GIG ECONOMY

INTRODUÇÃO:

Dentro das perspectivas futuras para a ADMINISTRAÇÃO, muitas opiniões afirmam que ela está fadada à extinção pelo uso da IA (Inteligência Artificial). É fato que, nos últimos anos do Século XX diversas profissões desapareceram ou estão quase esquecidas: telefonista, ascensorista, KARDEXISTA e outras mais. Elas perderam a finalidade com a tecnologia e, as pessoas que desempenhavam estas funções, tiveram que procurar outros caminhos. Mas, se olharmos para o passado veremos que é um processo comum – as profissões vêm e vão.

E as empresas, por sua vez, mantém as atenções voltadas para oportunidades de modernizar ou desburocratizar processos em qualquer área. O objetivo é ter maior COMPETITIVIDADE e resultados favoráveis, mesmo que isso implique na dispensa de funcionários.

Outras visões sobre as perspectivas futuras para a ADMINISTRAÇÃO afirmam que ela é capaz de se reciclar e criar alternativas aproveitando a tecnologia. Ou seja, a sua dinâmica consegue abrir outras formas de atividade e de relações de trabalho. Uma das alternativas que surgiram nos últimos anos, foi a GIG ECONOMIY, considerada a inovação disruptiva dentro do mercado de trabalho.

GIG ECONOMY

Também chamada de ECONOMIA FREELANCER ou ECONOMIA SOB DEMANDA, surgiu nos EUA por volta do ano 2000 como uma modalidade de TRABALHO FLEXÍVEL. A GIG teve por base indivíduos que atuam em empregos temporários ou realizam atividades de FREELANCER(por tarefas específicas, em determinas especialidades e por tempo determinado).

Não há um vínculo fixo com o empregador, como em um emprego tradicional com horário estabelecido no escritório da empresa. O FREELANCER trabalha sob demanda e é pago por serviços.

DEFININDO O FREELANCER

A palavra vem do Inglês“FREE LANCES” (lanceiros livres). Ela se refere a um profissional que atua de maneira autônoma, sem vínculo. prestando serviços (JOBS) para outros indivíduos ou empresas por tempo determinado,  decurta duração ou eventual. Mas, em função do contrato estabelecido, os serviços poderão se estender e até vigorar por anos.

Popularmente é chamado de “FREELA” ou “FRILAS” e alguns especialistas em GESTÃO DE PESSOAS denominam EMPREGO ALTERNATIVO.

Geralmente, são profissionais que atuam como músicos, programadores, desenvolvedores, professores, designers,  fotógrafos, digitadores, redatores, revisores, tradutores, arquitetos, jornalistas, pintores, social media, profissionais de marketing, editores (de áudio e vídeo), produção de conteúdos etc.

Também há casos de “FRILAS” que atuam no mercado de trabalho formal e nas horas de folga, ou nos finais de semana, prestam vários de tipos de  serviços para complementar renda.

DEFININDO O AUTÔNOMO

Os dois conceitos se confundem. O AUTÔNOMO pode ser pessoa física ou pessoa jurídica que não tem vínculo estabelecido com uma empresa e, portanto, não é funcionário e não está na hierarquia. A empresa deverá dar as orientações e os requisitos para o trabalho.

Nesta condição, o AUTÔNOMO tem liberdade plena no aspecto profissional e financeiro. A autonomia permite que ele desenvolva suas atividades com iniciativa, planejamento,  organização, forma da execução definida, local e período. Contudo, a eventualidade da prestação de serviços do AUTÔNOMO poderá se tornar habitual de acordo com a execução do trabalho, de acordo com o solicitante e firmado em contrato.

Cuidado: essa relação de trabalho deve ser referendada e detalhada em contrato de prestação de serviços (temporários ou perenes). 

VISÕES SOBRE A GIG ECONOMY

Ainda não existe uma definição clara e correta do significado  de GIG ECONOMY. De fato, podemos encontrar muitas explicações diferentes. Porém, discussões à parte, a GIG ECONOMY se refere ao crescimento dos formatos de  Flexibilidade no Trabalho. Outras opiniões apontam que o seu rápido crescimento se deveu a PRECARIEDADE DO MERCADO DE TRABALHO FORMAL.

1 – Flexibilidade no Trabalho: esta expressão tem se tornado um BORDÃO em vários textos sobre ADMINISTRAÇÃO. Por Flexibilidade entendemos que é a ação de tornar maleável o que antes era rígido e sem alterações. Então, a Flexibilidade no Trabalho concede ao profissional a liberdade de escolha da alternativa para atuar no exercício da sua atividade. Contudo o profissional é quem decide quando, onde e de que forma será a sua atuação para entregar os resultados.

Considerando a ideia da Flexibilidade no Trabalho (e suas modalidades – FREELANCER, AUTÔNOMO, HÍBRIDO, ALTERNATIVO, TEMPORÁRIO, ESTAGIÁRIO, POR TAREFA etc.) a GIG ECONOMY, por enquanto, não vai eliminar o trabalho presencial ou o trabalho remoto com vínculo. Mas, há prognósticos de que a GIG ganhe muito mais espaço nos próximos anos.

2 – As empresas e a GIG ECONOMY: várias empresas já vêm vislumbrando  uma oportunidade excelente de se adequar a Flexibilidade do Trabalho e revendo seus processos de contratação. De maneira idêntica ao que ocorreu no HOME OFFICE e modalidades de TRABALHO REMOTO, a GIG fez as empresas perceberem que muitas tarefas poderiam ser feitas à distância ou por profissionais sem vínculo empregatício.

Assim, os responsáveis pela GESTÃO também estão se adaptando para as novas opções de recrutamento, seleção, inserção e acompanhamento. Do ponto de vista das empresas, com profissionais temporários…

…não haverá despesas com encargos sociais e benefícios sociais. A responsabilidade passa a ser do contratado.

…em geral, são mão de obra formada por profissionais qualificados que poderão trazer novas ideias e possibilitar trocas de experiências.

…não haverá a necessidade de programas de integração e treinamento.

…haverá maior agilidade nas atividades.

3 – Mas, nem tudo são flores…: as empresas terão de repensar a forma de RECRUTAMENTO E SELEÇÃO diante deste novo cenário. E, principalmente avaliar os aspectos legais dos itens do contrato de prestação de serviços.

Problemas comuns…

3.1 – Delimitações: não é porque o profissional é temporário que a sua atividade não deverá seguir certas condições. Mesmo não tendo posição na hierarquia, será preciso,, necessariamente, definir o perfil do cargo, estabelecer a descrição das tarefas ou projeto, estabelecer a relação de subordinação, limites da autonomia e o perfil do candidato mais adequado.

3.2 – Engajamento: por ser um profissional é temporário (presencial, remoto ou híbrido), dificilmente ele irá absorver a CULTURA ORGANIZACIONAL da empresa e ter o mesmo empenho ou interesse como se fosse um funcionário efetivo.  

3.3 – Disciplina: muitos GESTORES não têm a exata percepção e confundem o temporário com o funcionário efetivo. Infelizmente, a experiência mostra que a rigidez e o mal tratamento dado aos funcionários efetivos é igual aos temporários.      

3.4 – Aspectos da Motivação: motivar a EQUIPE de temporários apenas pelo fato de assumir novos desafios, experiências e ter Flexibilidade no Trabalho nem sempre são aspectos sedutores. Talvez estes aspectos não estejam dentro das expectativas do contratado.

Tanto é verdade que, em muitos casos, a empresa promete efetivar os temporários de maior destaque, o que pode gerar rivalidades. Se o projeto de contar com temporários não for bem planejado, em vez de solução ele poderá se tornar um problema. Outro fato corriqueiro é a quebra do CONTRATO PSICOLÓGICO.

4 – Diferença de cenários: muitos analistas argumentam que o crescimento da GIG  é reflexo do ingresso no mercado de trabalho de jovens com um perfil diferenciado (Geração Y – MILLENNIALS de 18 a 35 anos). Eles valorizam experiências profissionais e buscam Flexibilidade no Trabalho para ter liberdade e tempo para se dedicar a outros interesses. Para muitos jovens, em início de carreira, um trabalho temporário vai agregar conhecimentos e contato com experiências fora do âmbito acadêmico, dar mais competitividade ao currículo e ampliar a rede de relacionamentos.

Mas, há um outro lado da moeda. A tecnologia teve o seu lado cruel ao eliminar vários postos de trabalho e profissões. Fazer parte da GIG ECONOMY nem sempre é questão de escolha – para muitos foi a alternativa mais rápida para poder sobreviver. É o mesmo caso do EMPREENDEDORISMO POR NECESSIDADE e EMPREENDEDORISMO POR OPORTUNIDADE.

É preciso muito respaldo para abandonar o trabalho convencional e razoavelmente estável para se aventurar e dirigir a carreira de acordo com a vontade própria. E quando o contrato estiver para se encerrar, será preciso sair à caça de outra oportunidade, que nem sempre vai aparecer no curto prazo (ainda mais em um país como o Brasil, onde a economia é cheia de altos e baixos – mais baixos do que altos).

A FLEXIBILIDADE NO TRABALHO e a possibilidade do TRABALHO AUTÔNOMO e REMOTO despertam a atenção de muitos indivíduos. E soma-se a isso a ideia de conquistar autonomia,  comandar o  desenvolvimento da própria carreira, escolher clientes, parcerias, áreas de negócios diferentes e fornecedores. Para ser um GIG WORKER é preciso estar ciente dos grandes desafios. Dentro dessa modalidade a instabilidade é preocupante, o grau de responsabilidade e disponibilidade é muito maior e, principalmente, é primordial ter uma rede muito bem constituída de contatos de potenciais contratantes.   

Sugestão de Leitura

BARBOSA JÚNIOR, FRANCISCO DE ASSIS.  GIG ECONOMY e contrato de emprego. Editora LTr, Edição 2ª. São Paulo, 2021

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