INTRODUÇÃO:
O ano de 2020 trouxe novas perspectivas, não só em função das transformações e dos estragos decorrentes do NOVO CORONA VÍRUS. No âmbito da ADMINISTRAÇÃO, as mudanças já vinham ocorrendo paulatinamente desde o início do Século XXI. O desenvolvimento da tecnologia permitiu o surgimento de novas formas de trabalho e de gerenciamento. E sempre, é bom ressaltar, que as modalidades de TRABALHO REMOTO não foram um resultado da PANDEMIA – ela apenas acelerou um processo que já estava em andamento.
E este NOVO NORMAL mostrou a necessidade das organizações se reinventarem, revisarem o seu CONHECIMENTO acumulado, intensificarem a CRIATIVIDADE e a INOVAÇÃO nos negócios e no gerenciamento de equipes de trabalho –componentes vitais no desenvolvimento de ideias e sustentabilidade dos negócios.
SEPARANDO CONCEITOS
Segundo as atuais propostas para a ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS, estas novas formas de GESTÃO com TRABALHO REMOTO poderão se materializar em diferentes valores e benefícios.
Outra tendência para a fase pós-pandemia é o rápido crescimento de tecnologias voltadas para o trabalho digital. Mas, é preciso mudanças organizacionais para alterar práticas, hábitos e rotinas nas tarefas e, principalmente, ter maior cuidado nas formas de LIDERANÇA.
De fato, várias empresas de diversos setores da atividade econômica conheceram e aprovaram as vantagens do TRABALHO DIGITAL. Ele é flexível, dá maior autonomia aos colaboradores e proporciona resultados melhores no seu gerenciamento.
De acordo com pesquisas recentes, muitas organizações deverão manter o sistema HOME OFFICE, uma forma de TRABALHO REMOTO em que os funcionários atuam em casa. Assim, é possível obter uma grande economia de recursos sem a necessidade de grandes instalações, estruturas, aluguel de edifícios de escritórios e demais serviços (limpeza, copa, vigilância etc.).
O sistema OFFICELESS (sem escritório ou menos escritório) é uma forma de TRABALHO REMOTO na qual os colaboradores podem atuar em qualquer lugar (não necessariamente em casa) com melhores resultados.
O nível de MOTIVAÇÃO é maior e influi sobre a produtividade.
Outra característica muito interessante do modelo OFFICELESS se refere às relações de trabalho com base na autonomia, considerando que os funcionários têm liberdade para executar a GESTÃO das fases do seu próprio trabalho.
CUIDADOS E RESTRIÇÕES DO OFFICELESS
Apesar de ser atraente para a empresa enxugar custos e permitir que um indivíduo trabalhe de qualquer lugar, o modelo OFFICELESS e sua forte imagem de modernidade têm lá suas limitações.
1 – Na maioria dos casos, a mudança para o sistema OFFICELESS e a formação de equipes AUTO GERENCIÁVEIS é uma missão que vai exigir uma organização mais refinada, o abandono do modelo TOP DOWN e mudanças na CULTURA ORGANIZACIONAL.
Antes de tudo, é preciso analisar se o tipo de negócio da empresa, seus valores, burocracia e seus trabalhos são adequados em qualquer das modalidades do TRABALHO REMOTO e as expectativas em relação ao nível de qualidade.
Todos na empresa deverão estar envolvidos na mudança para ver o OFFICELESS como sendo vantajoso. Há muitas alternativas a serem consideradas.
CUIDADO: ainda existem negócios que necessitam de um local físico.
Também é preciso analisar o porte, características e, dependendo da situação, o processo passa por vários níveis decisórios – um fator que poderá provocar lentidão.
2 – Várias empresas ainda entendem o TRABALHO REMOTO somente como o HOME OFFICE. Assim, o funcionário não está livre para trabalhar em outra cidade, estado ou país. Por isso, muitas estão aderindo ao modelo híbrido: sem abandonar o escritório e com uma parte em REMOTO.
3 – A transformação poderá ter início com a troca da figura tradicional do GESTOR (centralizador e controlador) por um LÍDER. Este profissional ajuda o seu time a alcançar objetivos, necessita saber dialogar, ter capacitação para trabalhar em GERENCIAMENTO HORIZONTALIZADO, ter desempenho agregador e motivador que forme EQUIPES com propósitos e habilitadas a favor da produtividade.
Uma tarefa importante dentro deste perfil de LIDERANÇA é o estabelecimento de um cronograma preciso e dentro da realidade. Os prazos de entrega das tarefas não poderão ser fixados apenas por uma pessoa ou estabelecidos pela empresa. Numa visão atual, é preciso compartilhar e encontrar um entendimento entre todos os participantes levando em conta o horário de trabalho de cada um, calendário local e fuso horário.
Entretanto, o LÍDER tem espaço para estabelecer quem será incumbido de cada um dos processos e como cada integrante fará o controle do que é preciso ser feito. O TRABALHO REMOTO requer a formação de EQUIPES com um rigor maior sobre o controle das tarefas a serem executadas e a definição exata dos responsáveis.
Outra atribuição para o LÍDER é o calendário de reuniões (presenciais ou à distância) que sejam objetivas e com uma pauta previamente definida.
CUIDADO: não é muito diferente das mudanças que já eram solicitadas no ANTIGO NORMAL: a troca do GESTOR por um LÍDER.
4 – As PESSOAS mudaram. Hoje, elas estão a de procura de qualidade de vida, atividades flexíveis e abertas para novas conexões. Principalmente para as gerações mais novas, a quebra de limites físicos e a tecnologia tiraram o significado de estar em AMBIENTE DE TRABALHO, em horários determinados, seguindo uma rotina diária que não tem quase mais nenhum atrativo. Muitos colaboradores acreditam que não existe mais apenas um único local em que alguém possa exercer atividades profissionais.
Num esforço para não perder talentos e por uma questão de modernidade, muitas organizações tomaram como exemplo o AMBIENTE das empresas de tecnologia.
Inovaram o espaço físico com a adoção de mobiliário ousado e com inovações que atualmente não têm muito impacto: sala de jogos, academia, local para descanso, horários indeterminados, espaço PET, lanchonete, berçário etc.
As mudanças não chegaram a um efeito desejado. Agora, as ideias mais alinhadas com a nova realidade demonstram que poucos desejam permanecer no isolamento do escritório. Os colaboradores preferem atuar em espaços onde se sintam produtivos, mais felizes e mais à vontade para trocar ideias e experiências, ter autonomia, encontrar oportunidades e novos negócios (em um COWORKING, em casa, espaços urbanos ao ar livre com parceiros de trabalho, nos clientes, em hotéis, no aeroporto etc.).
5 – As PESSOAS mudaram, querem qualidade de vida, convívio e espaço para a criatividade (no trabalho ou em outras atividades).
O perfil WORKAHOLIC dos anos 80 não existe mais. O período de trabalho do time deve ser bem planejado sem horários exagerados e sem perder o fim de semana (a não ser que seja uma tarefa urgente, importante – uma exceção e não uma regra habitual).
6 – Algumas empresas ainda estão repensando a ideia do OFFICELESS para escolher entre profissionais autônomos, novos EMPREENDEDORES (prestadores de serviço) ou terceiros sem local físico e sem exclusividade.
7 – Na opinião de muitos analistas, para abraçar a ideia do conceito OFFICELESS as organizações deverão redobrar os cuidados:
● Recrutamento e seleção dos profissionais: independente do local onde o indivíduo esteja ou do horário estabelecido, a liberdade do sistema de TRABALHO REMOTO é tentadora para que ele não esteja verdadeiramente engajado com os trabalhos, compromissos e resultados da empresa.
● Outros especialistas são mais enfáticos. Afirmam categoricamente que o OFFICELESS é válido apenas no EMPREENDEDORISMO, onde o compromisso com o desempenho é de total responsabilidade do EMPREENDEDOR.
● Esta abordagem acredita que para as empresas é praticamente inviável criar uma EQUIPE conectada, com perfil alinhado na mesma sintonia e verdadeiramente engajada nas atividades. De qualquer maneira, é prudente ter controle rigoroso e avaliação de desempenho.
O maior problema no OFFICELESS é que as organizações ainda procuram fórmulas de controle sobre o tempo em que a EQUIPE está trabalhando. A princípio, esta mentalidade levará algum tempo para mudar: os resultados devem ser a principal métrica a ser avaliada. Eles são muito mais importantes que o tempo.
8 – Na opinião dos entusiastas do OFFICELESS, o sistema apresenta um modelo moderno de relação com o trabalho por desenvolver um grande sentimento de PROTAGONISMO, por criar a mentalidade voltada para o autogerenciamento ao formar times com maior senso de responsabilidade e com prazer com o trabalho.
Sugestão de Leitura
MANHA, NATÁLIA. Equipes virtuais ágeis: a transição para o trabalho remoto e como a agilidade pode ajudar seu time. Formato: eBook Kindle. 2020.