O Tripé da Sustentabilidade

INTRODUÇÃO:

A partir dos últimos anos do Século XX a importância da SUSTENTABILIDADE foi se transformando em motivo de discussões entre empresários, ambientalistas e governo. Nos anos 2000, o assunto ganhou importância maior, pois a procura por produtos e serviços, que estivessem de acordo com os padrões estabelecidos pela SUSTENTABILIDADE, começou a crescer no conceito dos consumidores. 

Assim, ela passou a ser muito explorada pelas empresas como apelo de MARKETING,mostrando aos consumidores que seus produtos são fabricados de acordo com normas, sem prejudicar o MEIO AMBIENTE. Desta forma, a empresa passa a ser vista como empresa ECOLOGICAMENTE CORRETA ganhando uma imagem positiva.

O uso de estratégias e ações sustentáveis não ficou restrito ao MARKETING. A SUSTENTABILIDADE se tornou relevante como uma garantia de melhor qualidade de vida para a população. No médio e longo prazo, os principais benefícios das ações sustentáveis possibilitam…

…a diminuição da poluição nos rios, terra e atmosfera.

…a preservação dos recursos naturais.

…a manutenção da vida terrestre e ecossistemas.

O TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE – TRIPLE BOTTOM LINE

É comum encontrar o conceito de SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL baseado no TRIPLE BOTTOM LINE (LINHA TRIPLA DE FUNDO) que também é conhecido como TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE ou TRIPLO RESULTADO ou “3Ps”PEOPLE, PLANET AND PROFIT.

É uma forma de Gestão voltada para uma maneira mais ampla de SUSTENTABILIDADE nas empresas. O TRIPÉ não se limita às preocupações apenas com o MEIO AMBIENTE e apresenta uma proposta de atuação, mais consistente, em outros setores.

A proposta procura encontrar uma relação de equilíbrio entre o LUCRO, o MEIO AMBIENTE e o ELEMENTO HUMANO. Ou seja, uma forma voltada, não só para o resultado econômico, mas, uma GESTÃO AMBIENTAL preocupada com o impacto na NATUREZA e sobre as pessoas (funcionários e sociedade). 

EMPRESA SUSTENTÁVEL

É a empresa que,além de ser lucrativa para os acionistas, protege o MEIO AMBIENTE e melhora a vida das pessoas com as quais interage. O conceito está firmado nos seguintes pressupostos:

Sustentabilidade Ambiental: proteger o meio ambiente.

Sustentabilidade Social: a forma de tratamento do capital humano e ações para melhorar a vida dos cidadãos.

Sustentabilidade Econômica: resultado econômico positivo ao gerar lucros.

1 – Empresa Socialmente Justa: é referente ao modo como a empresa trata os indivíduos: funcionários, consumidores, fornecedores, cidadãos e todos com quem ela tenha algum tipo de relacionamento.

Portanto, podemos entender a parte social sob dois aspectos:

A – Ambiente Interno: é ter ética e responsabilidade com o seus funcionários. Uma empresa verdadeiramente preocupada com SUSTENTABILIDADE precisa ter relações respeitosas e harmônicas com os trabalhadores e oferecer condições adequadas: remuneração justa, benefícios sociais, inclusão social e respeito às diversidades.

B – Ambiente Externo: é a preocupação com a comunidade na qual a empresa está localizada. A participação e o auxílio ao seu entorno é importante e demonstra o nível de responsabilidade da empresa.

C – Dimensão Social: aborda a valorização dos Direitos Humanos, programas de apoio ao Bem-Estar, participação e envolvimento Comunitário com projetos sociais, atitude Ética, transparência, incentivo educacional e à DIVERSIDADE CULTURAL, apoio às políticas de INCLUSÃO SOCIAL, atitude cidadã e treinamento, valorização da mão de obra local e desenvolvimento de funcionários.

2 – Empresa Ambientalmente Correta: em anos recentes, as estratégias corporativas passaram a incluir a proteção ao MEIO AMBIENTE como sendo relevante. A visão sobre o assunto é a mais debatida e ainda não é muito bem aceita por que não apresenta resultados financeiros. A GESTÃO AMBIENTAL deve procurar estabelecer práticas de produção tecnicamente mais adequadas tendo cuidado com a emissão de poluentes, descarte de rejeitos, as matérias-primas em uso e ter responsabilidade ao explorar recursos naturais.

Para ter a RESPONSABILIDADE ECOLÓGICA, são necessárias várias mudanças estruturais que não se limitem apenas às campanhas de MARKETING: muitas empresas se apresentam como sustentáveis, mas, na prática, nem cumprem o que falam.

Futuramente, há uma tendência para que as empresas sejam cobradas por seus clientes e consumidores, de forma mais enérgica, em relação aos cuidados e apoio às medidas da sua GESTÃO AMBIENTAL.

Cada vez mais, os consumidores esperam mais do que só um bom produto ou um serviço de qualidade que venham a satisfazer suas necessidades. Há cada vez mais o envolvimento e o interesse com as práticas das empresas em relação à SUSTENTABILIDADE.

As empresas que atualmente são mais respeitadas, com credibilidade no mercado e com melhores resultados, são as que têm uma GESTÃO AMBIENTAL que adota POLÍTICAS AMBIENTAIS sérias e efetivas. Há a necessidade de investimentos em processos e equipamentos de combate à poluição do ar, efluentes, rejeitos e sucatas.

A – Dimensão Ambiental: aborda a Educação Ambiental, Conservação de Recursos Naturais, Visão Holística, redução de Desperdícios, ECOEFICIÊNCIA e Inovação, energia limpa e renovável, Tecnologia Sustentável, Gestão de Resíduos, Biodiversidade, Remediação ambienta, eliminação de Impactos Ambientais e maior Qualidade de Vida.

B – Educação Ambiental: durante toda a década de 1990, os debates sobre o DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (DS) ganharam maior dimensão motivada, pela comprovação da urgência de se repensar a relação entre o homem e a natureza. Um dos resultados dos debates foi a criação da EDUCAÇÃO AMBIENTAL, entendida como metodologia, onde indivíduo pode ter o papel principal no ensino/aprendizagem, ser agente participativo e multiplicador. É o melhor caminho para preparar outros cidadãos transformadores, na análise e busca de soluções ambientais.

3 – Empresa economicamente viável: para ter continuidade, todas as empresas precisam gerar lucros. Porém, a sua atividade para chegar ao resultado econômico positivo, na fabricação de produtos ou na prestação de serviços, não deve ser nociva ao MEIO AMBIENTE.

Este parte do TRIPÉ gera muitas controvérsias e as empresas nem sempre entendem (ou não querem entender) como atuar em uma gestão mais sustentável e responsável financeiramente por que o foco sempre se limita ao lucro.

A – Dimensão Econômica: ter competitividade no mercado, resultado econômico (lucro), transparência, prosperidade, relações de trabalho respeitosas, bom relacionamento com fornecedores e clientes, boas relações com a sociedade, estratégias de crescimento com base na preservação ambiental e bem estar social.

A ideia do TRIPLE BOTTOM LINE ainda hoje é tema de discussões e muitos consideram que ela assumiu uma visão técnica, afastada do conceito original. Na prática, a maioria das empresas que fazem a mensuração, apresentam resultados em relatórios corporativos somente para provar esforços dentro dos 3P’s e não com propostas efetivas. O 3P’s é usado para obter bom conceito no mercado utilizando os conceitos da SUSTENTABILIDADE para valorizar a imagem corporativa.

JOHN ELKINGTON (1949 – ):

O conceito TRIPLE BOTTOM LINE foi criado nos anos 90 por JOHN ELKINGTON, um ativista e consultor britânico, um dos precursores mais importantes da responsabilidade social e ambiental nas grandes empresas.

De acordo com ELKINGTON, a ideia foi medir e avaliar os resultados de uma empresa partindo de 3 pilares básicos, denominados 3PL (PEOPLE, PLANET AND PROFIT –  Pessoas, Planeta e Lucros). Seguindo esta proposta, a sustentabilidade é muito maior do que apenas preservar RECURSOS NATURAIS e reduzir as agressões ao planeta.

A GESTÃO deveria atuar seguindo as 3 perspectivas e sempre demonstrar os seus resultados a partir dessas bases. Uma empresa para ser sustentável precisa ter ideias para renovar, gerenciar sem explorar, ser lucrativa de forma responsável para ter continuidade e conduzir projetos que não sejam prejudiciais.

Em 1987 JOHN ELKINGTON e JULIA HAILES fundaram o SUSTAIN ABILITY, uma organização focada e comprometida com a melhoria econômica, social e SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL. O seu trabalho é feito através da expansão da ideia de um modelo de GESTÃO que considera o desempenho ambiental, social e financeiro para substituir o modelo de negócios tradicional das empresas.

ELKINGTON e HAILES foram os autores de um dos  maiores best-seller da década de 1980.

O livro OGUIA DO CONSUMIDOR VERDE (THE GREEN CONSUMER) lançado em iniciou 1988 a tendência de fornecer várias orientações aos consumidores para escolher produtos de empresas ECOLOGICAMENTE CORRETAS, criando um cliente ambientalmente exigente.

Sugestão de Leitura

MENDONÇA, FRANCISCO DE ASSIS; DIAS, MARIANA ANDREOTTI. Meio ambiente e sustentabilidade. Editora  InterSaberes. Edição 1ª. Curitiba,  2019.

ABRAMOVAY, RICARDO. Muito Além da Economia Verde. Editora Planeta Sustentável. Edição 1ª. São Paulo, 2012.

ALVES, RICARDO RIBEIRO. Sustentabilidade empresarial e mercado verde: A transformação do mundo em que vivemos. Editora Vozes. Edição 1ª.  Curitiba, 2019.

ROSA, ANDRÉ HENRIQUE, FRACETO. LEONARDO FERNANDES. Meio Ambiente e Sustentabilidade. Editora Bookman. Edição 1ª. Porto Alegre, 2012. 

ALVES, RICARDO RIBEIRO. Administração verde.  Editora Atlas. Edição 1ª. São Paulo, 2016.

DIAS, REINALDO. Gestão Ambiental – Responsabilidade Social e Sustentabilidade. Editora Atlas. Edição 3ª. São Paulo, 2017.

TEIXEIRA, ALEXANDRA ALCANTARA. Educando Para a Sustentabilidade Corporativa. Editora Appris.  Curitiba, 2015.

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