E-LIXO – O Lixo Eletrônico

INTRODUÇÃO:

Empresas com mentalidade moderna vêm trabalhando conceitos de SUSTENTABILIDADE e PRESERVAÇÃO AMBIENTAL com seriedade.  É a busca do equilíbrio harmonioso do desenvolvimento com relação à PRESERVAÇÃO da NATUREZA e do MEIO AMBIENTE. Este trabalho é feito através da GESTÃO AMBIENTAL considerada em sua ESTRATÉGIA CORPORATIVA e CULTURA ORGANIZACIONAL.

LIXO ELETRÔNICODEFINIÇÃO

É entendido como sendo LIXO ELETRÔNICO (ou E-LIXO) todo o material residual produzido pelo descarte de equipamentos eletroeletrônicos. Entretanto, o expressivo crescimento do seu uso e descarte incorreto tem se tornado um sério PROBLEMA AMBIENTAL.

O CRESCIMENTO DO LIXO ELETRÔNICO

A evolução tecnológica acarretou um considerável aumento do consumo de eletroeletrônicos fazendo com que empresas, instituições de ensino e órgãos públicos substituam seus equipamentos em períodos cada vez mais curtos. Tudo por uma questão de ATUALIZAÇÃO. Por sua vez, os consumidores estão mais interessados na compra de aparelhos que possam facilitar sua vida ou mesmo por uma questão de STATUS.

A vida útil dos eletroeletrônicos é cada vez mais curta e a troca por outros equipamentos mais modernos se tornou bem rápida.

Hoje são comuns as diversas ações e campanhas visando doação, reciclagem ou descarte adequado. São equipamentos que, para as empresas não têm mais serventia, por obsolescência ou pela manutenção inviável (tendência cada vez maior).  No entanto, infelizmente. há por uma boa parte dos consumidores um descaso quanto ao assunto. Muitos trocam celulares, computadores e NOTE BOOKS por modelos atualizados e, nesta febre tecnológica, poucos se preocupam com o que fazer com o lixo tecnológico e a sua correta destinação.

E a lista é extensa: impressoras, monitores, aparelhos de som, baterias de celulares, pilhas, televisores, pagers, controles remotos, componentes diversos, brinquedos, micro ondas, câmeras fotográficas etc.

O mundo produz até 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico todos os anos, um volume avaliado em mais de 60 milhões de dólares. Fonte: PNUMA – Agência da ONU para o Meio Ambiente (2015).

OS NÍVEIS DE SOLUÇÕES

O LIXO ELETRÔNICO é um dos desafios mais importantes por causa dos materiais que ele contém. Mas, para que ocorram medidas compatíveis, é necessário que todos estejam cientes dos danos causados e as soluções para o assunto podem ser encontradas em três níveis:

1 – NÍVEL CORPORATIVO: o problema é complexo envolvendo a análise sobre a coleta e destinação correta do LIXO ELETRÔNICO. Envolve a participação e parceria de todos os participantes da cadeia produtiva e os representantes do GOVERNO. Um dos aspectos de maior relevância está na LOGÍSTICA REVERSA atuando na coleta e entrega da massa de LIXO ELETRÔNICO em locais adequados,  empresas especializadas e em entidades sociais de inclusão digital. Muitos especialistas debatem e afirmam que os fabricantes são os principais responsáveis pela destinação de seus produtos depois de descartados pelos consumidores.

No AMBIENTE CORPORATIVO, estas questões sempre foram entendidas apenas como uma imposição legal que relaciona a PROTEÇÃO AMBIENTAL como um aumento nos custos. Mas, nos últimos anos os aspectos ambientais ganharam importância e passaram a ser vistos como VANTAGEM COMPETITIVA e CONCEITO EMPRESARIAL. De qualquer forma, a tendência moderna aponta na criação de processos de LOGÍSTICA na coleta especializada, reciclagem, reaproveitamento ou canibalização.

2 – NÍVEL DO PODER PÚBLICO: é o responsável pela criação de leis que regulem de maneira mais rigorosa as formas de proteção ao MEIO AMBIENTE e saúde pública. Também é função do GOVERNO a fiscalização das empresas para que não se omitam de suas OBRIGAÇÕES AMBIENTAIS além de exigir, por meios legais, um sistema de coleta de eletroeletrônicos.  Também cabe ao GOVERNO campanhas de conscientização para os consumidores sobre o descarte específico.

CRC: em 2006 o GOVERNO FEDERAL criou o Centro de Recondicionamento e Reciclagem de Computadores (CRC) para dar um destino SOCIALMENTE JUSTO e AMBIENTALMENTE CORRETO aos itens de informática descartados.

Os CRC’s recondicionam computadores que não tem mais utilidade em órgãos da Administração Pública Federal e em empresas privadas parceiras do programa. O que é recuperado é enviado para Telecentros, bibliotecas, escolas e projetos de inclusão digital. O CRC também dá várias oportunidades de INCLUSÃO e GERAÇÃO DE RENDA para jovens em condição de VULNERABILIDADE SOCIAL que estejam atuando no projeto.

PNRS: em 2010 o GOVERNO FEDERAL também criou a POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOSPNRS diferenciando resíduos (lixo reciclável) e rejeito (lixo não passível de reaproveitamento). Além do mais a PNRS se refere a todos os tipos de resíduos (industrial, doméstico, hospitalar, eletroeletrônicos etc.) e estabelece linhas para que haja uma gestão integrada sobre o problema.  

3 – NÍVEL INDIVIDUAL: os consumidores precisam ter ciência de que o E-LIXO não pode ser colocado em lugares inadequados. O DESCARTE CONSCIENTE tem alternativas: venda ou doação, devolução ao fabricante (caso ele tenha programas de LOGÍSTICA REVERSA), envio aos locais apropriados ou entrega para cooperativas e empresas especializadas na RECICLAGEM ou REAPROVEITAMENTO.

POSTOS DE DESCARTE:

Ou Pontos de coleta seletiva. Estão se tornando uma alternativa para substituir a coleta  porta a porta.

Podem ser mantidos pela iniciativa privada ou pelas por prefeituras e devem estar acessíveis à população em áreas adequadas para receber lixo eletrônico.

ELETRORECICLAGEM  

Entre os países emergentes, o Brasil é o que mais produz LIXO ELETRÔNICO. Contudo, no início do Século XXI as iniciativas quanto ao problema começaram a ser tornar bem mais efetivas. O trabalho é feita por COLETA SELETIVA em empresas, casas e escolas separando o LIXO ELETRÔNICO dos demais materiais recicláveis (papel, plástico, vidro e metal).

O DESCARTE IRREGULAR e o manuseio sem planejamento e proteção adequada poderão ser um grave risco ao prejudicar a saúde dos trabalhadores pelo contato direto. Portanto, o manuseio, coleta, transporte e entrega destes materiais para o processo de ELETRORECICLAGEM deve ser feita por pessoal habilitado e com os devidos cuidados.

PERIGOS DO LIXO ELETRÔNICO

O plástico, que leva séculos para desaparecer na natureza, compõe a maior parte dos materiais utilizados em eletroeletrônicos. Os circuitos internos e seus componentes têm metais pesados, altamente tóxicos, que não são biodegradáveis. Além do contaminar o ambiente, estas substâncias químicas podem provocar doenças graves nas pessoas que coletam produtos em lixões, terrenos baldios ou na rua. Eles contaminam o solo e a vegetação ao serem enterrados, contaminam dos lençóis freáticos e, ao serem incinerados, liberam toxinas perigosas e gás carbônico agravando o efeito estufa. Os prejuízos ao MEIO AMBIENTE podem ser divididos em três grupos principais:

1 – Metais pesados: placas e circuitos eletrônicos com metais altamente poluentes:

CHUMBO: em níveis altos de exposição o indivíduo pode ter vômitos, diarreia, convulsões, coma e vir a óbito. Causa grandes danos cerebrais, neurológicos, doenças no sangue e o comprometimento de fetos. 

CÁDMIO: é um agente altamente cancerígeno. É cumulativo no organismo afetando a estrutura óssea e os rins.

MERCÚRIO: causa danos cerebrais e renais e problemas no desenvolvimento de fetos.  Sua inalação ou ingestão prejudica os rins e o sistema nervoso.

BERÍLIO: causa câncer de pulmão.

COBRE: causa irritação na garganta e nos pulmões e afeta rins e fígado.

ZINCO: o indivíduo pode ter náusea e vômitos. Além disso, o Zinco causa dores generalizadas, arrepios, febre, garganta seca, tosse e fraqueza.

PRATA: causa manchas azuladas permanentes na pele (argismo).

ARSÊNICO: pode causar câncer de pulmão. Causa doenças de pele e afeta o sistema nervoso central.

MANGANÊS: tremores, agressividade, insônia, alucinações e um quadro muito parecido com Parkinson.

CROMO HEXAVALENTE: é perigoso para os rins, causa bronquite asmática e deformações no DNA. Além de sua ação irritante e corrosiva é o responsável por tumores.

2 – Aterros sanitários: o LIXO ELETRÔNICO tem grandes quantidades de materiais que levam muito tempo para serem decompostos na NATUREZA. O descarte em aterros sanitários aumenta o volume depositado e reduz o tempo de vida útil do aterro. E, portanto, maiores IMPACTOS AMBIENTAIS.

3 – Prejuízos à SAÚDE PÚBLICA: a poluição pelo DESCARTE INCORRETO pode causar graves danos à saúde da população que vive próxima aos aterros sanitários ou que sobrevivem da coleta e separação de RESÍDUOS. As consequências poderão se manifestar ao longo do tempo.

LIXO ELETRÔNICOOPORTUNIDADE DE NEGÓCIO

Muitos elementos que podem ser encontrados no LIXO ELETRÔNICO têm grande potencial para reutilização. Mas, o conhecimento raso sobre o descarte e correto aproveitamento aumenta o problema. De acordo com a OIT (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO), o LIXO ELETRÔNICO pode se tornar uma fonte de oportunidades e de empregos.

Mas, é preciso que haja maiores investimentos em sistemas e infraestruturas para a gestão eficiente dos resíduos (coleta, reutilização, reciclagem, renovação e revenda). No mundo são produzidos anualmente até 50 milhões de toneladas, o que equivale a mais de 60 bilhões de dólares sendo que apenas 20% do material são formalmente reciclados.

Os resíduos de eletroeletrônicos podem ser transformados em algo positivo e um recurso cada vez mais importante para o setor de TRABALHO INFORMAL em países emergentes.

Oportunidade eletrônica: é entendida como os processos ambiciosos, formais e regulados para a coleta e a gestão do lixo eletrônico. Evitam prejuízos à saúde, aumentam os índices de reciclagem de eletrônicos nos países em desenvolvimento, pode gerar empregos, reduzir a emissão de gases de EFEITO ESTUFA e recuperar uma ampla gama de metais.

Em 2016 foram gerados 44,7 milhões de toneladas métricas de resíduos eletrônicos, um aumento de 8% na comparação com 2014. Especialistas preveem um crescimento de mais 17%, para 52,2 milhões de toneladas métricas, até 2021.  Fonte: Global E-Waste Monitor 2017.

Sugestão de Leitura

MIGUEZ, EDUARDO C. Logística Reversa como solução para o problema do lixo eletrônico: benefícios ambientais e financeiros. Rio de Janeiro, Editora QUALITYMARK, 2010.  

LEITE, PAULO R. Logística Reversa – Meio ambiente e competitividade. São Paulo, Editora PEARSON, 2003.

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