Reengenharia – Conceito

INTRODUÇÃO:

Por mais que boa parte dos dirigentes não entenda a GESTÃO DE MUDANÇA como uma atividade constante, é evidente que ela é uma medida inevitável pelas influências que a empresa sofre vindas do ambiente externo. No seu dia-a-dia ela trabalha como um conjunto, em permanente transformação, pelas próprias circunstâncias que o mercado impõe. 

A GESTÃO DE MUDANÇA não deve ser mais entendida como uma tarefa cíclica, que faz pequenas modificações eventuais. Ela é diária e inovadora, adaptando ou antecipando condições ambientais. Mas, na maior parte dos casos, as MUDANÇAS servem para “apagar incêndios” causados por situações que, provavelmente, já vinham sinalizando sintomas (e para os quais as devidas providências não foram tomadas em tempo).

GESTÃO DE MUDANÇA INTELIGENTE

Para a GESTÃO DE MUDANÇA surtir efeito desejado, ela deve tomar por base o mapeamento correto da totalidade da empresa. Não são ações somente sobre TAREFAS. O mapeamento inclui outros aspectos, que talvez sejam bem mais problemáticos: CULTURA ORGANIZACIONAL, “lideranças”, GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL, GESTÃO AMBIENTAL, os mais diversos PARADIGMAS estabelecidos e a mentalidade das PESSOAS.

O mapeamento e a análise também verificam circunstâncias do mercado e o ambiente de negócios. Após a análise, é necessária uma avaliação antecipada dos prováveis impactos nas ESTRATÉGIAS e nas atividades. Isto é o se pode considerar uma GESTÃO DE MUDANÇA INTELIGENTE. E, geralmente, o desafio maior está em enfrentar RESISTÊNCIAS e convencer sobre a importância das alterações.

Cuidado: Uma GESTÃO DE MUDANÇA BURRA tem receita pronta: Então… Vamos cortar pessoal para baixar os custos.

REENGENHARIA – FERRAMENTA DA GESTÃO DE MUDANÇA

Há algumas FERRAMENTAS que servem como meio auxiliar no PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO e na GESTÃO DE MUDANÇA (a INTELIGENTE) como forma de adequar a empresa. A REENGENHARIA é uma destas FERRAMENTAS DA GESTÃO DE MUDANÇA, fundamentais, que tem por objetivo refinar ou mudar os processos em uso.

No decurso da evolução da ADMINISTRAÇÃO foram sendo desenvolvidos uma série de teorias, métodos, processos e procedimentos. O objetivo (ou a pretensão) foi aperfeiçoar atividades para tornar as empresas com maiores possibilidades de superar os desafios do mercado.

As últimas décadas do século passado foram marcadas por crises, que obrigaram as empresas a buscar melhoria de desempenho e ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS. Diante de uma conjuntura cheia de incertezas, elas precisavam se tornar inovadoras, ágeis e voltadas para a melhoria dos seus negócios. Era o início da globalização e do uso de novas tecnologias que solicitaram várias mudanças organizacionais.

Num artigo publicado na HARVARD BUSINESS REVIEW (em 1990) MICHAEL HAMMER apresenta o primeiro texto sobre REENGENHARIA. Em 1993, em conjunto com JAMES CHAMPY, publica nos EUA o livro REENGINEERING THE CORPORATION com conceitos inovadores e com grande impacto no mundo  empresarial. A ideia foi criar uma ferramenta para remodelar as estruturas das empresas com a redução de custos, redução de tempo e maior qualidade no desempenho das tarefas para atender as necessidades dos clientes.

A REENGENHARIA, além de ser uma forma de repensar estruturas, também foi uma reação americana diante da concorrência japonesa e dos resultados do seu desenvolvimento tecnológico e científico.

REENGENHARIA – OBJETIVO

A finalidade é repensar a empresa aprimorando e criando formas melhores de administrar. A análise e o trabalho da REENGENHARIA abordam e mudam, de forma decisiva, os projetos, fluxos de trabalho e os negócios para garantir precisão, rapidez e menor custo.  

A ideia da REENGENHARIA, criada nos EUA, no início dos anos 90, por MICHAEL HAMMER e JAMES CHAMPY, apresentando uma nova proposição na GESTÃO EMPRESARIAL. O objetivo foi a melhoria de processos para tornar as empresa mais ágeis, com maior nível de excelência, crescimento constante e ter competitividade no mercado. Desde a década de 70 as empresas americanas já vinham se ressentindo das crises da economia e da forte concorrência da exercida pelos japoneses.

A crise se agravou no início da década de 90 em função de um modelo de gestão, já ultrapassado, que não atendia mais às demandas diante da concorrência, com a GLOBALIZAÇÃO e com a INTERNET. Outro fator que teve influência foi o destaque dado aos clientes: eles se tornaram bem heterogêneos e passaram a dar preferência aos produtos mais elaborados e diferentes.

REENGENHARIA – CONCEITUAÇÃO

É conceituada como a solução para corrigir grandes problemas na estrutura de uma empresa. A sua atuação visa redesenhar RADICALMENTE as práticas e processos para melhorar a EFICÁCIA e COMPETITIVIDADE. A conceituação dada por HAMMER e CHAMPY para REENGENHARIA afirma:

“É o repensar fundamental e a reestruturação radical dos processos empresariais que visam alcançar drásticas melhorias em indicadores críticos e contemporâneos de desempenho, como custos, qualidade, atendimento e velocidade. Há quatro palavras – chave: fundamental, radical, drástica e processos”. HAMMER; CHAMPY, 1994.

REENGENHARIA – AMPLITUDE

Na REENGENHARIA o trabalho é feito dos GESTORES para os subordinados e busca resultados rápidos utilizando, em geral, o BENCHMARKING, ANÁLISE SWOT etc. Considera mudanças na CULTURA ORGANIZACIONAL, desenvolvimento de novos produtos/serviços, técnicas de atendimento ao cliente (e seu grau de satisfação), relacionamentos bem construídos, parceiras com fornecedores, aumento da produtividade, QUALIDADE TOTAL, cuidados com o MEIO AMBIENTE, redução de custos etc.

A REENGENHARIA é voltada para uma visão muito mais ampla – desde o topo para a base da empresa abordando as diversas áreas funcionais (e a DIRETORIA tem que estar convicta do que está sendo feito).

 Alterar a ESTRUTURA ORGANIZACIONAL na GESTÃO DE MUDANÇAS não é uma tarefa simples pelos desdobramentos que exigirão muita HABILIDADE POLÍTICA.

REENGENHARIA – CONSEQUÊNCIAS

A ideia inicial da REENGENHARIA é redesenhar a empresa para torna-la mais efetiva e não é demitir pessoas. Apesar disso, é muito comum que este processo seja seguido por um DOWNSIZING como efeito colateral: descontinuidade de produtos/serviços, eliminação de tarefas, eliminação de métodos de trabalho e, infelizmente, a redução no quadro de funcionários. As RESISTÊNCIAS serão bem fortes pelo fato da REENGENHARIA criar instabilidade e muita desconfiança.   

Por várias razões, a REENGENHARIA nem sempre chega aos resultados esperados. Entre os motivos mais comuns pode se destacar:

● Muitos EXECUTIVOS não compreendem o real objetivo da REENGENHARIA.

● A REENGENHARIA é entendida como um medicamento de efeito imediato para enxugar custos (o mais rápido e cômodo é demitir funcionários).  

● A maioria das empresas não faz o processo da REENGENHARIA seguindo um plano de trabalho detalhado sobre as correções necessárias. A situação é mal analisada ou os EXECUTIVOS não querem perder muito tempo “escolhendo” o que poderia ser modificado, simplificado ou até mesmo extinto.   

● Em muitas oportunidades, processos que poderiam ser modificados, simplificados ou até mesmo extintos saem ilesos da REENGENHARIA por conveniência, interesses políticos ou por RELACIONAMENTOS (amarrações) bem arquitetadas.

● Acreditar que os recursos tecnológicos resolverão todos os problemas.   

Sugestão de Leitura

CHAMPY, JAMES; HAMMER, MICHAEL. Reengenharia Revolucionando a Empresa. Editora Campus Elsevier. Rio de Janeiro, 1994.

MORRIS, DANIEL, BRANDON, JOEL. Reengenharia: reestruturando sua empresa. Editora Makron Books São Paulo, 1994.

HAMMER, MICHAEL. Além Da Reengenharia. Editora Campus-Elsevier. Edição 3ª. Rio de Janeiro, 1996.

ARAUJO, LUIS CÉSAR G. DE. Organização, Sistemas e Métodos e as Tecnologias na Gestão Organizacional – Vol.1. Editora Atlas. Edição 2ª. São Paulo, 2006.

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