INTRODUÇÃO:
Em qualquer tipo de organização o cenário presente pode ser comparado a um mosaico, um agrupamento humano com características criadas por mudanças significativas de ordem social, cultural, política, econômica, ambiental etc.
Evidentemente, essas transformações tiveram um grande impacto nas formas de GESTÃO. Em comparação com o que havia há 30 anos, o avanço da tecnologia abriu enormes possibilidades (o que vem exercendo um grande fascínio sobre as pessoas). Por conseguinte, o conhecimento humano e o volume de informações disponíveis se expandiram, os mercados foram se tornando mais competitivos e os consumidores mais exigentes.
Nas empresas as tarefas ganharam mais eficiência. Por sua vez, a GESTÃO sistematizada ganhou formas mais organizadas e seguras, baseada em DADOS e INFORMAÇÕES confiáveis e acessíveis de forma presencial ou à distância (de forma REMOTA).
A PANDEMIA de COVID-19, a QUARENTENA, o ISOLAMENTO SOCIAL e o TRABALHO À DISTÂNCIA deram à tecnologia um espaço ainda maior como ferramenta essencial na FLEXIBILIZAÇÃO na busca de agilidade e INOVAÇÃO para maximizar recursos, serviços e competências na TOMADA DE DECISÃO.
Mas, por mais que a tecnologia tenha avançado nos últimos anos, o que dá vida e movimento a qualquer organização são as PESSOAS (o CAPITAL INTECTUAL) e o seu CONHECIMENTO acumulado. Entretanto, essas PESSOAS são movidas por MOTIVAÇÃO apresentam os mais variados COMPORTAMENTOS.
Na segunda metade do Século XX, uma corrente de estudiosos teve a preocupação de abordar e analisar os COMPORTAMENTOS e a MOTIVAÇÃO dos indivíduos e suas influências sobre as organizações e seus resultados. A TEORIA COMPORTAMENTAL foi diferente da TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS e deu um novo impulso à CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO numa época de grandes mudanças do PÓS-GUERRA.
HERBERT ALEXANDER SIMON (1916-2001)
Para os estudiosos, ficou convencionado que a TEORIA COMPORTAMENTAL teve início com o livro O COMPORTAMENTO ADMINISTRATIVO de HERBERT SIMON (1947). SIMON foi economista e psicólogo americano e considerado um dos cientistas sociais mais influentes do Século XX. Como professor foi altamente produtivo com quase 1000 publicações.
Em sua opinião, as ciências sociais deveriam ter o mesmo rigor da ciência matemática. Outros autores foram importantes nesta abordagem, contudo, a maior parte deles se preocupou com o tratamento de problemas ligados à eficiência, buscando novas variáveis, como motivação, comportamentos, tensão e necessidades individuais.
O seu interesse sobre a TOMADA DE DECISÕES começou em 1935 quando ele ainda era estudante. Verificou que a simples DECISÃO de distribuir recursos ia muito além do que os manuais de economia ensinavam.
SIMON recebeu influências do livro AS FUNÇÕES DO EXECUTIVO, de CHESTER BARNARD (1938), pela maneira de conceber a ADMINISTRAÇÃO e teve como sua maior preocupação os aspectos do COMPORTAMENTO do ser humano junto às organizações.
Fez oposição à ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA e à TEORIA CLÁSSICA, mas, levou em conta alguns dos princípios da TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS.
Suas pesquisas abordaram a psicologia, administração pública, administração, economia, filosofia, sociologia e ciência da computação. Recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 1978 e os seus trabalhos sobre a DECISÃO e o COMPORTAMENTO humano até hoje são reverenciados.
A TEORIA DAS DECISÕES
Também é conhecida como PROCESSO DECISORIAL. Ele é um processo importante para a compreensão do COMPORTAMENTO humano nas organizações pela visão da TEORIA COMPORTAMENTAL: o que uma PESSOA aprecia e deseja influencia sobre o que ela vê e interpreta, assim como o que ela vê e interpreta influencia o que aprecia e deseja.
A TEORIA COMPORTAMENTAL concebeu a organização como um sistema de DECISÕES. Cada integrante tem uma participação racional e consciente, escolhe e toma DECISÕES de caráter individual sobre alternativas racionais de comportamento. Não é apenas o administrador quem toma as decisões dentro da empresa, mas sim todos os membros participantes. Portanto, a organização é formada por um complexo sistema de DECISÕES.
DECISÃO: é o processo de análise e escolha entre várias alternativas disponíveis, do curso de ação que a pessoa deverá seguir. DECISÃO RACIONAL: ocorre quando a alternativa escolhida traz os meios apropriados para alcançar um determinado fim.
“… DECISÃO é […] é uma escolha entre alternativas ou possibilidades. As decisões são tomadas para resolver problemas ou aproveitar oportunidades”. Maximiano (2004, p.111).
● AS CARACTERÍSTICAS DAS DECISÕES
As ORGANIZAÇÕES são entendidas como um SISTEMA DE DECISÕES no qual cada PESSOA toma suas próprias DECISÕES.
A tomada de DECISÕES NÃO É ALEATÓRIA.
A tomada de DECISÕES é um processo RACIONAL e CONSCIENTE que vai gerar outros COMPORTAMENTOS ou AÇÕES.
As DECISÕES são tomadas de maneira contínua em todos os níveis da hierarquia, em todas as áreas, em todas as situações e por todas as PESSOAS. A PESSOA toma uma DECISÃO em função da sua PERCEPÇÃODE UMA SITUAÇÃO e de seu RACIOCÍNIO.
● OS 6 ELEMENTOS DO PROCESSO DECISÓRIO (ou PROCESSO DECISORIAL)
1 – Tomador da Decisão: é a pessoa que faz uma escolha ou opção.
2 – Objetivos: o que o Tomador da Decisão procura atingir.
3 – Preferências: para fazer a escolha, o Tomador da Decisão estabelece os critérios, as preferências.
4 – Estratégia: é o caminho escolhido pelo Tomador da Decisão para chegar aos seus objetivos tendo por base os recursos que lhes são disponíveis.
5 – Situação: são os aspectos do ambiente.
6 – Resultado: é o que foi obtido através das Estratégias.
O Tomador de Decisões está frente a uma situação para alcançar seus OBJETIVOS. Para tanto, estabelece preferências, cria estratégias para chegar a um resultado satisfatório ou não. A situação em que o Tomador de Decisões se encontra, para chegar aos resultados, é entendida segundo algumas noções, como a dos eventos futuros e das possibilidades de suas ocorrências, as consequências de algumas alternativas, as ações possíveis (ou disponíveis) em uma hierarquia estabelecida e conduzida de acordo com suas preferências.
Este processo faz com que o indivíduo abandone algumas das suas DECISÕES, as mais racionais possíveis, em razão de outras. A RACIONALIDADE é fundamental alcançar os objetivos e os melhores resultados. Entretanto, essa RACIONALIDADE é limitada, porque só se toma DECISÕES com base no que ele conseguiu perceber e compreender. Isto significa que o Tomador de Decisões pode deixar de perceber outras INFORMAÇÕES.
● AS 6 DECORRÊNCIAS DAS DECISÕES
Uma DECISÃO RACIONAL ocorre quando a alternativa escolhida possui os melhores meios apropriados para se alcançar um determinado fim. O processo decisório possibilita a resolução de problemas ou defrontar-se com situações. As alternativas são muitas e SIMON selecionou algumas delas:
1 – RACIONALIDADE LIMITADA: um indivíduo que toma DECISÕES só tem conhecimento de PARTE DAS INFORMAÇÕES (LIMITAÇÃO DAS INFORMAÇÕES) sobre a situação. As DECISÕES são tomadas com base apenas nos fatos que ele conhece e sobre o restante ele faz meras suposições. .
2 – IMPERFEIÇÃO NAS DECISÕES: uma DECISÃO não é 100% perfeita. A escolha tem por base sua eficiência (os resultados máximos com a utilização mínima de recursos).
3 – RELATIVIDADE DAS DECISÕES: toda DECISÃO pode ser considerada como sendo uma ACOMODAÇÃO porque ela não possibilita a realização total, completa ou perfeita dos OBJETIVOS. Na realidade, uma DECISÃO é satisfatória. Ela é a solução mais viável que foi encontrada no momento.
4 – HIERARQUIZAÇÃO DAS DECISÕES: os objetivos a serem alcançados pelas ações das pessoas seguem uma hierarquia.
5 – RACIONALIDADE ADMINISTRATIVA: nas organizações o comportamento dos indivíduos é planejado e orientado para atingir objetivos previamente definidos. É um PROCESSO DECISÓRIO que requer rotinas e ações já estabelecidas.
6 – INFLUÊNCIA ORGANIZACIONAL: a ORGANIZAÇÃO retira das PESSOAS a capacidade de DECIDIR sobre determinados assuntos. A ORGANIZAÇÃO estabelece a divisão das tarefas, os padrões de desempenho, hierarquia, canais de comunicação, treinamento, doutrina etc.
● AS 7 ETAPAS DO PROCESSO DECISÓRIO (ou PROCESSO DECISORIAL)
O HOMEM ADMINISTRATIVO
A visão de homem na TEORIA COMPORTAMENTAL difere do TAYLORISMO (o HOMO ECONOMICUS) e da TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS (o HOMEM SOCIAL). O conceito do indivíduo é o HOMEM ADMINISTRATIVO, que toma decisões racionais evitando a incerteza e seguindo regras que foram determinadas pela organização para tomar suas decisões. As DECISÕES envolvem a percepção da situação e o raciocínio, aspectos importantes para o entendimento do COMPORTAMENTO humano nas organizações.
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
Partindo da PSICOLOGIA, a TEORIA COMPORTAMENTAL trouxe conceitos para a Administração estudando O QUE AS PESSOAS (ou GRUPOS) FAZEM dentro da empresa, a FORMA como os GRUPOS e INDIVÍDUOS se COMPORTAM dentro dela e a interferência do COMPORTAMENTO destas PESSOAS (ou GRUPOS) nos RESULTADOS da empresa.
Sendo uma análise relacionada às situações do ambiente de trabalho, a importância do COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL recai sobre: funções, tarefas, absenteísmo, TURN OVER, produtividade, desempenho e administração. A TEORIA COMPORTAMENTAL trouxe da PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL uma série de ideias para a Administração através de conceitos diferentes:
– COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL.
– LIDERANÇA.
– MOTIVAÇÃO.
– COMUNICAÇÃO.
– DINÂMICA DE GRUPO.
– PROCESSO DECISÓRIO.
– ESTILOS ADMINISTRATIVOS.
A TEORIA DO EQUILÍBRIO ORGANIZACIONAL
É o processo de EQUILÍBRIO e de RECIPROCIDADE. Para conhecer os motivos pelos quais as PESSOAS cooperam, SIMON e outros COMPORTAMENTALISTAS passaram a considerar as ORGANIZAÇÕES como sendo um SISTEMA que recebe CONTRIBUIÇÕES DE PARTICIPANTES.
Em contrapartida, as ORGANIZAÇÕES oferecem INCENTIVOS para que haja EQUILÍBRIO entre OBJETIVOS PESSOAIS e OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS. A empresa só vai alcançar seus OBJETIVOS se houver COOPERAÇÃO entre as PESSOAS (ou GRUPOS) de forma COORDENADA para que todo o esforço seja útil para alcançar um propósito. Para que isto funcione, há a necessidade da divisão de tarefas e hierarquia.
COOPERAÇÃO – envolve a COORDENAÇÃO dos esforços das pessoas.
RACIONAL – envolve DIVISÃO RACIONAL DO TRABALHO e HIERARQUIA DEFINIDA.
Há uma interação entre a organização e as pessoas, denominada PROCESSO DE RECIPROCIDADE. Para os sociólogos é a NORMA DE RECIPROCIDADE e para os psicólogos é o CONTRATO PSICOLÓGICO – um ajuste entre o indivíduo e a organização. Contudo, este acerto vai além do contrato formal: é o que ambas as partes esperam ganhar com o contrato formal.
ELEMENTOS DA TEORIA DO EQUILÍBRIO ORGANIZACIONAL
● AS CONTRIBUIÇÕES DOS PARTICIPANTES: são todos os tipos de “pagamentos” que os PARTICIPANTES (ou GRUPOS DE PARTICIPANTES) efetuam para a ORGANIZAÇÃO. A utilidade das CONTRIBUIÇÕES é o valor do esforço de cada PARTICIPANTE (ou GRUPOS DE PARTICIPANTES) tem para a organização alcançar objetivos e ter continuidade.
● OS INCENTIVOS: são todos os tipos de “pagamentos” que a ORGANIZAÇÃO faz aos PARTICIPANTES (ou GRUPOS DE PARTICIPANTES). Cada INCENTIVO possui uma determinada utilidade, variável de indivíduo para indivíduo.
● OS PARTICIPANTES: qualquer ORGANIZAÇÃO é constituída por vários SISTEMAS DE COMPORTAMENTOS SOCIAIS inter-relacionados entre várias PESSOAS.
Os PARTICIPANTES ou GRUPOS de PARTICIPANTES recebem INCENTIVOS (RECOMPENSAS), contribuem com a ORGANIZAÇÃO e mantém a PARTICIPAÇÃO enquanto os INCENTIVOS dados pela ORGANIZAÇÃO forem maiores ou no mínimo iguais às CONTRIBUIÇÕES.
OS TIPOS DE PARTICIPANTES: são todos que recebem INCENTIVOS e que trazem CONTRIBUIÇÕES para a continuidade da ORGANIZAÇÃO. Nem todos os PARTICIPANTES atuam dentro da ORGANIZAÇÃO, mas todos têm um determinado grau de RECIPROCIDADE com ela. Há cinco tipos de PARTICIPANTES:
● RECIPROCIDADE: as noções de troca social têm marcante influência sobre a maneira como são interpretadas as relações entre funcionários e organização. O maior destaque é para a RECIPROCIDADE: responder uma ação positiva com outra ação positiva e uma ação negativa com outra negativa.
Isto significa EQUILÍBRIO e IGUALDADE numa relação. Uma ORGANIZAÇÃO tem uma expectativa em relação aos funcionários e, da mesma forma, os funcionários têm expectativas em relação à ORGANIZAÇÃO.
Há um processo entre as PESSOAS e as ORGANIZAÇÕES:
A organização tem expectativas em relação às pessoas e as pessoas têm expectativas em relação à organização.
A organização espera alcançar seus objetivos através das ações das pessoas na realização de tarefas.
As pessoas esperam alcançar seus objetivos pessoais e satisfazer suas necessidades através da organização.
Sugestão de Leitura
SIMON, HERBERT ALEXANDER. Comportamento Administrativo. Editora FGV. Rio de Janeiro, 1970.
KWASNICKA, EUNICE LACAVA. Teoria Geral da Administração – Uma Síntese. Editora Atlas. Edição 2ª. São Paulo, 1989.
CHIAVENATO, IDALBERTO. Princípios da administração: o essencial em teoria geral da Administração. Editora Manole. Edição 2ª. Barueri, 2012.