6 – Teoria Comportamental – Frederick Herzberg

INTRODUÇÃO:

A TEORIA COMPORTAMENTAL, uma nova concepção de ADMINISTRAÇÃO, introduziu novos conceitos e variáveis na teoria administrativa tomando por base o comportamento humano nas organizações. Ela se desenvolveu a princípio nos Estados Unidos, a partir da década de 50, com uma abordagem diferente e com origem nas ciências comportamentais, em particular na psicologia organizacional em busca de soluções democráticas e flexíveis para os problemas organizacionais.

FREDERICK HERZBERG (1923-2000)

Foi um psicólogo, professor universitário e consultor americano. É considerado um dos nomes mais importantes e influentes da TEORIA COMPORTAMENTAL e na gestão empresarial.

FREDERICK IRVING HERZBERG se notabilizou ao introduzir o enriquecimento do trabalho, necessário para a motivação intrínseca, e a TEORIA DOS DOIS FATORES. O resultado destes estudos foi publicado em seu livro “THE MOTIVATION TO WORK” em 1959 (“A MOTIVAÇÃO PARA TRABALHAR”).

Os seus trabalhos e pesquisas foramvoltados para as atitudes e motivações dos funcionários dentro de uma empresa, uma visão distinta de ABRAHAM MASLOW e de outros pensadores que procuravam explicar as necessidades humanas.

Iniciou os seus estudos no CITY COLLEGE em Nova York e teve de interrompê-los para servir ao Exército americano na II Guerra Mundial. Após a guerra obteve graduação em 1946 e posteriormente ingressou na UNIVERSIDADE DE PITTSBURGH para cursar o pós-graduação e mestrado em ciência e saúde pública. Ao mesmo tempo lecionou Psicologia na Universidade CASE WESTERN RESEARCH, em CLEVELAND, onde criou o Departamento de Saúde Mental Industrial. Em 1972, mudou-se para a UNIVERSIDADE UTAH onde trabalhou como professor de Gestão.

Durante a sua carreira HERZBERG se tornou uma referência entre acadêmicos e nos notável nos círculos universitários, em função do seus conceitos e contribuições. A sua obra “O Trabalho e a Natureza do Homem” foi considerada, em 1995, como um dos 10 livros mais importantes da ADMINISTRAÇÃO por suas influências sobre a teoria e as práticas de gestão no Século XX.

OS HORRORES DA GUERRA

O seu interesse por MOTIVAÇÃO foi uma reação às suas vivências durante o conflito. Como sargento de uma das unidades de reconhecimento, fez parte do destacamento que libertou o campo de concentração de DACHAU, nas proximidades de Munique (Alemanha – em 29 de abril de 1945).

HERZBERG foi um dos primeiros a entrar no campo e testemunhou a barbárie nazista contra os judeus (o Holocausto), contra prisioneiros políticos e prisioneiros de outras categorias, além da descoberta de mais de 30 vagões ferroviários abarrotados de corpos em estado avançado de decomposição.

A visão dos mortos e doentes em estado lastimável chocou a todos.

Em seguida, presenciou outro episódio estarrecedor cometido pelos soldados americanos, conhecido como o MASSACRE DE DACHAU. Estes fatos e o contato com a população alemã da região despertaram o seu interesse sobre a MOTIVAÇÃO

Em função de ter testemunhado de perto os horrores da guerra bem como as conversas que teve com a população alemã na região, teve interesse em trabalhar para que os sensatos não se tornassem insensatos. Começou suas pesquisas na década de 1950 e dedicou-se aos estudos sobre o comportamento (a análise das atitudes e motivações dos funcionários na empresa). Uma de suas análises de maior repercussão teve por objetivo entender as relações de SATISFAÇÃO e INSATISFAÇÃO das pessoas no ambiente de trabalho. Como base de sua teoria, HERZBERG afirma que o comportamento humano em relação ao trabalho é orientado por dois grupos de fatores: FATORES HIGIÊNICOS e os FATORES MOTIVACIONAIS.

A TEORIA DOS DOIS FATORES DA SATISFAÇÃO NO TRABALHO

O trabalho de HERZBERG (TWO-FACTOR THEORY) foi realizado por meio de pesquisas a partir de várias entrevistas com trabalhadores onde eles eram estimulados a explicitar quais seriam os motivos que os desagradavam, assim como os que os agradavam. Teve por objetivo identificar, junto aos os entrevistados, quais os fatores que seriam responsáveis pela INSATISFAÇÃO e pela SATISFAÇÃO

Os fatores que DESAGRADAVAM (INSATISFAÇÃO) foram chamados de FATORES DE HIGIENE e os fatores que AGRADAVAM (SATISFAÇÃO) foram chamados de FATORES MOTIVADORES

FATORES DE HIGIENE

Também são conhecidos como os FATORES HIGIÊNICOS ou FATORES EXTRÍNSECOS (abrangem as condições dentro das quais o colaborador desempenha o trabalho – são criadas, administradas e decididas pela organização e, portanto, estão fora do âmbito das pessoas).

São produzidos pelo ambiente que envolve o indivíduo no seu trabalho e não estão sob seu controle. Foram estabelecidos pela empresa e por seus administradores, fazem parte da CULTURA ORGANIZACIONAL, enquadram os colaboradores ao ambiente e não garantem nem a MOTIVAÇÃO e nem a PRODUTIVIDADE: normas, regulamentos internos, estilos de chefia/supervisão, condições físicas e ambientais, políticas e diretrizes da empresa, a política de relacionamento entre a empresa e os funcionários, etc.

As empresas costumam utilizar estes aspectos como diferenciais de mercado para atrair mão de obra, para motivar funcionários e RETER TALENTOS. Na opinião de HERZBERG, os FATORES DE HIGIENE são muitos pobres, muito limitados e incapazes de se tornarem, verdadeiramente, um elemento decisivo no COMPORTAMENTO dos trabalhadores.

Os efeitos dos FATORES DE HIGIENE

A – Quando os FATORES DE HIGIENE são BONS

Apenas evitam a insatisfação.

Não elevam a satisfação.

Se por acaso elevam a satisfação eles não conseguem ter continuidade.

B – Quando os FATORES DE HIGIENE são RUINS:

Causam insatisfação.

HERZBERG também constatou que em relação aos FATORES DE HIGIENE:

1 – As pessoas ficam insatisfeitas em um ambiente de trabalho ruim e raramente ficam feitas satisfeitas num ambiente de trabalho bom. 

2 Prevenir a insatisfação é tão importante quanto incentivar a satisfação.

3 – Um indivíduo pode ser altamente motivado com o seu trabalho e estar insatisfeito com o seu ambiente de trabalho. Portanto, os FATORES DE HIGIENE agem de forma independente dos FATORES DE MOTIVAÇÃO

4 – Todos os FATORES DE HIGIENE têm o mesmo grau de importância. Qualquer modificação ou melhoria nos FATORES DE HIGIENE apresentam efeitos em curto prazo.

5 – Os FATORES DE HIGIENE são cíclicos e podem voltar ao ponto de partida.

A Remuneração

HERZBERG considera a remuneração como um dos FATORES DE HIGIENE. Porém, este aspecto causa muita controvérsia: da mesma maneira que o salário esteja relacionado ao nível de insatisfação com o trabalho, ele é um fator motivador de curta duração. Ou seja, a pessoa com um salário baixo fica descontente. Porém, um aumento de rendimento não vai aumentar a motivação. Simplesmente vai manter o seu nível de insatisfação. Depois de certo período o salário e os demais FATORES DE HIGIENE vão se nivelar.

FATORES DE MOTIVAÇÃO

Os fatores motivacionais estão sob o controle do indivíduo. Eles têm ligação com aquilo que ele faz e desempenha, abrangem sentimentos de evolução pessoal, reconhecimento profissional e realização e dependem das tarefas que o realizadas no trabalho.

Por hábito, as tarefas e cargos sempre foram estabelecidos somente para atender a eficiência e os resultados de produção sem ter nenhum estímulo à criatividade. Então, para o trabalhador era um ato puramente mecânico e sem muito significado no aspecto psicológico – provocando apatia, desinteresse e falta de sentido. O efeito dos fatores motivacionais sobre as pessoas é profundo e estável. São relacionados ao CARGO e a NATUREZA DA TAREFA. São INTRÍNSECOS e abrangem:

Quando estes fatores são plenamente alcançados o ser humano chega ao reconhecimento, à valorização profissional e à auto realização. Segundo HERZBERG a MOTIVAÇÃO de um indivíduo só se dará não apenas com a ausência de FATORES DE HIGIENE. É preciso a presença dos FATORES MOTIVADORES.

O ENRIQUECIMENTO DAS TAREFAS 

O pensamento das TEORIAS precedente considerava apenas os estímulos materiais (positivos) e, em contrapartida, as punições (negativos) pela não realização. Com a finalidade de garantir a MOTIVAÇÃO no trabalho de forma constante, HERZBERG propõe uma prática chamada de ENRIQUECIMENTO DAS TAREFAS (ou ENRIQUECIMENTO DO CARGO). A ideia consiste em substituir tarefas simples do cargo por tarefas mais complexas. 

ENRIQUECIMENTO DAS TAREFAS acarreta uma série de efeitos positivos: aumenta da MOTIVAÇÃO e a produtividade, reduz as faltas e os atrasos e também diminui a rotatividade.

Mas, podem ocorrer outras situações como a maior ansiedade com as novas atividades, o resultado negativo quando um trabalhador não tiver êxito nas primeiras experiências, maior divergência entre expectativas pessoais e o resultado das novas tarefas junto com a sensação de estar sendo explorado quando a remuneração não acompanha o processo do ENRIQUECIMENTO DAS TAREFAS.

Os indivíduos e ESTILOS MOTIVACIONAIS

Os ESTILOS MOTIVACIONAIS facilitam o desenvolvimento de estratégias motivacionais bem sucedidas para tratar com diferentes tipos de trabalhadores:

Pessoas que procuram MOTIVAÇÃO: são trabalhadores direcionados para a realização, responsabilidade, crescimento, promoção do próprio trabalho. A tarefa tem grande importância e os fatores do ambiente não são dificuldades.

Pessoas que procuram MANUTENÇÃO: para elas o ambiente tem grande importância e é a sua referência: pagamentos, vantagens, condição de trabalho, segurança, política da empresa e os companheiros de trabalho. 

Críticas a HERZBERG

A maior crítica se refere à subjetividade: condições idênticas do ambiente de trabalho podem ser boas para um trabalhador e insatisfatórias para outro.

Livros  

The Motivation to Work   (1959). Relançado por Publisher Routledge em 2017.

Work and the Nature of man. World Pub. Co ( 1966) – um dos 10 livros mais importantes sobre gestão. 

The managerial choice: To be efficient and to be human Publisher Dow Jones-Irwin (1976).

Herzberg on Motivation. Publisher Penton Media Inc (1991).

Artigos

One More Time: How Do You Motivate Employees? – vendeu 1,2 milhões de exemplares até 1987. Foi o artigo mais solicitado da Harvard Business Review.

People: Managing Your Most Important Asset. (Harvard Business Review 1988).

Frederick Herzberg: the hygiene-motivation theory.: An article from: Thinkers.

Behavioral Science Research in Industrial Relations.

Influencing and Motivating Others. (Harvard Business Review).

Job Enrichment Pays Off. (Harvard Business Review).

Constatações de HERZBERG em relação aos FATORES HIGIÊNICOS e FATORES MOTIVACIONAIS:

– As pessoas ficam insatisfeitas por um ambiente ruim, mas elas raramente ficam satisfeitas por um bom ambiente.

– A prevenção da insatisfação é tão importante quanto o incentivo de satisfação.

–  Fatores de higiene operam independentemente dos fatores de motivação. Um indivíduo pode ser altamente motivado em seu trabalho e estar insatisfeito com seu ambiente de trabalho.

– Todos os fatores de higiene são igualmente importantes, embora a sua frequência de ocorrência difira consideravelmente.

– Melhorias dos fatores de higiene têm efeitos de curto prazo. Quaisquer melhorias resultam em uma remoção de curto prazo, ou prevenção, da insatisfação. 

REALIZAÇÃO: o término de um trabalho ou tarefa bem feito. O resultado do próprio trabalho.

RECONHECIMENTO PELA REALIZAÇÃO: reconhecimento público (ou não) pelo trabalho bem feito ou o resultado conquistado.

O TRABALHO EM SI: tarefas agradáveis que dão satisfação.

DESENVOLVIMENTO PESSOAL: possibilidade de STATUS e posição social

POSSIBILIDADE DE CRESCIMENTO: ascensão na hierarquia (cargos e responsabilidade).

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