4 – Modelos de Tomada de Decisão    

INTRODUÇÃO:

Tomar decisões com eficiência e qualidade é uma tarefa árdua. E mesmo que seja um consenso que, nem sempre (ou quase nunca) haverá um cenário perfeito ou condições favoráveis para a TOMADA DE DECISÃO, os MODELOS que foram desenvolvidos pelos estudiosos da ADMINISTRAÇÃO procuram servir como referência aos GESTORES e são aplicáveis segundo as características de cada ORGANIZAÇÃO.   

A aplicação dos MODELOS DE TOMADA DE DECISÃO e a confiabilidade das INFORMAÇÕES disponíveis dão aos GESTORES, das diversas áreas, a compreensão da ESTRUTURA ORGANIZACIONAL e maior segurança para a resolução de diversos PROBLEMAS

A organização é um sistema de decisões em que cada pessoa participa consciente e racionalmente, escolhendo e decidindo entre alternativas mais ou menos racionais que são apresentadas de acordo com sua personalidade, motivações e atitudes. Os processos de percepção das situações e o raciocínio são básicos para a explicação do comportamento humano nas organizações: o que uma pessoa aprecia e deseja influencia o que se vê e interpreta, assim como o que vê e interpreta influencia o que aprecia e deseja. Em outros termos, a pessoa decide em função de sua percepção das situações. Em resumo, as pessoas são processadores de informação, criadoras de opinião e tomadoras de decisão. CHIAVENATO, IDALBERTO. Introdução à Teoria Geral da Administração. Editora Campus. Edição 7ª. Rio de Janeiro (2003 pág.348).

4 – MODELO ANÁRQUICO DE TOMADA DE DECISÃO

Este também é conhecido por MODELO DE DECISÃO POR OMISSÃO, MODELO ANARQUIA ORGANIZADA e MODELO DE DECISÃO LATA DE LIXO. Sua principal caraterística é a AMBIGUIDADE (aquilo que pode ter mais de um sentido ou significado. Sugere diversos significados para uma mesma situação = qualidade do que é ambíguo) tanto dos objetivos quanto dos procedimentos.

Os PROCESSOS para atingir os objetivos são obscuros, ou seja, pouco inteligíveis e de difícil compreensão. Desta maneira, não existe clareza com relação aos PROBLEMAS e às DECISÕES.

Os PROCESSOS para atingir os objetivos são obscuros, ou seja, pouco inteligíveis e de difícil compreensão. Desta maneira, não existe clareza com relação aos PROBLEMAS e às DECISÕES.

No MODELO ANÁRQUICO as ORGANIZAÇÕES não têm coerência em relação às situações vivenciadas. Os PROBLEMAS e as soluções são jogados pelos TOMADORES DE DECISÃO – as DECISÕES são um resultado do encontro de correntes independentes de PROBLEMAS, soluções, participantes e situações de escolha de alternativas. É um modelo guiado pelo acaso e pela sorte e sem seguir nenhum tipo de estrutura e nenhum tipo de sequência.

 “…o modelo anárquico de decisão pode ser comparado a uma lata de lixo, onde vários tipos de problemas e soluções são atirados pelos indivíduos, à medida que são gerados. A decisão ocorre quando problemas e soluções coincidem”. CHOO (2003, pág. 295)

Ainda, de acordo com CHOO (2003, pág. 297), as DECISÕES no modelo ANÁRQUICO são tomadas de três maneiras:  

A – Resolução: a DECISÃO que ocorre depois de se pensar sobre o problema, por determinado tempo.

B – Inadvertência: uma escolha é adotada rapidamente e incidentalmente, para outras escolhas serem feitas.

C – Fuga: ocorre quando não há nenhuma resolução para o PROBLEMA.

As soluções escolhidas são mal definidas, não são analisadas criteriosamente e são incoerentes. Para completar, não há a sistematização como acontece no MODELO RACIONAL e no MODELO PROCESSUAL. A ORGANIZAÇÃO trata as situações de forma obscura e, assim, como os PROCESSOS e PROCEDIMENTOS não são muito bem definidos ou esclarecidos, o resultado é a falta de entendimento e de segurança entre os colaboradores de todos os níveis.

Segundo MINTZBERG, nas estruturas onde existem muitas cargos, com um alto nível de complexidade, a tendência é prevalecer o processo decisório do tipo LATA DE LIXO. MINTZBERG, H.; LAMPEL, J.; QUINN, J. B.; GHOSHAL, S. O processo da estratégia: conceitos, contextos e casos selecionados. Editora Bookman. Porto Alegre, 2006.

5 – MODELO POLÍTICO DE TOMADA DE DECISÃO

Neste modelo, os TOMADORES DE DECISÕES têm por expediente o jogo político como ferramenta de apoio à escolha de alternativas das DECISÕES. Eles atuam ocupando posições diferentes, em diversos níveis de influência e uma DECISÃO não é fruto de escolhas racionais. Cada DECISÃO é o resultado da posição na hierarquia, poder, pressões e influências dos participantes. Portanto, o fator que comanda todo o processo é por interesses atrelados ao estágio de poder POLÍTICO que cada TOMADOR detém. A escolha de alguma alternativa na solução de algum PROBLEMA acontece em um emaranhado de relacionamentos criados dentro da ORGANIZAÇÃO.

No MODELO POLÍTICO, a ORGANIZAÇÃO pode ser vista como um aglomerado de atores (um teatro) que podem ser representados por apenas um indivíduo, por vários indivíduos ou grupos.

São participantes com interesses e objetivos particulares que disputam, comandam e controlam a autoridade, posições, prestígio, recursos, ideias e as fontes de DADOS e de INFORMAÇÕES.

palco de lutas internas por poder, espaço e influência (às vezes dissimulada ou até mesmo de maneira explícita). Em geral, os OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS são colocados em segundo plano pelo bem de objetivos puramente pessoais (não há um equilíbrio). O MODELO POLÍTICO normalmente é observado em empresas públicas que são ORGANIZAÇÕES movidas por ambientes com intensa influência política sobre o desenvolvimento de estratégias e sobre o desempenho.

Cuidado: o MODELO POLÍTICO não é uma “REGALIA” apenas de empresas públicas. Na iniciativa privada este modelo também é encontrado com frequência.

A escolha das alternativas para solucionar PROBLEMAS, a TOMADA DE DECISÃO e as ações subsequentes se devem aos conchavos, troca de favores ou apoio, às preferências, negociações e barganhas acertadas entre os participantes.

A “SOLUÇÃO ADEQUADA” foi possível e acordada, pois, os envolvidos estão em cargos ou posições que são detentoras de DADOS e INFORMÇÕES importantes ou algum tipo de poder. A capacidade e a habilidade dos TOMADORES DE DECISÕES tem relação com o seu poder ou nível hierárquico.

Mas, a TOMADA DE DECISÃO neste modelo é flexível e maleável: o “JOGO” entre os participantes pode mostrar, de repente, outros aspectos muito mais “INTERESSANTES”.

Então, nesse processo decisório as soluções não podem ser avaliadas por padrões racionais – os objetivos pessoais dos envolvidos superam qualquer tipo de racionalidade ou interesse organizacional.

“A maioria das organizações modernas na verdade encoraja a política organizacional porque são estruturadas como sistemas de competição e colaboração simultâneas. As pessoas precisam colaborar na consecução de uma tarefa comum, mas muitas vezes são jogadas umas contra as outras em competição por recursos limitados, status e progresso na carreira… O sistema garante mais ou menos os tipos de luta competitiva sobre a qual a política organizacional se desenvolve”. MORGAN, GARETH. Imagens da organização. Atlas, São Paulo, 1996 (pág. 191).

Os detentores de poder são capazes de dotar suas ações e propósitos de legitimidade aos olhos dos outros indivíduos e, dessa forma, suas ações e decisões são percebidas como legítimas e, portanto, não questionadas. HARDY, CYTHIA. The nature of unobtrusive power. Journal of Management Studies, [s.l.], vol. 22, n.o 4, pp. 384-99, 1985. Fonte: MODELOS DE TOMADA DE DECISÕES: Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas, Departamento de Administração Empresarial (Udesc/Esag/DAE). Profs.: JOSÉ FRANCISCO SALM, MARCUS TOMASI e NÉRIO AMBONI. https://periodicos.ufba.br modelos de tomada de decisões: o caso UDESC. Acesso em 01/08/2022.

6 – MODELO DE TOMADA DE DECISÃO DE RACIONALIDADE LIMITADA

Esta modalidade também é conhecida por MODELO DE CARNIGIE ou MODELO SATISFATÓRIO. Ele tem por característica a situação na qual o TOMADOR DE DECISÕES não tem a preocupação em encontrar a melhor DECISÃO possível. Ele somente busca por uma DECISÃO que seja suficientemente boa para um dado PROBLEMA a ser resolvido.

Há situações nas quais o TOMADOR faz uso da RACIONALIDADE LIMITADA. Isto acontece quando ele tem poucos recursos, poucos DADOS, INFORMAÇÕES e o tempo reduzido para análises mais detalhadas como em um modelo de TOMADA DE DECISÃO RACIONAL.

Então, também é preciso ser ousado e inovador. Nestas ocasiões é mais inteligente tomar uma DECISÃO suficientemente adequada, em tempo hábil, do que uma DECISÃO perfeita com atraso. O TOMADOR pode utilizar um BYPASS que economize tempo, recursos e sem ficar mentalmente desgastado.

Sugestão de Leitura

MORGAN, GARETH. Imagens da organização. Editora Atlas. Edição 1ª. São Paulo, 1996.

MINTZBERG, H.; LAMPEL, J.; QUINN, J. B.; GHOSHAL, S. O processo da estratégia: conceitos, contextos e casos selecionados. Editora Bookman. Edição 4ª. Porto Alegre, 2006.

BARKER, RAYMOND CHARLES. A Arte de Tomar Decisões.  Editora Princípios. Edição 1ª. Curitiba, 2013.

CHIAVENATO, IDALBERTO. Introdução à Teoria Geral da Administração. Editora Campus. Edição 7ª. Rio de Janeiro, 2003.

CHOO, CHUN WEI. A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. Editora SENAC. São Paulo, 2003.

MARTINS, EDUARDO. TOMADA DE DECISÃO: A Fórmula para Tomar Melhores Decisões de Forma Rápida e Inteligente nos Negócios e Na Vida. Formato: eBook Kindle

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