7 – Teoria Comportamental – Douglas McGregor

INTRODUÇÃO:

No fim dos anos 50 e início da década 60, uma época de transição com o fim dos ANOS DOURADOS, os estudos do psicólogo americano DOUGLAS MCGREGOR apresentaram a ideia que cada gestor pode notar a natureza humana de uma maneira diferente, e que exerce influência na forma de lidar com os seus subordinados. Então, o funcionário pode ser visto como uma pessoa preguiçosa e sem vontade de trabalhar levando o gestor a impor regras e regulamentos severos, centralizar as decisões, desenvolver atividades de trabalho entediantes e repetitivas. Por outro lado, se o gestor enxergar o funcionário como um ser motivado e que gosta do seu trabalho, ele cria condições de participação, concede ao trabalho, incentiva a participação. A teoria criada por DOUGLAS MCGREGOR traz estes dois modelos de gestão como TEORIA X e TEORIA Y.

DOUGLAS MCGREGOR (1906-1964)

Em sua juventude atuou em abrigos para sem-teto e também para o FUNDO MCGREGOR, uma instituição de sua família em auxílio da população sem-teto de Detroit com serviços espirituais e assistenciais. 

Ele recebeu o Bacharelado em Engenharia do RANGOON INSTITUTE OF TECHNOLOGY, o Bacharelado em Artes da WAYNE STATE UNIVERSITY em 1932, depois pela UNIVERSIDADE DE HARVARD obteve MASTER OF ARTS (1933) e PHD em psicologia experimental (1935). 

DOUGLAS MURRAY MCGREGOR lecionou em HARVARD e posteriormente no MIT (MASSACHUSETTS INSTITUTE OF TECHNOLOGY), onde foi um dos primeiros professores da SLOAN SCHOOL OF MANAGEMENT (*).

Entretanto, ele já havia trabalhado na gerência de uma rede de postos de gasolina onde aprendeu diversos conceitos sobre gestão. A soma desta experiência prática e a vivência no ensino foram base para a formação de um currículo respeitável.

De 1948 a 1954 presidiu o ANTIOCH COLLEGE OHIO e retornou ao MIT até falecer repentinamente em 1964. Em novembro de 1961 governo da Índia estabeleceu o INDIAN INSTITUTE OF MANAGEMENT CALCUTTA para estudos de pós-graduação e pesquisas em Administração em colaboração com o SLOAN SCHOOL e de muitos acadêmicos eminentes, entre eles DOUGLAS MCGREGOR.

(*) A SLOAN SCHOOL OF MANAGEMENT é a escola de negócios do MIT com BACHARELADO, MESTRADO, DOUTORADO e EDUAÇÃO EXECUTIVA. Os seus cursos são dos mais seletivos do mundo e altamente conceituados pela ênfase em inovação, em práticas e em pesquisas.

Livros

O livro mais importante de DOUGLAS MCGREGOR foi THE HUMAN SIDE OF ENTERPRISE  (“O Lado Humano da Empresa”), de 1960, eleito o quarto livro de administração mais influente do Século XX segundo a FELLOWS OF THE ACADEMY OF MANAGEMENT.

O livro apresentou duas teorias sobre motivação humana: TEORIA X e TEORIA Y que tratam de dois perfis de personalidade e comportamento de funcionários encontrados nas empresas. São atitudes que, na maior parte dos casos, os próprios funcionários não notam que possuem.  

MCGREGOR trouxe as diferenças entre duas formas antagônicas de administrar: a TEORIA X (ou tradicional) e a TEORIA Y (ou moderna).

Mas, não houve a pretensão de dar algum tipo de valoração para nenhuma delas: correto ou incorreto, certo ou de errado, bom ou de mau, perfeito ou imperfeito, melhor ou de pior etc. evitando apontar qualquer tipo de preferência.

As denominações X ou Y apenas foram para identificar grupos distintos entre si. Um grupo de pessoas que agem, pensam, sentem e agem de acordo com características X e outro grupo de pessoas que agem, pensam, sentem e agem de acordo com características Y.

O livro THE PROFESSIONAL MANAGER (“O gerente profissional” – obra póstuma lançada pela editora MCGRAW-HILL BOOK COMPANY em 1967) foi elaborado tomando por base as ideias do seu primeiro livro, além de fornecer implicações comportamentais, sociais e psicológicas.

TEORIA X

Na TEORIA X, MCGREGOR utilizou a base TAYLORISTA. É a visão tradicional sobre o COMPORTAMENTO: mecanicista e pragmática seguindo ideias obsoletas de estilo duro, rígido e autocrático. As pessoas são vistas como recursos, instrumentos ou meios de produção. O perfil é típico do pensamento da ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA.

TEORIA X – Os principais aspectos: “o trabalho é em si mesmo desagradável para a maioria das pessoas”.

MCGREGOR denomina a TEORIA X de “Hipótese da mediocridade das massas”: os trabalhadores têm animosidade à responsabilidade e às tarefas.

Para que elas tenham sequencia e para que os funcionários tenham maior empenho, os Gestores precisam sempre dar ordens acompanhadas de punições, elogios, dinheiro, imposição etc.

O ponto de partida é a presunção da natureza humana, podendo ser resumido da seguinte forma em uma visão organizacional.  Os indivíduos…

…não gostam de trabalhar e sempre que possível evitarão as tarefas. São acomodados e resistem às mudanças porque são indolentes e preguiçosos por natureza (a vadiagem natural do ser humano).

…precisam estar sempre sendo coagidos, ameaçados, manipulados, induzidos, dirigidos e controlados. Só sabem trabalhar sob pressão e, portanto, devem recompensados, punidos e controlados.

…desejam segurança, têm poucas ambições e evitarão assumir qualquer tipo de responsabilidade porque isso implca em riscos, preferindo, portanto, ser dirigido.

…só trabalham pelo fator econômico.

…preferem ouvir o que deve ser feito. São poucas as pessoas da TEORIA X que têm criatividade.

A maioria das empresas tem um efeito desmotivador sobre os funcionários, inibe talentos e acaba desenvolvendo comportamentos antifuncionais. Se uma empresa desenvolveu o perfil e as práticas da TEORIA X, os funcionários são desmotivados e têm atitudes e comportamentos que vão acompanhando este perfil.

Há um alto índice de insatisfação que levam as pessoas a produzirem de modo mecânico, com baixo desempenho e pouca expectativa. E assim, estas empresas desenvolvem procedimentos e processos de trabalho condizentes com este cenário.

TEORIA YTEORIA Y

Na TEORIA Y, MCGREGOR utilizou os conceitos desenvolvidos por ELTON MAYO evidenciando uma perspectiva para o desenvolvimento dos recursos humanos ao refletir um estilo aberto, dinâmico e democrático.

A ADMINISTRAÇÃO é um processo visando criar oportunidades, liberar potenciais, remover obstáculos, encorajar o crescimento individual e dar capacidade de dirigir o comportamento para os objetivos da empresa.

A TEORIA Y forma ambiente e processos que permitem a participação e o comprometimento dos indivíduos em um estilo aberto e dinâmico de administração, a partir de medidas inovadoras e humanísticas.

Há fatores comuns a todos trabalhadores na empresa: MOTIVAÇÃO, potencial de desenvolvimento, capacidade de assumir responsabilidades.  

A Administração cria condições e métodos de operação pelos quais as pessoas possam alcançar os objetivos pessoais. É a concepção moderna como um meio criador de oportunidades.

A filosofia de trabalho é participativa e voltada para valores humanos, valores sociais e sem preconceitos. É um estilo de direção com medidas inovadoras e humanistas. Se uma empresa desenvolveu o perfil e as práticas da TEORIA Y haverá um ambiente favorável possibilitando que os indivíduos…

…tenham prazer em relação ao trabalho.

…não são passivos ou resistentes às necessidades das organizações. Eles se tornaram assim em função de suas experiências negativas anteriores em outras organizações.

…tenham reações e atitudes positivas no trabalho e se tornem automotivados.

…trabalhem de forma descentralizada, com delegação de responsabilidades, participação nas decisões e em uma administração consultiva.

…em sua maioria sejam criativos.

…tenham seus cargos ampliados para maior ter significado do trabalho. Portanto, sem a superespecialização das tarefas.

…se tornam uma parte integrante do processo, se tornam responsáveis pelos resultados (com auto avaliação de desempenho) e ajustam o comportamento aos objetivos da empresa.

Entretanto, a TEORIA Y não sugere que o Gestor deixe de exercer controle e o acompanhamento. Ela mostra uma ideia diferente com a MOTIVAÇÃO sendo o fator com maior relevância.

Em organizações que adotaram a TEORIA Y são registrados maiores níveis de produção, desenvolvimento, e geração de resultados positivos. Os objetivos da empresa e os objetivos dos empregados estarão mais afinados.

MCGREGOR classifica os incentivos ou recompensas em INCENTIVOS EXTRÍNSECOS (relacionados ao ambiente e na relação do comportamento com trabalho) e INCENTIVOS INTRÍNSECOS (peculiares à própria natureza da tarefa com a realização do indivíduo no desempenho do seu trabalho).

MCGREGOR é o responsável por romper com os estilos de gestão anteriores com as sua teorias, que criaram um novo papel para os gerentes assumirem.  Para ele a ADMINISTRAÇÃO deve criar condições tais que os todos os participantes da organização, em todos os níveis, possam melhor alcançar seus próprios objetivos e direcionar os seus esforços para os objetivos da organização.

FUNDO MCGREGOR

No fim do Século XIX, cidades em rápida industrialização passavam por fortes ciclos de privações e, em resposta, um movimento de evangelizadores sociais fundou instituições de caridade para diminuir o sofrimento generalizado. 

Entre esses evangelizadores estava THOMAS MCGREGOR, que fechou seu negócio de pianos em 1887 para servir ao Senhor. Com a ajuda de sua família, abriu a MISSÃO BETHANY em Toledo (1888), e A Missão para Homens Desabrigados  em Detroit, pouco antes de sua morte (1891). TRACY MCGREGOR decidiu dar continuidade ao trabalho de seu pai.  

O FUNDO MCGREGOR foi criado em 1925 por TRACY e KATHERINE MCGREGOR com a missão filantrópica de aliviar os infortúnios e melhorar o bem-estar da humanidade. No presente, tem alinhando o seu trabalho cada vez mais com a intenção dos exemplos vividos pelos seus fundadores, com uma abordagem baseada em evidências e centrada na pessoa para o alívio da pobreza em Detroit. 

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