INTRODUÇÃO:
A CONTABILIDADE sempre se fez presente das mais variadas formas na vida de diversos povos. Desde as épocas mais remotas (da IDADE DA PEDRA POLIDA) é inegável que houve uma preocupação permanente no CONTROLE e DOCUMENTAÇÃO das alterações da POSIÇÃO PATRIMONIAL: BENS, DIREITOS e OBRIGAÇÕES.E na medida em que as atividades se tornam mais complexas, o CONTROLE foi sendo aprimorado em relação:
● ao acompanhamento das variações a cada transação efetuada.
● aos resultados do comércio.
● aos resultados na produção agrícola.
● aos rebanhos e escravos.
● aos impostos,
● ao resultado do consumo e demais atividades.
E o processo teve a marca da constante evolução e acompanhou a HISTÓRIA e o desenrolar dos acontecimentos – desde os “Documentos” em forma de sinais e gravuras e registros contábeis estáticos para chegar ao método das PARTIDAS DOBRADAS de LUCA PACIOLI (em o “PARTICULARIO DE COMPUTIES ET SCRIPTURIS”, um dos capítulos do seu livro “SUMMA DE ARITHMETICA, GEOMETRIA, PROPORTIONI ET PROPORTIONALITA” publicado em Veneza – 1494). A CONTABILIDADE passou a ser entendida como uma técnica completa, vista como uma ciência de escrituração e de demonstrações contábeis.
ÍNDIA: por volta do Século XII a.C. os hindus já utilizavam uma forma de organização contábil muito consistente pelo CÓDIGO DE MANU, dividido em Religião, Moral e Leis civis em 12 LIVROS. Para parte dos especialistas ele teria sido escrito entre 1300 e 800 a.C., mas esta data é incerta. Para os hindus, MANU é o legislador mais antigo do mundo.
Livro Oitavo: Parte Geral: I – Da Administração da Justiça – Dos Ofícios dos Juízes; II – Dos Meios de Provas; III – Das Moedas; Parte Especial: IV – Das Dívidas; V – Dos Depósitos; VI – Da Venda de Coisa Alheia; VII – Das Empresas Comerciais; VIII – Da Reivindicação da Coisa Doada; IX – Do não Pagamento por Parte do Fiador; X – Do Inadimplemento em Geral das Obrigações; XI – Da Anulação de uma Compra e Venda; XII – Questões entre Patrão e Servo; XIII – Regulamento dos Confins; XIV – Das Injúrias; XV – Das Ofensas Físicas; XVI – Dos Furtos; XVII – Do Roubo; XVIII – Do Adultério.
Na ÍNDIA também surgiu a obra ARTHASASTRA (“a ciência do ganho material”) escrita por KAUTILYA, um sábio, filósofo e estadista (370 a. C. a 283 a.C.) e pioneiro do campo da economia e ciência política.
A obra trouxe inúmeros definições e conceitos concernentes à CONTABILIDADE: definições e classificações sobre lucros, custos, receitas e capital, distinção entre despesas ordinárias (constantes) e despesas extraordinárias (variáveis), orçamento, legislação comercial, fiscalização da qualidade e do preço das mercadorias, prevenção de fraudes, regulamentos sobre tributos.
GRÉCIA: os gregos apesar de serem divididos em Cidades-Estados, onde cada uma delas possuía a sua diversidade cultural, autonomia e uma forma própria de governo, tomaram por base os modelos de escrituração criados pelos egípcios.
Contudo, aperfeiçoaram a escrituração para o controle de contas relativas a custos e receitas e, posteriormente, ampliaram o trabalho para outras atividades para controlar a administração pública, a administração privada e o comércio.
Esta tarefa foi fruto do crescimento da atividade econômica, da importância conquistada pelos governos das cidades e das riquezas acumuladas pelos templos. Portanto, houve a necessidade do registro das receitas e despesas públicas ou relacionadas aos templos.
Assim, na GRÉCIA antiga os sacerdotes foram os primeiros “BANQUEIROS” e, por isso mesmo, os primeiros bancos situavam-se nos templos. Podemos afirmar que este foi o embrião da CONTABILIDADE FINANCEIRA, da CONTABILIDADE PÚBLICA e da organização administrativa e financeira para registrar, classificar e analisar os fatos contábeis. Os gregos procediam a um INVENTÁRIO anual com a apuração dos saldos iniciais e finais, os recebimentos e os pagamentos efetuados para a confrontação em placas de barro contendo os impostos recolhidos, propriedades, escravos, produção agrícola, cavalos, carros de combate e de peças.
Com o passar e com o desenvolvimento da democracia grega, os governantes passaram a ter que prestar contas (através de demonstrações contábeis inscritas em pedra) sobre a destinação dos recursos públicos.
ROMA: recebendo uma grande influência da civilização grega, os romanos formaram um dos mais importantes e poderosos impérios e o centro político e económico do MUNDO ANTIGO. O comércio por todo o IMPÉRIO ROMANO gerou um grande movimento e acúmulo de riquezas que, como consequência, teve o desenvolvimento de uma CONTABILDADE muito mais apurada. Os registros eram feitos cuidadosamente em como rascunhos em tábuas de cera gravadas com estiletes. A seguir a transcrição era feita em papiros ou pergaminhos (denominados RATIO, de onde surgiu o LIVRO RAZÃO).
Apesar do pouco material ter sobrevivido ao tempo, em ROMA havia livros de registo dentro de um sistema ordenado em CONTABILIDADE, ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA e atividade agrícola.
Com a expansão dos seus domínios e o desenvolvimento comercial, houve a necessidade de registros mais rigorosos, minuciosos e com um alto grau de exatidão na administração pública, administração privada e comércio.
Desta forma os romanos se tornaram bons administradores ao atuarem tomando por base:
● A qualidade dos seus registos contábeis.
● A forma como eram analisados e explicados os fatos patrimoniais
● A análise dos fatos patrimoniais.
Na ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA havia um funcionário denominado “CONTADOR-GERAL DO ESTADO”, que exercia o controle e o acompanhamento das finanças do IMPÉRIO e que era um dos mais importantes funcionários (da mesma importância que os ESCRIBAS tinham no EGITO).
A partir do século IV d.C., o IMPÉRIO sofreu com a violência e as devastações das invasões dos bárbaros germânicos que, em algumas oportunidades, conduziram suas hordas a ROMA para realizar saques e violências. Em 476 d.C., os hérulos invadiram, saquearam a cidade e destronaram o último imperador romano –RÔMULO AUGUSTO. Na mesma oportunidade ODOACRO, chefe dos hérulos enviou as insígnias imperiais para capital do IMPÉRIO ROMANO DO ORIENTE, CONSTANTINOPLA, decretando o fim do IMPÉRIO ROMANO DO OCIDENTE.
Com a queda do OCIDENTE, houve o retrocesso e a decadência da administração pública, do comércio que ocasionaram no rápido declínio da riqueza. A CONTABILIDADE acompanhou este processo e sofreu com os invasores – povos bárbaros germânicos, culturalmente atrasados e incivilizados, que contribuíram de maneira decisiva para o prejuízo do conhecimento e do progresso contábil.
Os romanos utilizaram diversos LIVROS CONTÁBEIS efetuando registros conforme um sistema ordenado e uma referência notável no desenvolvimento da CONTABILIDADE. No IMPÉRIO ROMANO DO ORIENTE a evolução das técnicas contabilísticas seria mais lenta.
A MITOLOGIA romana considerava o deus grego HERMES como MERCÚRIO. Ele era considerado um mensageiro e o deus da venda, lucro e do comércio, A palavra MERX. Em LATIM significava comércio, mercadoria e mercador. MERCATUS designava o local onde mercadores e consumidores se encontravam.