Zona de Conforto

INTRODUÇÃO:

Em qualquer nível de hierarquia de uma empresa o trabalho pode colaborar para criar um ritmo de rotina. Até mesmo GESTORES mais ousados e criativos ou funcionários de comportamento PRÓ-ATIVO, que não que não possuem afinidade com a monotonia, sem notar se acostumam no repetitivo e coerente.

Muitos são da opinião que isto é um estado psicológico e processo natural. Tantas vezes as mesmas tarefas se reptem que nem é mais necessário mais prestar atenção. Os relatórios, as análises e as ordens são as mesmas. As reuniões se sucedem na mesma sequência fazendo com que o cérebro “ACEITE” a situação sem grandes esforços.

Esta situação cômoda é o caminho mais curto para um comportamento neutro e adentrado numa área onde nada é desafiador. É o local perfeito para se esconder: Bem vindos à ZONA DE CONFORTO.

DEFINIÇÃO E CONCEITOS

A palavra CONFORTO vem do latim CUMFORTARE que significa aliviar a dor ou a fadiga.

Em Administração, o CONFORTO conceitua um conjunto harmônico, de MESMICE, que não aponta para nenhuma ameaça no trabalho.

Não há desconforto, medo, ansiedade ou riscos que possam fazer o indivíduo mudar comportamentos, atitudes e pensamentos. É uma sensação confortável sim. Ela constrói um sentimento FALSO de segurança e controle que leva à acomodação: fazer sempre as mesmas coisas, ter sempre as mesmas ideias e pensamentos, fazer reuniões e as tomadas de decisão costumeiras. Numa situação destas o resultado, em geral, leva a um desempenho constante. Mas, muito limitado.

AS VARIÁVEIS

Estando em uma área onde o profissional “NÃO ENXERGA PERIGO”, tem início a formação de um sentimento de proteção (no aspecto físico e emocional) sem a necessidade de ampliação de limites. E este processo ocorre a partir de circunstâncias que buscam estabilidade:

● Por via de regra, a ZONA DE CONFORTO é decorrente de um modelo de segurança ligado ao SUCESSO: função, hierarquia, nível salarial, premiações, bonificações, participação nos lucros e benefícios. O ideal de vida profissional foi realizado, a autoestima está na estratosfera. Os objetivos de consumo e a posse e conquistas de bens pessoais foram cumpridos.

● A ZONA DE CONFORTO é decorrente de um modelo de segurança desenvolvido no mais puro COMODISMO, DESMOTIVAÇÃO e, em muitos casos, brotou no CONFORMISMO ou na falta de AUTOCONFIANÇA. São os profissionais de perfil REATIVO que mantém a situação e evitam mudanças (o STATUS QUO – uma locução em língua latina que significa “no estado das coisas”).

● Há profissionais que criam sua “PRÓPRIA REALIDADE”, um território improdutivo onde podem prever e controlar acontecimentos numa FALSA sensação de segurança. Aparentemente, não há ameaças. Trabalham pressionando para que a situação não se altere, têm perfil REATIVO, valorizam TAREFAS que não apresentam dificuldades e eliminam qualquer indício de mudança.

AS CAUSAS

Existem vários fatores que conduzem à ZONA DE CONFORTO. Ela pode parecer um NIRVANA, o estado de libertação atingido pelo SER ao satisfazer sua inclinação na busca do que for mais fácil e bem conhecido. Mas, a ZONA DE CONFORTO não dura para a eternidade…

1 –Preguiça: junto com o COMODISMO a PREGUIÇA é apontada como uma das causas mais prováveis que conduzem à ZONA DE CONFORTO.

Existe uma mistura de desinteresse, cansaço e apatia que podem levar a um estado de depressão ou total indiferença. Segundo FREDERICK W. TAYLOR é vadiagem natural do ser humano…

2 – Medo: em outras situações, a ZONA DE CONFORTO pode estar associada às incertezas. É o MEDO de correr RISCOS que poderão destruir sonhos realizados e objetivos que foram plenamente atingidos. Há o MEDO do fracasso com o sentimento sobre a opinião alheia e o MEDO do que é novo e desconhecido.

3 – Miopia: o COMODISMO leva a um determinado estágio que o profissional perde a capacidade de ENXERGAR que parou no tempo.

Não reconhece que as coisas andaram e não evoluiu. Permaneceu nessa situação, muitas vezes num processo inconsciente, formado ao longo do tempo, que o induziu ao relaxamento. A aparente noção de CONFORTO cega o profissional a ponto de impedir que ele veja as tendências e os perigos à sua volta.

4 – Prepotência: o profissional acredita que chegou ao topo da evolução e não vê necessidade de obter novos conhecimentos e habilidades. Esqueceu-se de cuidar de sua carreira por se achar um elemento completo e fundamental dentro da organização.

FAZENDO O “BASICÃO”

Sem perceber, a maioria das pessoas fortalece sua linha de conduta ou um tipo de comportamento (o BASICÃO – no PONTO MORTO). Está firmado em resultados de trabalho apenas suficientes para garantir uma posição livre de riscos.

Como se fosse abrigado em um mundo de flores.

EFEITOS DA ZONA DE CONFORTO

● O efeito mais imediato está na mudança de ritmo que torna os profissionais em pessoas conformadas. Ampliam sua ZONA DE CONFORTO e permanecem sem aspirações voltadas para sua situação profissional, sem novas responsabilidades, aprendizados etc. (“Está bom onde eu estou”).

CUIDADO: a ZONA DE CONFORTO é ilusória. As coisas mudam e se transformam. No ritmo atual dos negócios dificilmente as situações permanecem iguais por muito tempo e o risco de mudanças abruptas é uma constante. Nada é imutável: empresas fecham, são absorvidas, transformam processos, mudam de foco e se o profissional não estiver preparado…

● Se o indivíduo não perceber que está adormecido na ZONA DE CONFORTO, os demais profissionais à sua volta (principalmente os de nível hierárquico superior), podem perceber nitidamente. E isto é péssimo para se “QUEIMAR” no ambiente de trabalho. O impacto é bem desfavorável na carreira e na imagem.

● E existe outro fator preocupante: ele pode estar desperdiçando o próprio talento e perdendo a capacidade de usar muito do seu potencial, sem transformar sua competência em sucesso.

A CULTURA ORGANIZACIONAL E A ZONA DE CONFORTO  

Apesar das organizações tanto criticarem e julgarem os profissionais acomodados, muitas vezes a ZONA DE CONFORTO é incentivada pela própria CULTURA ORGANIZACIONAL. O discurso é um e a prática é outra. Até certo ponto, é conveniente porque funcionários com perfil estático não incomodam, estão satisfeitos (ou conformados), não pedem aumento, não aspiram por promoções e não dão trabalho. Assim fica tudo como está e, portanto, não é necessário fazer mudanças – a própria empresa é uma ZONA (… de CONFORTO).

O COMANDO E A ZONA DE CONFORTO

No mundo do trabalho não há nada mais incoerente do que um EMPRESÁRIO, um GESTOR ou um profissional exercendo alguma função de confiança atuando na ZONA DE CONFORTO. Infelizmente, não são casos isolados. Eles não querem mudar nada, estão satisfeitos, não incentivam seus subordinados a crescerem (para não ter trabalho – é mais conveniente). E muitas vezes eliminam funcionários de perfil oposto à comodidade e perdem talentos para o mercado de trabalho.

O PROCESSO DE MUDANÇA

Quando há uma grande mudança, que transforma todo o cenário acontece a correta percepção de que a “PRÓPRIA REALIDADE”, construída durante um bom tempo, virou pó. O choque é muito mais intenso para quem não se preveniu…

“As espécies que sobrevivem não são as mais fortes, nem as mais inteligentes, mas sim aquelas que se adaptam melhor ás mudanças”. LEON C. MEGGINSON.

“Cada vez que você faz uma opção está transformando sua essência em alguma coisa um pouco diferente do que era antes”. CLIVE STAPLES LEWIS.

É possível sair desta situação. Mas, o primeiro passo para o profissional é admitir que estacionou na ZONA DE CONFORTO e o segundo passo, o mais importante, é ter ATITUDE mudar para a ZONA DE DESCONFORTO.

Sugestão de Leitura

CAJINA, GREGORY. Saia da sua zona de conforto: 52 propostas para você tomar as rédeas da sua vida. Editora L&PM. Edição 1ª.Porto Alegre, 2015.

KHERA, SHIV. Você pode vencer. Saia da Zona de Conforto! Faça diferente. Editora Best Seller. Edição 1ª.São Paulo, 2006.

BARDWICK, JUDITH M. Perigo na Zona de Conforto. Thomson Pioneira. Edição 1ª. São Paulo, 1996.

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