INTRODUÇÃO:
A TEORIA NEOCLÁSSICA surgiu pela necessidade de se retomar os conceitos importantes da TEORIA CLÁSSICA (sem os seus excessos e distorções) e somou outros conceitos igualmente válidos e relevantes contidos em outras teorias da ADMINISTRAÇÃO. Outro fator que veio a contribuir foi o crescimento exagerado das organizações no pós-guerra.
Desde o final da I GUERRA MUNDIAL os Estados Unidos já iniciara a sua expansão para se tornar uma potência mundial (que acabou perdendo o ímpeto com a Crise de 1929). Após 1945, aproveitando a decadência do Império Britânico e da França, a destruição da Alemanha e do Japão e para impedir o avanço da URSS, a expansão americana foi voraz, ganhou em intensidade e força ao longo da década de 50.
Os americanos não utilizaram apenas o poderio dos seus capitais e a expansão das filiais de suas empresas em outros países. Outros mecanismos vieram dar apoio à expansão: além do tradicional PRAGMATISMO americano, a cultura, a moda, os hábitos, a música, o cinema etc. foram instrumentos importantes para a difusão do AMERICAN WAY OF LIFE. E o idioma inglês substituiu o francês nos contatos e nos negócios.
Num mundo que se transformou de forma tão brusca e rápida, as TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO não poderiam ter ficado inertes. Assistindo a todas estas mudanças com o esforço na reconstrução do pós-guerra, a ampliação dos mercados e das empresas, os teóricos e estudiosos tiveram que desenvolver outras formas e processos bem mais estruturados para dar agilidade a ADMINISTRAÇÃO.
Os aspectos úteis propostos pelas antigas teorias do início do Século XX foram retomados: o esforço em busca da máxima produtividade, eficiência e competitividade que fizeram que as ideias da TEORIA CIENTÍFICA (TAYLOR), da TEORIA CLÁSSICA (FAYOL) o do modo de produção de FORD fossem repensadas e adaptadas às novas circunstâncias. A maneira americana de produção foi essencial no esforço de guerra para derrotar as potências do EIXO.
O poderio industrial dos EUA funcionou com enorme sucesso durante a II GUERRA MUNDIAL, de modo preciso, com base nos métodos TAYLORISTAS.
Portanto, uma nova teoria administrativa, mais condizente com o cenário vigente no pós-guerra, fez uma retomada das ideias da ERA CLÁSSICA. Mas, esse processo procurou efetuar uma revisão seguindo conceitos mais atualizados.
A ABORDAGEM NEOCLÁSSICA – CARACTERÍSTICAS
1 – Ênfase na prática da ADMINISTRAÇÃO.
2 – A reafirmação dos POSTULADOS clássicos.
3 – Ênfase nos princípios gerais de ADMINISTRAÇÃO.
4 – Ênfase nos objetivos e nos resultados.
5 – ECLETISMO nos conceitos.
1 – ÊNFASE NA PRÁTICA DA ADMINISTRAÇÃO.
Qualquer TEORIA só é válida quando instrumentalizada (ou operacionalizada) na prática. Ou seja, sem resultados práticos ela não tem valor.
A NEOCLÁSSICA é marcada por uma forte ênfase nos aspectos práticos, reflete o caráter e o espírito pragmático norte americano – uma visão totalmente baseada em RESULTADOS concretos e efetivos por meio da ação administrativa (os aspectos instrumentais da ADMINISTRAÇÃO). Entretanto, ela não se afasta de conceitos teóricos.
O PRAGMATISMO denota o que é prático, realista e direto, em oposição ao que é abstrato, e por aquilo que realiza alguma ação de maneira a não se desviar do objetivo.
2 – REAFIRMAÇÃO RELATIVA DOS POSTULADOS CLÁSSICOS.
A abordagem neoclássica procura examinar, dar nova dimensão e reestruturar a maior parte do que foi criado pela TEORIA CLÁSSICA. Tudo o que foi estabelecido pelas teorias anteriores foi revisto diante das circunstâncias do início dos anos 50 (foi uma reafirmação relativa e não absoluta). O pensamento neoclássico moldou as proposições com a reafirmação relativa dos POSTULADOS clássicos em uma compleição mais ampla e flexível.
POSTULADO ou PREMISSA é o que se estabelece como fato reconhecido e ponto de partida (implícito ou explícito) de uma argumentação.
A finalidade da TEORIA NEOCLÁSSICA foi reagir em contraposição às influências exercidas pelas ciências comportamentais, que colocaram os aspectos econômicos e concretos do comportamento das ORGANIZAÇÕES em segundo plano. E assim, houve a retomada de boa parte do material desenvolvido pela TEORIA CIENTÍFICA e pela TEORIA CLÁSSICA foi atualizado: estrutura das ORGANIZAÇÕES (linear, funcional e relações de linha/staff), AUTORIDADE e RESPONSABILIDADE, departamentalização etc..
3 – A ÊNFASE NOS PRINCÍPIOS GERAIS DE ADMINISTRAÇÃO.
Qualquer que seja o ramo de atividade de uma ORGANIZAÇÃO, a TEORIA NEOCLÁSSICA define a importância fundamental dos administradores. Eles são os grandes responsáveis pela CONTINUIDADE da ORGANIZAÇÃO para que ela seja dinâmica, bem-sucedida e perene.
Desta maneira, as atividades básicas e práticas que orientam o Administrador nas suas funções são formadas pelo PROCESSO ADMINISTRATIVO: desenvolver os planos e as diretrizes, organizar os meios necessários, coordenar o trabalho dos funcionários, controlar as operações avaliando os resultados e efetuando as devidas correções. O processo envolve as funções PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO e CONTROLE.
● Teoria Científica: base na racionalização do trabalho, métodos e processos.
● Teoria Clássica: ênfase nos princípios gerais da Administração (as Funções Básicas da Administração e as 14 Regras).
● Teoria Neoclássica: considera os MEIOS para se chegar à EFICIÊNCIA e EFICÁCIA para alcançar os OBJETIVOS e os RESULTADOS. É a troca dos MEIOS pelos FINS. A NEOCLÁSSICA trouxe uma proposta mais evoluída e atualizada, compatível com a sua época, de acordo com os problemas administrativos e com o tamanho das ORGANIZAÇÕES.
O enfoque nos OBJETIVOS e nos RESULTADOS alcançados (FINS) veio a substituir a ideia baseada nos processos e na preocupação maior com as atividades (MEIOS). A preocupação de como administrar passou à preocupação de “POR QUE” ou “PARA QUE” administrar. A ênfase em realizar o trabalho mais relevante, compatível com os OBJETIVOS de uma ORGANIZAÇÃO para alcançar a EFICÁCIA, veio a substituir o THE BEST WAY (a ênfase em fazer corretamente – a base do TAYLORISMO).
4 – A ÊNFASE NOS OBJETIVOS E RESULTADOS.
Toda ORGANIZAÇÃO tem sua existência em função de OBJETIVOS e RESULTADOS – as formas para a avaliação do seu desempenho. E, para tanto, é que ela deve ser dimensionada, estruturada e orientada para ter uma operação competente. Ou seja, a ORGANIZAÇÃO não existe em função de si mesma, mas para ter continuidade alcançando OBJETIVOS e produzindo RESULTADOS. Este aspecto da TEORIA NEOCLÁSSICA é tão importante que gerou a APO (a ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS).
Os OBJETIVOS são os RESULTADOS desejados (necessários) pela ORGANIZAÇÃO por meio de sua operação eficiente. Caso contrário, eles serão apenas parciais ou inúteis. São os OBJETIVOS que vão legitimar a existência e a operação da ORGANIZAÇÃO.
“Administração consiste em orientar, dirigir e controlar os esforços de um grupo de indivíduos para um objetivo comum. E o bom administrador é, naturalmente, aquele que possibilita ao grupo alcançar seus objetivos com o mínimo dispêndio de recursos e de esforço e com menos atritos com outras atividades úteis”. WILLIAM, H NEWMAN. Ação Administrativa – As técnicas de Organização e Gerência. Editora Atlas pág. 15 e 16 (1986).
5 – O ECLETISMO DA TEORIA NEOCLÁSSICA.
A TEORIA NEOCLÁSSICA é uma abordagem ampla e diversa pela somatória de ideias, vindas de diferentes origens. Então, ela também tem como característica o ECLTISMO ao absorver conteúdos de outras teorias da ADMINISTRAÇÃO. Em função do ECLETISMO a TEORIA NEOCLÁSSICA fez TEORIA CLÁSSICA se tornar atualizada para gerar o perfil do Administrador moderno para a segunda metade do Século XX.
ECLETISMO – é a doutrina ou a tendência que capta e seleciona vários elementos de outras teorias que parecem ser mais apropriados. A essência é a liberdade de escolher e conciliar diversos estilos diferentes. Outras definições apontam o ECLETISMO como o método filosófico dos que não seguem sistema algum, escolhendo de cada um deles a parte que parece ser mais próxima da verdade.
Sugestão de Leitura
WILLIAM, H NEWMAN. Ação Administrativa – As técnicas de Organização e Gerência. Editora Atlas. Edição 4ª. São Paulo, 1986.
SILVA, REINALDO O. DA. Teorias da Administração. Editora Pearson Universidades. Edição 2ª. São Paulo, 2013.
CERVANTES, GERALDO R.; PANNO, CLÁUDIA C.; KLOECKNER, MÔNICA C. Administração: Teorias e Processo. Editora Pearson Universidades. Edição 1ª. São Paulo, 2004.
CHIAVENATO, IDALBERTO. Introdução à Teoria Geral da Administração. Editora Campus, Edição 6ª. São Paulo, 2000.