APO – Apreciação Crítica

INTRODUÇÃO:

A TEORIA NEOCLÁSSICA se desenvolveu no início da década de 50 quase simultaneamente a TEORIA COMPORTAMENTAL. Este período da História, após o fim da II GUERRA MUNDIAL, houve uma onda de otimismo e o surgimento de uma nova era de esperança.

A GUERRA FRIA

Mas, o final da II GUERRA MUNDIAL não trouxe sensação de segurança. As forças das duas maiores nações vencedoras do conflito, os Estados Unidos e a União Soviética, passaram a ter um poder muito maior do que qualquer outra nação, gerando ao final dos anos 40, um sistema polarizado nas mãos destas duas superpotências: a GUERRA FRIA – uma rivalidade entre os Estados Unidos  (democrático e de economia capitalista) e a União Soviética (de economia estatal e centralizada pregando a doutrina comunista como a solução dos problemas sociais).  

AS TRANSFORMAÇÕES

A segunda metade do Século XX se caracterizou como a fase de transição e de grandes transformações, principalmente, devido a enorme prosperidade econômica e as mudanças no perfil social que ocorreram nos ESTADOS UNIDOS (o credor do mundo) e em alguns outros países do Ocidente.

Apesar da GUERRA FRIA, o período se trouxe muitos avanços tecnológicos e científicos. As mudanças aconteceram na arte em geral e ainda hoje exercem influência na moda, música, cinema, fotografia, cultura, arquitetura, esportes e comportamento.

E todas estas transformações chegaram ao âmbito da ADMINISTRAÇÃO.

Na fase anterior a criação da APO as empresas administravam o dia-a-dia, as atenções eram voltadas apenas para o ambiente interno (produtos, organização e atividades rotineiras), a ênfase era no “COMO ADMINISTRAR”, o gerenciamento tinha mentalidade autoritário-centralizadora e o perfil dos funcionários era individualista.

Na fase posterior a APO a ênfase mudou para o “PARA QUE ADMINISTRAR”, o foco se voltou para ações futuras, resultados, inovações, as atenções se voltaram para o ambiente externo, a preocupação se transferiu para as pessoas e para os clientes e o gerenciamento se tornou descentralizado, com maior delegação, maior iniciativa para os funcionários e com trabalho em equipe.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A APO

Em comparação com as TEORIAS da época, a APO representou uma forma mais evoluída de ADMINISTRAÇÃO e muito mais condizente as transformações. O novo modelo, desenvolvido por PETER DRUCKER, aproveitou o potencial das PESSOAS com um estilo participativo e democrático levando em conta os OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS e os OBJETIVOS INDIVIDUAIS.

1 – AS VANTAGENS DA APO

● Melhora o PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO da empresa e dar uma direção mais consistente e competitiva no seu ambiente de negócios.

● Melhora o CONTROLE, oacompanhamento dos RESULTADOS e a coordenação das atividades.

● Facilita a identificação de áreas onde as mudanças são necessárias.

● Pode identificar necessidades de treinamento.

● Dá dinamismo à estrutura da ORGANIZAÇÃO.

● Permite um ambiente de crescimento pessoal (aumenta a MOTIVAÇÃO).

2 – AS DESVANTAGENS DA APO

● Se o desempenho for a base da avaliação, os profissionais tendem a estabelecer OBJETIVOS mais modestos para poder alcançá-los.

● Os prêmios pelos RESULTADOS obtidos podem ocasionar rivalidades, individualismo, a falta de cooperação e atritos. Além do mais, a atenção exclusiva se desloca para o curto prazo.

● Na maioria das vezes a APO gera um excesso de controles (BUROCRACIA) e pressão sobre os gestores.

● A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO focada na obtenção de RESULTADOS de cada participante pode levar ao nível de competição individual ou à coerção.

● A regra para a AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO deve acompanhar rigorosamente os requisitos de um sistema de mensuração. Caso contrário, a avaliação tem o risco de fiar à mercê do avaliador.  

● Um PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO muito rígido poderá tirar a flexibilidade da empresa.

3 – Mesmo tendo sido considerada inovadora, a APO não ficou isenta de diversas críticas que, com o tempo, se tornaram mais fortes. Apesar de ter apresentado várias soluções interessantes para uma parte considerável dos problemas, ela foi se tornando inadequada. A APO não é uma fórmula que, se for adotada e seguida à risca, dará resultado garantido em todas as empresas.

Utilizar a APO envolve diversos fatores complexos: a CULTURA ORGANIZACIONAL, filosofia de trabalho, política interna, hábitos arraigado, relacionamentos, coragem para efetuar as mudanças necessárias, MISSÃO/VISÃO/VALORES e uma série questões internas (nem sempre fáceis de mudar).  A APO é inócua quando utilizada de forma incompleta e superficial. Portanto, requer um ambiente propício e de elevada confiança entre seus membros e solicita um alto comprometimento dos quadros da diretoria.

4 – De acordo com a TEORIA NEOCLÁSSICA e APO, oHOMEM ORGANIZACIONAL E ADMINISTRATIVO traz uma concepção que o torna o trabalhador como um “SER” racional e social voltado exclusivamente para o alcance de OBJETIVOS.

Em seu livro Introdução à Teoria Geral da Administração (Editora CAMPUS/ELSEVIER – 7ª. Edição – Rio de Janeiro, 2004), IDALBERTO CHIAVENATO destaca na página 248 as críticas a respeito da APO feitas por LEVINSON e por LODI:

LEVINSON salienta que a APO coloca o gerente em uma posição parecida com a de uma COBAIA em laboratório, à frente de apenas duas alternativas: ou acerta o caminho pelo labirinto e come ou então simplesmente passa fome.

O processo “ideal” da APO deve ser acompanhado de contatos mais frequentes, até mesmo diários, e deve estar separado da análise salarial”.

LEVINSON afirma que a APO e os processos de avaliação de desempenho são inerentemente autodestrutivos a longo prazo, por serem baseados em uma psicologia de recompensa e punição que intensifica a pressão exercida sobre cada indivíduo, proporcionando-lhe uma escolha de objetivos muito limitada. Tais processos podem ser melhorados de forma a incluir avaliação coletiva e dando-se prioridade às metas pessoais dos funcionários. Essas práticas exigem que haja na organização elevados padrões éticos e responsabilidade pessoal em alto grau”. LEVINSON, HARRY. “Administração pelos Objetivos”. HARVARD BUSINESS REVIEW, p.54.

 “LODI refere-se à vantagem ou à ameaça dos objetivos. Embora a APO seja um método provado capaz de obter resultados acima daqueles que em geral são alcançados por empresas que não formulam suas metas, nem procuram motivar seus gerentes e diretores. Lembra que a APO exige muito de cada um e que as pessoas devem ser preparadas para receber o método e poder aplicá-lo criteriosamente”.  LODI, JOÃO BOSCO. “Administração por Objetivos”, cit., Capo 2, JOÃO BOSCO LODI, Administração por Objetivos. Uma Crítica, op. cit., Capo 3.

5 – Na década de 50, o cenário possibilitava o estabelecimento de OBJETIVOS inertes e imutáveis baseados em resultados passados (OBJETIVOS com previsibilidade). Apesar de ser uma época rica em TRANSFORMAÇÕES, a mudança era lenta, a competitividade era razoavelmente baixa e as inovações científicas e tecnológicas eram absorvidas com certa facilidade. As crises da década de 70 e 80 e as rápidas mudanças nos anos 90 decorrentes da GLOBALIZAÇÃO dos mercados, inovações tecnológicas e maior exigência por parte dos clientes formaram condições instáveis e bem desfavoráveis para a aplicação da APO.

6 – A APO tem uma característica inflexível e estática que não acomoda a mudança de OBJETIVOS e a revisão de METAS após elas serem fixadas (mesmo quando elas se tornam irrealizáveis dentro de um determinado intervalo de tempo).

7 – Para muitos estudiosos a APO limita o potencial e a criatividade dos funcionários – o estabelecimento prévio de metas e tarefas restringe as possíveis alterações.

8 – Embora no presente ela seja considerada como ultrapassada, a APO serviu como base para outros métodos gerenciais dando prioridade aos OBJETIVOS, a importância de uma estrutura organizacional, o desenvolvimento de controles e o cumprimento de METAS.

9 – Há muita discordância sobre uma das ideias contidas na APO: o equilíbrio entre os OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS e os OBJETIVOS INDIVIDUAIS.  

Objetivos Organizacionais: resultados positivos, lucro, desenvolvimento organizacional, ganhos de Mercado, crescimento etc.

Objetivos Individuais: bom AMBIENTE LABORAL, qualidade de vida no trabalho, CLIMA ORGANIZACIONAL favorável, crescimento profissional, salário compatível, MOTIVAÇÃO etc.

Este equilíbrio é muito difícil de ser obtido. Na prática, o que prevalece é o interesse da empresa.

10 – Outra crítica muito contundente sobre a APO é a falta de uma experiência adequada e comprovação científica controlada que, de fato,  a consolidasse como uma TEORIA.

11 – A APO substituiu o sistema de METAS impostas por outro desenvolvido de maneira democrática e participativa. O GESTOR e seus subordinados estabelecem os OBJETIVOS e METAS específicos e em conjunto, de acordo com a forma de alcança-los e atingi-los dentro de um tempo determinado. Mas, a APO foi desenvolvida nos EUA sob um clima democrático e dentro da mentalidade pragmática, tipicamente americana. Ela seria viável em outros países?

Sugestão de Leitura

A segunda metade do Século XX se caracterizou como a fase de transição e de grandes transformações, principalmente, devido a enorme prosperidade econômica e as mudanças no perfil social que ocorreram nos ESTADOS UNIDOS (o credor do mundo) e em alguns outros países do Ocidente. Apesar da GUERRA FRIA, o período se trouxe muitos avanços tecnológicos e científicos. As mudanças aconteceram na arte em geral e ainda hoje exercem influência na moda, música, cinema, fotografia, cultura, arquitetura, esportes e comportamento. E todas estas transformações chegaram ao âmbito da ADMINISTRAÇÃO.

LACOMBE, FRANCISCO JOSÉ MASSET. Teoria Geral da Administração. Editora Saraiva. Edição 1ª. São Paulo, 2009.

LODI, JOÃO BOSCO. História da Administração. Editora Cengage Learning. Edição 1ª.  São Paulo, 2003.

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