A Gestão no Trabalho Remoto

INTRODUÇÃO:

Entre o final de 2019 e o segundo semestre de 2022 o mundo passou por uma grave crise devido à PANDEMIA DA COVID-19. Todas as áreas foram profundamente afetadas e o número de vítimas foi assustador. Além da premência dos programas de vacinação, as autoridades implementaram o isolamento social conforme instruções da ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Foi a alternativa mais viável e urgente no combate a expansão do vírus.

Para o mundo do trabalho, a PANDEMIA acelerou uma tendência que já vinha se ampliando rapidamente nos EUA desde 2005: o desenvolvimento de um ambiente online em detrimento da atividade presencial. E o impacto foi forte, surpreendeu ORGANIZAÇÕES e mudou drasticamente a forma de trabalhar. A situação impôs novas ações revendo hábitos e adaptando a GESTÃO de equipes, o planejamento de marketing, de gestão de pessoas, produção, logística, vendas etc.

OS DESAFIOS DO TRABALHO À DISTÂNCIA

Para muitas empresas, a primeira preocupação frente a nova realidade do regime de TRABALHO REMOTO foi em relação às ferramentas que viabilizassem atividades em um ambiente virtual.

Foi preciso obter ou adequar plataformas, equipamentos, softwares, formas de contato, ambientação e a organização de reuniões à distância (com a EQUIPE completa ou com parte dela)

Neste momento, as empresas também sentiram a necessidade de implantar rapidamente uma nova forma de liderar pessoas. Ou seja, como seria a GESTÃO do TRABALHO REMOTO em um modelo digital baseado na COOPERAÇÃO (operar em conjunto), com autonomia e responsabilidade?

Entre os colaboradores as opiniões se dividiram: o trabalho à distância se tornou a melhor opção (permanente ou híbrido) por diminuir o STRESS do deslocamento, do transporte e do trânsito. Outra parcela não aprovou por não conseguir se organizar e nem foi capaz de equilibrar a rotina de casa com atividades profissionais.

A GESTÃO NO TRABALHO REMOTO

Em 2022, após a fase crítica da pandemia, o modelo do TRABALHO REMOTO se tornou uma experiência significativa e interessante para muitas empresas. E a tendência é que o formato, com as suas modalidades, se amplie ainda mais em vários setores do mercado:

Contudo, há algumas práticas a serem adotadas para que o TRABALHO REMOTO tenha resultados positivos. Sem dúvida, as empresas deverão mudar a CULTURA ORGANIZACIONAL (em primeiro lugar), reelaborar processos internos e saber medir a produtividade dentro dessa realidade. As ORGANIZAÇÕES estão procurando por um estilo de GESTÃO, LIDERANÇA e controle diferentes dos moldes tradicionais. Para muitos especialistas, a LIDERANÇA tem sido o maior obstáculo a ser contornado.

No FACE TO FACE WORKING, a tarefa dos GESTORES era mais “simples” pelo contato direto com os membros do grupo.

 

Havia o exercício do controle IN LOCO, o acompanhamento das tarefas e dos problemas, as possíveis soluções, a TOMADA DE DECISÕES, AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO etc. Agora, em relação ao gerenciamento das PESSOAS, em qualquer modalidade de TRABALHO REMOTO, as questões são diferentes:

▪ – Como fazer GESTÃO à distância? Qual a melhor maneira de gerenciar a EQUIPE? 

▪ – Como saber se os participantes estão trabalhando, de fato? Eles têm noção e clareza sobre prioridades, prazos e METAS a serem cumpridas?

▪ – Como MOTIVAR? Como dar e receber FEEDBACKS? Como cobrar?

▪ – Qual forma como o GESTOR poderá verificar se os colaboradores estão sendo produtivos? Dependendo do local onde eles estão atuando, o ambiente poderá estar repleto de situações favoráveis a alienação (os DISTRATORES),

. ▪ – Os colaboradores têm disciplina? Até que ponto trabalho é executado com responsabilidade? A colaboração é menor no TRABALHO REMOTO? Como manter o ENGAJAMENTO de um grupo de trabalho ON LINE?

Cuidado: as OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS dos colaboradores não mudaram na modalidade remota: horários, comprometimento, atividades, metas, prazos, cobranças etc. As OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS dos GESTORES não mudaram na modalidade remota: LIDERANÇA, reuniões e conversas, acessibilidade, resultados, apoio (técnico, emocional e motivacional), FEEDBACK etc.

PRÁTICAS DA GESTÃO À DISTÂNCIA

Diversas empresas preferiram não retomar ao modo presencial de trabalho. Optaram pela adaptação e total manutenção das atividades no modelo à distância (e com a alternativa de estabelecer uma parte em MODELO HÍBRIDO).

A LIDERANÇA efetiva,fundamental no modelo FACE TO FACE WORKING, teve que aprender a atuar em uma nova situação ao privilegiar: EMPATIA, capacidade de diálogo, ESCUTA ATIVA e disposição frente aos integrantes da EQUIPE. A literatura sobre o assunto traz diversas práticas para o GESTOR:

1 – Planejamento prévio: o sucesso do GESTOR terá início na forma como ele se preparar antecipadamente em relação ao trabalho.

E envolve a leitura de e-mails, mensagens e diversas informações, FOLLOW UP, análise de relatórios, horários de reuniões etc. Assim será possível estabelecer prioridades, método de monitoramento de horas trabalhadas e o grau de importância de cada tarefa atribuída.

2 – Definição de Objetivos: para dar segurança, transparência e estruture na rotina do trabalho, será preciso apresentar os OBJETIVOS a EQUIPE e firmar os prazos de entrega em comum acordo. Os OBJETIVOS deverão ter as caraterísticas SMART (Específicos, Mensuráveis, Atingíveis, Realistas e Temporais.

3 – Recursos: cabe ao GESTOR providenciar meios e apoio que facilitem o dia a dia no andamento das atividades. Portanto, envolve recursos técnicos, canais de acesso e comunicação, orientações precisas, alternativas de estudo, esclarecimento de dúvidas e cooperação ou aprendizado com outros membros da EQUIPE etc.

4 – Reuniões: o GESTOR deverá predefinir com o GRUPO uma agenda com datas e horários de reuniões com todos os colaboradores ou reuniões individuais em caso de questões específicas ou de ordem pessoal. Elas serão úteis para a interação e troca de experiências, comentários, debates, impressões, problemas diversos, dúvidas, soluções, BRAINSTORMING etc.

Nas reuniões o GESTOR deverá ter (*) ASSERTIVIDADE ao expor expectativas sobre os resultados e estabelecer tarefas, prioridades, cronogramas com a participação dos membros. Será preciso assegurar que o GRUPO esteja corretamente informado sobre procedimentos, diretrizes, tarefas, indicadores de desempenho, segurança de dados, alterações, projetos, estratégias e decisões.

Mas, há alguns detalhes para que a reunião seja objetiva, principalmente na administração do tempo. Assim, o GESTOR deverá redigir uma PAUTA, roteiro ou CHECK LIST com perguntas de caráter técnico sobre o trabalho. O preparo inclui a habilidade de falar pouco e saber ouvir muito.

5 – Capacidade de Comunicação: em muitos casos, este tem sido um ponto onde os GESTORES têm apresentado alguns GAPS. Se na modalidade no FACE TO FACE a COMUNICAÇÃO já era um agente decisivo, no trabalho a distância sua importância ganhou maiores contornos. Em qualquer forma de trabalho, a COMUNICAÇÃO precisa ser clara, precisa e concisa sem deixar margem de dúvidas ou falhas no entendimento.

A clareza do EMISSOR e o entendimento do RECEPTORES são essenciais. Outro problema dos GESTORES referente à COMUNICAÇÃO está em aprender a ouvir a EQUIPE e precaução quanto aos sinais vindos dos colaboradores (feições, gestos, vocabulário, tom de voz e fala).   

(*) ASSERTIVIDADE significa a capacidade do GESTOR saber falar e expor de forma clara, tranquila, objetiva, sem gerar conflitos, caos ou regime de terror.

6 – Motivação, Engajamento e Pertencimento: apesar do trabalho ter se transformado para o modo virtual, nem por isso ele deixou de requerer a continuidade de alguns padrões que havia no FACE TO FACE: bom AMBIENTE LABORAL, uso de INTELIGÊNCIA INTERPESSOAL e de SOFT SKILSS, cultura criativa, espaço para sugestões, métodos diferentes e ideias novas vindas dos colaboradores.

E o sucesso vai depender da transparência e da “liberdade” concedida pela LIDERANÇA por sua disponibilidade, descentralização de poder, delegação de tarefas, FEEDBACKS construtivos, espaço para críticas, opiniões e alertas para correções.

Na maioria dos casos, estas práticas funcionam em conjunto com ações que aproximem e unam o time. Esta interação elevará o grau de confiança na GESTÃO, o envolvimento e influência nos aspectos motivacionais no sentido de PERTENCIMENTO e no nível de ENGAJAMENTO.  

7 – FEEDBACK: mesmo no modo de TRABALHO VIRTUAL, alguns padrões que havia no modo presencial continuaram em uso: o FEEDBACK é um deles. Mas, junto com a capacidade de COMUNICAÇÃO, o FEEDBACK tem sido um aspecto em que os GESTORES têm apresentado alguns problemas.

Um FEEDBACK deverá ser uma prática constante e consiste em um retorno positivo, negativo individual ou coletiva a respeito de alguma questão (muitos especialistas estão usando o termo DEVOLUTIVA). 

Os FEEDBACKS precisam ser comuns, frequentes com diálogos que salientem o reconhecimento, a qualidade, cumprimento dos prazos e a prática dos aos valores da ORGANIZAÇÃO. São motivadores, construtivos e fundamentais para orientar, corrigir, ensinar e desenvolver PESSOAS.

A primeira preocupação do GESTOR deverá ser sempre uma reflexão correta sobre os assuntos a serem abordados, os termos a serem empregados e as formas para dar o FEEDBACK sem causar desgastes e conflitos.

Nestas oportunidades é preciso utilizar as reuniões para compartilhar o sucesso e elogiar a EQUIPE e seus membros que têm apresentado bons resultados. Ao mesmo tempo, orientar com muita clareza quem está com algum tipo de problema ou dificuldades.

Cuidado Senhor GESTOR: um bom LÍDER não faz críticas pessoais, não compara e nem expõe colaboradores, não destrói autoestima de ninguém, não faz apenas avaliações negativas, acompanha todos os casos levantados e não solicita que outro membro da equipe forneça o FEEDBACK em seu lugar. Um bom LÍDER elogia em público e repreende em particular.

Sugestão de Leitura

NEELEY, TSEDAL. A revolução do trabalho remoto: Um guia para o sucesso de equipes que trabalham de qualquer lugar. Editora ‎ Benvirá. Edição 1ª.  São Paulo, 2021.

WARZEL CHARLIE; PETERSEN, ANNE HELEN. Trabalho remoto: As vantagens e desvantagens do home office. Editora Best Business. Edição 1ª.  São Paulo, 2022.

ALVES, TIAGO. Nem home nem office: Como as mudanças nas organizações convergem para um novo modelo de trabalho com os escritórios do futuro. EditoraGente. Edição 1ª.  Caieiras, 2022.

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