1 – As Particularidades do Poder

Os estudiosos, que se dedicam a abordagem das formas organizacionais, têm um extenso campo de análises que envolve a BASE DO PODER, o EXERCÍCIO DO PODER, as RELAÇÕES DE PODER, as DIMENSÕES DO PODER, CONFLITOS DE PODER, NEGOCIAÇÃO e a RESOLUÇÃO DE CONFLITOS.

De acordo com os estudos das áreas de conhecimento relacionadas à GESTÃO, os CONFLITOS não surgem sem motivo. Eles se formam em um ambiente favorável ao seu aparecimento, os desacordos levam a uma luta pelo PODER (em geral os CONFLITOS envolvem o EXERCÍCIO DO PODER). E, na maioria das vezes, podem ser inesperados e causar grandes desgastes.

O EXERCÍCIO DO PODER implica na competência de TOMAR DECISÕES e conduzir os participantes em uma direção comum. Está explícito em todas as áreas e níveis hierárquicos da empresa moderando disputas de interesses e CONFLITOS nos diferentes fatores da ORGANIZAÇÃO (Relacionamentos Interpessoais, Projetos, Objetivos, Alinhamento, Comunicação Interna, Liderança etc.).

As RELAÇÕES DE PODER inadequadas se constituem nas maiores causas de desequilíbrios nas ORGANIZAÇÕES. Infelizmente, os profissionais detentores do PODER estão mais ansiosos por uma competição em que mostra quem detém mais influência ou PODER sobre o outro gerando os CONFLITOS DE PODER.

Em geral, as RELAÇÕES DE PODER entre um GESTOR e seus colaboradores são insalubres. Como resultado, elas possibilitam o BULLYING, pouca colaboração, várias formas de ASSÉDIO (se verifica em relações desproporcionais de PODER,  sem equidade e por falta de meios de denúncia), DESMOTIVAÇÃO, BURNOUT e até mesmo o incentivo a ZONA DE CONFORTO.

Se a ORGANIZAÇÃO tem CULTURA ORGANIZACIONAL bem constituída e mentalidade moderna, os CONFLITOS serão aproveitados como eventos benéficos que permitem análises em busca de mudanças, evolução e competitividade. E, sobretudo,  uma ponderação no que se refere a maneira de atuação do AMBIENTE LABORAL e das RELAÇÕES INTERPESSOAIS.

Em paralelo, o PODER deixaria de ser um foco de problemas. Ele se tornaria um método dinâmico utilizado com sabedoria e não como um modelo de exibicionismo. Isto significa fazer o PODER como a fonte de inspiração e renovação para o sucesso. Utilizado com sabedoria, o PODER MOTIVA e ENGAJA funcionários para o desenvolvimento profissional, pessoal e desempenho da EQUIPE.

Estudos recentes procuram entender as características a respeito do PODER nas ORGANIZAÇÕES. Apesar disso, não existe conformidade em relação  as condições do uso do PODER que originam CONFLITOS (é a disputa entre interesses concorrentes) e nem mesmo quanto as repercussões  na ORGANIZAÇÃO.

Apesar de ainda ser considera controversa, a ideia mais conhecida do PODER foi criada por STEVEN LUKES no seu livro POWER: A RADICAL VIEW (publicação de 1974 e atualização em 2005). A obra analisou as formas de poder partindo de  uma  complexa visão  tridimensional (as TRÊS DIMENSÕES DO PODER ou as três faces do PODER) causando debates e uma série de estudos.

3 – A CAPACIDADE DE ANULAR o CONFLITO ao impedir que indivíduos ou grupos tenham consciência de seus reais interesses.É o mais encoberto e inacessível, capaz de influenciar desejos e pensamentos dos indivíduos moldando desejos para evitar CONFLITOS.

Uma análise comparativamostra os modelos de PODER presentes nas diferentes estruturas organizacionais, na maneira como as pessoas constroem relacionamentos, nos PERFIS COMPORTAMENTAIS e como as pessoas se comportam no ambiente de trabalho.

Todo este cenário é propício para o aparecimento de CONFLITOS, um evento que vai além de diferenças, choques de interesses ou da discórdia sobre alguma questão. As formas de PODER e sua distribuição no AMBIENTE CORPORATIVO criam CONFLITOS e disputas. O PODER não é um “BEM” coletivo ou algo concedido a qualquer indivíduo. É preciso estabelecer critérios, limites tendo o  cuidado com as tensões e rivalidades.

Segundo MAX WEBER, “PODER significa toda probabilidade de impor uma vontade em uma relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade”. Ou melhor, é a probabilidade de que uma ordem com um determinado conteúdo específico seja seguida por um dado grupo de pessoas”. (1991, p.33). WEBER, MAX. Economia e sociedade, Volume 1. Editora Universidade de Brasília.

Ainda segundo WEBER, a DOMINAÇÃO e o PODER são diferentes. “DOMINAÇÃO é a probabilidade de encontrar OBEDIÊNCIA para ordens específicas (ou todas) dentro de determinado grupo de pessoas”. A DOMINAÇÃO é a aceitação e a subordinação dos indivíduos ao PODER exercido por alguém.

Mas, para que o PODER exercido seja legítimo e dê ao dono do PODER algum tipo de AUTORIDADE, é preciso que a DOMINAÇÃO esteja incluída em um dos tipos de DOMINAÇÃO LEGÍTIMA. A DOMINAÇÃO, existente em diversas relações sociais, é a aceitação do PODER e se estabelece de três formas legítimas: DOMINAÇÃO LEGAL, DOMINAÇÃO TRADICIONAL e DOMINAÇÃO CARISMÁTICA. De acordo com estas ideias, é possível ter um paralelo com o que acontece em uma ORGANIZAÇÃO:

Dominação legal: “é a forma mais oficial de legitimidade da DOMINAÇÃO, pois ela  estabelece-se por meio de uma convenção social estabelecida entre os indivíduos de uma mesma sociedade”.  É o poder de mando e dever de obediência, direito concedido para tomar DECISÕES e direcionar as ações de outros. Esta AUTORIDADE é que estabelece a legitimação do PODER pela concordância ajustada e duradoura por parte de todos os componentes do grupo.

A sua origem está na HIERARQUIA, naposição formalizada com a AUTORIDADE investida no cargo ocupado pelo indivíduo. A AUTORIDADE é exercida apenas enquanto ele estiver ocupando o cargo e a autenticidade é conforme NORMAS e PROCEDIMENTOS da CULTURA ORGANIZACIONAL.

Dominação tradicional: é muito similar à DOMINAÇÃO LEGAL. O profissional  tem direito garantido pelo seu cargo, competências e PODER.

Autoridade carismática: tem por base as qualidades pessoais e excepcionais do indivíduo (o LÍDER). “Baseada na veneração extra cotidiana da santidade, do poder heróico ou do caráter exemplar de uma pessoa e das ordens por ela reveladas ou criadas” (1991. Pg. 141), a qual se obedece em função do carisma (imagem de notável sabedoria, invencibilidade ou santidade). Em seus processos seletivos, muitas ORGANIZAÇÕES dão preferência aos candidatos que apresentem traços de LIDERANÇA.

CARVALHO, CRISTINA AMÉLIA, O Poder Nas Organizações: Coleção Debates Em Administração. Editora ‏ CENGAGE LEARNING. Edição 1ª. São Paulo, 2007.

RICHARD, H. HALL. Organizações: Estruturas, Processos e Resultados. Editora ‏Pearson Universidades. Edição 8ª. Rio de Janeiro, 2004.

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