Contabilidade – Contismo 

INTRODUÇÃO:

Muitas opiniões concordam que, sem dúvida, o trabalho de PACIOLI foi um dos resultados do RENASCIMENTO. Ou seja, as mudanças daquele período inovador, que impulsionaram renovação das ciências, das artes, do espírito humano e da sociedade foram as mesmas forças que possibilitaram o estabelecimento do método das PARTIDAS DOBRADAS (também conhecido como CONTABILIDADE ITALIANA ou ESCOLA CONTÁBIL ITALIANA).

“… a contabilidade é um produto do Renascimento Italiano. As forças que conduziram a essa renovação do espírito humano foram as mesmas que criaram a contabilidade…” MICHAEL VAN BREDA; ELDON S. HENDRIKSEN. Teoria da Contabilidade. Atlas. São Paulo, 1999 (Pg. 39).

A ESCOLA CONTÁBIL ITALIANA

A partir de PACIOLI a CONTABILIDADE passou a ser vista como uma ciência – a ciência do controle econômico com o objetivo de acompanhar toda e qualquer variação do PATRIMÔNIO. E o grande desenvolvimento da CONTABILIDADE, mundo a fora, foi graças a ESCOLA ITALIANA de onde vieram os primeiros escritores e estudiosos.

AS CORRENTES DO PENSAMENTO CONTÁBIL

Com o passar do tempo, as ideias contidas no livro de PACIOLI não se perderam. Este desenvolvimento foi decorrente da necessidade da prestação de contas e da apuração dos resultados para a BURGUESIA COMERCIAL (os financiadores das GRANDES NAVEGAÇÕES). A expansão marítima dos Séculos XV e XVI alcançou a Ásia e terras até então desconhecidas e gerou um grande aumento no comércio.

Mas, a partir transformações causadas pela REVOLUÇÃO INDUSTRIAL no Século XVIII, a CONTABILIDADE passou por um processo de evolução diante de um novo cenário mais complexo. Surgiram novas necessidades pela apuração dos custos dos produtos fabricados e informações para a nascente BURGUESIA INDUSTRIAL. E na ITÁLIA foram sendo desenvolvidas outras formas de pensamento contábil, cada uma com suas peculiaridades: CONTISMO, PERSONALISMO, CONTROLISMO, NEOCONTISMO, AZIENDALISMO e o PATRIMONIALISMO.

CONTISMO

Dentro do processo de desenvolvimento científico da CONTABILIDADE, esta foi a primeira escola de pensamento fora da ITÁLIA. Surgiu na FRANÇA com os trabalhos relevantes de JACQUES SAVARY (1622 – 1690) e de EDMUND DEGRANGES (1763 – 1826) abordando o mecanismo das CONTAS, seu funcionamento e métodos de escrituração. 

SAVARY foi um comerciante bem-sucedido e especialista em questões relativas a atividade comercial. A sua obra LE PARFAIT NÉGOCIANT (O NEGÓCIO PERFEITO, de 1675) trouxe um processo de partidas dobradas voltada para o comércio e foi traduzida para vários idiomas.

DEGRANGES foi um dos autores de maior notoriedade na ciência contábil. Sua obra LA COMPTABILITÉ SIMPLIFIÉE (A CONTABILIDADE FACILITADA, de 1795), trouxe a teoria das CINCO CONTAS com base nos estudos de SAVARY. A ideia foi separar as CONTAS em:

● Mercadoria

● Dinheiro

● Efeito (CONTAS) a Receber

● Efeito (CONTAS) a Pagar

● Lucros e Perdas

A discrição da CONTA é o resultado esperado ao patrimônio (AZIENDAL) por influência direta ou indireta de seus administradores. Elas são as expressões de fatos que devem formar o cerne da CONTABILIDADE. EDMUND DEGRANGES também introduziu livro DIÁRIO-RAZÃO.

O CONTISMO não se dedica ao estudo do efeito, mas ao estudo da causa. É o controle do PATRIMÔNIO pela apuração do saldo das CONTAS trazendo a soma dos direitos e obrigações: a CONTA não é a causa, mas o efeito que expressa a alteração patrimonial.

“O processo de funcionamento da teoria das cinco contas exige que, para visualizar em conta separada o que recebe e o que paga, como também os lucros e perdas, o comerciante deve abrir uma conta para cada um dos cinco objetos gerais”. PAULO SCHMIDT; JOSÉ LUIZ DOS SANTOS. História da contabilidade: foco na evolução das escolas do pensamento contábil. Atlas. São Paulo, 2008. (Pág. 30).

Sugestão de Leitura

SCHMIDT, PAULO; SANTOS, JOSÉ LUIZ DOS. História da contabilidade: foco na evolução das escolas do pensamento contábil. Editora Atlas. Edição 1ª. São Paulo, 2008.

HENDRIKSEN, ELDON S.; VAN BREDA, MICHAEL F. Teoria da Contabilidade. Editora Atlas. Edição 5ª. São Paulo, 2009.

PADOVEZE, CLÓVIS LUÍS. Manual de Contabilidade Básica: Contabilidade Introdutória e Intermediária. Editora Atlas. Edição 7ª. São Paulo, 2012.

RIBEIRO, OSNI MOURA. Contabilidade Básica. Editora Atlas. Edição 3ª. São Paulo, 2013. IUDÍCIBUS, SÉRGIO DE. Teoria da Contabilidade. Editora Atlas. Edição 6ª. São Paulo, 2004.

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