5 – Modelos de Tomada de Decisão

INTRODUÇÃO:

Em qualquer ORGANIZAÇÃO a quantidade de DECISÕES que são tomadas todos os diaspode chagar à casa dosmilhares. E não é um acontecimento restrito aos altos níveis da hierarquia. É um processo bastante dinâmico que ocorre desde o nível dos GESTORES até aos postos operacionais.

As DECISÕES são corriqueiras desde as mais comuns, em PROBLEMAS de simples solução, até nas escolhas de alternativas que poderão alterar as operações da ORGANIZAÇÃO (continuidade, enxugamento, encerramento das atividades, demissões, admissões, expansão no mercado, aquisições de outras empresas etc.).

Ainda que a TECNOLOGIA, empregada nos processos produtivos e no trabalho administrativo tenha evoluído consideravelmente, são as pessoas que tomam as DECISÕES. É um fator que tem forte influência pelo resultado da formação técnica-educacional, meio social, percepções, experiências etc. que as pessoas trazem consigo. Assim, o processo se torna ainda mais complexo se considerarmos também os aspectos humanos.

No âmbito organizacional, não há uma DECISÃO que possa ser considerada 100% perfeita, ou um cenário em que os TOMADORES tenham condições favoráveis para uma TOMADA DE DECISÃO absolutamente correta. O que existe é a procura por uma alternativa que seja a mais viável.  O tema, abordado por vários teóricos da ADMINISTRAÇÃO, traz MODELOS para servir como referência aos GESTORES e que são aplicáveis segundo as características de cada ORGANIZAÇÃO.  

7 – MODELO DE TOMADA DE DECISÃO INCREMENTALISTA

Um dos primeiros teóricos e defensor do INCREMENTALISMO  para a TOMADA DE DECISÕES foi o cientista político  CHARLES LINDBLOM.

Ele desenvolveu seus estudos sobre racionalidade durante a década de 50 como um equilíbrio entre o MODELO RACIONAL e a RACIONALIDADE LIMITADA. O INCREMENTALISMO é uma forma de trabalho que soma, a um projeto, várias mudanças incrementais pequenas em vez de efetuar grandes avanços. 

LINDBLOM afirmou que a escolha dos objetivos é sujeita a todo tipo de interferência, pois cada participante terá a sua percepção do PROBLEMA e de sua solução. Então, nestas circunstâncias, os TOMADORES DE DECISÃO devido a sua baixa CAPACIDADE COGNITIVA (*) em relação à situação, preferem reduzir suas alternativas (uma “política de pequenos passos” sem as mudanças drásticas do modelo racional) para poder efetuar comparações rápidas, fáceis e mais simples.  

LINDBLOM mostrou as seguintes características do MODELO DE TOMADA DE DECISÃO INCREMENTALISTA (ou MODELO INCREMENTAL DE TOMADA DE DECISÃO): descentralização, democratização, DECISÕES pequenas e constantes, capacidade de aprimoramento e adaptação e um contínuo FAZER E REFAZER. O modelo, simples e flexível, divide a TOMADA DE DECISÃO em pequenas etapas.

A – O TOMADOR DE DECISÃO foca somente em alternativas que diferem das alternativas existentes sem realizar uma pesquisa e avaliação profunda de todas as alternativas.

B – A partir daí, a atenção se volta para um pequeno número de alternativas (os TOMADORES DE DECISÃO não são totalmente racionais e consideram apenas um número limitado de alternativas em cada etapa).  

C – Para cada uma das alternativas, somente um número restrito de consequências é avaliado (um pequeno número de alternativas e consequências é considerado em cada estágio do processo de TOMADA DE DECISÃO). 

D – O PROBLEMA em questão é reiteradamente avaliado e redefinido pelo TOMADOR DE DECISÃO e possibilita várias correções e mudanças para que a GESTÃO do PROBLEMA se torne mais fácil. A diferença entre soluções propostas em cada estágio é pequena e, em geral, é mais fácil chegar a um consenso sem desavenças entre diferentes partes interessadas.

E – Não há uma solução certa ou errada. Há uma série de pequenas decisões que vão sendo tomadas em resposta às análises efetuadas.

Os GESTORES elegem ações de forma INCREMENTAL (que divide o processo da TOMADA DE DECISÃO em etapas menores) e corrigem ou evitam erros por mudanças sucessivas. E estas mudanças podem levar a uma ação totalmente nova.

Os objetivos da ORGANIZAÇÃO, bom como a maneira de alcançá-los podem mudar para que todas as correções possam ser realizadas.

Os TOMADORES DE DECISÕES, limitados pela falta de INFORMAÇÕES, agem com lentidão para minimizar erros e, na maioria das vezes, fazem pequenas alterações não planejadas que vão sendo postas em prática aos poucos.  

CAPACIDADE COGNITIVA (*): é a função que o cérebro usa para pensar, ler, aprender, lembrar, raciocinar e prestar atenção. A CAPACIDADE COGNITIVA absorve as informações recebidas e as move para o banco de conhecimento que as pessoas usam diariamente na escola, no trabalho e na vida.

O MODELO INCREMENTAL DE TOMADA DE DECISÃO também apresenta as suas desvantagens: limita o número de alternativas e consequências consideradas, permite a perda da melhor solução possível, a mudança em cada estágio é pequena e, geralmente, os TOMADORES DE DECISÃO procuram um resultado satisfatório mais do que atingir situações ideais e aceitam a possibilidade de revisão contínua das ações tomadas.

8 – MODELO BUROCRÁTICO DE TOMADA DE DECISÃO

Tomando por base a obra de MAX WEBER, os teóricos da ADMINISTRAÇÃO desenvolveram o modelo burocrático do PROCESSO DECISÓRIO no final da década de 70.

O MODELO BUROCRÁTICO DE TOMADA DE DECISÃO segue uma prática de administração rigorosamente burocrática, como precisão, clareza, constância, rapidez, redução de custos apresenta como sua base a dimensão racional.

Em qualquer ORGANIZAÇÂO é muito comum perceber aspectos burocratizados. A BUROCRACIA se fez presente em todos os modelos de instituições sociais que são administradas de acordo com regras impessoais e rigorosamente racionais em função da busca pela máxima eficiência e produtividade.

Desta forma, um processo administrativo nos moldes burocrático estabelece uma estrutura de autoridade e objetivos organizacionais claramente definidos. Ele têm a tendência de conduzir as DECISÕES de forma automatizada e otimizada, ou seja, do modo mais focado na racionalidade da prática administrativa seguindo regras, normas e regulamentos.

“As organizações, que são planejadas e operadas como se fossem máquinas, são geralmente chamadas de organizações burocráticas. Contudo, a maioria das organizações é, até certo ponto, burocratizada, pois o modo de pensar mecanicista afetou nossas concepções mais básicas do que seja uma organização”. MORGAN, GARETH. Imagens da organização. Atlas, São Paulo, 1996 (pág. 37).

“Max Weber… notou que a forma burocrática rotiniza o processo de administração exatamente como a máquina rotiniza a produção. Em seu trabalho, encontramos a primeira definição abrangente de burocracia, como uma forma de organização que enfatiza precisão, velocidade, clareza, regularidade, confiabilidade e eficiência, alcançadas através da criação de uma divisão fixa de tarefas, supervisão hierárquica e regras e regulamentações detalhadas”. MORGAN, GARETH. Imagens da organização. Atlas, São Paulo, 1996 (pág. 40).

O MODELO BUROCRÁTICO segue uma prática de processos racionais de TOMADA DE DECISÃO que não permitem espaço para ações de caráter criativo ou intuitivo. Os PROBLEMAS são identificados e resolvidos de acordo com o que está recomendado nos manuais, circulares, normas, regulamentos e recursos com os quais o TOMADOR DE DECISÃO poderá contar. 

9 – MODELO DESESTRUTURADO DE TOMADA DE DECISÃO

O modelo foi proposto por HENRY MINTZBERG e se caracteriza pela TOMADA DE DECISÕES estratégicas desestruturadas, provenientes de PROBLEMAS desconhecidos, de difícil resolução ou em uma situação de extrema incerteza. O PROCESSO DECISÓRIO se torna uma tarefa complexa, se desenvolve de forma não previsível. Então o PROCESSO sofre várias alterações quando os GESTORES se encontram diante de dificuldades na TOMADA DE DECISÃO e buscam uma alternativa mais compatível, que seja mais adequada ao contexto.

Nesta situação, comum em diversas oportunidades, as ORGANIZAÇÕES procedem a uma reavaliação das alternativas, voltam atrás até que haja a possibilidade de uma decisão definitiva. Em função das constantes mudanças, o modelo é caracterizado como DESESTRUTURADO.

10 – MODELO COMPORTAMENTALISTA DE TOMADA DE DECISÃO

O modo COMPORTAMENTALISTA (ou MODELO COMPORTAMENTAL) é caracterizado pela forma que o TOMADOR DE DECISÕES, muitas vezes, terá que tomar DECISÔES considerando a sua percepção, suas experiências e a limitação das INFORMAÇÕES e das alternativas.

A TOMADA DE DECISÃO deverá ser a mais adequada possível, tomando por base o comportamento dos indivíduos dentro da ORGANIZAÇÃO. Isto significa que, o TOMADOR DE DECISÕES deverá ter o cuidado em prever o impacto de suas decisões sobre os indivíduos para evitar conflitos.

Algumas das características do MODELO DE TOMADA DE DECISÃO DE RACIONALIDADE LIMITADA ou MODELO DE CARNIGIE também se encontram no MODELO COMPORTAMENTALISTA. O TOMADOR DE DECISÕES

… tem INFORMAÇÕES imperfeitas (incompletas e possivelmente imprecisas).

… não tem um conjunto completo de alternativas ou não entende plenamente aquelas que têm à disposição

… tem uma racionalidade definida e se restringe a valores, experiência, hábitos etc.

…escolherá a primeira alternativa minimamente aceitável.

Nesse modelo o indivíduo é visto como homem administrativo, sendo que cada pessoa deve decidir, em todas as áreas da organização e essa decisão irá gerar ações ou COMPORTAMENTOS diferenciados.

Sugestão de Leitura

JONES, DAWNA. Tomada de decisão para leigos. Editora‎ Alta Books. Edição 1ª. São Paulo, 2015.

CHIAVENATO, IDALBERTO. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. Editora Elsevier. Edição 2ª. Rio de Janeiro, 2010.  

MOTTA, PAULO ROBERTO. Transformação organizacional: a teoria e a prática de inovar. Editora Qualitymark. Rio de Janeiro, 1997.

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