INTRODUÇÃO:
Embora tenha sido criada a mais de um século e sofrido inúmeras críticas, sem dúvida, a TEORIA CLÁSSICA transformou o modo como as empresas deveriam ser gerenciadas. O tempo passou e as ideias de FAYOL permanecem sem apresentar sinais de obsolescência. Ao contrário, a cada dia elas parecem que são atuais, com a ênfase voltada para a estrutura organizacional e considerando o Administrador como o profissional da mudança.
“Não existe nada rígido nem absoluto em matéria administrativa; tudo nela é uma questão de medida. Quase nunca se aplicará o mesmo princípio duas vezes em condições idênticas.” HENRI FAYOL.
OS 14 PRINCÍPIOS DE FAYOL
Em seus estudos, FAYOL identificou os 14 PRINCÍPIOS a serem seguidos pela ADMINISTRAÇÃO. Tornaram-se receita universal e serviriam de base para que muitos autores subsequentes elaborassem suas próprias propostas. Porém, devem ser aplicados de uma maneira flexível.
No começo do Século XX o foco das empresas era apenas voltado para a produtividade. Porém, a TEORIA CLÁSSICA demonstrou a ADMINISTRAÇÃO como uma ciência num nível de direção e que os processos administrativos devem ser separados em áreas interdependentes com responsabilidades definidas, princípios e funções. Através dos 14 PRINCÍPIOS estabelecidos, FAYOL idealizou um modelo tido como o ideal para a ADMINISTRAÇÃO. A primeira condição para um empresário é ser um bom ADMINISTRADOR.
Para FAYOL o departamento administrativo tinha a responsabilidade de garantir uma ação única da empresa, a disciplina e a ordem para o bom relacionamento no âmbito interno e externo através do entrelaçamento de todos os departamentos:
1 – Divisão do Trabalho: tarefas específicas designadas a cada membro. Os trabalhadores são especializados em áreas diferentes e têm habilidades diferentes. Segundo FAYOL, a especialização traz eficiência, e por consequência, eleva os níveis de produtividade, precisão e velocidade.
02 – Autoridade e Responsabilidade: o poder dá à gerência o direito de dar ordens aos subordinados. Mas, o poder de mando traz o compromisso com os resultados.
03 – Disciplina: respeitar e seguir o que foi estabelecido.
04 – Unidade de Comando: cada indivíduo tem apenas um superior.
05 – Unidade de Direção: um só programa para um conjunto de operações.
06 – Interesses: o interesse coletivo acima do interesse individual.
07 – Remuneração: equilibrada e racional baseada em fatores internos e externos. Os salários estar de acordo com o empregado e dentro da capacidade de pagamento da empresa.
08 – Centralização: equilibrada e racional, sem ferir a disciplina e permitir a iniciativa.
09 – Cadeia de Comando: a CADEIA ESCALAR da linha de autoridade, da alta gerência para os níveis inferiores. As formas de comunicação deverão obedecer a essa cadeia (portanto, estabelece a hierarquia).
10 – Ordem: um lugar para cada pessoa, cada pessoa em seu lugar num arranjo sistemático de homens, máquinas, materiais etc. e com local específico.
11 – Equidade: tratamento e igual a todos.
12 – Estabilidade do Pessoal: manter a EQUIPE coesa visando o seu desenvolvimento. A alta rotatividade de pessoal é prejudicial e a administração necessita ter um plano que garanta rápidas substituições.
13 – Iniciativa: permitir espaço para os funcionários exercerem seus talentos.
14 – Espírito de Equipe: manter os participantes com o mesmo foco num espírito de equipe criando harmonia e unidade dentro da empresa (ESPRIT DE CORPS).
OS 16 DEVERES DO GERENTE
Ao separar a função administrativa das demais funções da empresa, FAYOL identificou e delimitou qual era o trabalho dos administradores. Por meio desta diferenciação, mostrou um papel mais nítido para os executivos e um excelente exemplo de Gestão com os 16 deveres:
- Assegurar a cuidadosa preparação dos planos e a rigorosa execução.
- Cuidar para que a ORGANIZAÇÃO (humana e material) seja coerente: ações condizentes com os OBJETIVOS, recursos e requisitos da empresa.
- Estabelecer autoridade construtiva, competente, enérgica e única.
- Harmonizar atividades e coordenar esforços.
- Formular as decisões de forma simples, nítida e precisa.
- Organizar a seleção eficiente do pessoal.
- Definir claramente as obrigações.
- Encorajar a iniciativa e o senso de responsabilidade.
- Recompensar justa e adequadamente os serviços prestados.
- Usar sanções contra faltas e erros.
- Manter a disciplina.
- Subordinar os interesses individuais ao interesse geral.
- Manter a unidade de comando.
- Supervisionar a ordem material e humana.
- Manter controle rigoroso.
- Combater os excessos na burocracia, normas e regulamentos.
O CENTRO DE ESTUDOS ADMINISTRATIVOS
FAYOL criou e divulgou conceitos inovadores enfatizando a maior qualidade dos bons administradores sobre os técnicos (a empresa depende mais da habilidade administrativa do que das habilidades técnicas). Um líder tecnicamente medíocre, mas, com habilidades de bom administrador, é mais útil do que um líder brilhante só no aspecto técnico.
Em seus últimos anos de vida, FAYOL dedicou-se a divulgar suas ideias baseadas nas experiências em COMMENTRY.
Fundou o CENTRO DE ESTUDOS ADMINISTRATIVOS com reuniões semanais, com pessoas interessadas na administração, contribuindo para a divulgação das suas ideias: industriais, escritores, funcionários do governo, filósofos e militares.
No ano de seu falecimento, em 1925, comentou que suas ideias e o TAYLORISMO deviam ser vistas como complementares. Em 1926 a CONFERÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO FRANCESA, que tinha como objetivo divulgar as ideias de TAYLOR fundiu-se com o CENTRO DE ESTUDOS ADMINISTRATIVOS dando origem ao COMITÊ NACIONAL DA ORGANIZAÇÃO FRANCESA.
AS CRÍTICAS SOBRE A TEORIA CLÁSSICA
1 – OBSESSÃO PELO COMANDO: tendo a visão da empresa a partir da gerência administrativa, FAYOL focou seus estudos na unidade do comando, autoridade e na responsabilidade. É visto como obcecado por comando e por hierarquia.
2 – A EMPRESA COMO SISTEMA FECHADO: mecanicista, racional e muito rígida, a ORGANIZAÇÃO no FAYOLISMO é vista como uma estrutura fechada e previsível. Não leva em conta a ORGANIZAÇÃO INFORMAL.
Concentrou-se no estudo da organização apenas no seu aspecto Formal, objetivando o aumento de eficiência, dando ênfase ao trabalho e à estrutura não considerando o lado humano, em que os fatores pessoais (comportamento, crenças, cultura etc.) também interferem na empresa. Portanto, segundo alguns estudiosos, é uma abordagem incompleta.
3 – MANIPULAÇÃO DOS TRABALHADORES: a TEORIA CLÁSSICA explora e manipula trabalhadores da mesma forma que a ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA (através dos incentivos materiais e salariais – HOMO ECONOMICUS).
4 – A INEXISTÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO CIENTÍFICA: não existe fundamentação experimental das concepções, dos métodos e das técnicas do FAYOLISMO. Os princípios não tiveram investigação e nem testes práticos.
COMPARAÇÕES ENTRE TAYLOR E FAYOL
ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA desenvolvida por TAYLOR no mesmo período histórico. No TAYLORISMO, a ênfase foi para o processo produtivo no chão da fábrica e na relação homem/máquina. A análise é de BAIXO PARA CIMA buscando a eficiência dividindo as TAREFAS em SUB TAREFAS do operário, das máquinas e dos processos em busca de maior produtividade etc.
Ênfase: Tarefas.
Organização Racional do Trabalho (ORT).
Análise do trabalho.
Divisão do trabalho se processa ao nível do operário.
Estudo dos tempos e movimentos.
Estudo da fadiga humana.
Padronização dos métodos.
Especialização do trabalho.
Condições para o operário produzir com máxima eficiência.
De baixo para cima (do Operacional para a Administração).
SUPERVISÃO FUNCIONAL.
Preocupação com a ORGANIZAÇÃO FORMAL.
HOMO ECONOMICUS: dinheiro, recompensas salariais e materiais do trabalho.
Objetivo: máxima eficiência.
FAYOL definiu os elementos fundamentais da ESTRUTURA ORGANIZACIONAL e de sua GESTÃO: a divisão da empresa em partes (departamentos), atividades similares e a respeito do mesmo assunto deveriam estar agrupadas numa mesma função especializando sua atuação.
Ênfase: estrutura da ORGANIZAÇÃO.
A Administração como uma Ciência.
FUNÇÕES BÁSICAS DA ADMINISTRAÇÃO.
OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO.
PO3C – FUNÇÕES UNIVERSAIS DA ADMINISTRAÇÃO.
Funções Básicas da Empresa.
Divisão do trabalho se processa nos órgãos que compõem a ORGANIZAÇÃO.
OS DEVERES DO GERENTE.
Unidade de comando.
De cima para baixo (da Administração para o Operacional).
Preocupação com organização formal.
HOMO ECONOMICUS: dinheiro, recompensas salariais e materiais do trabalho.Objetivo: máxima eficiência.
FRASES DE HENRI FAYOL
“Administrar é prever, organizar, comandar, coordenar e controlar”.
“Administrar significa olhar à frente.”
“Dirigir é conduzir a empresa, tendo em vista os fins visados, procurando obter as maiores vantagens possíveis de todos os recursos de que ela dispõe.”
“Controlar é velar para que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas.”
“A primeira condição inerente ao chefe de uma grande empresa é a de ser bom administrador.”
Sugestão de Leitura
SILVA, BENEDICTO. Taylor e Fayol. Editora FGV. Rio de Janeiro, 1960.
ANDRADE, RUI. Teoria Geral Da Administração. Editora Saraiva. Edição 3ª. São Paulo, 2017.
ABRANTES, JOSÉ.Antropologia Empresarial e a Problemática Ambiental. Editora Interciência. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2012.
MAXIMIANO, ANTONIO CESAR AMARU. Introdução À Administração. Editora Atlas. Edição 2ª. São Paulo, 2011.
CHIAVENATO, IDALBERTO. Introdução à Teoria Geral da Administração. Editora Manole. Edição 9ª. São Paulo, 2014.
MAXIMIANO, ANTONIO CESAR AMARU. Teoria Geral Da Administração: Da Revolução Urbana a Revolução Digital. Editora Atlas. Edição 7ª. São Paulo, 2012.
MOTTA, FERNANDO. Teoria geral da Administração. Editora Cengage Learning. Edição 2ª. São Paulo, 2006.