INTRODUÇÃO:
O PODER é estudado há muito tempo abordando diversos GRUPOS SOCIAIS. Quanto ao AMBIENTE ORGANIZACIONAL há inúmeras as discussões e análises, pois, o PODER se evidencia sob diversas formas. Para os estudos dentro da ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS, o PODER é um assunto é entendido como sendo a capacidade de um indivíduo influenciar ou controlar o comportamento, as decisões e as ações de outros indivíduos presentes na estrutura de uma ORGANIZAÇÃO. No AMBIENTE ORGANIZACIONAL o PODER se concretiza com várias peculiaridades e por diferentes fontes.
O PODER – ASPECTOS POSITIVOS
O PODER é um traço presente em todos os relacionamentos estabelecidos dentro da estrutura de qualquer ORGANIZAÇÃO cumprindo uma incumbência relevante nos valores da empresa. Sua abrangência é ampla e se for bem distribuído, irá legitimar a TOMADA DE DECISÃO na introdução de novas ideias, mudanças e ações para conduzir as atividades para a conquista de objetivos.
O PODER atua delimitando e exercendo o controle sobre o nível de liberdade de cada participante. Assim, a EQUIPE irá executar as tarefas em coesão e em concordância com o que foi especificado. Entretanto, há outros ASPECTOS POSITIVOS. O PODER tem o atributo de viabilizar a organização, a coordenação das atividades e a cooperação entre os departamentos das diversas áreas funcionais. E isto inclui os colaboradores de todos os níveis da HIERARQUIA. Para muitos estudiosos os limites, a distribuição e o sucesso do PODER estão vinculados com a CULTURA ORGANIZACIONAL.
Se o PODER for bem distribuído, também irá atuar sobre os colaboradores nos aspectos do ENGAJAMENTO e da MOTIVAÇÃO por meio da AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO, desenvolvimento profissional, encarreiramento, reconhecimento, premiações, bonificações, promoções, recompensas e diversas modalidades de oportunidades.
Existem várias formas de se ter o PODER sobre uma pessoa, sobre um grupo ou sobre uma EQUIPE. Contudo, é fundamental que o exercício do PODER seja baseado na ÉTICA, com responsabilidade e de maneira justa. Se ele for mal distribuído e mal utilizado servirá apenas como a raiz de CONFLITOS, DESMOTIVAÇÃO, fonte de pressões, discórdia, prejuízos ao AMBIENTE LABORAL etc.
OS MODELOS DE PODER NAS ORGANIZAÇÕES
De fato, o PODER já vem sendo estudado há muito tempo. Contudo, a abordagem que mais se notabilizou foi a TIPOLOGIA desenvolvida por dois psicólogos sociais norte-americanos: JOHN FRENCH e BERTRAN RAVEN.
Esta TIPOLOGIA estudou o PODER como um fenômeno da influência social no livro THE BASES OF SOCIAL POWER (1959). Mesmo após tantos anos desta publicação, ela continuou sendo a literatura básica e de uso frequente nas pesquisas realizadas nas décadas seguintes a respeito de COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL e PSICOLOGIA SOCIAL ADMINISTRAÇÃO.
BERTRAN HERBERT RAVEN, psicólogo e professor do departamento de psicologia da UCLA (UNIVERSITY OF CALIFORNIA, LOS ANGELES) de 1956 a 2020. Ficou conhecido por seu trabalho em colaboração com JOHN FRENCH desenvolvendo uma análise das CINCO BASES de PODER SOCIAL. Posteriormente, RAVEN adicionouem 1965 mais um modelo ou base de poder social.
JOHN ROBERT PUTNAM FRENCH JR. foi psicólogo professor da UNIVERSIDADE DE MICHIGAN e conhecido por sua colaboração com BERTRAN RAVEN pelo livro THE BASES OF SOCIAL POWER.
OS MODELOS DE PODER
1 – MODELO DO PODER COERCITIVO
COERCITIVO significa aquilo que tem o poder de coagir impondo pela força (algo forçado, obrigatório, repressivo). O PODER COERCITIVO tem regras rígidas, impõe e faz cumprir as NORMAS, REGULAMENTOS e políticas definidas na CULTURA ORGANIZACIONAL. Os funcionários atuam de acordo com as determinações evitando a perda de oportunidades ou temendo ameaças, punições, sansões, correções ou demissões.
Os indivíduos agem temerosos de perder o posto de trabalho ou alguma vantagem que já obtida. Os GESTORES que adotam esta FORMA DE PODER agem como ditadores e fazer o CLIMA LABORAL ser insuportável.
Os indivíduos agem temerosos de perder o posto de trabalho ou alguma vantagem que já obtida. Os GESTORES que adotam esta FORMA DE PODER agem como ditadores, dificulta relacionamentos e não apoiam aos subordinados. O PODER COERCITIVO dificilmente cede espaço para NEGOCIAÇÃO, impõem vontades usando ameaças de punição fazendo o CLIMA LABORAL ser insuportável.
O MODELO gera CONFLITOS INTERPESSOAIS (hierárquicos e pessoais). Os CONFLITOS INTERPESSOAIS HIERÁRQUICOS ocorrerem quando o superior usa sua autoridade de maneira incorreta e quando não tem apoio dos seus subordinados. CONFLITOS INTERPESSOAIS PESSOAIS fazem com que os participantes da EQUIPE se desentendam no ambiente de trabalho por aspectos insignificantes e que diminui a qualidade dos relacionamentos.
2 – MODELO DO PODER DE RECOMPENSA
Neste MODELO DE PODER os funcionários são motivados movidos a seguir o que o superior determina. O detentor do PODER obtém o que lhe interessa através de promessas de RECOMPENSAS que as pessoas desejam. A MOTIVAÇÃO é em função da conquista de tipo de benefício ou troca de favores que podem ter vários contornos. De qualquer forma, qualquer sacrifício no trabalho terá retorno positivo. O PODER DE RECOMPENSA é o contrário do COERCITIVO: as pessoas concordam com as orientações porque proceder assim produzirá vantagens.
O exercício do modelo do PODER DE RECOMPENSA não é necessariamente estar nas mãos de alguém que esteja em um cargo no nível alto da HIERARQUIA. RECOMPENSAS, incentivos, aprovações, ameaças e punições podem vir de qualquer participante da EQUIPE ou mesmo de outra área.
3 – MODELO DO PODER LEGÍTIMO
O PODER LEGÍTIMO existe nos vínculos estabelecidos entre um superior e seus subordinados a partir do momento em que os subordinados aceitem a legitimidade do cargo e a autoridade do seu superior. O PODER só é efetivo e legítimo por haver concordância evidente (ou não) por parte dos subordinados para que o superior tenha a direção sobre eles.
Mas, esta concordância também é justificada neste tipo de relacionamento quando há respeito e deferência de uma parte pela outra ou quando há reciprocidade nas atitudes.
Outras opiniões vêm afirmando que o PODER LEGÍTIMO pode ser considerado como MODELO DO PODER DE POSIÇÃO (ou de AUTORIDADE FORMAL). Nesta visão, o superior foi designado e legitimado pela ORGANIZAÇÃO para ocupar determinado papel representativo e formalizado na HIERARQUIA.
4 – MODELO DO PODER DE REFERÊNCIA
Neste MODELO, o PODER tem ligação pelo RELACIONAMENTO INTERPESSOAL e compatibilidade entre o superior e seus subordinados. Desta forma, o indivíduo extrapolou sua função, se transformou em uma referência e as suas qualidades especiais são percebidas.
E a identificação chegou a um nível tal que os subordinados se deixaram moldar pela personalidade CARISMÁTICA e traços pessoais de quem está no PODER. Essa propriedade é que atrai as pessoas que desejam ter proximidade pela identificação. O talento desta personalidade CARISMÁTICA é apreciado como sendo uma LIDERANÇA NATURAL, capaz de provocar o ENGAJAMENTO ou manter a unidade de uma EQUIPE. E as suas características pessoais e sua personalidade desenvolvem a admiração e o desejo de ser como aquela pessoa.
5 – MODELO DO PODER DE ESPECIALISTA
Este MODELO também é chamado de PODER DE COMPETÊNCIA. A base do PODER DE ESPECIALISTA de um indivíduo está em suas HARD SKILLS sobre um dado assunto (domínio, conhecimento, EXPERTISE, experiência, habilidades, capacitação e educação). É a passagem para o PODER LEGÍTIMO.
Ao contrário dos GENERALISTAS, em geral são profissionais bem valorizados nas ORGANIZAÇÕES e considerados vitais nos processos que envolvam a TOMADA DE DECISÕES.
Quanto mais um profissional for considerado como sendo insubstituível, maior será o seu PODER. Os seus pontos de vista são muito respeitados por todos e está sendo uma influência poderosa na ORGANIZAÇÃO. E os seus conhecimentos específicos favorecem os seus interesses.
6 – MODELO DO PODER DE INFORMAÇÃO
Em 1965 BERTRAN RAVEN adicionouà TIPOLOGIA original mais um modelo ou base de poder social. O MODELO DO PODER DE INFORMAÇÃO abordou a mudança no modo de pensar que um indivíduo pode ter depois de receber a INFORMAÇÃO de um influenciador. RAVEN considerou esta visão de extrema utilidade quando a ORGANIZAÇÃO vai empreender mudanças, pois, os colaboradores precisam ser engajados e devidamente orientados sobre a necessidade, a importância e o entendimento sobre este processo.
O PAPEL DO PODER NAS ORGANIZAÇÕES
O PODER pode ser convergido na promoção de mudanças, novas ideias e procedimentos inovadores motivando colaboradores em buscar novas abordagens na solução de problemas. O PODER tem a capacidade de dar autoridade e a legitimidade aos GESTORES e possibilita influenciar, conduzir e TOMAR DECISÕES que serão respeitadas e seguidas. É o que vai garantir a eficácia e o correto funcionamento da empresa ao definir objetivos e metas, direcionar e coordenar atividades.
Sem nenhuma dúvida, o PODER tem uma função importante dentro da ORGANIZAÇÃO. Ele dá estruturação e caminhos necessários para o funcionamento adequado das atividades. Por outro lado, é importante que o PODER seja exercido de maneira correta em todos os níveis.
Sugestão de Leitura
JAMES L. BOWDITCH; BUONO ANTHONY F. Elementos de Comportamento Organizacional. Editora CENGAGE LEARNING. Edição 1ª. São Paulo, 2016.
ROBBINS, STEPHEN PAUL. Comportamento organizacional. Livros Técnicos e Científicos Editora. Edição 8ª. Rio de Janeiro, 1999.
MORGAN, THOMAS. Só é Fracassado Quem Quer. Editora Ediouro. São Paulo, 1989.