INTRODUÇÃO:
A Administração evolui e com o tempo apresenta novas ideias. Os estudiosos do assunto trazem diferentes visões para o universo corporativo renovando conceitos ou criando outras tendências.
Uma delas, que surgiu no fim do Século passado, veio dos EUA e qualifica executivos mais altos de uma organização com siglas iniciadas pela letra C. São os executivos C-LEVEL (ou C-SUITE).
Entretanto, atualmente para qualquer empresa, um dos maiores desafios é recrutar e reter os talentos. No caso referente aos executivos “C”, o recrutamento de profissionais está sendo feito cada vez mais fora dos seus quadros internos, no mercado de trabalho.
O grande obstáculo é que os “C” podem ser tecnicamente interessantes e adequados, mas não conhecem a CULTURA ORGANIZACIONAL da empresa e seus COMPORTAMENTOS. Como alternativa, as organizações já estão acreditando que podem desenvolver e capacitar candidatos internos para o exercício destas funções. É valorizar os profissionais que já fazem parte do seu CAPITAL HUMANO.
CONCEITO “C”
Os termos “C” estão sendo usados com frequência cada vez maior para se referir aos executivos do topo da hierarquia.
A designação pela letra “C” significa “CHIEF” (CHEFE) e são os profissionais são mais atuantes, influentes, de maior grau de responsabilidade e de comprometimento para os desafios de um cenário que requer lideranças corporativas estratégicas e, principalmente, transformadoras.
O executivo “C” é visto pela imaginação da maioria das pessoas como a figura central, detentora de todo o poder, de autonomia ilimitada e ganhando muito bem para fazer pouco. A realidade é outra! E poucos fazem ideia do que estes cargos significam.
A sua jornada de trabalho normalmente é de 12 horas por dia sob uma pressão muito grande: suas decisões podem conduzir a resultados excelentes ou condenar a empresa ao fracasso. A idade média destes profissionais gira em torno de 50 anos e a saúde já apresenta alguns problemas relacionados ao STRESS.
Muito mais do que um modismo ou um rótulo, os executivos C-LEVEL são os que pensam de forma estratégica, trabalham com base em processos de governança bem estruturados, estão sempre focada nas tendências de mercado, comportamento do consumidor, nos problemas do cenário interno e externo da empresa e atrair novos clientes.
Além do mais, ocupam-se com os mais diversos STAKEHOLDERS (colaboradores, políticos, imprensa, comunidades, ativistas, acionistas, proprietários), reportam-se diretamente ao principal executivo da organização, e são incumbidos pelas transformações organizacionais e gestão de pessoas.
Na maior parte dos casos o seu perfil muito se caracteriza por:
● Formação educacional sólida (presencial) em instituição renomada, MBA, fluência em dois ou três idiomas, cursos no exterior, experiência em cargos similares, e o forte hábito da leitura.
● Estes indivíduos não optaram por carreira do tipo linear e funcional (profissionais ESPECIALISTAS) e desenvolveram um conhecimento com VISÃO GENERALISTA para se tornarem “MULTIEXPERIENTES”.
● O resultado da vivência profissional é marcado por resultados acima da média. Eles sempre demonstraram potencial num curto prazo, pertinente às posições maiores e diante de desafios mais complexos.
● Um dos elementos de maior peso, e que segundo os especialistas seja o grande trunfo dos executivos “C”, está na HABILIDADE POLÍTICA e na INTELIGÊNCIA INTERPESSOAL para a construção de RELACIONAMENTOS úteis.
● É evidente que a posição de executivo “C” não está ao alcance da maioria dos mortais. O mundo corporativo é afunilado, seletivo.
CONTRATEMPOS
Muitos indivíduos, pelo seu contexto sócio econômico, não têm a oportunidade de construir a formação e requisitos necessários diante das eventuais oportunidades. Mas, há profissionais de alto nível, competentes, que são excelentes e com resultados expressivos.
Mas, atuando numa organização, onde o forte não é a MERITOCRACIA, nem sempre são bem avaliados pelos seus superiores. Há profissionais de alto nível, competentes que são preguiçosos e não demonstram nenhum interesse em evoluir na hierarquia. E pior, impedem seus subordinados de evoluírem.
Por outro lado, Há profissionais sem a menor vontade para evoluir e sair da ZONA DE CONFORTO.
Mudar é um desafio muito grande e poucos estão dispostos a enfrentar os sacrifícios. Para eles é um sacrifício abandonar a costumeira área funcional, adquirir novas competências e a ter a visão HOLÍSTICA (um requisito básico, principalmente para um CEO).
HABILIDADES E COMPETÊNCIAS
Os especialistas em ADMINISTRAÇÃO apontam alguns caminhos para um profissional se tornar um “C”. Não há uma formação acadêmica específica para o cargo. Entretanto, as maiores possibilidades estão nos cursos relacionados à Tecnologia, Engenharia e Administração:
● Estudo contínuo em cursos de capacitação em outros conteúdos mais específicos (autodesenvolvimento). Não é o suficiente ser um profissional de destaque apenas no seu campo de atuação.
● Ter conhecimento do CORE BUSINESS aliado à capacidade de inovação e desenvolvimento de estratégias de negócios
● Ter LEADERSHIP BRAND – marca de liderança.
● Possuir visão em uma dimensão diferenciada sobre questões que estão acima do âmbito tático/operacional.
● Criar estruturas operacionais e funcionais que capazes de dar andamento nos negócios, com eficiência operacional, sem a necessidade de uma interferência ou presença constante.
CARGOS
CEO – CHIEF EXECUTIVER OFFICER: é o principal executivo, Diretor Executivo ou Diretor Geral e o ocupante do cargo mais alto da hierarquia.
Há muitos anos atrás era chamado de BIG BOSS (grande chefe), BIG SHOT (o maioral) ou CHAIR MAN OF THE BOARD (Presidente do Conselho de Administração). O bom desempenho para esta posição necessita ter uma forte formação técnica, experiência em vários setores, talento para montar uma EQUIPE forte com os demais “C”, ter conhecimento do mercado e visão estratégica para conduzir a empresa. Mas, há outros requisitos bem interessantes:
● Ter alinhamento com a CULTURA ORGANIZACIONAL.
● Ter LIDERANÇA, empatia e construir uma imagem simbólica e relevante.
● Clareza e transparência no modo de comandar uma EQUIPE.
● Dar e receber FEEDBACK.
● Minimizar a BUROCRACIA e criar formas mais ágeis de administrar.
● Saber se adaptar às situações (e não o contrário).
● Ter capacidade analítica para resolver problemas e saber administrar o tempo.
● Trabalhar SOFT SKILLS e HARD SKILLS com equilíbrio.
● Saber delegar e descentralizar.
● Ter ousadia para estabelecer mudanças culturais e abandono às formas habituais como a organização sempre foi dirigida.
COO – CHIEF OPERATING OFFICER: o Chefe Executivo de Operações é o braço direito do CEO. Enquanto o CEO pensa na estratégia o COO cuida mais de perto da rotina do negócio, produção e LOGÍSTICA.
CFO – CHIEF FINANCIAL OFFICER: Diretor Financeiro.
CHRO – CHIEF HUMAN RESOURCES OFFICER: o executivo de RH.
CIO – CHIEF IMAGINATION OFFICER: responsável por promover a criatividade do pessoal (um Diretor de Imaginação).
CIO – CHIEF INFORMATION OFFICER: o Diretor de Tecnologia da Informação. O CIO em algumas empresas pode ser CKO.
CKO – CHIEF KNOWLEDGE OFFICER: é o Diretor de Conhecimento que em algumas empresas recebe a denominação de CLO – CHIEF LEARNIG OFFICER, o Diretor de Aprendizado. Administra a formação do capital intelectual da empresa, reúne, gerencia e compartilha o conhecimento e as informações da organização.
CMO – CHIEF MARKETING OFFICER: é o Diretor de Marketing que em algumas empresas acumula ainda a Diretoria Comercial e, em outras também é o responsável pela área de Novos Negócios.
CRO – CHIEF RISK OFFICER: é um executivo que trabalha como Diretor de Riscos de Operações Financeiras. Além das questões relacionadas às finanças é o responsável pela avaliação de itens como estratégias do negócio, concorrência, legislação e pode estar relacionado aos problemas ambientais.
CTO – CHIEF TECHNOLOGY OFFICER: é um executivo técnico, o Diretor de Tecnologia (área de TIC). Coordena e gerencia inovação tecnológica da empresa de SOFTWARE, FINTECH etc. Participa na criação de novos produtos e gerencia a equipe de desenvolvimento de sistemas.
CSO – CHIEF SECURITY OFFICER: este é o diretor que cuida da segurança digital ou cibernética e ajuda a desenvolver projetos de tecnologia.
De acordo com outros estudiosos é o responsável por toda a segurança da organização, tanto física quanto cibernética. Tem visão geral do risco operacional da empresa. Gerencia crises e incidentes para garantir a continuidade das operações e a proteção da empresa.
CUIDADO: a experiência mostra que em muitos casos nem sempre os critérios de recrutamento interno para a escolha de EXECUTIVO C-LEVEL/C-SUITE seguem a MERITOCRACIA e a capacitação.
Outros componentes pode fazer grande diferença: indicações, interesses políticos, apadrinhamento, preferências puramente baseadas em relacionamento e aspectos pessoais.
Sugestão de Leitura
KEVIN, KELLY. CEO – Tudo o que Sempre quis Saber sobre o Lugar de Topo. Editora – Prentice Hall. São Paulo, 2009.
BOWER, JOSEPH L. Onde Nascem os CEOs. Editora Gente. São Paulo, 2009.
GIARRATANA, NEIL. Manual de prioridades do CEO. Editora Saraiva. São Paulo, 2013.
KAUFMAN, JOSH. MANUAL DO CEO – Um verdadeiro MBA para o gestor do Século XXI. Editora Saraiva. Edição 2ª. São Paulo, 2017.