8 – Modelos de Tomada de Decisão   

INTRODUÇÃO:

Com o passar do tempo, a TOMADA DE DECISÕES foi se tornando um tema abordado na ADMINISTRAÇÃO. É um assunto de alto interesse devido à sua complexidade, extensão e importância para a GESTÃO.

Ter o conhecimento e a PERCEPÇÃO sobre vários tipos de TOMADA DE DECISÃO é importante para que os profissionais compreendam as repercussões de suas ações. Ao mesmo tempo, é uma oportunidade valiosa para ampliar CONHECIMENTO, repensar sobre experiências obtidas, aprender com os desafios enfrentados e com as eventuais mudanças ocorridas com os resultados.

As implicações da TOMADA DE DECISÃO poderão servir para o futuro. Mas, é preciso ter consciência que elas poderão ter impactos, tanto na EFICIÊNCIA ORGANIZACIONAL, como na CULTURA ORGANIZACIONAL e no AMBIENTE EXTERNO com aspectos positivos, negativos ou indiferentes (neutros).   Entretanto, algumas DECISÕES não possuem fundamentos de caráter técnico e, portanto, contém um grande potencial de maior margem de erro. Outras DECISÕES, tomadas de maneira bem mais racional, poderão tem sucesso e contribuir para a continuidade e crescimento da ORGANIZAÇÃO.

COMPONENTES E TIPOS DE TOMADA DE DECISÃO

De fato, a maioria dos estudiosos concorda sobre a relevância da TOMADA DE DECISÃO para a GESTÃO nas ORGANIZAÇÕES e os quatro componentes que a constitui: OBTENÇÃO DE DADOS, PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÕES, GERAÇÃO DE SIGNIFICADO e TOMADA DE DECISÃO propriamente dita. Mas, muito consideram que há somente cinco tipos ou modelos. A diferença entre eles está na ênfase dada a cada um dos quatro componentes. Os cinco tipos de TOMADA DE DECISÃO considerados são: com base nos instintos, nas crenças subconscientes, nas crenças conscientes, nos valores e na intuição.

15 – MODELO DE TOMADA DE DECISÃO BASEADO NO INSTINTO

As considerações sobre este tipo de TOMADA DE DECISÕES geram muitas discussões. Neste modelo, as DECISÕES são tomadas por profissionais que estão em cargos de baixa gerência, GESTORES sem experiência profissional ou formação acadêmica incompleta. Em geral, eles não têm muita segurança diante de uma situação mais complexa. Assim, decidem com base em ações sem grande qualidade ou de alto risco.

A DECISÃO com base no INSTINTO (pelo sexto sentido – feeling) é tomada sem capacitação formal, preparação técnica ou estudos prévios.

Então, têm grandes chances de chegar a resultados insatisfatórios. Por outro lado, na verdade ainda se pode considerar a probabilidade de um resultado favorável atribuído ao acaso, sorte ou algum fato fortuito que tenha ocorrido. A decisão baseada no INSTINTO tem por características:

1 – A ação sempre está colocada antes da reflexão. Não há intervalo entre a avaliação da situação e DECISÃO

2 – A DECISÃO tomada tem o passado como a sua referência.

3 – O TOMADOR DA DECISÃO não exerce o controle total sobre suas ações e sobre seus comportamentos.

16 – MODELO DE TOMADA DE DECISÃO BASEADO NO SUBCONSCIENTE

As DECISÕES neste modelo são tomadas partindo de experiências prévias, emoções e vivências acumuladas desde a infância no subconsciente. Toda esta soma é que faz um indivíduo decidir com base nas referências (paradigmas) que ele entende e crê como verdadeiras e que deverão ser seguidas.

Mas, se as emoções pessoais do TOMADOR não estiverem sob controle, elas terão influências no relacionamento com os demais componentes do ambiente de trabalho. É preciso cuidado – este tipo de DECISÃO tem maior probabilidade de fracasso ao se comparar às que são tomadas racionalmente.

As DECISÕES baseadas na carga contida no subconsciente podem ser positivas ou negativas e suas principais características são:

● A ação antecede ao pensamento e, em geral, é acompanhada pela liberação de carga emocional.

● Emoções carregadas de forma negativa geram comportamentos potencialmente bloqueadores (limitantes) como a culpa, competição interna, rivalidade, precaução e outros.

● É comum também o profissional apresentar comportamentos destrutivos em relação aos outros e só se preocupar com ele mesmo. Por outro lado, as emoções positivas geram comportamentos construtivos como abertura, confiança, cooperação, honestidade etc.

● As DECISÕES sempre são tomadas tendo o passado como referência, ou seja, o que o indivíduo somou em sua história pessoal.

● Um indivíduo não está no controle de suas ações e comportamentos. Assim, neste tipo de TOMADA DE DECISÃO a única forma de voltar a ter controle consciente é liberar ou reprimir emoções. A liberação permite a volta à racionalidade. Mas, a repressão vai elevando o nível de STRESS e aumentar a frustração para gerar acúmulo de energia negativa.

17 – TOMADA DE DECISÃO BASEADA EM CRENÇAS CONSCIENTES

Neste modelo se verifica que o TOMADOR já está em um nível acima, pois, suas escolhas são conscientes e racionais por meio de reflexão e não através de COMPORTAMENTO INCONSCIENTE.

Ao ter plena consciência da situação para uma análise e DECISÃO pode ser entendido com aspecto muito favorável em relação às escolhas intuitivas. O gestor faz uso de experiências passadas e da sua EXPERTISE com o entendimento do que deve ser feito agora e procurar avaliar como serão os reflexos futuros. É o que vai moldar a sua visão sistêmica.

Em geral, o TOMADOR que fizer a escolha deste modelo deverá ter serenidade e seguir um plano de trabalho de modo racional. O objetivo é avaliar riscos, prever ou antecipar desdobramentos, estimar variáveis e saber lidar de forma racional com os imprevistos ou as suas consequências.

Além da EXPERTISE, as DECISÕES com base nas CRENÇAS CONSCIENTES se apoiam nos conhecimentos do indivíduo, indicadores, gráficos, estatísticas, FERRAMENTAS DA GESTÃO, banco de DADOS e qualquer outra referência vinda do meio externo ou da INFORMAÇÃO ORGÂNICA.

DECISÕES amparadas nas CRENÇAS CONSCIENTES tornam um GESTOR (ou a EQUIPE) hábil nas suas escolhas ao interpor um intervalo entre a criação de significado para entender toda a situação e a TOMADA DE DECISÃO. O intervalo cria um lapso destinado à  reflexão, ao pensamento racional e o uso da lógica. Assim, é possível ter confiança para criar a compreensão do PROBLEMA e o planejamento da ação,

18 – MODELO DE TOMADA DE DECISÃO BASEADA EM VALORES

Este modelo tem a peculiaridade de espelhar os valores éticos e morais que o TOMADOR DA DECISÃO traz dentro de si. Eles foram produzidos de acordo com a sua formação, preceitos e educação construídos no seu meio social e vivências. É o que faz com que ele diferencie e decida sobre o que é certo ou errado, legal e ilegal. Então, suas ações e DECISÕES serão resultantes de sua composição de caráter e se refletem como ele propõe seu futuro, seus objetivos, as suas visões sobre a ORGANIZAÇÃO e o relacionamento com as pessoas.

Sem nenhuma dúvida, todas as DECISÕES com base somente em valores éticos e morais são marcantes. É um indicador sobre a confiança exata nos resultados das DECISÕES que foram tomadas. Contudo, elas poderão ser imprecisas ao se considerar sua efetividade. 

É preciso muito cuidado e avaliar o que é entendido como aceitável do ponto de vista ético. Ou, ainda, se as DECISÕES serão dentro da lei ou com prejuízos à ORGANIZAÇÃO e aos funcionários.

Um TOMADOR DA DECISÃO, consciente dos seus valores sobre o que é certo ou errado, poderá ter resultados pessoais por uma DECISÃO tomada quanto ao medo, arrependimento, ódio, preocupação, indecisão, frustração etc. Os profissionais com a TOMADA DE DECISÃO baseada em valores positivos são os que conseguem liderar com integridade e coerência.  Ao mesmo tempo, utiliza critérios técnicos, financeiros e a participação da sua EQUIPE. Outros, em oposição, decidem sem coerência e com parcialidade visando o benefício próprio e relegando a ORGANIZAÇÃO e a EQUIPE a um segundo plano.

19 – MODELO DE TOMADA DE DECISÃO NA INTUIÇÃO

Geralmente, as DECISÕES com base na INTUIÇÃO (ou TOMADA DE DECISÃO BASEADA NO INSTINTO ou MODELO INTUITIVO) poderão ser quase imediatas, por instinto. Contudo, elas não surgem como um passe de magia. Na verdade, o cérebro do indivíduo está trabalhando e reconhecendo rapidamente os padrões sobre o que ele aprendeu diante de situações semelhantes (familiares). Os padrões é que irão dar suporte na TOMADA DE DECISÃO.

Pesquisadores chegaram a conclusão que esta modalidade de TOMADA DE DECISÃO traz resultados positivos quando o profissional está trabalhando com áreas nas quais possui muita experiência ou conhecimento especializado. Por outro lado, em situações novas, o modelo não terá o efeito desejado.  

É habitual para os GESTORES ter que tomar DECISÕES, das mais banais até as que, virtualmente, poderão ter influência sobre a ORGANIZAÇÃO. O processo de TOMADA DE DECISÃO objetiva a solução de PROBLEMAS e o aproveitamento de OPORTUNIDADES. Ao mesmo tempo, o processo também visa a capacidade de desenvolver soluções preventivas. É desta forma que os GESTORES se aprimoram para, que no momento em que os PROBLEMAS ou OPORTUNIDADES surgirem, os componentes de sua EQUIPE estejam aptos para as soluções mais cabíveis (pelo menos em situações corriqueiras e de menor complexidade).

No modelo INTUITIVO, a TOMADA DE DECISÃO se dá por PROCESSOS COGNITIVOS (1) (inconscientes – fora do pensamento consciente). Mesmo sendo um processo INTUITIVO, um GESTOR hábil sabe que poderá haver variáveis. Será preciso ter a máxima cautela para que nenhum detalhe passe despercebido.

O GESTOR toma por base sua VISÃO HOLÍSTICA (2), instintos, vivência e experiências anteriores. As DECISÕES têm um COMPONENTE AFETIVO (3) e são tomadas com rapidez apresentando muito mais os valores do TOMADOR do que uma forma lógica e racional. É um processo dedutivo envolvendo emoções e, em geral, este modelo acontece em situações mais simples com baixo risco envolvido na situação.

(1) COGNIÇÃO: é a atividade cerebral realizada cotidianamente com toda a interpretação das INFORMAÇÕES guardadas no cérebro. É que o possibilita compreender situações e tomar alguma posição em relação a elas. Os PROCESSOS COGNITIVOS básicos, que atuam na análise das informações retidas pelo cérebro são: PERCEPÇÃO, LINGUAGEM, ATENÇÃO, MEMÓRIA e PENSAMENTO.

(2) VISÃO HOLÍSTICA: é enxergar algo ou alguma área como um TODO e não de maneira fracionada. O termo vem do grego “HOLOS” (todo, inteiro, conjunto – o todo está em cada parte e cada parte se encontra no todo). O GESTOR necessita entender a ORGANIZAÇÃO para um entendimento total do seu funcionamento. 

(3) COMPONENTE AFETIVO: são elementos intensamente impregnados por cargas afetivas. Está relacionado aos sentimentos e emoções que são despertadas em um indivíduo – é a dimensão emocional e a dimensão mais sensível. Um fato poderá gerar um sentimento, mas o sentimento também poderá ter uma origem anterior a respeito de um determinado assunto. 

Cuidados com o MODELO INTUITIVO: porém, é preciso ter alguns cuidados com relação a este modelo. A TOMADA DE DECISÃO solicita que o TOMADOR faça uma análise objetiva e com calma para avaliar prováveis desdobramentos, mesmo sendo um processo rotineiro e simples.

É aconselhável que sempre se use a LÓGICA e uma avaliação verificando os agentes que ocasionaram o PROBLEMA. É o modo para decidir pela melhor escolha e pela melhor solução para que o PROBLEMA não se torne habitual.

O modelo INTUITIVO pode parecer cômodo e fácil por ser automático, espontâneo, instintivo e, às vezes, até mais criativo.

Mas, a TOMADA DE DECISÃO não pode baseada só na INTUIÇÃO, muito embora ele seja um modelo adequado em algumas circunstâncias. Mas, não pode e não deve ser a regra. 

Todo GESTOR precisa atuar de maneira racional e sistêmica sejam quais for a simplicidade e a invariabilidade diante dos PROBLEMAS e das OPORTUNIDADES.É necessário estar vigilante, informado de tudo e atento a todas as possíveis consequências sobre as expectativas dos STAKEHOLDERS.

Cuidado: a TOMADA DE DECISÃO é ato que, solicita dos TOMADORES o máximo de cuidado em qualquer situação dentro da ORGANIZAÇÃO. Uma DECISÃO errada ou até mesmo sem uma correta avaliação poderá ter resultados desastrosos.

Na ADMINISTRAÇÃO moderna, a criação de estruturas organizacionais mais “enxutas” vem atuando para a descentralização da TOMADA DE DECISÕES. Esta proposta permite uma mudança interessante: funcionários de diversos níveis ganham espaço para poder decidir e tomar mais decisões (na maioria de cunho operacional). De acordo com especialistas, é o que tem criado uma mão de obra mais engajada e colaborativa e aliviado a carga de trabalho dos GESTORES.

Sugestão de Leitura

COLLINS, JAMES C.; PORRAS, JERRY. I. Feitas para Durar: práticas bem-sucedidas de empresas visionárias. Editora Rocco. Edição 9ª. Rio de Janeiro, 2015.

THALER, RICHARD H; SUNSTEIN CASS R. Nudge: Como tomar melhores decisões sobre saúde, dinheiro e felicidade. Editora Objetiva. Edição 1ª.  Rio de Janeiro, 2019.

BONOLDI, URANO. Decisões De Alto Impacto: Como Decidir Com Mais Consciência e Segurança na Carreira e nos Negócios. Editora Alta BOOKS. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2019.

SORTINO, GUILHERME F. Guia Do Executivo Para Tomada De Decisões. Editora Atlas. Edição 1ª. São Paulo, 2005.

Deixe um comentário