INTRODUÇÃO:
O TRABALHO REMOTO, ou outras denominações para o mesmo tema, sem dúvida se tornou uma forte TENDÊNCIA no mundo empresarial e no mundo do trabalho. Tanto é que muitos afirmam que esta situação é uma MEGATENDÊNCIA, ou seja, irreversível.
Sendo uma TENDÊNCIA ou uma MEGATENDÊNCIA, sempre é preciso frisar que o TRABALHO REMOTO já vinha se desenvolvendo desde a década de 90. Fatores como o avanço tecnológico, a GLOBALIZAÇÃO da economia, a INTERNET, programas de qualidade total, processos de OUTSOURCING, a crise do mercado de trabalho com a precarização e a retração das oportunidades de emprego tiveram grande parcela de contribuição.
Em novembro de 2019, quando surgiram as primeiras informações sobre o NOVO CORONA VIRUS em WUHAN, ninguém poderia supor que PANDEMIA se tornaria um problema com tamanha magnitude e letalidade. Por todo o mundo, os países seguiram os critérios estabelecidos pela ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) para conter a disseminação da COVID-19: LOCKDOWN, medidas de isolamento social, distanciamento social, o uso do álcool a 70% (em gel ou na forma líquida), máscaras etc.
O LOCKDOWN e as medidas de isolamento social causaram um impacto significativo.
Para atender às novas necessidades e expectativas da atividade econômica (indústria, comércio e prestação de serviços)em relação à competitividade e aos resultados, as empresas e os profissionais (empregados e autônomos) tiveram que se reinventar e desenvolver processos de FLEXIBILIZAÇÃO.
Em especial, no caso brasileiro, quando a economia começava a dar sinais de recuperação da crise iniciada em 2014, a PANDEMIA prejudicou os resultados obtidos em 2018 e 2019 e gerou mais desemprego.
O TRABALHO REMOTO
A alternativa foi adotar, com a maior urgência possível, as modalidades de trabalho à distância. Elas se mostraram mais viáveis para uma série de atividades, nas quais a presença física do profissional não era imprescindível: tarefas que poderiam ser realizadas em casa ou em outros ambientes fora da empresa (com ou sem vínculo empregatício).
Surgiram várias denominações para a mesma ideia: TELETRABALHO, HOME WORKING, OFFICELESS, TRABALHO A DISTÂNCIA, TELEWORK, TELEWORKING,ANYWHERE OFFICE,WORKING FROM HOME, MOBILE WORK, REMOTE WORK, COWORKING, FLEXIBLE WORKPLACE e HOME OFFICE (esta última modalidade é que se tornou mais conhecida).
Em função da urgência, a implantação do TRABALHO REMOTO não deixou de ter problemas. As empresas tiveram que avaliar o perfil dos profissionais, requisitos necessários, vantagens e desvantagens, formas de controle e avaliação do desempenho dos envolvidos, FEEDBACK, adaptações na tecnologia e comunicações, equipamentos, novas atitudes, relacionamentos, reações prováveis, formas diferenciadas de GESTÃO, graus de motivação, predisposições do CAPITAL HUMANO, inteligência emocional etc.
QUESTIONAMENTOS
No início da PANDEMIA, algumas empresas ainda optaram por uma modalidade híbrida de trabalho que, posteriormente, foi abandonada: parte do tempo no escritório e parte do tempo à distância.
Mas, de acordo com muitas pesquisas e opiniões disponíveis na INTERNET, dentro das novas relações entre capital e trabalho, a modalidade REMOTA foi a preferência para a maioria dos trabalhadores dos grandes centros urbanos.
O indivíduo tem a oportunidade de trabalhar no conforto da sua casa, manter seus benefícios e ter maior flexibilidade em relação ao profissional que se desloca para o escritório, que perde tempo no deslocamento e que sofre com o desgaste físico. Sendo uma forma flexível, o TRABALHO REMOTO é motivador, dá maior autonomia e contribui para diminuir o stress.
Porém, há diversos QUESTIONAMENTOS sobre o assunto. Outras explicações mostram que a maior vantagem está ao equilibrar trabalho e família dentro de um novo cenário para formar profissionais seguindo novas circunstâncias dos negócios e do trabalho:
QUESTÕES
1 – Unanimidade: a predileção pelo TRABALHO REMOTO não é unanimidade. São aspectos que vão além de softwares e equipamentos para a execução das tarefas em lugares diferentes do escritório ou da sede da empresa.
● Há muitas OBJEÇÕES. Muitos profissionais ainda preferem o local de trabalho, o contato pessoal em um clima diferente e atividades sociais: nem em casa, nem no próprio ambiente familiar, nem em hotéis, nem em COWORKING ou…
2 – Cultura Organizacional: por ser uma atividade que teve uma expansão muito rápida e recente, o TRABALHO REMOTO ainda carece de análises mais profundas. Mas, um dos pontos que vem despertando o interesse dos especialistas da moderna ADMINISTRAÇÃO no NOVO NORMAL é se os trabalhadores à distância absorvem a CULTURA ORGANIZACIONAL da empresa para constituir uma parte de sua EQUIPE. As opiniões se dividem:
● Muitas empresas estão apostando na construção de uma CULTURA diferente com base no conhecimento, qualidade da capacitação e força criativa dos seus colaboradores. O objetivo é torná-los “PARCEIROS” na GESTÃO e no desenvolvimento dos negócios.
● Outras opiniões são divergentes. Acreditam que as atividades remotas, em função do distanciamento, são incapazes de formar um espírito de equipe e um grupo homogêneo.
● Para outros estudiosos, a construção de uma CULTURA vai depender da capacidade e do talento do GESTOR para engajar participantes em uma CULTURA moldada para o trabalho à distância.
3 – Encarreiramento: de acordo com as perspectivas propostas para a moderna ADMINISTRAÇÃO, a tendência aponta que não haverá mais a necessidade de uma hierarquia tradicional.
● A dinâmica para os próximos anos mostra que as tarefas executadas no TRABALHO REMOTO serão distribuídas e terão a MONETIZAÇÃO pelo critério de horizontalidade. Não haverá mais a necessidade de promoções de cargo.
● Outras opiniões acreditam que o TRABALHO REMOTO continua a oferecer oportunidades de carreira e de sucesso profissional sem a presença física. A atuação no sentido horizontal permite experiências em outras funções e, portanto, o aprimoramento do conjunto de habilidades e eficiência de um indivíduo.
4 – Gestão: uma das questões levantadas sobre o TRABALHO REMOTO está relacionada ao papel diferenciado (ou ultrapassado) dos GESTORES dentro da realidade do NOVO NORMAL da ADMINISTRAÇÃO.
● As novas propostas: a maioria dos especialistas da moderna ADMINISTRAÇÃO afirma que a tradicional figura do indivíduo, designado pela hierarquia para exercer o cargo de GESTOR, será substituída pelo LÍDER. Neste modelo de trabalho, a responsabilidade é distribuída e COMPARTILHADA com qualquer um dos profissionais envolvidos em um projeto, em processos ou tarefas.
Ao LÍDER também cabe o direcionamento das ações que poderão ter influência sobre a produtividade e levar a um objetivo comum. O GESTOR habitual, entendido como o dono do processo, CENTRALIZADOR, COERCITIVO e que dá ordens está em vias de extinção.
No NOVO NORMAL o GESTOR será um profissional integrante de um TIME de trabalho.
O LÍDER é o MOTIVADOR e o grande FACILITADOR que cede espaço para que todos também tomem decisões. Ele cede a oportunidade para que todos avaliem as ações que estão sendo bem sucedidas, que apresentem alguma proposta, correções e novas alternativas. Entretanto, a maneira mais correta para o exercício da LIDERANÇA é pelo exemplo, atitudes, ações que inspirem aos demais.
● A Liderança: as novas propostas consideram que o TRABALHO REMOTO permite a formação de uma mentalidade diferente, relações mais proveitosas e favoráveis à LIDERANÇA. Mas, dependendo da empresa, esta mudança de conceito e de modelo mental não é imediata e pode causar desgastes na CULTURA ORGANIZACIONAL criada nos moldes antigos.
● Outras ideias afirmam que o GESTOR (o chefe) ainda é fundamental. Mesmo no TRABALHO REMOTO com todos os recursos de COMUNICAÇÃO e da HIPERCONECTIVIDADE, ele continua sendo o elemento que faz a ligação dos RECURSOS DISPONÍVEIS, PESSOAS e o responsável que toma as decisões para alcançar OBJETIVOS.
5 – Controles: outra questão que é levantada a respeito do TRABALHO REMOTO é em relação à cobrança sobre as tarefas, controle de resultados e avaliação de desempenho etc.
● Com o desenvolvimento da tecnologia, o acompanhamento do trabalho dos funcionários pode ser feito rigorosamente à distância e sem grandes problemas: métricas, resultados de vendas, tempo de atendimento, avaliação do grau de satisfação dos clientes, absenteísmo e inúmeras informações de interesse. Por isso ganha a importância o processo seletivo para os integrantes do time. Contudo, é preciso levar em conta o grau de confiança, ética e engajamento.
● Outras opiniões asseguram que as reuniões ON LINE não têm a mesma produtividade. Assim, muitas empresas estabelecem um dia apropriado para uma reunião presencial para avaliar resultados e problemas.
6 – Produtividade: este assunto provoca grandes discussões.
● A forma de supervisão fica a critério da empresa ou do LÍDER. Mas de acordo com um estudo publicado na HARVARD BUSINESS REVIEW, o índice de aumenta com o TRABALHO REMOTO (CUIDADO: são dados referentes aos EUA – não há pesquisas semelhantes feitas no Brasil). Em geral, quem compartilha esta ideia aponta que o ambiente do escritório favorece a dispersão em relação ao trabalho.
● As opiniões contrárias questionam: da mesma forma que o ambiente do escritório pode dispersar a atenção, o TRABALHO REMOTO também pode ser prejudicado pelas condições ambientais existentes onde ele estiver sendo realizado (principalmente no ambiente doméstico). Portanto, o TRABALHO REMOTO nem sempre é totalmente viável.
7 – FULL TIME?: em geral, empresas que optam pelo TRABALHO REMOTO costumam compensar seus funcionários com alguns benefícios.
● Como exemplo, algum valor adicional ou outro tipo de acerto para compensar o colaborador com os custos da conta da energia, internet, crédito para celular, softwares a serem utilizados durante o desenvolvimento das atividades etc.
● Por outro lado, outras organizações não dão nenhum incentivo pelo fato do funcionário estar no conforto (?) do seu lar com a economia de tempo e das despesas da locomoção até ao escritório.
● Alguns “LÍDERES” também excedem quanto ao horário para a execução das tarefas.
“O funcionário está em casa, mesmo… ele pode muito bem responder aos e-mails e nem se desconectar do celular. Portanto, pode resolver as demandas fora do horário de trabalho”.
● Existe TELEBULLYING? Existe TELEASSÉDIO?
Sugestão de Leitura
CAMILA, TALITA. A precarização no teletrabalho: a escravidão tecnológica e impactos na saúde física e mental do trabalhador. Editora RTM. Belo Horizonte, 2018. Formato: eBook Kindle.
FERNANDES, CARLOS HENRIQUE RIBEIRO; Teletrabalho no Brasil e seus desafios. Edição 1ª, 2019. Formato: eBook Kindle.
MELO, LUIZ FERNANDO DE. Horas extras no Regime de Teletrabalho. Formato: eBook Kindle.