vindas dos funcionários.

FUNCIONÁRIOS-CHAVE: são colaboradores de talento que tiveram destaque durante os treinamentos e que podem dar importantes contribuições.

5 – GESTÃO DE PESSOAS – A Mudança Organizacional

Qualquer projeto ou mudança importante numa organização não pode levar em conta apenas o lado financeiro e a tecnologia a ser empregada. Até mesmo pequenas alterações envolvem um processo de MUDANÇA ORGANIZACIONAL que, obrigatoriamente, precisa considerar a forma como gerenciar as PESSOAS

Na implantação do SGA o problema não é diferente. A maneira como a GESTÃO DE PESSOAS vai agir, sem nenhuma dúvida, terá um peso importante durante o processo, pois ela deverá levar em conta as dificuldades que são serão encontradas, principalmente, as resistências às mudanças.

MUDANÇA ORGANIZACIONAL: é a transformação com a capacidade de romper contextos e velhos hábitos enraizados anteriormente na organização. As PESSOAS envolvidas poderão absorver este rompimento com facilidade, apoiando ou não, contradizendo e rejeitando novos projetos de maneira aberta ou furtiva.

● O medo da MUDANÇA: as PESSOAS possuem percepções diferentes, mas, o que é novo sempre causa medo e desconfiança. Pode tirar o indivíduo da ZONA DE CONFORTO, pode ser uma ameaça potencial ao emprego, quebra de interesses próprios, perda de espaço e importância, incertezas sobre o futuro etc.

● A GESTÃO DE PESSOAS: vai ter como principal papel “COSTURAR” todas as ferramentas possíveis para o RH executar programas coerentes de treinamento e motivadores. Assim, sensibilizando funcionários, será possível promover o SGA como fator estratégico, crítico e atual para a empresa.

A capacitação e integração com a mentalidade ambiental é muito importante na transformação do conhecimento. Para os profissionais em cargos de gerência o processo do SGA poderá ser de grande valor como aprimoramento da capacidade de LIDERANÇA e no reforço de HABILIDADE INTERPESSOAL.

6 – TIC – Dados e Informações

Os SOFTWARES a serem utilizados devem estar acessíveis e atualizados permitindo o acompanhamento dos resultados.

Sugestão de leitura

DIAS, REINALDO. Gestão Ambiental – Responsabilidade Social e Sustentabilidade. Editora Atlas. Edição 3ª. São Paulo, 2017.

TACHIZAWA, TAKESHY. Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Corporativa. Editora Atlas. Edição 1ª . São Paulo, 2019.

BARBIERI, JOSÉ CARLOS. Gestão ambiental empresarial: Conceitos, modelos e instrumentos. Editora Saraiva. Edição 3ª . São Paulo, 2012.    

MOREIRA, MARIA SUELY. Estratégia e Implantação do Sistema de Gestão Ambiental. Editora Falconi. Edição 4ª . São Paulo, 2010.

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