1 – Teoria das Relações Humanas

INTRODUÇÃO:

A TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS (ou ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS) surgiu nos EUA na década de 1930, teve importância até o final dos anos 1950 e foi uma oposição àADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA pela necessidade de:

A – Reverter a desumanização do trabalho.

B – Democratizar a ADMINISTRAÇÃO e combater o formalismo. 

C – Introduzir as novas ideias que surgiram com o desenvolvimento das Ciências Humanas, principalmente na PSICOLOGIA e na SOCIOLOGIA. As PESSOAS foram sendo estudadas e entendidas nos aspectos ligados à afetividade humana.

D – Aplicar as conclusões da EXPERIÊNCIA DE HAWTHORNE realizada sob a coordenação de ELTON MAYO.

DIVERGÊNCIAS

● Alguns estudiosos afirmam que a TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS foi uma evolução ou reformulação das ideias já abordadas pela TEORIA TRANSITIVA (OLIVER SHELDON, ORDWAY TEAD e MARY PARKER FOLLET).

● Outra parte, considera a TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS como uma evolução natural da ADMINISTRAÇÃO e um resultado do esgotamento do conceito do HOMO ECONOMICUS, estabelecido pelo TAYLORISMO. Assim, começa-se a pensar na participação dos funcionários na tomada das decisões e na disponibilização das informações sobre a empresa na qual eles trabalhavam.

● As novas ideias da ESCOLA DE RELAÇÕES HUMANAS, também podem ser entendidas como uma perspectiva para recuperar as empresas após a CRISE DE 1929. Os seres humanos passam a ser vistos de forma diferenciada. Desta forma, assume grande importância conhecer as atividades e sentimentos dos trabalhadores e estudar a formação de grupos.

A ÊNFASE – AS PESSOAS

Os rigorosos métodos científicos e precisos voltados para a produção, que deveriam ser seguidos à risca pelos trabalhadores, começavam a ser vistos como um simples método de exploração da mão de obra. Apenas beneficiavam as empresas e reduziam o ser humano a esquemas bem simples e mecanicistas.

O CONTEXTO  

Alguns acontecimentos no período anterior favoreceram o desenvolvimento da TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS. O TAYLORISMO e o FORDISMO nunca deixaram de ser contestados e nem sempre foram aceitos sem nenhum tipo de resistência. Ainda mais nos EUA, um país essencialmente democrático, os sindicatos e os trabalhadores viam nestes métodos, apenas um meio de exploração do homem em benefício das empresas. 

Ou seja, apesar de todos os resultados impressionantes obtidos, ficou a constatação de que o método criado por TAYLOR era contrário ao modo democrático de vida americano. Portanto, a TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS surgiu em função da necessidade de reverter a forte tendência à desumanização do trabalho. A este contexto favorável, se SOMA como agravante, uma série de mudanças:

● A Crise de 1929 colocou fim a uma época de grande prosperidade.

● Ocorreram grandes modificações no cenário social, econômico e político.

● Tudo, o que era considerado como infalível e verdade absoluta no TAYLORISMO, passou a ser contestado em busca de explicações para a CRISE ocorrida. Na ADMINISTRAÇÃO ficou evidenciado que as grandes inovações não foram tão positivas e absolutas, pois não evitaram o grande desastre.

A CRISE DE 1929 – A GRANDE DEPRESSÃO  

É preciso entender a TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS dentro do momento histórico no qual ela foi gerada. Ao término da I GUERRA MUNDIAL, os EUA acumularam grandes superávits em sua balança comercial, uma enorme quantidade de reservas em ouro, tonando o dólar a moeda corrente no comércio internacional.

Tal fato foi resultado do notável volume de suas exportações (produtos agrícolas e industriais) e do pagamento dos créditos concedidos por ter financiado as despesas de guerra da França, Inglaterra e outros aliados.

Esta condição tão favorável, com a economia forte e em ascensão, permitiu a ostentação e a euforia do AMERICAN WAY OF LIFE, como o melhor padrão de vida do mundo no período conhecido como ROARING TWENTIES.

Mas, a CRISE DE 1929 e os efeitos da GRANDE DEPRESSÃO, a partir de 1933, desfizeram aquela época de brilho intenso.

Na ADMINISTRAÇÃO, criaram espaço para as novas ideias que voltavam suas as atenções para o ser humano.

O CRASH DE WALL STREET ocasionou um grande impacto na economia dos EUA, se espalhou mundialmente e foi um dos grandes momentos de mudança no Século XX.  Suas causas têm sido motivo de debates acadêmicos entre as visões de caráter histórico, econômico e político.

● Os sinais de PERIGO: após 1928 a economia europeia já mostrava resultados mais consistentes de recuperação, principalmente na França e na Grã-Bretanha. As exportações americanas entraram em declínio, o que contribuiu para que suas indústrias não tivessem mais o mesmo desempenho anterior. Para armazenar a grande produção, os agricultores contraíam empréstimos nos bancos e, com os preços em queda, perderam suas terras.

Mas, acostumada com a grande euforia, a produção industrial americana, começou a se ressentir da falta de mercado. Com o consumo em queda e com a superprodução, as indústrias se retraíram, demitiram trabalhadores e aprofundaram ainda mais a crise. Assim, o valor das ações das empresas começou a cair vertiginosamente.

● O LIBERALISMO: o capitalismo praticado nos EUA tinha uma política Liberal – as empresas pagavam salários baixos, mantinham os preços elevados, aumentavam a sua produção e o Governo não interferia.

● O DESASTRE: os preços continuaram a cair vertiginosamente (oferta maior que a demanda – a quantidade de produtos acima da capacidade de consumo do mercado), as margens de lucros se estreitaram, as ações das empresas começaram a perder o valor. A produção industrial diminuiu e a atividade comercial seguiu o mesmo caminho.

Esta situação refletiu na BOLSA DE VALORES de Nova York. Com os preços dos papéis em queda, aumentou cada vez mais o número de investidores tentando vender as suas ações para recuperar o dinheiro. Em contrapartida, diminuía os investidores interessados na compra. Isto ocasionou uma queda violenta do valor das ações e, em seguida, a quebra.

● A Terça-feira NEGRA (BLACK TUESDAY): milhões em títulos foram colocados à venda em 24 de outubro de 1929. Porém, sem compradores, o preço das ações ruiu em poucas horas (e continuou nos dias 28 e 29) e fortunas acumuladas durante o ROARING TWENTIES, se transformaram em papéis sem nenhum valor. Bancos, indústrias, empresas rurais e comerciais faliram e 12 milhões de americanos perderam o emprego.

Os EUA reduziram a compra de produtos estrangeiros e suspenderam os empréstimos a outros países, o que desencadeou uma crise mundial sem precedentes. Os índices de desemprego alcançaram números impressionantes, muitos investidores perderam tudo o que haviam aplicado.  

● CONSEQUÊNCIAS: sendo o maior credor dos países da América Latina e da Europa, os americanos pressionam para receber os seus pagamentos. Em função da queda na produção americana, a América Latina foi prejudicada pela falta de produtos, pelos preços em alta e pela violenta retração das importações norte-americanas. Os países europeus entraram em crise incluindo suas colônias na África e na Ásia. Ou seja, diversas nações que tinham os EUA como o grande mercado de consumo e produtor de inúmeros bens tomaram medidas protecionistas e o pagamento de suas dívidas.

Alguns economistas discordam deste senso comum e da forma como a CRISE DE 1929 é ensinada nas universidades.

Nas discussões acadêmicas, o CRASH DE WALL STREET não foi apenas uma questão de superprodução, falta de consumo, recuperação europeia e o imenso número de investidores tentando vender suas ações.

Para eles a origem da crise foi a expansão do crédito feita pelo FEDERAL RESERVE (o banco central dos EUA) por toda a década de 1920, que gerou uma corrida ao mercado de ações e causou uma enorme onda especulativa. Quando a expansão do crédito foi interrompida, pela alta da inflação, teve início o processo de correção do mercado financeiro com a diminuição do crédito e a euforia terminou de forma súbita. A literatura disponível sobre o assunto é muito rica…

CARACTERÍSTICAS DA TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS

A – O homem não pode ser reduzido a um ser de comportamento simples e mecânico.

B – O homem é guiado simultaneamente pelo sistema social e por demandas de ordem biológica.

C – Todos os homens possuem, sem distinção, necessidades de segurança, afeto, aprovação social, prestígio e autorrealização.

D – De acordo com a TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS, o indivíduo deixa de ser visto como uma extensão da máquina. As novas propostas apontam caminhos que começam a visualizar os seres humanos de uma forma mais profunda:

● As novas ideias priorizaram a importância da satisfação humana, estudaram a formação de GRUPOS e passaram a conhecer as atividades e sentimentos dos trabalhadores, relacionados diretamente com a produtividade.

● O foco da ADMINISTRAÇÃO se volta para os GRUPOS INFORMAIS e suas interrelações. O homem passou a ser visto como um ser SOCIAL, orientado por regras e valores do GRUPO INFORMAL.

● O grupo cria as suas próprias regras e é o maior incentivador do comportamento de um indivíduo.

● Até então, o trabalhador tratado de forma mecânica pelo TAYLORISMO, passou de HOMO ECONOMICUS para o HOMO SOCIAL.

● O novo conceito que analisa o ser humano com sua MOTIVAÇÃO dirigida, principalmente, pela necessidade de reconhecimento, de participação e de aprovação social nas atividades dos GRUPOS SOCIAIS onde vive (incentivos psicossociais).

● A preocupação se volta para as PESSOAS, que trabalham e participam das organizações, em grupos sociais (informais), aspectos emocionais e suas necessidades psicológicas.

A ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS abriu a discussão sobre as prováveis formas de elevar a eficiência e a produtividade, mas, sem questionar os fundamentos do capitalismo ou a organização do trabalho, direcionada somente para métodos e técnicas formalizados aplicados às estruturas e processos racionais. A ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS fez a transferência da ênfase, colocada nas tarefas pela ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA e na estrutura organizacional pela TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO, para a ênfase nas pessoas que trabalham ou que participam nas organizações.

LIDERANÇA – COMPARAÇÕES  

A partir do conceito do HOMO SOCIAL, surgiu a necessidade de um LÍDER facilitasse a relação das PESSOAS dentro do GRUPO e que orientasse este GRUPO para alcançar OBJETIVOS. O LÍDER passa a se concentrar nas necessidades das PESSOAS como forma de atingir as necessidades da organização. Através de estudos, notaram-se características diferentes entre o LÍDER conforme avisão Taylorista e o LÍDER conforme a TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS:

A – O LÍDER na ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA: orientação para a produção – autoritário – vê os trabalhadores apenas recursos da empresa.

B – O LÍDER na TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS: orientação para o empregado – atitudes democráticas – vê o trabalhador como um ser humano dentro da organização.

Sugestão de Leitura

SANT’ANNA, IVAN.  1929: Quebra da bolsa de Nova York: a história real dos que viveram um dos eventos mais impactantes do século. Editora Objetiva. Rio de Janeiro, 2014.

GAZIER, BERNARD. A Crise De 1929. Editora L&PM. São Paulo, 2009.

CHIAVENATO, IDALBERTO. Introdução À Teoria Geral da Administração. Edição 3ª. Makron Books.  São Paulo, 1993.

KWASNICKA, EUNICE L. Introdução à Administração. Editora Atlas. Edição 6ª. São Paulo, 2004.

MOTTA, FERNANDO C. P. Teoria geral da Administração. Editora Pioneira. São Paulo, 1997.

MAXIMIANO, ANTONIO CÉSAR AMARU.  Introdução à Administração. Editora Atlas. Edição 8ª. São Paulo, 2011.

Alguns estudiosos afirmam que a TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS foi uma evolução ou reformulação das ideias já abordadas pela TEORIA TRANSITIVA (OLIVER SHELDON, ORDWAY TEAD e MARY PARKER FOLLET). Outra parte, considera a TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS como uma evolução natural da ADMINISTRAÇÃO e um resultado do esgotamento do conceito do HOMO ECONOMICUS, estabelecido pelo TAYLORISMO. Assim, começa-se a pensar na participação dos funcionários na tomada das decisões e na disponibilização das informações sobre a empresa na qual eles trabalhavam.

Em 1939 JOHN STEINBECK (1902-1968) escreveu em “AS VINHAS DA IRA”:

“Os pequenos proprietários não tardavam a mudar-se para as cidades, onde esgotavam o seu crédito, os seus amigos, as suas relações. E depois eles também caíam nas estradas. E as estradas estavam cheias de homens ávidos de trabalho, prontos para matar pelo trabalho (…) as companhias e os bancos trabalhavam para sua própria ruína, mas não sabiam disso. Os campos estavam prenhes de frutas, mas nas estradas marchavam homens que morriam de fome. Os celeiros repletos, mas as crianças pobres nasciam raquíticas. (…) As grandes companhias não sabiam o quão tênue era a linha divisória entre a fome e a ira”.

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