INTRODUÇÃO:
Nos EUA surgiu na década de 50 uma nova abordagem da ADMINISTRAÇÃO conhecida por APO (ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS ou ADMINISTRAÇÃO POR RESULTADOS) que se expandiu por muitos países nos anos posteriores como uma técnica sistemática de gerência voltada para o planejamento e controle – um modelo administrativo identificado com o espírito pragmático e democrático da TEORIA NEOCLÁSSICA. A APO pertence ao período da TEORIA NEOCLÁSSICA, sendo PETER FERDINAND DRUCKER o seu criador.
A abordagem NEOCLÁSSICA se desenvolveu retomando várias ideias do início do Século XX. De fato, para aquele momento após a II GUERRA MUNDIAL elas foram muito interessantes e úteis.
Na ADMINISTRAÇÃO, o pensamento CLÁSSICO nunca foi entendido como sendo uma proposta totalmente obsoleta. O trabalho de TAYLOR, de FAYOL e de tantos outros, que contribuíram no desenvolvimento da ADMINISTRAÇÃO,não foi relegado ao esquecimento.
TAYLOR, o primeiro a estudar o trabalho de forma científica, permitiu ao trabalhador uma maior produtividade (mesmo que os seus métodos tivessem sido considerados desumanos).
FAYOL, por sua vez, fez a abordagem racional da organização da empresa desenvolvendo as FUNÇÕES DE GERENCIAMENTO (denominadas POCCC)e os catorze PRINCÍPIOS DE GERENCIAMENTO. Apesar das mudanças que se sucederam ao longo do Século XX, os pontos de vista de FAYOL permaneceram intocáveis e continuam sendo aceitos.
A TEORIA NEOCLÁSSICA abordou os meios na busca da eficiência. A sua ênfase foi voltada para a EFICÁCIA (alcançar resultados) e EFICIÊNCIA (utilizar os recursos nos processos), os fins, objetivos e resultados. Ela agregou e resumiu as teorias antecedentes e juntou o estudo do ser humano com o estudo dos meios para melhorar o desempenho individual.
A função do administrador passa a ser vista como fundamental – o profissional que deve ser capaz de tornar os recursos organizacionais e humanos mais produtivos, desempenhando plenamente sua representatividade na comunidade. Para tanto, ele deve ser capaz de trabalhar com os Princípios Básicos da Organização: Divisão do Trabalho – Especialização – Hierarquia – Amplitude Administrativa.
Mesmo sendo eclética e tendo recuperado ideias que até hoje continuam servindo de base para a efetividade da ADMINISTRAÇÃO a TEORIA NEOCLÁSSICA sofreu diversas críticas.
CRÍTICAS
1 – Descentralização: este processo, feito sem critérios bem estabelecidos, poderá causar a falta de informação e coordenação entre as áreas envolvidas. A DESCENTRALIZAÇÃO também faz com que os GESTORES priorizarem objetivos DEPARTAMENTAIS em detrimento dos objetivos da organização. Outros aspectos, considerados como pontos negativos, é a tendência da perda de uniformidade nas políticas, procedimentos e decisões e o atrito entre os departamentos.
2 – Funções Administrativas: ou FUNÇÕES DE GERENCIAMENTO – PODC. As funções não devem ser tão rígidas – é preciso flexibilidade na sua aplicação. Ao contrário da previsibilidade do padrão dos anos 50, a ADMINISTRAÇÃO no presente convive com um cenário de constantes mudanças e transformações. Assim, o PODC precisa ser maleável e capaz de se adaptar às situações diferentes para que o administrador se concentre mais na inovação do que na manutenção.
3 – Visão Microeconômica: visão voltada para a perfeição das atividades no ambiente interno da empresa diante de um mercado com o perfil de concorrência perfeita. E, na opinião dos críticos, uma das ressalvas mais sérias com relação a TEORIA NEOCLÁSSICA é desconsiderar o peso que a incerteza tem sobre as condições da economia.
4 – HOMO ECONOMICUS: ou o HOMEM ECONÔMICO. De acordo com a TEORIA NEOCLÁSSICA e a APO, o conceito do HOMEM torna o trabalhador um “Ser” racional e social apenas voltado para OBJETIVOS.
O indivíduo é rigorosamente racional e de comportamentos padronizados, agindo continuamente para aumentar lucros e raciocinando no CUSTO-BENEFÍCIO. E a concorrência pelo merecimento e premiação pode gerar uma corrida (nem sempre leal) para alcançar as metas.
5 – Departamentalização: apesar da sua validade, a DEPARTAMENTALIZAÇÃO excessiva poderá causar a perda de agilidade, maior trabalho burocrático e conflitos dentro da organização.
6 – Organização Linear: é estável e tradicional. Porém, é baseada em comando único e direto que produz GESTORES generalistas e sem especialização. A ORGANIZAÇÃO LINEAR é rígida, causa congestionamento e demora nos processos de comunicação. Em empresas que adotam os trabalhos com órgãos de STAFF e LINHA, há uma enorme dificuldade em se estabelecer o equilíbrio e evitar conflitos.
7 – Adaptação: muitas opiniões afirmam que a TEORIA NEOCLÁSSICA se apenas adaptou e modernizou conceitos já estabelecidos, válidos e importantes da TEORIA CLÁSSICA. Portanto, é uma maquiagem sem inovação e sem dar continuidade a TEORIA CLÁSSICA.
8 – Experimentação Científica: muitas opiniões afirmam as propostas da TEORIA NEOCLÁSSICA não foi o resultado validado de um estudo controlado ou de uma suposição que não foi mensurada com dados e observações de um experimento (assim como a APO, nunca houve uma confirmação por meio de um experimento prático). A TEORIA NEOCLÁSSICA reflete o espírito democrático e pragmático norte americano – uma característica mal vista por intelectuais de visão esquerdista por refletir a cultura e o imperialismo.
9 – Objetivos ORGANIZACIONAIS e Objetivos INDIVIDUAIS: a TEORIA NEOCLÁSSICA se caracterizou pelo estilo democrático, pragmático, participativo e trabalho em EQUIPE.
Mas, muitas opiniões apontam que dificilmente será possível evitar o conflito entre os objetivos das organizações o os objetivos de cada participante. A ideia é interessante, mas, na prática, os Objetivos ORGANIZACIONAIS sempre têm prevalecido.
PETER DRUCKER (1909 – 2005)
Entretanto, apesar de várias opiniões contrárias, a TEORIA NEOCLÁSSICA se destacou pelas ideias desenvolvidas por PETER FERDINAND DRUCKER na APO. Ele foi professor, escritor com uma obra extensa, consultor e considerado o pai da ADMINISTRAÇÃO moderna, título, definido ao longo de sua carreira.
Ele ganhou destaque especialmente com a publicação de dois livros: “Conceito da Corporação” (1946) e “Prática da Administração de Empresas” (1954). Nesta obra abordou assuntos presentes na rotina de qualquer administrador.
Muito do que atualmente está sendo praticado nas organizações teve sua origem em DRUCKER: conceitos a respeito de gestão, grande parte dos seus ensinamentos sobre o desenvolvimento empresarial e as visões do futuro ainda hoje se fazem presentes.
Também acreditava que as empresas necessitam coexistir consonantemente com o seu entorno – a busca do lucro não deve causar impactos negativos na comunidade e no meio-ambiente.
A partir dessa visão, DRUCKER mostrou a necessidade da GESTÃO ser humanizada, focando seus esforços em melhorar os resultados da companhia, mas, também elevando a qualidade de vida dos profissionais, ao invés de sugá-los.
Grande parte da sua carreira foi dedicada ao estudo sobre melhorar a forma como as organizações são administradas. Suas contribuições se deram tanto no campo teórico, com a produção de diversos artigos e mais de 30 livros, quanto no campo prático, com consultorias, aulas e palestras.
PETER DRUCKER tinha idéias bem avançadas para a sua época. Com toda a exatidão, pode-se afirmar que qualquer teoria ou abordagem a ser desenvolvida sobre ADMINISTRAÇÃO terá como início ou como uma forte influência as suas idéias. Durante a sua carreira ele criou uma mistura única de rigor intelectual, popularização, praticidade e profundo conhecimento das tendências mais importantes. Sua enorme literartura é prova inconteste.
Livros: entre os inúmeros livros que ele escreveu, os maiores destaques ficam para: O fim do Homem Econômico (1939), A Sociedade Nova (1950), Prática de Administração de Empresas (1954), Gestão por Resultados (1964), O Executivo eficaz (1967), Pessoas e Desempenho: O Melhor de Peter Drucker sobre a gestão (1977), Gerenciando em Tempos Turbulentos (1980), O Mundo em Mudança do Executivo (1982), Inovação e Empreendedorismo (1985), Gerenciando para o Futuro (1992), Gerenciando em um momento de grande mudança (1995), Administração em Tempos de Grandes Mudanças (1997), Managing in the Next Society (2002) etc.
Considerava a eficiência do trabalhador peça-chave na gestão. No livro O Executivo eficaz, de 1967, ele aborda apenas como transformar as PESSOAS em líderes eficazes. Porémo ele não dá nenhuma fórmula para a eficiência, como vemos em muitos livros de autoajuda. Para ele não há um tipo de personalidade eficaz e que o que líderes eficazes têm em comum é a capacidade de fazer com que as coisas certas sejam feitas.
Ideias: DRUCKER buscou identificou e examinou questões que confrontam os gerentes desde estratégia corporativa até estilo gerencial e mudanças sociais.
● Afirmava que continuar fazendo a mesma coisa é mais arriscado que buscar mudanças. Segundo ele, o objetivo principal da GESTÃO é a inovação, o que envolve ter novas ideias, associar novas e velhas ideias, e adaptar ideias de outros campos à área em questão.
Também defendia que incentivar outras pessoas à inovação também faz parte do processo de GESTÃO, e que a criatividade tem origem no comprometimento com a inovação. Portanto, os GESTORES devem ser estratégicos e garantir um ambiente necessário para que todos colaborem a favor da criatividade.
● DRUCKER afirmava que o PLANEJAMENTO era básico para qualquer organização. Contudo, ele necessitar que suas propostas sejam constantemente revisadas. O PLANEJAMENTO deve ter um caráter dinâmico e acompanhar os objetivos da organização (e estes, por sua vez, podem mudar).
● Outra ideia do autor declarava que o trabalho do administrador é planejar, organizar, ajustar, medir e formar pessoas – “administração é fazer as coisas direito”. Considerou essa área como necessária para o bom funcionamento de qualquer empresa ou organização e que a ADMINISTRAÇÃO necessita estar ligada a outras disciplinas (Economia, Filosofia, Matemática e História) se quisermos criar conhecimento útil no dia-a-dia.
● Ele deu às empresas um papel social, abandonando a definição tradicional de que as elas existem apenas para dar lucro aos investidores. Então, o maior propósito de uma empresa é suprir as necessidades e desejos dos seus clientes – entregar valor à sociedade, deixando seus consumidores mais satisfeitos: vender o produto/serviço certo, para o cliente correto, com a distribuição adequada, por um preço ajustado e no momento ideal, a empresa verá seus esforços de venda se reduzir a quase zero.
Ou seja, a venda se tornará automática em função da demanda ter sido corretamente equacionada e trabalhada.
FRASES
“O problema em nossas vidas não é a ausência de saber o que fazer, mas a ausência de fazê-lo.”
“Mais arriscado que mudar é continuar fazendo a mesma coisa.”
“O planejamento não diz respeito às decisões futuras, mas às implicações futuras de decisões presentes.”
“Não podemos prever o futuro, mas podemos criá-lo.”
“Administração é fazer as coisas direito. Liderança é fazer as coisas certas.”
“Quando você vê um negócio bem-sucedido é porque alguém, algum dia tomou uma decisão corajosa.”
“Cada decisão é arriscada: ela é um comprometimento de recursos presentes com um futuro incerto e desconhecido.”
Em 1912 HARRINGTON EMERSON, um dos seguidores de FREDERICK TAYLOR, via a organização como um TODO. Com base nesta visão, entendia que a falta de uma definição de OBJETIVOS era o aspecto mais preocupante. Desta maneira, foi considerado um estudioso visionário ao abordar aspectos embrionários da ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS (APO) que só seria desenvolvida por PETER DRUCKER em 1954. O seu ponto de partida foi a fixação dos OBJETIVOS da organização e a declaração do que se pretende alcançar.
Sugestão de Leitura
DRUCKER, PETER F. O melhor de Peter Drucker: O homem, a sociedade, administração. Editora Nobel. Edição 2ª. São Paulo, 2001.
DRUCKER, PETER F. Administrando para obter resultados. Editora Cengage Learning. Edição 3ª. São Paulo, 1998.
DRUCKER, PETER F. O Gestor Eficaz. Editora LTC. Edição 11ª. Rio de Janeiro, 1990.
DRUCKER, PETER F. A Profissão de Administrador. Editora Cengage Learning. São Paulo, 2002.
DRUCKER, PETER F. Administração – Responsabilidades, Tarefas e Práticas. Editora Pioneira. São Paulo, 1975.
DRUCKER, PETER F. Administrando Para O Futuro. Editora Cengage Learning. Edição 6ª. São Paulo, 1998.
DRUCKER, PETER F. A Nova Era Da Administração. Editora Biblioteca Pioneira. São Paulo, 1986.