Metodologia TRIZ

INTRODUÇÃO:

A CRIATIVIDADE tem sido uma característica apreciada em profissionais que desejam implantar novas soluções, produtos e metodologias de trabalho, compatíveis com as necessidades dos consumidores e possam gerar VALOR para as empresas. Então, empresas inovadoras e atualizadas, estão dando valor à CRIATIVIDADE, a capacidade de pensar fora do comum e para se adaptar às mudanças. Em muitos casos, a CRIATIVIDADE tem sido mais apreciada do que a formação técnica e a titularidade dos profissionais.

A METODOLOGIA TRIZ

É uma ferramenta de análise, previsão e resolução de questões (a partir de um problema). No Brasil é pouco conhecida, há pouco material disponível, mas é uma teoria que pode ser aplicada àGESTÃO em qualquer tipo de empresa e em qualquer situação. Criada por volta de 1940, esta metodologia se tornou conhecida na década de 70, se expandiu nos anos 90 e teve um grande crescimento nos últimos anos em outros países. É uma forma de análise, que continua atual, por incentivar a CRIATIVIDADE e a capacidade de INOVAÇÃO.  

Em tempos de forte competição por parcelas de mercado, o desenvolvimento de novos produtos, processos industriais ou melhores formas de gerenciamento têm exigido rapidez e muita CRIATIVIDADE. Não há como uma empresa ter continuidade apenas com base na qualidade e preço. É preciso inovar, ter dinâmica e se diferenciar da concorrência.

A Metodologia TRIZ é um método estruturado, capaz de exercer influência sobre a INOVAÇÃO e INVENTIVIDADE, e que obtém as soluções mais criativas para cada problema.

É diferente do BRAINSTORMING, não requer mentes brilhantes e é um grande incentivo para os profissionais que já fazem parte de uma EQUIPE. A capacidade de CRIATIVIDADE e de INOVAÇÃO é movida pela ideia de que sempre é possível desenvolver algo totalmente novo e inédito. Em outras palavras, em uma empresa nada é engessado, estático, pois TUDO pode evoluir e chegar a resultados muito melhores.

GENRIKH SAULOVICH ALTSHULLER (1926 – 1998)

ALTSHULLER desenvolveu suas ideias sobre o processo de invenção e patentes na UNIÃO SOVIÉTICA.

Para desenvolver sua Teoria, pesquisou mais de 1.500.000 patentes, das quais, a maioria mostrou-se muito pouco INVENTIVA ou CRIATIVA, apresentando apenas alguns resultados de melhoria. Desta forma, chegou a 40 PRINCÍPIOS mostrando que as invenções novas são viáveis, quando as contradições técnicas ou PROBLEMAS INVENTIVOS (aqueles nos quais a solução faz gerar outro problema) são solucionados.

“A arte da INVENTIVIDADE é a HABILIDADE de remover barreiras para a idealidade, de forma a melhorar qualitativamente um sistema técnico.” GENRIKH ALTSHULLER.

Com base nessa análise, ALTSHULLER desenvolveu uma TEORIA denominada TEORIYA RESHENIYA IZOBRETATELSKIKH ZADATCH (em português, a Teoria da Resolução de Problemas Inventivos TRIZ), aplicável às necessidades de INOVAÇÃO em produtos, serviços e processos para gerar respostas diante de dificuldades.  Desenvolveu a “LÓGICA DA INOVAÇÃO” para ser aplicada na solução de problemas de modo ordenado e diferenciado. A princípio, a TRIZ foi criada para os campos da tecnologia e da engenharia. No entanto, hoje é aplicada nas mais diversas áreas, que também constataram o seu potencial.

Em 1948, após a II GUERRA MUNDIAL, ALTSHULLER enviou um documento a JOSEF STALIN com avaliações sobre o baixo nível de criatividade das indústrias da UNIÃO SOVIÉTICA e oferecendo alternativas de melhoria por meio da Metodologia TRIZ.

Como resposta, foi preso em 1950, torturado e condenado sem julgamento a uma pena de 25 anos de trabalhos forçados no Gulag  de VORKUTA, campo de concentração na SIBÉRIA, sob a acusação de “PASSO INVENTIVO CRIMINOSO”. Com a morte de STALIN, em 1953, o novo secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética,  NIKITA KHRUSHCHOV, estabeleceu diversas ações para a liberalização política.

No período em que esteve preso, ALTSHULLER discutiu e desenvolveu suas ideias com outros colegas de cativeiro (cientistas, acadêmicos, intelectuais e pesquisadores) e foi posto em liberdade em 1956.   

VANTAGENS DA METODOLOGIA TRIZ

O método pode ser importante no desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços (PPS) e melhoria dos PPS já existentes: fabricação, produtividade e elevar o nível de qualidade:

● Estrutura o tratamento de problemas incentivando a prática da CRIATIVIDADE dos GESTORES e funcionários. É a melhor forma para encontrar ideias originais, identificar e resolver contradições, longede soluções convencionais e com o pensamento fora da ZONA DE CONFORTO.

● Permite antecipar os possíveis problemas futuros, eliminando sua origem. É uma forma mais ágil para impedir que os problemas aumentem.

● Reduz custos e aumenta a qualidade dos PPS.

● A empresa aperfeiçoa seu potencial, aproveita o tempo e os recursos em ações mais construtivas.

A ESSÊNCIA DA METODOLOGIA TRIZ

A – Declarando a CONTRADIÇÃO: a abordagem de resolução de problemas tem início com a declaração da Contradição (o que não está funcionando). Mesmo que a empresa não encontre uma SOLUÇÃO INOVADORA, há a comprovação indicando a necessidade de ações corretivas. 

B – Expansão da COMPREENSÃO: procura verificar e compreender que materiais estão em uso, equipamentos utilizados, a condição do ambiente, o método de trabalho e a mão de obra utilizada, com as descrições de cargos e papéis. A abordagem do problema (a Contradição) não é feita de maneira aleatória ou por TENTATIVA E ERRO. É uma ação estruturada que procura identificar possíveis contradições que apontem os caminhos para a INOVAÇÃO. A Expansão da COMPREENSÃO vai verificar e listar materiais com os quais um determinado processo é realizado, os recursos envolvidos e, a partir daí, identifica o que pode ser melhorado com maior facilidade. 

C – Definição do estado ideal do SISTEMA EVOLUÍDO: a finalidade é encontrar SOLUÇÕES INOVADORAS para aumentar o desempenho, com base numa definição do que seria o ideal, o perfeito, o resultado necessário para que um processo ou que um produto/serviço entregasse VALOR ao cliente (interno ou externo).

D – GERAÇÃO DE IDEIAS utilizando os 40 princípios da TRIZ: neste ponto o problema e tudo o que o envolve já foi delimitado e o resultado desejado foi definido. A próxima fase do trabalho produz ideias com CRIATIVIDADE e capacidade de INOVAÇÃO para transformar o problema em solução.  Esse processo levará à solução ideal isto é, o resultado desejado, com o uso dos 40 Princípios ou Fundamentos da Metodologia TRIZ.

IDENTIFICANDO PROBLEMAS

ALTSHULLER afirmou que não se deve COMPENSAR, e sim ELIMINAR a CONTRADIÇÃO (a ideia baseia-se que todo problema tem uma CONTRADIÇÃO).

A maneira tradicional para a solução de um problema é a COMPENSAÇÃO DA CONTRADIÇÃO. Isto nada mais é, do que tentar fazer algum tipo de acomodação ou, encontrar um meio termo sobre o que se pretende melhorar ou minimizar. Em geral, a acomodação só vai agravar com a “SOLUÇÃO”. Segundo a Metodologia TRIZ, para se identificar os problemas eles devem ser separados em duas grandes colunas ou grupos. A metodologia pode oferecer a solução em ambos os casos:

A – Problemas com solução conhecida: problemas que podem ser solucionados através de DADOS e INFORMAÇÕES já disponíveis e resolvidos de maneira mais simples. As pessoas se valem de um sistema já preestabelecido pelo cérebro para buscar as soluções.

B – Problemas com solução desconhecida: ainda não se sabe a maneira como os problemas poderão ser resolvidos. Desta forma, eles vão exigir maior atenção e CRIATIVIDADE.

Buscar o entendimento do problema.

Identificar as funções principais do produto/serviço. 

Identificar o ambiente operacional.  

Identificar os requisitos do produto/serviço. 

Estabelecer o resultado ideal a ser alcançado.

Identificar todos os efeitos indesejáveis.

Os Problemas com solução desconhecida requerem soluções criativas para resolver a CONTRADIÇÃO. Normalmente, mostram a necessidade de encontrar ideias capazes de criar equilíbrio entre elementos contraditórios. Uma SITUAÇÃO INVENTIVA, que desafia os profissionais a serem criativos, pode envolver várias CONTRADIÇÕES.

INÉRCIA PSICOLÓGICA E PROCRASTINAÇÃO

Em geral, no ambiente corporativo, é comum encontrar dois fenômenos complexos: a INÉRCIA PSICOLÓGICA e a PROCRASTINAÇÃO. São dois grandes problemas que bloqueiam a CRIATIVIDADE e a capacidade de INOVAÇÃO.  A INÉRCIA PSICOLÓGICA faz com que o indivíduo não tenha a disposição para mudar hábitos, costumes e muito menos aceitar novas ideias. Assim, ele tem menor propensão para assumir novos desafios, que estejam fora do seu conhecimento adquirido criando resistências ou pouca disposição para as mudanças (o novo assusta). A PROCRASTINAÇÃO é o adiamento sucessivo do que se tem intenção ou necessidade de fazer.

TRIZ – OS 40 PRINCÍPIOS DE ALTSHULLER

A solução do problema pode iniciar-se em um nível mais elementar e chegar ao nível mais complexo para identificar CONTRADIÇÕES. Não há a necessidade de utilizar todos os 40 PRINCÍPIOS. Eles são livremente escolhidos e utilizados dependendo do produto, serviço ou processo. A sua importância não se restringe apenas à engenharia. Eles funcionam como “GATILHOS” para INOVAÇÃO e CRIATIVIDADE:

1 – Segmentação ou fragmentação: tornar o produto/serviço fácil de desmontar e aumentar o grau de fragmentação ou segmentação. Criar um organograma com todas as atividades relacionadas.

2 – Remoção ou Extração: eliminar ou separar uma parte, processo ou propriedade indesejada ou desnecessária do produto/serviço, focalizando somente a parte desejável ou necessária.

3 – Qualidade Localizada: transformar a estrutura de um produto/serviço ou ambiente para torná-lo DINÂMICO,atribuindo funções diferentes para cada parte.

4 – Assimetria: mudar a forma.

5 – Consolidação, união ou mistura: unir produtos/serviços ou objetos idênticos ou similares interligando peças e atividades.

6 – Universalização: atribuir várias funções a um produto/serviço ou a um objeto eliminando a necessidade de outros objetos.

7 – Aninhamento: verificar a possibilidade de colocar um produto ou objeto dentro de outro e assim sucessivamente.

8 – Contrapeso: compensar o peso do produto com o peso de outros produtos.

9 – Compensação prévia: prever um o CONTRA EFEITO.

10 – Ação prévia: arranjar previamente os produtos de forma que eles atuem de maneira mais rápida ou conveniente.

11 – Amortecimento ou proteção prévia: criar ou compensar a baixa confiabilidade do produto através de precauções.

12 – Equipotencialidade: reduzir as mudanças de posição ou modificar as condições de trabalho.

13 – Inversão: contrariar a intuição e a norma ou inverter a ação normalmente utilizada para solucionar o problema.

14 – Esferoidicidade ou recurvação: substituir formas retilíneas por formas curvas.

15 – Dinamização propriedades: permitir e encorajar mudanças. Fazer com que o produto/serviço, processo ou ambiente se amplie durante a operação. Dividir o produto em partes para tornar-se um objeto móvel ou adaptável.

16 – Ação parcial ou ação excessiva: aumentar ou reduzir, executando um pouco menos ou um pouco mais quando for difícil conseguir 100% de um determinado efeito.

17 – Mudança para uma nova dimensão: mudar a orientação espacial ou utilizar outra posição.

18 – Vibração mecânica: aumentar a vibração, ressonância para verificar os efeitos.

19 – Ação periódica: substituir ações contínuas por ações periódicas.

20 – Continuidade da uma ação útil: fazer com que o produto (e suas partes e acessórios) trabalhe a plena carga, 24 horas por dia. 

21 – Acelerar: executar um processo ou algumas de suas fases em alta velocidade.

22 – Transformação de prejuízo em lucro: amplificar um fator indesejado até ele se tornar desejável. 

23 – FEEDBACK: utilizar realimentação (o RESULTADO) para melhorar uma ação ou um processo.

24 – Mediação: utilizar um objeto ou processo intermediário para comparar os resultados.

25 – Autosserviço: avaliar se há aspectos do produto que podem ter auto reparação.

26 – Cópia: substituir peças e partes frágeis, caras ou de difícil obtenção por CÓPIAS mais simples.

27 – Uso de descartáveis: procurar substituir partes ou peças por itens mais baratos.

28 – Substituição de meios mecânicos: substituir partes mecânicas por eletro eletrônico, óticos ou softwares.

29 – Usar pneumática ou hidráulica: verificar a possível utilização de fluidos.

30 – Uso de filmes finos e membranas flexíveis: usar camadas finas e protetoras para isolar e proteger o produto.

31 – Uso de materiais porosos: verificar a viabilidade de tornar o produto poroso.

32 – Mudança de cor: mudar as características com variações de cores.

33 – Homogeneização: usar materiais com propriedades idênticas.

34 – Descarte ou regeneração: fazer descarte ambientalmente correto ou reaproveitar partes durante a operação.

35 – Mudança de parâmetros e propriedades (estado físico e químico): verificar a consistência, flexibilidade ou temperatura do produto.

36 – Transição de fase: utilizar fenômenos relacionados a mudanças em liberação ou absorção de calor, mudança de volume etc.

37 – Expansão térmica: expandir e contrair os materiais pela mudança de temperatura e verificar os efeitos.

38 – Uso de oxidantes fortes: testar o produto substituindo o ar comum por ar enriquecido com oxigênio e verificar os efeitos.

39 – Uso de atmosferas inertes: submeter o produto às condições em que o ambiente normal seja substituído por um ambiente inerte (sem o risco de contaminação por gases reativos existentes no ar – oxigênio e dióxido de carbono).   

40 – Uso de materiais compostos: testar o produto substituindo materiais homogêneos por materiais compostos.

Sugestão de Leitura
A METODOLOGIA TRIZ é uma ferramenta de análise, previsão e resolução de questões (a partir de um problema) e que pode ser aplicada à GESTÃO em qualquer tipo de empresa.  A solução do problema pode iniciar-se em um nível mais elementar e chegar ao nível mais complexo para identificar CONTRADIÇÕES. Não há a necessidade de utilizar todos os 40 PRINCÍPIOS. Eles são livremente escolhidos e utilizados dependendo do produto, serviço ou processo.

ALTSHULLER, GENRIKH. Encontrar uma Ideia. Editora Lulu.com. Santos, 2017.

MASSARETO, DOMENICO; MASSARETO HUMBERTO. Potencializando sua Criatividade. Editora DVS. Edição 1ª. São Paulo, 2004.

SIQUEIRA, JAIRO. Criatividade Aplicada. Editora Clube de Autores. Joinville, 2004.

ALTSHULLER, GENRIKH. Encontrar uma Ideia. Editora Lulu.com 2017.

AZRAK, DINA. Ideias: 100 técnicas de criatividade. Editora Summus Editorial. Edição: 1ª. São Paulo, 2011.

KELLER DAVID; KELLEY TOM. Confiança Criativa. Libere sua Criatividade e implemente suas Ideias. Editora Alta Books. Edição 1ª. São Paulo, 2018.

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