1 – A Teoria Transitiva

INTRODUÇÃO:

A I GUERRA MUNDIAL havia causado um nível de destruição até então nunca visto ou imaginado. Na metade da década de 1920, a Europa ainda contabilizava os seus mortos, feridos, mutilados e inválidos. Sua economia, arrasada, aos poucos tentava se recuperar (mas, nunca mais retomaria o seu antigo vigor). As heroicas cargas de cavalaria, uniformes garbosos, lanças e baionetas foram substituídas por armas muito mais letais: o largo emprego de metralhadoras, aviões, armas químicas, balões dirigíveis, submarinos e tanques.

E, o cenário europeu havia se transformado completamente:

● O Império Alemão fora substituído por um regime republicano e o país, além da derrota, foi castigado com duras sanções impostas pelo Tratado de Versalhes.

● O Império Russo já vinha se enfraquecendo desde o Século XIX. O autoritarismo do sistema czarista, a falta de autonomia política, a insatisfação popular e a grande pobreza pioraram com a sua participação na I GUERRA MUNDIAL. A Rússia passou por um processo revolucionário que levou à criação do Regime Socialista em 1917. Nesse contexto conturbado, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia se tornaram independentes.

● A monarquia do Império Austro-Húngaro se desintegrou em 1918.

A Áustria e a Hungria se separaram, se tornaram repúblicas e o restante do território do seu enorme império multiétnico foi desmembrado. O acerto de novas fronteiras fez surgir países independentes (Tchecoslováquia e Iugoslávia).

● Com a derrota na I GUERRA MUNDIAL, o enfraquecido Império Otomano também se desintegrou e a monarquia foi abolida em novembro de 1922.

● Aproveitando a situação confusa e o caos reinante no continente, apareceriam os Regimes Totalitários:

Esta forma de governo era baseada num Estado centralizador, antidemocrático e autoritário: Nazismo na Alemanha (Hitler), o Fascismo na Itália (Mussolini), Espanha (Franco), Portugal (Salazar) e Polônia (Piłsudski).

● A França e a Grã-Bretanha, apesar da vitória e sem perdas territoriais, estavam exauridas, por quatro anos de guerra, e numa situação desfavorável.

  • TAYLOR e FAYOL já tinham falecido e não assistiram o processo de formação das novas TEORIAS.

Sem dúvida, a ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA, principalmente o FORDISMO e a TEORIA CLÁSSICA, introduziram novos métodos que revolucionaram a maneira como as empresas trabalhavam. As teorias aplicadas com toda a sua eficiência e respaldo técnico mudaram o Século XX. E mesmo que TAYLOR e FAYOL não tenham tido nenhum tipo de relacionamento, e que suas ideias tenham partido de direções opostas, os resultados foram surpreendentes.

ENQUANTO ISSO NA AMÉRICA…

Agora, o poder econômico estava nas mãos dos EUA. O seu território não fora atingido fisicamente pela destruição causada pelo conflito e suas fábricas inundavam o país e o mundo com produtos variados, muito mais baratos por serem produzidos em massa com o TAYLORISMO e o FORDISMO.

Os Estados Unidos, com um padrão de vida invejável, eram o sinônimo de bem estar e fartura.

O país apresentava um crescimento industrial enorme pelo aumento do consumismo e pelas grandes mudanças nos hábitos, cultura, moda e estilo de vida (American way of life ou “estilo de vida americano”).

Os automóveis eram acessíveis, o cinema se tornara uma indústria de sucesso, quase todos tinham rádio, telefones e eletrodomésticos. Desde 1919 as mulheres pilotavam aviões e haviam obtido o direito ao voto (Emenda 19). E nem a Lei Seca (1920-1933) pode tirar o ímpeto da sociedade americana.

MAS… …a ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA, com todas as suas benesses e resultados espetaculares, não escapou de críticas. Por outro lado, surgiu um novo tipo de problema:

A TEORIA DA MÁQUINA

Talvez, a maior discordância foi quanto ao MECANICISMO, tempos e movimentos e funções do trabalhador. Os salários e bonificações foram vistos como as únicas fontes de MOTIVAÇÃO dos operários, considerados, em sua essência, como simples instrumentos: seres passivos sem iniciativa, restritos a tarefas, que recebem ordens e trabalham.

A despeito das ORGANIZAÇÕES serem constituídas por PESSOAS, pouca atenção foi dada ao ser humano. A empresa, entendida apenas como ORGANIZAÇÃO FORMAL, é estruturada de modo totalmente mecânico, uma simples combinação rígida e inerte de peças (TEORIA DA MÁQUINA).

ORGANIZAÇÃO INFORMAL

TAYLOR, FORD e FAYOL não levaram em conta a rede de relacionamentos existente entre as PESSOAS que ocupavam posições dentro da estrutura da ORGANIZAÇÃO FORMAL.

A PESQUISA HOXIE,organizada pelo governo americano em 1911, teve por objetivo estudar as greves e tumultos de trabalhadores que vinham ocorrendo nas fábricas americanas. Para os trabalhadores, o trabalho super especializado era degradante e uma humilhação por seu MECANICISMO, diminuição da exigência de talento e raciocínio e pela falta de significado no trabalho. A PESQUISA mostrou os efeitos morais, psicológicos e sociais de um sistema, tão somente baseado no rendimento e na eficiência, que era a raiz da recusa veemente e declarada de boa parte do operariado.

AS NOVAS IDEIAS

Mesmo entre os adeptos da ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA, alguns deles já sinalizavam a preocupação com aspectos que iam além de tarefas, equipamentos e máxima eficiência: FRANK GILBRETH, LILIAN GILBRETH e HENRY GANTT. Na TEORIA CLÁSSICA, LYNDALL URWICK também verificou o lado da LIDERANÇA dentro das organizações.

Por sua vez, a PSICOLOGIA INDUSTRIAL ganha um espaço maior e demonstra a parcialidade da ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA e da TEORIA CLÁSSICA. Na busca de uma solução adequada para estes problemas, surgiram teorias voltadas para uma ABORDAGEM HUMANÍSTICA.

Ao invés de usar a tarefa (ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA) e a estrutura organizacional(TEORIA CLÁSSICA), as novas ideias vão focar as PESSOAS que trabalham e seus relacionamentos. As novas teorias que criticaram os modelos de administração em uso formariam a ABORDAGEM HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO no início da década de 1930.

A TRANSIÇÃO

A mudança não ocorreu de forma abrupta. Durante o período da TEORIA CIENTÍFICA e da TEORIA CLÁSSICA surgiram estudiosos e autores que, mesmo concordando com alguns dos princípios em uso, tiveram a iniciativa de questionar as duas teorias. Em lugar do rigor técnico e formal eles tomaram por base os aspectos psicológicos e sociológicos.

A partir das críticas feitas ao TAYLORISMO, FORDISMO e FAYOLISMO, algumas teorias, ainda que de forma TRANSITÓRIA, deram início à reformulação dos modelos vigentes. Em meados da década de 1920, a nova filosofia de trabalho incorporou Ciências Humanas, Psicologia e Sociologia na Administração servindo como passagem para a ESCOLA (ou TEORIA) DAS RELAÇÕES HUMANAS. Os principais nomes da TEORIA TRANSITIVA que possibilitaram a mudança foram: MARY PARKER FOLLETT, OLIVER SHELDON e ORDWAY TEAD.

PSICOLOGIA INDUSTRIAL

As bases e as justificativas da PSICOLOGIA INDUSTRIAL estabelecidas na ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA (por HUGO MÜNSTERBERG) se basearam em 3 pontos principais: o MELHOR HOMEM, o MELHOR TRABALHO e o MELHOR RESULTADO (selecionar PESSOAS com qualidades mentais mais pertinentes às atividades).

Em um primeiro momento o interesse da PSICOLOGIA INDUSTRIAL analisou:

● A adaptação do homem ao trabalho.

● As características das PESSOAS determinariam as funções que elas exerceriam.

● Aspectos psicológicos e sociológicos com importância na seleção do trabalhador.

Em um segundo momento o interesse da PSICOLOGIA INDUSTRIAL se volta para:

● A adaptação do trabalho ao trabalhador.

● O estudo sobre a personalidade do trabalhador e dos gerentes.

● Fatores motivacionais, incentivos, liderança e interações.

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