1 – O Ciclo OODA

INTRODUÇÃO:

Em qualquer tipo de organização, dar rapidez ao processo de TOMADA DE DECISÕES em geral, é um verdadeiro desafio. E este processo se torna mais complexo e mais difícil devido às sucessivas mudanças e incertezas do mercado. É bem difícil imaginar ou prever, com total exatidão, quais fatores poderão ter influência direta sobre os rumos em um dado ramo de atividade.

Para os GESTORES, estas questões ganham intensidade em ambientes muito COMPETITIVOS – como em uma OPERAÇÃO MILITAR no teatro de guerra. Então, as empresas inertes em suas DECISÕES correrão o risco de desaparecer se não se adequarem às transformações que exigem cultura ágil e dinamismo.

Do âmbito militar a ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS aproveitou a ideia do CICLO OODA (também conhecido como LOOP OODA ou OODA LOOP) para transformá-la em mais uma ferramenta da GESTÃO. No mundo corporativo, algumas organizações têm aplicado o CICLO OODA com sucesso no desenvolvimento de ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS e, principalmente, na TOMADA DE DECISÕES.

A ORIGEM DO CICLO OODA

O conceito foi criado na força aérea americana pelo coronel JOHN RICHARD BOYD (1927-1997) com base em suas experiências em DOGFIGHTS (*) na GUERRA DA CORÉIA.

Além de ter sido considerado o piloto de caça que transformou a arte dos combates aéreos, foi instrutor militar em táticas de DOGFIGHT para os pilotos e consultor do Departamento de Defesa dos Estados Unidos na GUERRA DO VIETNÃ.

Por sua grande experiência, também teve participação no desenvolvimento do McDonnell Douglas F-15, do General Dynamics F-16 e do McDonnell Douglas F-18 (concebidos com o DOGFIGHT e com o OODA). Suas ideias são consideradas importantes e influentes para estratégias e planejamento militar e, de forma mais ampla, foi adotada por diferentes campos de atividade tais como esportes e área corporativa frente a uma economia volátil e competitiva.

(*) O termo DOGFIGHT é utilizado na aviação militar para combates aéreos a curta distância, com canhões e metralhadoras, exigindo extrema habilidade e destreza dos pilotos.

Quando a GUERRA DA CORÉIA teve início em julho de 1950, os combates aéreos ainda foram travados com aviões aproveitados da II Guerra MUNDIAL (com motor a pistão – a hélice) e bem mais lentos.

No final deste ano os dois lados do conflito introduziram os seus modelos a jato: a partir de novembro os soviéticos cederam os MIG-15 para os chineses e norte-coreanos e a ONU (EUA) enviaram o F-86A Sabre no mês seguinte.

Da mesma forma que ocorria na II GUERRA MUNDIAL, os combates aéreos continuaram a curta distância. Mas, com um grande diferencial: os americanos logo perceberam que o DOGFIGHT com jatos mais velozes causavam desorientação espacial nos pilotos diante de uma situação confusa. Eles tinham que TOMAR DECISÕES em uma fração de segundo em uma condição que lhes poderia ser fatal.

Em 1952 JOHN BOYD iniciou sua missão na COREIA. Através de sua experiência adquirida em combate ele criou o CICLO OODA  (ou LOOP OODA) para um dar modelo mental aos pilotos: uma TOMADA DE DECISÕES mais racional possível, diante de situações nas quais não há tempo e oportunidade para reunir todas as informações necessárias, decidir e escolher com calma diante do inimigo.

O OODA, criado por BOYD, mostra como direcionar esforços para atingir o adversário e sobreviver. Suas ideias criaram novas manobras e táticas de combate aéreo que rapidamente ganharam notoriedade entre os pilotos. BOYD mudou para sempre a forma como as aeronaves podem ser abatidas.

Ele estabeleceu que o sucesso era dependente da capacidade de rápida adaptação e da rapidez na TOMADA DECISÕES diante de um ambiente incerto, independentemente de qual lado a vantagem estivesse. Na década de 50 e 60 foi instrutor da Força Aérea dos EUA, ganhou fama com a TEORIA DE MANEABILIDADE DE ENERGIA (EM)  e ficou conhecido como “FORTY-SECOND BOYD”: desafiava seus alunos apostando 40 dólares para quem conseguisse abatê-lo em um combate AR-AR simulado em menos de 40 segundos. Ele nunca perdeu…

CONCEITOS LIGADOS AO CICLO OODA

● O comportamento humano: um indivíduo pode criar um MODELO MENTAL para compreender os seus processos de pensamento, decisões e consequências. Os MODELOS MENTAIS são parte da fase de orientação do CICLO OODA.

● Consciência situacional: é a compreensão de todos os estímulos contidos em um ambiente. Considera a percepção de todos os componentes existentes em uma situação, ter o entendimento dos seus significados e usá-los de forma a criar julgamentos futuros. Chegar a CONSCIÊNCIA SITUACIONAL é importante para a maioria dos processos de TOMADA DE DECISÃO.

● Tempo de reação: é o espaço de tempo que decorre entre um estímulo e a resposta para esse estímulo. Um objetivo principal no CICLO OODA é diminuir o tempo para que ocorra a reação de uma pessoa ou da organização.

AS ETAPAS DO CICLO OODA

No mundo dos negócios ter COMPETITIVIDADE, vencer e sobreviver estão ligados na maneira como são feitas as melhores TOMADAS DE DECISÕES. Os quatro passos do CICLO OODA (OBSERVARORIENTARDECIDIRAGIR) consistem em filtrar e depurar as INFORMAÇÕES disponíveis para trazê-las a uma situação e fazer rapidamente a TOMADA DE DECISÃO mais correta. E qualquer mudança poderá agregar e disponibilizar mais dados. 

O CICLO OODA tem por objetivo embaralhar as intenções e os movimentos para torná-los imprevisíveis aos concorrentes e, ao mesmo tempo perceber as intenções deles.

Muitas empresas vêm adotando o CICLO OODA em ramos de negócio em que o nível de concorrência é forte e onde é preciso ter capacidade de reação veloz frente a novas circunstâncias (como se fosse um DOGFIGHT). É um processo de TOMADA DE DECISÕES em quatro etapas, em que um profissional ou EQUIPE de profissionais passa por todas as etapas e obtém a decisão mais rapidamente.

Da mesma forma que as outras ferramentas da GESTÃO, utilizadas como métodos de resolução de problemas, o CICLO OODA funciona como um processo que leva em conta a repetição: OBSERVAR com a mensuração dos resultados, revisando constantemente a decisão inicial e avançando para a próxima etapa (mesmo que a tarefa nem sempre seja simples ou desenvolvida de forma linear). As quatro etapas do OODA atuam juntas em um ciclo:

1 – Observar: este é o primeiro passo e, muitas vezes, não é um talento que caracterize muitos GESTORES. Consiste na identificação de um problema ou a possível ameaça junto com a avaliação do ambiente (interno e externo).

Em comparação com o âmbito dos negócios, esta etapa se compara à coleta de DADOS e a construção das INFORMAÇÕES avaliando a situação da empresa, do mercado e dos concorrentes. DADOS e INFORMAÇÕES são importantes – formam padrões e referências, não devem ser negligenciados e precisam estar rapidamente reunidos e disponíveis para o entendimento da situação. As INFORMAÇÕES são a base para a TOMADA DE DECISÕES. A etapa OBSERVAR construiu um quadro mental sobre a situação.

2 – Orientar: envolve a reflexão sobre o que foi obtido nas OBSERVAÇÕES, vai requerer um significativo nível de CONSCIÊNCIA SITUACIONAL e entendimento para que a TOMADA DE DECISÃO seja racional e consciente. Para muitos especialistas, esta fase é a mais importante no OODA.

É preciso que os GESTORES entendam ONDE ESTAMOS, O QUE, O POR QUE e quais os pontos fortes, pontos fortes, vantagens e desvantagens da organização – a ANÁLISE SWOT. Ou seja, a etapa ORIENTAR faz a análise sobre os DADOS e INFORMAÇÕES que foram encontradas e considera o que pode ser feito e o que deve ser feito a respeito de um problema.

De acordo com JOHN BOYD há um processo intenso de depuração das INFORMAÇÕES através da carga cultural, herança genética, capacidade de análise, capacidade de síntese e experiências anteriores. São aspectos que vão construir a maneira como cada um observa, decide e age. 

A princípio, o OODA foi criado para um único tomador de decisão (um piloto em combate). Porém, nas organizações a situação se transforma e é muito mais intrincada: a maior parte das decisões é tomada em EQUIPES compostas por indivíduos que observam e orientam segundo suas percepções. Em geral, o impasse tira a rapidez da TOMADA DE DECISÕES (é preciso ser mais rápido do que os concorrentes).

3 – Decidir: esta fase faz sugestões para um plano de ação ou para uma resposta. Analisa e considera todos os resultados potenciais em reuniões ou discussões voltadas para criação medidas aplicáveis para toda a organização. Normalmente é utilizado um BRAINSTORMING ou um BRAIWRITING.

4 – Agir: ou AÇÃO. É a execução da decisão e das mudanças relacionadas que necessitam ser feitas como resposta. Muitos apontam que esta última fase permite que a GESTÃO verifique se os caminhos estão corretos. Caso contrário, será preciso reiniciar o OODA com novas INFORMAÇÕES.

Mesmo desejando ter a rapidez nas decisões, é melhor ter várias alternativas, experimentos e testes para que a GESTÃO decida o melhor plano ou modelo para a situação. As quatro etapas encadeadas criam um CICLO. Após cada ação ocorre uma nova observação seguida de orientação, decisão e uma nova ação.

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