1 – Processo Decisório e Tomada de Decisão 

INTRODUÇÃO:

A partir do final da década de 40, os estudos pertinentes ao PROCESSO DECISÓRIO e a TOMADA DE DECISÕES nas ORGANIZAÇÕES foi se tornando um tema relevante e objeto de investigações e pesquisas de teóricos e estudiosos da ADMINISTRAÇÃO e da PSICOLOGIA. Para os GESTORES, o grau de importância e as ponderações sobre o assunto no ambiente organizacional é inquestionável. O PROCESSO DECISÓRIO e a TOMADA DE DECISÕES se tornou uma das atividades mais elementares no âmbito organizacional, pois tudo o que um EXECUTIVO tiver que decidir será seguindo a melhor escolha.

Após a GLOBALIZAÇÃO,cada vez mais as ORGANIZAÇÕES demandaram por DECISÕES acertadas e rápidas contando com a INFORMAÇÃO e a COMUNICAÇÃO como facilitadores para conhecer o comportamento das variáveis que atuam no ambiente interno e externo. E, diante deste aumento da complexidade, o PROCESSO DECISÓRIO e a TOMADA DE DECISÕES se tornou uma tarefa ainda mais árdua e vital por solicitar maior exatidão por parte da GESTÃO e dos colaboradores no andamento dos negócios.   

A TOMADA DE DECISÕES ocorre na vida diária em qualquer momento. A todo o instante, um indivíduo se vê em situações nas quais ele tem que decidir diante dos PROBLEMAS e resolver situações variadas, das mais simples às mais difíceis, de acordo com o contexto em que ele se encontra.

A TOMADA DE DECISÃO faz parte do trabalho da GESTÃO em qualquer tipo de ORGANIZAÇÃO: governo, hospitais, igrejas, ONG’S, quartéis, penitenciárias e em empresas (de todos os ramos de atividade e independentemente do seu tamanho). Para tanto, o indivíduo usa suas experiências, suas crenças, seus valores, seus conhecimentos técnicos e suas habilidades que irão dirigir as diversas formas com as quais ele utilizará ao tomar DECISÕES.

Contudo, essas diversas formas podem significar resultados positivos ou o insucesso para os profissionais ou responsáveis (os detentores do poder de DECISÃO), para os envolvidos que dependem do processo e para a ORGANIZAÇÃO em que estejam atuando.

A TOMADA DE DECISÕES (por menores e irrelevantes) é difícil e poderá gerar consequências positivas ou negativas. Não há 100% de certeza quanto ao resultado.

DEFININDO ORGANIZAÇÃO

A definição dada por dada por HERBERT ALEXANDER SIMON (1916-2001) conceitua uma ORGANIZAÇÃO como um sistema complexo de COMUNICAÇÕES e inter-relações existentes em um grupamento humano.

Ainda, segundo SIMON, esse sistema concede a cada participante uma parte considerável das INFORMAÇÕES, pressupostos, objetivos e atitudes que interferem nas DECISÕES favorecendo, da mesma maneira, um conjunto de expectativas estáveis e abrangentes com relação ao que os demais membros da ORGANIZAÇÃO estão fazendo e de que maneira eles reagirão.

“todo administrador toma decisões e as executa com os olhos fixados, concomitantemente, no assunto imediato e no efeito dessas decisões sobre situações futuras, isto é, sobre as repercussões para a organização.” (HERBERT A. SIMON. Comportamento Administrativo. Editora FGV. Edição 2ª. Rio de Janeiro, 1970 – Pág. 15).

A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO

Para as ORGANIZAÇÕES, a qualidade das INFORMAÇÕES, sua confiabilidade e disponibilidade nos sistemas, no momento adequado, são indispensáveis. Elas servirão para compreender, analisar e servir de base para a TOMADA DE DECISÃO: dar sequencia ao planejamento e estabelecer mudanças na GESTÃO (nas diversas áreas e em todos os níveis hierárquicos).

Uma ORGANIZAÇÃO pobre de DADOS e de INFORMAÇÕES (produzidas internamente – a INFORMAÇÃO ORGÂNICA) terá grande dificuldade para substanciar DECISÕES ESTRATÉGICAS e o trabalho da GESTÃO. Em relação aos concorrentes, do mesmo ramo de atividade, ela estará em grande desvantagem pela falta de análises e alternativas de DECISÃO corretas.

“A informação é um recurso efetivo e inexorável para as empresas, especialmente quando planejada e disseminada de forma personalizada, com qualidade inquestionável e preferencialmente antecipada para facilitar as decisões.” (DENIS A. REZENDE; BELMIRO V. JOBIM CASTOR. Planejamento estratégico municipal: empreendedorismo participativo nas cidades, prefeituras e organizações públicas. Editora Brasport. Rio de Janeiro, 2005 – Pág. 247). 

O compartilhamento e o uso do CONHECIMENTO e da INFORMAÇÃO através da COMUNICAÇÃO, elementos ordenados em uma estrutura lógica, dá aos usuários um conjunto de ferramentas.

Elas atuam para evitar possíveis erros na TOMADA DE DECISÃO: ignorar aspectos importantes, ter por base critérios de avaliação incompletos ou imprecisos, ter o foco na decisão errada, identificar alternativas incorretas, obter resultados incorretos etc.

O PROCESSO DECISÓRIO

É processo facilitador para a TOMADA DE DECISÃO. É o conjunto de estratégias e ações que utilizam os recursos intelectuais da ORGANIZAÇÃO, em qualquer nível da hierarquia. A finalidade é a escolha da melhor alternativa em uma determinada situação, solucionando um PROBLEMA ou aproveitando uma OPORTUNIDADE

Problema um fato inesperado, fora do planejado, ou alguma ocorrência que não estava de acordo com as atividades da ORGANIZAÇÃO. Assim, é preciso identificar quais são os fatores e as causas para escolher a melhor possibilidade. Oportunidade é quando as circunstâncias oferecem um acontecimento favorável ou uma chance além do que foi previsto no planejamento.

AS FASES DO PROCESSO DECISÓRIO

Não há uma fórmula pronta e mágica para se chegar aos 100% de acerto nas escolhas. Mas, existem algumas fases podem auxiliar sobre a melhor solução do PROBLEMA. O trabalho se processa com maior facilidade em organizações que contam com PESSOAS capacitadas (o CONTINGENTE INTELECTUAL), INFORMAÇÕES e com a CONSTRUÇÃO DAS INTELIGÊNCIAS. O PROCESSO DECISÓRIO é uma atividade contínua que ocorre em etapas para uma melhor escolha.

A literatura disponível apresenta diversas ideais, de acordo com a visão de cada estudioso da ADMINISTRAÇÃO.  O trabalho tem início na identificação das necessidades diante de situações problemáticas e do que é possível fazer utilizando o CONHECIMENTO acumulado, a INFORMAÇÃO disponível e as formas de COMUNICAÇÃO.

Contudo, o PROCESSO DECISÓRIO é bem complexo e é dependente das características pessoais do tomador de decisões, da situação em que ele está envolvido e como ele consegue perceber uma situação.

● Segundo CHIAVENATO o PROCESSO DECISÓRIO é constituído de 7 etapas:

1 – Percepção da situação que envolve algum problema. 2 – Análise e definição do problema. 3 – Definição dos objetivos. 4 –  Procura de alternativas de solução ou de cursos de ação. 5 – A escolha (seleção) da alternativa mais adequada ao alcance dos objetivos. 6 – Avaliação e comparação das alternativas. 7 – Implementação da alternativa escolhida (a TOMADA DA DECISÃO).

Cada etapa influencia as outras e todo o processo. Nem sempre as etapas são seguidas à risca. Se a pressão for muito forte para uma solução imediata, as etapas “3”, “5” e “7”, podem ser abreviadas ou suprimidas. Quando não há pressão, algumas etapas podem ser ampliadas ou estendidas no tempo (IDALBERTO CHIAVENATO. Administração de novos tempos. Editora Campus. Rio de Janeiro, 2004 Pág. 348).

● De acordo com PETER FERDINAND DRUCKER (1909-2005), as etapas do PROCESSO DECISÓRIO são:

1 – Classificação do problema – identificação do tipo de ocorrência. Se o problema é genérico (sua ocorrência é apenas um sintoma e precisa ser respondido por uma regra ou princípio) ou excepcional (de ocorrência rara, deve ser tratado individualmente).

2 – Definição do problema – a explicação da situação. 3 – As especificações das respostas ao PROBLEMA – definição clara daquilo que a DECISÃO tem de consumar. 4 – A DECISÃO – o que é correto e benéfico para a organização. 5 – A ação – cumprimento da DECISÃO. 6 – FEEDBACK – verificação da validade das premissas sobre as quais a DECISÃO se baseou. (PETER F. DRUCKER. A Decisão eficaz. In: Harvard Business Review. Processo decisório: os melhores artigos da Harvard Business Review. Editora Elsevier. Rio de Janeiro, 2006. Pág. 9-26).

HENRY MINTZBERG  define um modelo mais abrangente com cada uma das fases e rotinas do de processo:

1 – Identificação: é a fase de procura de situações problemáticas para serem resolvidas. Existe a necessidade de se tomar uma decisão quando há insatisfação em relação à uma situação atual, ou quando surgem oportunidades para melhorar essa situação. Inclui duas rotinas:

1.1 – Reconhecimento – na qual são reconhecidas as oportunidades, problemas e crises, que apelam para uma TOMADA DE DECISÃO.

1.2 – Diagnóstico – na qual se procura compreender os estímulos e determinar as relações de causa e efeito para a situação de decisão.

2 – Desenvolvimento: são criadas alternativas de solução para o PROBLEMA com um estudo mais aprofundado e sua representação através de um modelo. Ele servirá para a criação das alternativas, com base nos critérios de escolha e preferências de quem decide. Inclui duas rotinas:

2.1 – Pesquisa – na qual se procuram soluções possíveis, com base em DADOS e INFORMAÇÕES ORGÂNICAS produzidas internamente.

2.2 – Desenho – são feitas as alterações nas soluções encontradas ou se projetam novas soluções, caso não se tenham encontrado soluções possíveis na Pesquisa.

3 – Seleção: é escolhido um curso de ação entre as alternativas que surgiram no Desenvolvimento. Inclui duas rotinas:

3.1 – Filtragem – quando a Pesquisa produziu mais alternativas do que aquelas que podem ser avaliadas. A Filtragem elimina e reduz as opções impraticáveis e guarda as que são aproveitáveis.

3.2 – Avaliação e Escolha – as várias soluções alternativas são avaliadas, com a finalidade de escolher a mais apropriada. Podem ser utilizados três modos de Avaliação e Escolha:

3.2.1. – Julgamento – quando o indivíduo toma a DECISÃO sozinho, tendo por base procedimentos que, por vezes, ele não consegue explicar.

3.2.2. – BARGAINING (barganha) quando a escolha é feita por um grupo, sendo que cada um deles possui metas próprias e vai utilizar os seus próprios julgamentos.

3.2.3. – Análise – na qual a avaliação das alternativas é feita por um técnico, ou especialista, recorrendo geralmente a métodos matemáticos. A partir da Análise surge um relatório de comparação e avaliação das várias alternativas, que é facultado ao responsável ou responsáveis pela DECISÃO, para ser escolhido um curso de ação.

3.3 – Autorização – quando o indivíduo ou o grupo que fez a TOMADA DE DECISÃO tem de seguir um caminho de aprovação ao longo da hierarquia da ORGANIZAÇÃO.

O processo é dinâmico, uma vez que é sempre possível voltar às fases anteriores, e a sequência das fases pode ser interrompida em diversas ocasiões e por diversos motivos. Mas, Reconhecimento e Avaliação e a Escolha estarão presentes obrigatoriamente.

Para que uma DECISÃO seja eficaz para a ORGANIZAÇÃO, é de suma importância que o tomador de decisões tenha pleno conhecimento dessas etapas, bem como daquilo que é compreendido em cada uma delas. A literatura disponível apresenta diversas outras formas, mais simples, para a GESTÃO utilizar o PROCESSO DECISÓRIO. A escolha do modelo fica a critério da ORGANIZAÇÃO:

*Relacionar as PARTES requer HABILIDADE CONCEITUAL

**Construir um MODELO em geral se utiliza MAPAS CONCEITUAIS

Sugestão de Leitura

GOMES, LUIZ FLAVIO AUTRAN MONTEIRO; GOMES CARLOS FRANCISCO SIMÕES. Princípios e Métodos para Tomada de Decisão. Editora Atlas. Edição 6ª. São Paulo, 2019.

CHIAVENATO, IDALBERTO. Administração nos novos tempos. Editora Campus. Edição 4ª. Rio de Janeiro, 2004.

DENIS A. REZENDE; BELMIRO V. JOBIM CASTOR. Planejamento estratégico municipal: empreendedorismo participativo nas cidades, prefeituras e organizações públicas. Editora Brasport. Edição 2ª. Rio de Janeiro, 2005.

BAZERMAN, M.H. Processo Decisório: para cursos de Administração, Economia e MBAs. Editora Elsevier. Rio de Janeiro 2004.

SHIBATA, INÁCIO HIDEO; PASQUOTTO, JORGE LUIS DURGANTE; JUNIOR, ALCEU SALLES CAMARGO. Tomada De Decisão Nas Organizações: Uma Visão Multidisciplinar. Editora Saraiva. Edição 1ª. São Paulo, 2012.

PETER F. DRUCKER. A Decisão eficaz. In: Harvard Business Review. Processo decisório: os melhores artigos da Harvard Business Review. Editora Elsevier. Rio de Janeiro, 2006.

HERBERT A. SIMON. Comportamento Administrativo. Editora FGV. Edição 2ª. Rio de Janeiro, 1970.

Deixe um comentário