Gestão de Mudanças 3 – Resistências

Gestão de Mudanças 3 – Resistências nos níveis da Hierarquia

INTRODUÇÃO:

As MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS podem desencadear reações diversas. Elas vão desde a aceitação e entusiasmo até a negação e a resistência. Porém, no mundo corporativo não há escapatória: para as organizações terem continuidade no mercado, cada vez mais complexo e competitivo, é imprescindível que as empresas estejam aptas e se habituem às mudanças. Elas podem ocorrer interna e externamente em decorrência de alterações tecnológicas, implantação da gestão de qualidade, da gestão ambiental, incorporações, fusões, mudanças na legislação, mudanças na economia etc. Contudo, o primeiro obstáculo e o maior desafio é a empresa reconhecer a necessidade da MUDANÇA.

MUDANÇA (SUPERFICIAL OU PROFUNDA)

O andamento dos negócios tem exigido das organizações diversas transformações.  As MUDANÇAS são variadas e incluem comportamentos, atitudes, formas e filosofias de trabalho, procedimentos e envolvem todos os colaboradores, desde o chão de fábrica até os níveis de gestão e alta administração.  

Mas, qualquer MUDANÇA (superficial ou profunda) apresenta situações opostas às que as PESSOAS estão acostumadas.  Formam sentimentos que vão desde reações otimistas, contentamento e motivação ou reações pessimistas, medos, ansiedade, sensação de incapacidade. E o pior: criam RESISTÊNCIAS.

O formato e o ímpeto pelos quais a RESISTÊNCIA se estabelece, diante do que é novo, podem comprometer os resultados previstos. O que foi planejado para ser uma evolução tem a possibilidade se tornar frustrante e um problema maior com o desperdício de tempo, recursos, perda de talentos etc. E a RESISTÊNCIA à mudança pode se manifestar através de atitudes individuais ou coletivas.

AS RESISTÊNCIAS NOS NÍVEIS DA HIERARQUIA:

Nível Operacional – Supervisores e Colaboradores.

Desafios: para um GESTOR, há grandes desafios para efetuar a GESTÃO DE MUDANÇAS e alcançar o sucesso em seu departamento:

● O primeiro obstáculo sobre a transformação é relacionado à clareza dos objetivos propostos, tarefas, uso de recursos, verbas, EQUIPE etc.

● O segundo obstáculo poderá estar vinculado à sua falta de habilidade para planejar, preparar as MUDANÇAS e prever seus desdobramentos.

Cuidado: Se a MUDANÇA se tornar um processo muito traumático é sinal de que a empresa deixou os problemas tomarem um tamanho muito maior do que eles deviam ter.

O GESTOR E AS DUAS RESISTÊNCIAS

Estar diante de duas formas de RESISTÊNCIA vai solicitar ao GESTOR uma dose adicional de RESILIÊNCIA.

A primeira forma a ser superada é o seu próprio desconforto, a desconfiança e a descrença sobre a necessidade da GESTÃO DE MUDANÇAS na sua área. Talvez seja o seu maior problema…    

A segunda forma a ser superada pelo GESTOR é enfrentar várias RESISTÊNCIAS por parte de seus funcionários, que também podem sentir a mesma sensação de desconforto, desconfiança e descrença sobre a GESTÃO DE MUDANÇAS.

Portanto, ele vai precisar de mais RESILIÊNCIA, HABILIDADE POLÍTICA e exercer maior capacidade de LIDERANÇA para dar MOTIVAÇÃO à sua EQUIPE.

MUDANDO O CONCEITO DA RESISTÊNCIA

Numa visão mais atual a RESISTÊNCIA ganha importância. Ela pode ser entendida como um indício a ser resolvido e qualquer manifestação pode mostrar, aos agentes de mudança, os pontos prováveis a serem revisados (causas, consequências, imprevistos, erros, avaliações incorretas, estimativas etc.). É mais inteligente analisar a origem da RESISTÊNCIA do que exterminá-la. Portanto, o GESTOR também pode prever e antecipar algumas reações desenvolvendo as medidas apropriadas para reduzir reações negativas.

“A resistência à mudança não é boa nem má. A resistência pode ter, ou não, bases sólidas. Mas é sempre um sinal importante, que exige investigação por parte da gerência” (LAWRENCE, PAUL R. How to deal with resistance to change. Harvard Business Review, 32, no. 3, 49-57, 1978.).

O GESTOR DIANTE DAS FORMAS DE RESISTÊNCIA

A RESISTÊNCIA dos colaboradores às MUDANÇAS é variada. Não há um padrão definido e, depende diretamente, da personalidade dos indivíduos, percepção, necessidades e da extensão das transformações.

Geralmente, ela tem início na falta de clareza, em mal entendidos, na COMUNICAÇÃO mal feita e INFORMAÇÃO incompleta. E, na mesma proporção, há o medo de perder o emprego, os benefícios, o desmanche do GRUPO, redução nos rendimentos e quebra de interesses pessoais.  Então, o GESTOR estará diante de diversas situações. Mas, é necessário que ele entenda como os subordinados avaliam a MUDANÇA e planejam a defesa de posições (individuais ou em grupo) com base nas suas suspeitas e nos seus medos.

O GESTOR E OS GRUPOS DE RESISTÊNCIA

O comportamento das PESSOAS diante das MUDANÇAS pode ser de apoio, em atitude favorável ou numa RESISTÊNCIA manifesta e ativa.

As reações são inevitáveis em pontos de vista e convicções dos funcionários, que construíram uma cultura e poder com vida própria.

Ainda mais, se os colaboradores tiverem estabilidade e maior tempo de serviço na empresa do que os outros indivíduos. E, infelizmente envolve, mesmo que dissimuladamente, diversas maneiras de sabotagem e pressões para retardar o trabalho e a implantação das MUDANÇAS.

Dentro da organização há GRUPOS (formais ou informais) compartilhando tarefas, ideais, comportamentos, normas e valores que enaltecem determinados padrões. Ao mesmo tempo punem ou isolam elementos fora da realidade desta cultura. Dentro do GRUPO há modelos de conduta com resultados desejáveis e resultados indesejáveis. Assim, distribuem a INFORMAÇÃO e o CONHECIMENTO só para elementos que “seguem” a imagem grupal (a personalidade do REBANHO).

Com o apego a estes padrões, os GRUPOS constroem um cinturão defensivo contra qualquer MUDANÇA que seja uma ameaça ao que está estabelecido. Os GRUPOS podem adquirir coesão, defender posições e atuar como verdadeiros centros de poder dentro da empresa e acumular poder e influência. Os GRUPOS resistirão às mudanças na medida em que elas ameacem o poder, desrespeitem normas e valores aceitos e tenham um padrão de realidade diferente do modelo considerado válido.

O GESTOR E A MOTIVAÇÃO

A MOTIVAÇÃO dos colaboradores pode influenciar processos de MUDANÇA e inovação na empresa e diminuir (não eliminar por completo) as RESISTÊNCIAS o ceticismo e a rebeldia. Elas serão menores se o GESTOR for um LÍDER e provar, de fato, que as MUDANÇAS levarão a uma condição melhor de trabalho:

● Com oportunidades reais de evolução.

● Com maior segurança.

● Agregando conhecimentos.

É o melhor caminho para aumentar o comprometimento, lealdade e reciprocidade.

O GESTOR DIANTE DAS REAÇÕES DOS COLABORADORES

Apoiadores: cooperam e prestam auxílio nos processos de MUDANÇA (com ou sem a pressão do GESTOR). Normalmente, são funcionários que há tempos esperavam por MUDANÇAS e podem trazer grandes contribuições. Porém, este apoio pode esconder uma ação defensiva e de resignação diante dos fatos ( o JOGO DO CONTENTE).

Indiferentes: são apáticos e estão sempre em compasso de espera.

Já perderam o interesse pelo trabalho, sua atividade é mecânica e só fazem o necessário. Muitos esperam por uma oportunidade no mercado de trabalho e outros, apesar de pouca RESISTÊNCIA, estão presos às velhas formas de trabalho. Tanto faz fazer… como tanto faz não fazer.

Resistentes PASSIVOS: são apáticos e muito semelhantes aos Indiferentes. Apresentam atitudes regressivas, se prestam a executar apenas o que for ordenado e sem entusiasmo por novos aprendizados.

O seu protesto é de forma disfarçada e as recusas são racionais embasadas em diversos motivos.

Aparentemente mostram certa conformidade com as MUDANÇAS (o JOGO DO CONTENTE), mas, na primeira oportunidade recorrem às velhas formas de trabalho.

Com o tempo começam a desacelerar ainda mais o seu ritmo, seguram as informações, concordam na fala e não executam de maneira correta alegando desconhecimento. Para finalizar o quadro, começam a ironizar os problemas decorrentes das novas formas de trabalho. 

Resistentes ATIVOS: fazem o mínimo do mínimo necessário ao reduzir o ritmo do trabalho deliberadamente. Aos poucos vão se tornando retraídos e rebeldes. Para piorar o quadro, também ironizam as novas formas de trabalho, cometem erros propositadamente e enfrentam a GESTÃO.

Apresentam as mais variadas queixas e procuram manipular colegas. 

Para finalizar o quadro, os Resistentes ATIVOS culpam e acusam, faltam, suas tarefas têm pouca qualidade e espalham boatos. Fazem os colegas perceberem que o trabalho feito no passado estava errado e inútil apesar das MUDANÇAS.

O GESTOR e as Pressões: para o GESTOR o desafio é complexo. A pressão é forte, pois, a MUDANÇA ORGANIZACIONAL tornou-se uma das principais atividades para a empresa:

● O processo pode ter sido enviado pela alta hierarquia tendo em vista a competitividade por resultados imediatos. Ou o processo da MUDANÇA pode ter sido uma demanda vinda da alta hierarquia com o desenvolvimento, implantação e resultados imediatos sob total responsabilidade do GESTOR.

● Em ambos os casos ele enfrentará vários tipos de RESISTÊNCIA, o que vai exigir Habilidade Política, Resiliência e Liderança.

● Dificilmente o GESTOR vai agradar a todos. Em paralelo, muito provavelmente, haverá também um árduo trabalho de Gestão de Conflitos.

● O GESTOR deverá criar meios para que todos estejam MOTIVADOS e engajados no processo para que os objetivos sejam alcançados com eficiência e eficácia.

● Se a MUDANÇA se limitar apenas a cortar custos e demitir funcionários o seu resultado foi muito pobre e rasteiro.

Sugestão de Leitura

EMERSON, TRICA; STEWART, MARY. Gestão de mudanças: Encare a mudança de outro jeito. Editora SENAC. Edição 1ª. São Paulo, 2015.

TAVARES, MARIA DAS GRACAS DE PINHO. Cultura Organizacional – Uma Abordagem Antropológica da Mudança. Editora Qualitymark. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 1993.

JUDSON, ARNOLD S. Relações humanas e mudanças organizacionais. Editora Atlas. São Paulo, 1966.

ABRAHAMSON. ERIC. Mudança Organizacional. Editora Makron Books. Edição 1ª. São Paulo, 2006.

LIMA, SUZANA MARIA VALLE; CYNDIA LAURA BRESSAN. Mudança organizacional: teoria e gestão. Editora FGV. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2003.

DAVIS, KEITH; NEWSTRON, JOHN W. Comportamento humano no trabalho: uma abordagem organizacional. Editora Pioneira Thomson Learning. Edição 1ª. São Paulo, 2001.

SHEIN, EDGAR H. Psicologia Organizacional. Editora Prentice-Hall do Brasil. Edição 3ª. Rio de Janeiro, 1982.

MILLER, DAVID. Gestão da Mudança com Sucesso. Editora‎ Integrare. Edição 1ª. São Paulo, 2015.

CRAWFORD, RICHARD. Na era do capital humano. Editora‎ Atlas, São Paulo, 1994.

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