INTRODUÇÃO:
Desde o início do Século XX, as inovações tecnológicas e o bem estar proporcionado por elas, provocaram mudanças significativas na sociedade americana. Na década de 1920, tudo era permitido, fácil e sem limites. O poder, os resultados das empresas, o sucesso material, a tecnologia e as possibilidades existentes exerciam uma espécie de encantamento, tendo o mesmo significado de “CIVILIZAÇÃO”.
No entanto este modo exaltado e, apresentado como o melhor exemplo do fruto benéfico da era industrial-urbana, estava com os dias contados. Deixando de lado o desastre de WALL STREET, alguns cientistas sociais já vinham desenvolvendo ideias diferentes que, em contraposição ao cenário vigente, tinham a preocupação com o ser humano.
Por exemplo, na ADMINISTRAÇÃO, os métodos de trabalho das fábricas, mecanicistas e desumanos desenvolvidos por engenheiros, aos poucos foram sendo cada vez mais questionados por outras visões que se direcionavam ao estudo das PESSOAS e valorizavam aspectos mais ligados à SOCIOLOGIA e PSICOLOGIA.
GEORGE ELTON MAYO (1880-1949)
Foi um cientista social australiano pesquisador industrial e teórico organizacional. Em 1901 estudou medicina sem concluir os estudos, em 1903 esteve na África Ocidental e em 1905 retornou para a Austrália onde se tornou Bacharel em ARTES, com especialização em FILOSOFIA e PSICOLOGIA pela UNIVERSIDADE DE QUEENSLAND (onde lecionou psicologia e filosofia de 1911 a 1922).
MAYO estudou as sociedades dos aborígenes australianos e este trabalho teve grande importância no desenvolvimento de sua sensibilidade com relação às diversas dimensões da natureza humana. Durante a I GUERRA MUNDIAL participou do comitê da UNIVERSIDADE ao conduzir testes psicopatológicos no tratamento e estudo da natureza dos colapsos nervosos dos soldados que retornavam do front em estado de choque.
Ainda na Austrália MAYO realizou conferências para a Associação de Educação de Trabalhadores e em 1919 lançou seu primeiro livro DEMOCRACY AND FREEDOM (DEMOCRACIA E LIBERDADE) abordando a questão de GRUPOS e a sua função nas organizações e na sociedade.
As pesquisas, os trabalhos na Austrália e as experiências vividas por ELTON MAYO formariam as bases do seu trabalho. Toda esta multiplicidade contribuiu para que ele tivesse uma grande reputação e reconhecimento concedidos a poucos cientistas sociais de sua época. Em 1923 foi para os EUA, trabalhou na UNIVERSIDADE DE PENSILVÂNIA e, posteriormente, atuou como professor de pesquisa industrial na HARVARD BUSINESS SCHOOL entre 1926 e 1947.
AS CONTRIBUIÇÕES DE MAYO
Nos EUA o trabalho de MAYO ajudou a estabelecer o MOVIMENTO DAS RELAÇÕES HUMANAS com contribuições importantes para a gestão de negócios, sociologia industrial, psicologia industrial, filosofia e psicologia social. Suas pesquisas na indústria tiveram impactos significativos no estudo científico do COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL voltado para problemas humanos, sociais e políticos da civilização industrial.
Esta abordagem, de viés humanista, contrariou os fundamentos consagrados por FREDERICK TAYLOR (1910) e HENRY FORD (1914) na mecanização exigida dos trabalhadores nas linhas de produção. Desta forma, para humanizar e democratizar a ADMINISTRAÇÃO, as ciências comportamentais (PSICOLOGIA e SOCIOLOGIA) auxiliaram na busca de soluções para os problemas enfrentados pelas empresas. A importância das TAREFAS e SUB TAREFAS e da ESTRUTURA ORGANIZACIONAL foi substituída pela importância das PESSOAS.
A TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS mudou a forma como o trabalhador era visto pelas empresas nas condições históricas da época. Mostrou também, a importância dos aspectos emocionais e das RELAÇÕES HUMANAS dentro das organizações. Além de necessidades financeiras o ser humano tem necessidades psicológicas e sociais. ELTON MAYO se notabilizou por conduzir uma experiência em HAWTHORNE, uma das unidades da empresa WESTERN ELETRIC COMPANY, instalada desde 1905 em um subúrbio de Chicago. Mas, esta experiência teve antecedentes…
A CONTINENTAL MILLS
Entre 1923 e 1924, no período em que esteve na UNIVERSIDADE DE PENSILVÂNIA, MAYO atuou como consultor da CONTINENTAL MILLS, uma indústria têxtil da Filadélfia, fabricante de tecidos de lã finos.
No começo da década de 1920, a CONTINENTAL havia contratado um engenheiro que introduziu, sem sucesso, os métodos TAYLORISTAS. Porém, apesar da empresa conceder vários incentivos, ganhos de produtividade e um novo arranjo de trabalho, ela vinha experimentando uma alta taxa de rotatividade dos funcionários no departamento de fiação (alcançou 250% ao ano). A ineficiência dos métodos, dos estudos de engenharia e da ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA levou a CONTINENTAL a procurar por ajuda externa.
ELTON MAYO foi convidado para resolver o impasse. No início do trabalho entrevistou os operários e verificou os reflexos do ritmo imposto na fábrica:
● Dores nas pernas e nos pés (os operários ficavam 10 horas em pé).
● Depressão, pessimismo e o sentimento de falta de valorização.
● Os trabalhadores não participavam e não pertenciam a nenhum tipo de GRUPO (e isto os prejudicava).
● A origem dos problemas estava no trabalho repetitivo no departamento de fiação.
As recomendações de MAYO criaram períodos de descanso em uma sala com camas, durante a jornada de trabalho, permitindo que os trabalhadores definissem os horários. Assim, foi estabelecido um sistema alternativo de descanso para cada grupo, determinando o método e alternativa dos horários, de modo que cada um deles tivesse quatro períodos de repouso por dia.
Outros fatores possibilitaram esta mudança: a participação direta dos funcionários na direção de seu próprio trabalho, a transformação do ambiente monótono e a união de todos, num GRUPO coeso em parceria com a empresa (e não em oposição).
O GRUPO INFORMAL
MAYO solucionou os problemas da CONTINENTAL MILLS e encontrou o ESPÍRITO DE GRUPO (ou o GRUPO INFORMAL) que, posteriormente, formaria a base da TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS. As mudanças diminuíram a rotatividade de pessoal e aumentou a produtividade e a eliminação da fadiga.
O êxito deveu-se ao fato de as pausas terem permitido aos trabalhadores se transformarem, num grupo social ou um grupo solidário de trabalho. A atitude do empregado, em face de seu trabalho, e a natureza do grupo do qual ele participava foram fatores decisivos. Baseado nas conclusões do trabalho, MAYO começou a suspeitar que as mudanças que aconteceram nos níveis de produtividade se deviam mais à SOCIALIZAÇÃO dos trabalhadores, em seu período de descanso, do que propriamente ao descanso.
FRASES FAMOSAS DE ELTON MAYO
“Quando o indivíduo tem compromisso com sua essência, a vida não se torna um fardo pesado de carregar.”
“A primeira transformação necessária para que ocorra a felicidade é passar a acreditar na possibilidade de um mundo onde todos possam se realizar”.
“Ser amigo de si próprio é compreender seus erros e ser seu cúmplice para enfrentar os desafios”.
“A luta é indispensável para realizar as metas da alma, ou seja, lutar é saudável quando se constrói a felicidade”.
“O primeiro passo para promover uma mudança é libertar-se da imagem que você transmite aos outros”.
“A sociedade exige que sejamos bonzinhos, mas quem é bonzinho o tempo todo acaba enlouquecendo de verdade”.
“… a fábrica deveria ser vista como um sistema social, não apenas econômico ou industrial, para a melhor compreensão de seu funcionamento…”
Sugestão de Leitura
HAMPTON, D. R. Administração contemporânea. Edição 3ª. Makron Books do Brasil. São Paulo, 1992.
“Quer como antropólogos estudando uma raça primitiva quer como industriais estudando alguma parte do esquema moderno, caótico e complexo de produção, encontramos sempre grupos de indivíduos, tanto nas selvas naturais como nas cidades modernas, que encontram sua felicidade e segurança pessoal desde que exista a subordinação do indivíduo a um objetivo comum. O homem solitário que trabalha só é sempre uma pessoa muito infeliz.” (HAMPTON, 1992, p.18).