INTRODUÇÃO:
Sem dúvida, a primeira década do Século XXI trouxe um panorama diferente para a ADMINISTRAÇÃO. O rápido desenvolvimento tecnológico e as inúmeras possibilidades decorrentes do acesso à internet trouxeram uma série de novas circunstâncias.
Em especial, a FLEXIBILIZAÇÃO das relações de trabalho (o trabalho remoto ou trabalho a distância e suas alternativas) criou vários conceitos que se desenvolveram e se tornaram termos correlatos. Diversas empresas estão contando com profissionais que nem se deslocam mais para os locais onde exerciam suas atividades.
CUIDADO: todo este processo de mudança rotulado como NOVO NORMAL e com outras denominações, não foi uma necessidade imposta e nem o resultado da QUARENTENA provocada pela PANDEMIA do NOVO CORONAVÍRUS. O desenvolvimento tecnológico fatalmente levaria a esta situação.
O DESPERDÍCIO
Até por volta de 2018, o DESIGN DE INTERIORES desenvolveu diversos projetos de escritórios para planejar uma disposição mais adequada, maior organização, ambiente produtivo, praticidade e aproveitamento do espaço disponível: mesas, cadeiras, WORK STATIONS, mesas de centro, mesas laterais prateleiras, nichos, elementos de decoração, plantas, PUFFS, sofás, armários, gaveteiros etc.
Para aumentar o bem estar, outros projetos ainda mais ousados incluíram salas de jogos, salas de descanso, jardins, lanchonete e, em alguns casos, espaço para o funcionário poderem levar os filhos ou até mesmo os seus PETS.
Apesar dos altos investimentos em novos ambientes e melhores condições de trabalho, a maioria das empresas conseguiu tornar o escritório um local motivador e agradável.
QUESTÃO DE ECONOMIA
Mas, grandes e médias organizações perceberam as potencialidades do desenvolvimento tecnológico e começaram a vislumbrar a oportunidade para planejar a adoção de inúmeras atividades por TRABALHO REMOTO. O objetivo foi diminuir custos como aluguel de imóveis, infraestrutura, mobiliário, manutenção, serviços (copa, limpeza e segurança), luz, água, internet etc.
A ADAPTAÇÃO
Entretanto, apesar do atrativo da economia, antes de tudo foi necessário avaliar a adaptação dos sistemas e a adaptação dos funcionários em termos de produtividade e acompanhamento dos resultados.
A implantação do TRABALHO REMOTO é processo DISRUPTIVO e, portanto, rompe o curso habitual de um processo sem inovar o que já está estabelecido. É criar o que vai causar impacto com a proposta de um novo hábito.
Houve a necessidade de organizar contratos de trabalho, verificar as implicações legais e, principalmente, a escolha das atividades à distância, a adequação das ferramentas digitais e as mais variadas formas possíveis de comunicação: equipamentos adequados, conexão ágil, softwares, celulares, notebooks, e-mail, vídeo conferência, TWITTER, PODCAST, WHATSAPP, INSTAGRAM, FACEBOOK… sinais de fumaça… tambores….
O colaborador pode exercer as suas atividades fora do espaço da empresa e sem o compromisso do deslocamento (muitas vezes desgastante) até ao local de trabalho.
E o escritório moderno e bem planejado ficou abandonado com todo o seu projeto inovador…
Muitos acreditam que com o fim da PANDEMIA a situação voltará ao normal, como antes. Entretanto, para a maioria dos especialistas o processo é irreversível.
AS ATIVIDADES
Algumas organizações, na pressa de “APROVEITAR” a nova situação, não tiveram o devido cuidado em antever aspectos importantes relacionados às condições do TRABALHO REMOTO. Não planejaram corretamente para…
…identificar quais os processos, as condições e as atividades da empresa mais viáveis para serem feitos à distância.
…identificar quais os profissionais mais aptos e em situação adequada para atuar fora da empresa (engenheiros, analistas de sistemas, assistentes administrativos, técnicos, vendedores etc.).
…identificar quais os locais mais viáveis para atuar fora da empresa (casa, centro compartilhado ou no próprio cliente).
…selecionar os equipamentos e softwares.
…avaliar funcionários e demitir para enxugar o quadro. Eles foram substituídos por serviços de FREELANCERS à distância, prestadores de serviço independentes ou processos de OUTSOURCING (terceirização).
…prever contratos, controle de tarefas, exclusividade, jornadas de trabalho e formas de remuneração.
Sugestão de Leitura
COLNAGO, LORENA DE M. REZENDE; CHAVES, JOSÉ EDUARDO DE REZENDE; ESTRADA, MANUEL M. PINO. Teletrabalho. Editora LTr. Edição 1ª. São Paulo, 2017.
KUGELMASS, Joel. Teletrabalho: novas oportunidades para o trabalho flexível: seleção de funcionários, benefícios e desafios, novas tecnologias de comunicação. Editora Atlas. São Paulo, 1996.
RIFKIN, JEREMY. O fim dos empregos: o declínio dos níveis dos empregos e a redução da força global de trabalho. Editora Makron Books. Edição 1ª.São Paulo, 2004.
BOCK, LAZSLO. Um novo jeito de trabalhar. Editora Sextante. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2019.
ANTUNES, RICARDO. Adeus ao trabalho?: ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. Editora Cortez. Edição 16ª. São Paulo, 2018.