Diferentes visões da Sustentabilidade

INTRODUÇÃO:

Os impactos nocivos que a atividade humana tem causado ao planeta são visíveis e a sociedade vem pressionando empresas e governos quanto aos cuidados na preservação da natureza e meio ambiente. Os benefícios socioambientais são importantes. A legislação específica, ações preventivas e o trabalho de coleta seletiva e reciclagem (que ganham novos adeptos a cada dia) mostram o nível de conscientização e o efeito das campanhas.  

E não há como minimizar o papel das corporações na contribuição para um planeta mais sustentável. Mesmo que uma parte dos cientistas negue as ocorrências de mudanças climáticas, estes eventos têm se acelerado e continuam prejudicando a economia e as populações, principalmente nos países menos desenvolvidos. 

A TRANSIÇÃO

Em muitas ORGANIZAÇÕES a prática do SGA tem sido desafiador em função de resistências internas. Por isso, adotar a SUSTENTABILIDADE nos negócios tem sido complexo, demanda tempo, muita RESILIÊNCIA e EXPERTISE no assunto.   

Felizmente, nas últimas décadas o tema deixou o âmbito das grandes indústrias. Ele é de conhecimento de governos, sociedade civil organizada, indivíduos. Nas STARTUPS, nas pequenas e médias empresas já é possível ter o comprometimento e a preocupação em relação a SUSTENTABILIDADE. No momento atual há movimentos para que as empresas se direcionarem a uma conduta voltada para SUSTENTABILIDADE. É o que vem dando valor ao SGA.

Entretanto, é preciso a elaboração de um plano de trabalho tendo em mente quais os fundamentos essenciais nesse processo e o que deve levar uma empresa a mudar o padrão de suas atividades.

Desde o início do Século XXI, a ideia de SUSTENTABILIDADE teve transformações significativas e ganhou um novo desenho. Extrapolou o conteúdo das discussões e conceitos tradicionais sobre esgotamento de recursos naturais, respeito ao meio ambiente, limites do planeta ou extinção de espécies.  

O momento presente provocou debates sobre o tipo de sociedade atual e qual é o tipo de sociedade pretendida para o futuro. Também incluiu um compromisso mais austero com relação às próximas gerações ao considerar a ÉTICA, respeito ao próximo, plenitude, responsabilidade e, inclusive, os cuidados com o ambiente. E, logicamente, esse tipo de discussão afeta o AMBIENTE CORPORATIVO para a adequação de suas atividades.

A SUSTENTABILIDADE NOS NEGÓCIOS

A despeito das mudanças ocorridas no conceito de SUSTENTABILIDADE,ela continua sendo uma ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO, uma alternativa disponível para o MARKETING construir uma IMAGEM CORPORATIVA positiva, para a diminuição de riscos futuros e segurança para os STAKEHOLDERS.  

Os cuidados com a SUSTENTABILIDADE é um atrativo para os investidores. É um público cada vez mais consciente. Caso uma empresa não tenha um SGA competente que minimize o uso de energia, não recicle e não reutilize a água ou cause danos à natureza, a longo prazo os investidores não terão segurança quanto ao risco desta ORGANIZAÇÃO.

É evidente que muitas empresas, pela natureza de suas atividades, apresentam grande obstáculos para se tornarem AMBIENTALMENTE RESPONSÁVEIS. Porém, o SGA atua na direção de melhores resultados.

 

E as (*) CADEIAS PRODUTIVAS têm sido um grande exemplo compartilhando conhecimentos sobre cuidados e efeitos no meio ambiente. Por exemplo, ações para diminuir a emissão de GEE (GASES DE EFEITO ESTUFA).   

(*) A CADEIA PRODUTIVA existe em todas as indústrias, independente do seu tamanho, ramo de atividade ou do seu formato. É o processo produtivo completo que abrange desde a criação até a venda de um bem de consumo (da matéria-prima até à distribuição aos consumidores).  

O AMBIENTE CORPORATIVO

As empresas passam por diversas situações vindas do AMBIENTE EXTERNO que exercem efeitos sobre seu AMBIENTE INTERNO, prejudicam a lucratividade, elevam custos, consumem mais recursos e trazem maiores riscos. Boa parte dessas ocorrências requerem ou pressionam por mudanças referentes à SUSTENTABILIDADE. Os maiores exemplos são:

1 – Mudanças Climáticas: elas não têm fronteiras e são um temor cada vez maior. As MUDANÇAS CLIMÁTICAS possuem a capacidade de causar impactos imprevisíveis sobre ecossistemas, fontes de matérias primas, infraestrutura, sistemas de transporte, meio urbanos etc.

2 – Demografia: outro item que chama a atenção dos estudiosos é relacionado à composição demográfica, o aumento da expectativa de vida e o crescimento populacional.

Os crescentes FLUXOS MIGRATÓRIOS têm acontecido por motivos de ordem econômica, política, cultural, urbanização, guerras e até mesmo por desastres naturais. O fator demográfico gera maior fluxo de pessoas, maior consumo de produtos, mais lixo e maior consumo de recursos.

3 – Renda: o poder de compra maior tem a tendência de criar pontos onde haja maior concentração de riqueza. Então, a dinâmica do mercado traz mais oportunidades de negócios, criatividade e inovações. Ao mesmo tempo, há aumento de consumo de recursos, de energia, de produtos, mais lixo e maior demanda por serviços.

4 – Guerras: em um mundo globalizado os conflitos não são mais tratados como eventos distantes e sem importância. Os acontecimentos na UCRÂNIA, a partir de 2014, e que se intensificaram em fevereiro de 2022, prejudicaram o comércio e causaram instabilidades no fornecimento de matérias primas para vários países. Os danos ambientais futuramente serão mensurados.

5 – Desastres ambientais: são eventos que provocam prejuízos ao meio ambiente por desestabilizar a fauna e a flora, causar a morte de animais, o declínio de ecossistemas, escassez de recursos e o deslocamento de populações. Podem ter origem natural ou ser o resultado da intervenção humana.

6 – Os consumidores: a sociedade vem exercendo pressão e solicitando por mudanças significativas. E as empresas mais atualizadas, sentindo esta onda vinda do AMBIENTE EXTERNO, estão atentas e mudando sua cultura. Uma parcela significativa de consumidores deseja saber se a forma de produção é AMBIENTALMENTE RESPONSÁVEL, SOCIALMENTE JUSTA e qual a origem dos produtos. Esta mentalidade, que pede por SUSTENTABILIDADE vem mudando perfil dos mercados e solicitando produtos e serviços sustentáveis.

Os funcionários também são consumidores e se sentem mais motivados em trabalhar em empresas éticas, responsáveis e com e valores explícitos. Além dos recursos aplicados, os investidores (que também são consumidores) exigem resultados mais consistentes e perenes com as práticas sustentáveis.

7 – O Ambiente Interno: em muitos casos o SGA tem que atuar contra as resistências internas da empresa.

Mas, em conjunto com a GESTÃO DE PESSOAS, é possível criar programas internos para melhorar a mentalidade ambiental da mão de obra, aumentar a conscientização, a capacidade pessoal e a capacidade institucional. É o que poderá levar uma empresa a mudar o padrão de atividades.

SUSTENTABILIDADE – SEPARANDO CONCEITOS

Tem sido muito frequente verificar algumas declarações distorcidas a respeito do conceito de EMPRESA SUSTENTÁVEL que acabam criando dúvidas e afirmações controversas:

A – O primeiro conceito a ser analisado não tem relação nenhuma com preservação e cuidados dedicados ao meio ambiente ou proteção a natureza. Uma EMPRESA SUSTENTÁVEL é considerada, por muitos especialistas em ADMINISTRAÇÃO, como aquela que consegue se SUSTENTAR no mercado através da EFICIÊNCIA ORGANIZACIONAL e DIFERENCIAIS em comparação com os concorrentes. Ela se SUSTENTA e tem perenidade.

B – O segundo conceito afirma que uma EMPRESA SUSTENTÁVEL é a que tem a preocupação com a perfeição dos seus processos operacionais a fim de otimizar o uso de recursos, de energia e evitar impactos prejudiciais ao meio ambiente (apenas uma postura ecologicamente correta.).

CONCEITO ATUAL DE EMPRESA SUSTENTÁVEL

A ideia evoluiu e foi ampliada nos últimos anos. Uma empresa considerada como sendo SUSTENTÁVEL é a ORGANIZAÇÃO que tem por objetivo o crescimento econômico, atua ativamente de forma a não agredir o meio ambiente e, simultaneamente, participe do desenvolvimento da sociedade como um todo.

Isto significa que é uma empresa que planeja ações e objetivos de negócio baseada em uma conduta pautada em ATITUDES ÉTICAS conscientes (com clientes, fornecedores e COLABORADORES) e que agreguem valor para a construção de um futuro melhor. Avalia corretamente suas operações para não provocar danos ao meio ambiente, esgotamento de recursos naturais e se, de alguma forma, agirá em prol da sociedade (funcionários, clientes, fornecedores, ações de inclusão social, governos etc.).

Uma EMPRESA SUSTENTÁVEL chega a ter ECOEFICIÊNCIA pelo fornecimento de bens e serviços à preços competitivos, desde que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida. É a EFICIÊNCIA no uso de materiais e energia reduzindo os custos e impactos ambientais. Os elementos que formam a ECOEFICIÊNCIA são:

▪ A redução no consumo de materiais.

▪ A redução no consumo de energia com bens e serviços.

▪ A redução na dispersão de substâncias tóxicas.

▪ Reciclagem e reaproveitamento de materiais.

▪ O uso racional e sustentável de recursos renováveis.

▪ Maior durabilidade dos produtos.

Outro conceito a ser levado em conta é a maneira como os esforços de MARKETING são direcionados para reputação para conquistar clientes e ampliar mercado. transformar o conceito junto ao público consumidor (cada vez mais consciente e avaliando as empresas com outra visão).

SUSTENTABILIDADE E ESTRATÉGIA

Estes conceitos atuais também são agregados à ESTRATÉGIA CORPORATIVA eexercem influências sobre a IDENTIDADE ORGANIZACIONAL,objetivos e metas. A empresa traz impacto positivo e compartilha esta mentalidade com todos os envolvidos mantendo o equilibrando entre o que ela afirma que faz e o que ela realmente faz. 

Sugestão de Leitura

WERBACH, ADAM. Estratégias para sustentabilidade. Editora ‏ Elsevier. Edição 1ª. São Paulo, 2010.

BARBIERI, JOSÉ CARLOS. Desenvolvimento sustentável: Das origens à agenda 2030. Editora Vozes. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2020.  

IGNACY, SACHS. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Editora   GARAMOND. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2011.

ALVES, RICARDO RIBEIRO. Sustentabilidade empresarial e mercado verde: A transformação do mundo em que vivemos. Editora Vozes. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2019.

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