INTRODUÇÃO:
Quando se fala em EMPREENDEDORISMO é preciso estar ciente que não há uma teoria absolutamente rigorosa a respeito deste tema. E também não é uma disciplina consistente, comparável às que estão presentes no mundo acadêmico. O EMPREENDEDORISMO é visto como um conjunto de ações que garante a geração de riquezas e um melhor desempenho para quem o apoia e para quem o coloca em prática.
Nos últimos 30 anos as empresas têm se encontrado diante de rápidas e constantes mudanças, num cenário econômico muito dinâmico. E não há alternativa a não ser a busca de inovações para se adaptar ao modelo empresarial em vigor no Século XXI. Uma organização atualizada tem que ser empreendedora e isto inclui tecnologia para estar em dia na área de produção, na área administrativa, comercial, logística e TIC. A empresa consegue se voltar para o futuro, persegue oportunidades mediante estratégias diferentes, agilidade na mudança do estilo de gestão, novos produtos/serviços e até atuar em outros negócios fora de sua principal atividade.
Mas, isso só será possível numa empresa onde o CAPITAL HUMANO (os recursos humanos – as PESSOAS que exercem atividades) possa trabalhar de forma discrepante, inovadora e fora de modelos convencionais. São profissionais proativos, “portadores” de ESPÍRITO EMPREENDEDOR e impregnados de CULTURA EMPREENDEDORA mesmo estando atrelados a uma organização já estabelecida. É necessário poder contar com PESSOAS com comportamento de EMPREENDEDOR com a percepção para encontrar oportunidades.
Muitos acreditam que estes elementos sejam exclusivamente os ocupantes de cargos no alto da hierarquia ou profissionais no exercício de atividades relevantes. Não necessariamente!
Funcionários em cargos operacionais, muitas vezes, podem ser mais inteligentes e inovadores a ponto de revitalizar a empresa na manifestação de novas ideias sobre formas de trabalho, diversificação e utilização de recursos. Sendo assim, as empresas necessitam avaliar o AMBIENTE INTERNO e o AMBIENTE EXTERNO verificando sua vocação em assumir, a sério, o COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR. Esta avaliação analisa a real predisposição para a inovação e identificando potenciais elementos para dificultar ou contribuir para as ações INTRAEMPREENDEDORAS.
O INTRAEMPREENDEDORISMO
CONCEITO: foi desenvolvido por GIFFORD PINCHOT III também é conhecido por EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO e prevê uma empresa com mentalidade olhando à frente. Prevê para os ADMINISTRADORES (GESTORES ou colaboradores) papéis diferenciados para que eles assumam e exercitem o ESPÍRITO EMPREENDEDOR. Ou seja, é capacidade diferenciada de analisar cenários usando um espírito voltado para o desenvolvimento de negócios, projetos ou ideias inovadoras dentro da organização.
Em uma empresa quem quiser exercer o INTRAEMPREENDEDORISMO deverá ser um profissional criativo e ousado para dar um basta na mediocridade. Um INTRAEMPREENDEDOR não pode se esquivar ou transferir responsabilidades não realizando ou delegando tarefas apenas para se livrar delas. Dentro desta ideia ele deverá ser o agente que estimule o progresso e que seja capaz de ter sucesso com novas formas de agir.
FINALIDADE
O INTRAEMPREENDEDORISMO promove ações inovadoras e a pro atividade dando velocidade às empresas. Procura continuamente vislumbrar situações futuras, antecipar mudanças de cenários, necessidades e expectativas. Para tanto, faz uso apropriado das ideias, soluções, INTRAPROJETOS e colhe os resultados positivos de seus talentos.
O INTRAEMPREENDEDORISMO é uma modalidade de EMPREENDEDORISMO praticado por funcionários dentro da empresa.
O PERFIL DO INTRAEMPREENDEDOR
Muitas empresas, que desejam desenvolver um comportamento empreendedor, estabelecem em seus processos seletivos externos e internos critérios para identificar candidatos a uma vaga tenham perfil de EMPREENDEDOR (arrojados – que façam a diferença). Alguns requisitos são básicos:
– A inquietação da personalidade criativa.
– Sempre atento às novas ideias e oportunidades.
– Proativo e sempre inconformado com a mesmice.
– Interessado em se capacitar cada vez mais.
– Ter paixão pelo que faz.
– Enfrentam erros e RISCOS.
– Visão HOLÍSTICA. – Persistente, autoconfiante e com iniciativa.
Mas, o fundamental é o ESPÍRITO EMPREENDEDOR. E um aspecto bem interessante, é que a grande maioria destes INTRAEMPREENDEDORES não tem intenção de ter um negócio próprio. Seu objetivo é fazer parte e colaborar no crescimento da empresa, ter bons salários, encarreirar e, tendo objetivos tão importantes, como se eles fossem de sua própria empresa.
OS OBSTÁCULOS PARA O INTRAEMPREENDEDOR
O interesse das organizações em utilizar o INTRAEMPREENDEDORISMO ganhou maior força a partir de alguns fatores externos e internos:
– As seguidas crises econômicas.
– A competição cada vez mais forte.
– A tendência para a estagnação.
– A perda de talentos (para outras empresas ou para o AUTO EMPREGO).
– A desmotivação de funcionários.
– Burocratização excessiva e as limitações de uma organização formal.
– A perda da capacidade de desenvolver projetos.
O INTRAEMPREENDEDORISMO parece bem simples, mas na prática é muito difícil de ser efetivo. A proposta necessita, obrigatoriamente, de apoio da DIRETORIA da empresa para as mudanças e para assumir os RISCOS das inovações. A missão do INTRAEMPREENDEDOR se inicia na quebra de PARADIGMAS e, para desempenhar este papel, o profissional terá que assumir uma atitude REVOLUCIONÁRIA no termo exato da palavra: RE-EVOLUIR.
Porém, dependendo da mentalidade e da CULTURA ORGANIZACIONAL vigente na empresa, o papel de INTRAEMPREENDEDOR assumido por um profissional muitas vezes pode não ser bem visto. Efetuar mudanças ou introduzir novos conceitos é uma tarefa árdua. Há pressões políticas, luta por espaços e obstáculos muito comuns que, na maioria dos casos, fazem com que as novas propostas não sejam aceitas:
● Apatia corporativa – Os Diretores e Gerentes não têm motivação ou desafios. Contaminaram toda a estrutura, ou seja, o trabalho é feito por todos, de qualquer maneira, porque tem de ser feito. Nada mais que isto.
● Preguiça – má vontade, desinteresse e falta de comprometimento para efetuar mudanças. Tudo o que é novo (fora do que todos estão acostumados a realizar) dá muito trabalho.
● Comodismo – não se mexe em time que está ganhando, mas, na verdade, o MEDO é em relação ao desconhecido, diferente, fora do hábito. É preferível a mesmice e ZONA DE CONFORTO.
● Medos – modificar um processo existente para torná-lo mais rápido e ágil pode demonstrar que o que está em uso é falho, foi mal feito ou mal planejado. No caso específico de NOVOS PROJETOS, com propostas inéditas, a situação é similar:
– Pelo perfil de seus dirigentes, a maioria das empresas não gosta de correr RISCOS e investir em projetos cujo sucesso e retorno não sejam 100% garantidos. É mais fácil COPIAR ou adaptar o que os concorrentes estão fazendo.
– Pelo perfil de seus dirigentes na maioria das empresas, quando um projeto obtém êxito, todos se apressam para mostrar que foram os AUTORES da ideia.
● Desmotivação: os bons resultados que o INTRAEMPREENDEDOR alcança quase sempre não são reconhecidos. Não há nenhuma compensação, incentivo ou recompensa por parte da empresa. E os bons resultados também são uma fonte de inveja e competição. Outro obstáculo para a DESMOTIVAÇÃO do INTRAEMPREENDEDOR é a coletânea de JARGÕES em relação ao seu trabalho:
– As ideias são interessantes, mas não há recursos no orçamento.
– As ideias são boas, mas já tentamos isso há 15 anos e não deu certo.
– As ideias são boas, mas a DIRETORIA não vai gostar.
– As ideias são boas, mas são muito evoluídas e ousadas para a empresa.
– As ideias são boas, mas não faz parte da nossa CULTURA.
– As ideias são boas, mas temos certeza de que a matriz não vai aceitar.
– As ideias são boas, mas o que estamos fazendo sempre deu certo.
OS CAMINHOS PARA O INTRAEMPREENDEDOR
Não existe um receituário que indique corretamente o caminho para o INTRAEMPREENDEDOR alcançar 100% de sucesso. Sua HABILIDADE POLÍTICA fará uma grande diferença num ambiente acostumado a atuar numa determinada com mentalidade já arraigada. E seu perfil arrojado, a marca fundamental dos EMPREENDEDORES (que buscam negócios, conquistar mercado e crescer de forma veloz) provavelmente não fará muito efeito.
A INÉRCIA
O INTRAEMPREENDEDOR é uma pessoa CRIATIVA, marcada pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos, uma pessoa que deverá ter um alto nível de consciência no ambiente organizacional onde atua. Esta posição é básica para detectar oportunidades de negócios (OBSERVAR) e inovar para criar o DIFERENCIAL nos os negócios.
Mesmo assim, existem alternativas não muito interessantes. Ele pode ser “MARGINALIZADO” caindo num isolamento em que não tenha oportunidade de executar suas ideias, pode ser desligado por não conseguir desenvolver nenhum projeto ou virar mais um dentro da organização, numa posição inerte idêntica aos demais.
A DOR DO DONO
A visão sobre o INTRAEMPREENDEDOR é entendida pela maioria dos estudiosos como sendo um executivo que tenha a mesma DOR DO DONO (um administrador que interprete e cuide dos negócios da empresa como se ele fosse o empresário para desenvolver a ideia de ser o dono do negócio).
A ideia genérica sobre o INTRAEMPREENDEDORISMO mostra um perfil de profissional diferenciado que é visto como o “SONHO DE CONSUMO” de qualquer empresa. Porém, a realidade do AMBIENTE CORPORATIVO e da CULTURA ORGANIZACIONAL, não refletem nada disso.
Sugestão de Leitura
CARNEIRO, JOSÉ GUILHERME S. P. Intra Empreendedorismo – Conceito & Práticas. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2000.
HASHIMOTO, M. Espírito empreendedor nas organizações: aumentando a competividade através do INTRA-EMPREENDEDORISMO. São Paulo, Saraiva, 2006.
SHUMPETER, Joseph A. Teoria do Desenvolvimento Econômico. São Paulo, Abril Cultural, 1983.
DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo corporativo: Como ser empreendedor, inovar e se diferenciar na sua empresa. Rio de Janeiro, Campus, 2003.
GERBER, MICHAEL E. Empreender. Fazendo A Diferença. Fundamento, Itaquaquecetuba/SP, 2004.
REGAZZI, R., BONTORIM, M., E KIRZENBLATT, C. Intraempreendedorismo e inovação: uma abordagem especial. Rio de Janeiro, SEBRAE/RJ, 2015.