11 – Estruturalismo – Apreciação Crítica 1

INTRODUÇÃO:

Da mesma forma que as teorias precedentes, o ESTRUTURALISMO também não foi imune  às críticas. Há opiniões que afirmam que seus conceitos foram muito úteis somente para o cenário do pós-guerra. No final da década de 50 e metade da década seguinte suas propostas já fariam parte do passado. Mas, apesar de tudo, boa parte dos estudiosos continuou valorizando a TEORIA ESTRUTURALISTA.

E mesmo que o ESTRUTURALISMO não tenha sido construído ou conduzido pelo nome de um teórico-chave, como ocorreu na primeira metade do Século XX,   esta abordagem movimentou teoria da administração, contribuiu para sua evolução e ampliou o campo de estudo.  

1 – Convergência (ou integração): o ESTRUTURALISMO se iniciou por volta de 1950 pela análise das limitações contidas nas teorias precedentes. A abordagem procurou a convergência de várias abordagens divergentes: ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA, TEORIA CLÁSSICA, TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS (em declínio) e TEORIA BUROCRACIA (um modelo rígido). A finalidade foi obter a integração e ampliação dos conceitos dessas teorias visualizando a ORGANIZAÇÃO de forma abrangente (e não de forma fracionada) para considerar toda a sua complexidade social, estrutural e econômica.

Contudo, uma das críticas mais contundentes se refere ao ESTRUTURALISMO como apenas uma “maquiagem” das ideias de MAX WEBER.

2 – Ampliação da ANÁLISE ORGANIZACIONAL: houve uma mudança do foco. A partir de uma abordagem múltipla, a TEORIA ESTRUTURALISTA fez uma análise mais ampla das ORGANIZAÇÕES em comparação com outras teorias anteriores ao considerar:

2.1 – A ORGANIZAÇÃO FORMAL E A ORGANIZAÇÃO INFORMAL: estudou o  relacionamento entre ambas de maneira  mais abrangente com destaque para a ESTRUTURA da ORGANIZAÇÃO como um todo e com  ênfase no HOMEM ORGANIZACIONAL. O ESTRUTURALISMO não modificou os conceitos da ORGANIZAÇÃO FORMAL e ORGANIZAÇÃO INFORMAL, mas, buscou encontrar o equilíbrio entre os elementos racionais e não racionais do comportamento humano. Porém, há opiniões que afirmam que esta seria uma análise pertinente à TEORIA COMPORTAMENTAL.

2.2 – Recompensas Materiais e Sociais: os ESTRUTURALISTAS estudaram o significado das recompensas salariais e sociais e tudo que se inclui nos símbolos de posição (o tamanho da mesa, a decoração do escritório, carros da empresa etc.). Foram vistos aspectos importantes em qualquer ORGANIZAÇÃO. Para as recompensas sociais e simbólicas sejam eficientes, quem as recebe deve estar identificado com a ORGANIZAÇÃO que as concede. Os símbolos e significados  devem ser prezados e compartilhados por todos. Há opiniões que apontam uma forte influência de aspectos relacionados a SOCIOLOGIA

2.3 – As diferentes concepções da Organização:

A – Modelo Racional de ORGANIZAÇÃO: todos os componentes da ORGANIZAÇÃO são escolhidos premeditadamente em função da sua contribuição para alcançar uma meta conhecida. As ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS são desenvolvidas para ter a maior eficiência e eficácia possível. Todos os recursos são adequados e alocados com clareza segundo um plano de trabalho. As partes que formam uma ORGANIZAÇÃO são completamente submissas, controladas e funcionam em um sistema racional para eliminar desvios (erros). Aqui estão aspectos da ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA (exceto a única incógnita mais importante  –  o elemento humano).

Aqui também se identificam os aspectos da TEORIA DA BUROCRACIA: toda contingência é prevista e analisada por procedimentos e regras padronizadas.

B – Modelo Natural de ORGANIZAÇÃO: é um conjunto de partes que são interdependentes e que juntas constituem um todo. Cada parte contribui com algo e recebe algo do todo, sendo interdependente de um ambiente bem mais amplo. O seu objetivo é a sobrevivência do sistema em que as partes se vinculam mutuamente por processos evolutivos. O Modelo Natural de ORGANIZAÇÃO procura tornar tudo funcional e equilibrado, Mas, poderão ocorrer disfunções.

O principal fator que governa as relações entre as partes e suas atividades é a autorregulação. Ela estabiliza o sistema face às influências do AMBIENTE EXTERNO. Portanto, está diante do imprevisível (em um delicado equilíbrio) caracterizando o conceito de SISTEMA ABERTO sujeito a influências ambientais, incertezas e descontrole.

2.4 –  Análise INTERORGANIZACIONAL: além da preocupação com os fenômenos internos, o ESTRUTURALISMO também se preocupou com os fenômenos que ocorrem externamente nas ORGANIZAÇÕES e que influenciam no que acontece dentro delas (os fenômenos internos). Assim, os estudiosos se basearam em uma abordagem de SISTEMA ABERTO (utilizam o MODELO NATURAL DE ORGANIZAÇÃO) para seus estudos. A ANÁLISE ORGANIZACIONAL passa a ser feita através de uma abordagem múltipla com análises INTRAORGANIZACIONAL (fenômenos internos) e INTERORGANIZACIONAL (fenômenos externos).

2.5 –  A Análise das ORGANIZAÇÕES COMPLEXAS: a TEORIA ESTRUTURALISTA também foi a primeira no estudo de ORGANIZAÇÕES NÃO INDUSTRIAIS e ORGANIZAÇÕES NÃO LUCRATIVAS e com destaque para as ORGANIZAÇÕES COMPLEXAS (aquelas cuja estrutura e processo apresentam elevado grau de complexidade, independentemente do seu tamanho, como escolas, universidades, hospitais, sindicatos, penitenciárias etc.).

3 – Dupla TENDÊNCIA TEÓRICA: no ESTRUTURALISMO coexistem duas tendências teóricas:

– Tendência Teórica Integrativa: parte dos estudiosos vêm a ESTRUTURA e seus aspectos integrativos para a ORGANIZAÇÃO, que é o  objeto de análise como um todo. A ESTRUTURA tem aspectos complementares nas ORGANIZAÇÕES visando unir as partes.

– Tendência Teórica do Conflito: na opinião de outros teóricos, o ESTRUTURALISMO significou uma evolução na análise dos conflitos organizacionais ao reconhecer nas ORGANIZAÇÕES a existência do CONFLITO como fato natural aos grupos e às relações. Há a ênfase para os aspectos relativos ao CONFLITO e na  divisão dentro da dinâmica da ORGANIZAÇÃO.  

Os CONFLITOS entre os interesses dos trabalhadores e os objetivos da organização são inevitáveis e fundamentais no processo social.

Eles se formam por tensões que se situam entre as necessidades da ORGANIZAÇÃO e as necessidades individuais, entre os níveis da hierarquia e nas unidades administrativas. Mas, quando os CONFLITOS são  administrados de maneira inadequada poderão levar a uma situação caótica. Por outro lado, há opiniões que afirmam que esta seria uma análise pertinente à TEORIA COMPORTAMENTAL.

4 – Organizações – um sistema social:   o ESTRUTURALISMO considerou que qualquer ORGANIZAÇÃO é um sistema social aberto a ser analisado em sua totalidade. Nos sistemas organizacionais  o conjunto completo é muito mais significativo do que  apenas a soma das partes.

TEORIA ESTRUTURALISTA estudou as ORGANIZAÇÕES  na sua ESTRUTURA interna e na interação com outras ORGANIZAÇÕES. As ORGANIZAÇÕES foram concebidas como agrupamentos humanos (ou unidades sociais) intencionalmente criadas para atingir objetivos específicos. Foram caracterizadas por um conjunto de relações sociais estáveis e criadas com a intenção explícita de alcançar objetivos. Então. uma ORGANIZAÇÃO é uma unidade social na qual as pessoas alcançam relações estáveis entre si, no sentido de facilitar o alcance de um conjunto de metas e objetivos.

5 – A Sociedade das Organizações: este conceito ganhou força logo após a II GUERRA MUNDIAL e se tornou em uma das ideias centrais da TEORIA ESTRUTURALISTA. Os ESTRUTURALISTAS visualizaram o AMBIENTE EXTERNO a partir do conceito de SOCIEDADE DE ORGANIZAÇÕES. Os indivíduos vivem em uma sociedade repleta  de diversas (*) ORGANIZAÇÕES e com uma forte relação de dependência no nível social e no nível económico. A sociedade moderna e industrializada é uma sociedade de ORGANIZAÇÕES, das quais os indivíduos são dependentes para nascer, viver e morrer.

Essas ORGANIZAÇÕES são altamente diferenciadas e solicitam dos seus participantes determinadas características de personalidade que possibilita sua participação simultânea em várias ORGANIZAÇÕES em que desempenham papéis variados.   

Outro ponto favorável para o ESTRUTURALISMO foi a evolução do estudo das interações entre GRUPOS SOCIAIS (da TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS) para o estudo das interações entre ORGANIZAÇÕES SOCIAIS: elas também interagem entre si  da mesma forma como os GRUPOS SOCIAIS interagem.

(*) ORGANIZAÇÕES: são UNIDADES SOCIAIS que buscam atingir objetivos específicos, sendo que servir a estes objetivos é a sua razão de existir. Um OBJETIVO ORGANIZACIONAL é uma situação desejada que a ORGANIZAÇÃO precisa atingir. Uma vez atingido, ele deixa de existir, dando lugar a outro OBJETIVO ORGANIZACIONAL, perpetuando a ORGANIZAÇÃO para que ela permaneça viva e ativa.

ORGANIZAÇÕES são empresas, órgãos públicos, clubes, organizações políticas, igrejas, associações desportivas, solidariedade social e filantropia, de defesa ambiental, sindicatos etc. Portanto, é uma sociedade na qual o homem é cada vez mais dependente de suas ORGANIZAÇÕES.

Sugestão de Leitura

RIBEIRO, ANTÔNIO DE LIMA. Teorias da Administração. Editora Saraiva. Edição 3ª. São Paulo, 2016.

PANIAGO, ROBSON. TGA – Teoria Geral da Administração- Made in Brazil. Editora Pleiade. São Paulo, 2006.

PEDRO JAIME; FRED LUCIO. Sociologia Das Organizações: Conceitos, Relatos e Casos.  Editora Cengage Learning. Edição 1ª. São Paulo, 2018.

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