INTRODUÇÃO:
Os anos 50 ficaram caracterizados por ser um período de transformação, de significativos avanços científicos e tecnológicos com visíveis mudanças culturais, sociais e comportamentais. Foi uma fase de grande prosperidade econômica, posteriormente denominada como a década dos “ANOS DOURADOS”. As mudanças foram os resultados da II GUERRA MUNDIAL e dos esforços na recuperação do mundo.
1. – O CONTEXTO MUNDIAL
A época é uma passagem entre o tumultuado período das guerras mundiais do início do Século XX para um período de tensões criadas pela GUERRA FRIA (os conflitos entre os blocos capitalista e socialista). E estas tensões ganhavam em intensidade.
Os EUA se transformam num modelo da perfeição de prosperidade e qualidade de vida produzindo com fartura bens de consumo, moda, arte (música e cinema) e espalhando sua influência por todo o mundo (semelhante ao que já havia ocorrido na década de 1920).
Em contrapartida, a URSS e os países integrantes da CORTINA DE FERRO (o LESTE EUROPEU) significaram uma economia de cunho centralizada, rígida e voltada para o poder absoluto dos partidos comunistas. A rivalidade entre as potências mundiais gerou conflitos localizados como a GUERRA DA CORÉIA, GUERRA DO VIETNÃ e a REVOLUÇÃO CUBANA. A exploração do espaço teve início em 1957 com a liderança da URSS ao lançar o SPUTINIK I, o primeiro satélite artificial a ser colocado em órbita da Terra.
E todas estas modificações influenciaram o pensamento dos estudiosos da ADMINISTRAÇÃO com o surgimento de novas TEORIAS, mais condizentes com os novos cenários:
2. – O CONTEXTO BRASILEIRO – década de 50
Enquanto as novas teorias da ADMINISTRAÇÃO se desenvolviam nos EUA, o Brasil, sob o ritmo das transformações que estavam ocorrendo no mundo, começava uma fase de progresso considerada por muitos como um período brilhante. O clima era favorável. A democracia retornou após a ERA VARGAS, havia uma grande expectativa em relação a um futuro promissor, o crescimento das cidades se acelerava e a industrialização ganhava impulso.
Por volta de 1940, a população urbana no Brasil correspondia a 31% do total. A partir de 1950 a industrialização acentuou este processo de urbanização com a formação de um mercado que fomentou a uma grande onde de migração do Nordeste para o Sudeste (onde se localizava o maior número de indústrias).
Na segunda metade da década de 1950 os investimentos públicos e privados e o incentivo para a vinda do capital estrangeiro fazem com que a industrialização brasileira ganhe em intensidade. Ou seja, as políticas de investimentos e a grande expansão que ocorreu nos capitais americanos e europeus foram positivas para o desenvolvimento da economia brasileira.
Durante o ciclo do café os investimentos no setor industrial foram pequenos. A partir dos anos 30, quando o café perdeu o seu predomínio, a industrialização brasileira começa a se compor de forma mais acentuada, principalmente após a II GUERRA MUNDIAL. O crescimento progressivo teve como base o setor industrial dentro de política de substituição de importações, característica que predominou de 1945 até o governo JOÃO GOULART em 1964.
GETÚLIO VARGAS desenvolveu a infraestrutura com a indústria de base e geração de energia criando o Conselho Nacional do Petróleo, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco.
As indústrias criadas desde a I GUERRA MUNDIAL tinham um perfil muito restrito. Elas se dedicavam na montagem de produtos com partes e peças importadas das matrizes de empresas estrangeiras. A partir da II GUERRA MUNDIAL o crescimento declinou, pois, o país não conseguia importar os equipamentos e o maquinário que precisava. Portanto, ficou explícita a necessidade de se criar a sua Indústria de Bens de Capital.
Nas décadas de 1930 e 1940 o perfil industrial do Brasil era centrado na indústria de bens de consumo. A partir do final dos anos 40 outras atividades industriais começam a se desenvolver como no setor de minerais, metalurgia, siderurgia, ou seja, setores que exigiam maior tecnologia.
Em 1946 a CSN inicia a produção de aço em Volta Redonda para suprir outros ramos de indústria. Ainda em 1950 havia problemas para o desenvolvimento industrial como a falta de energia, pouca produção de petróleo e transportes e comunicações muito abaixo das necessidades.
O segundo governo de GETÚLIO VARGAS (1951 a 1954) procedeu na montagem da infraestrutura visando o desenvolvimento econômico e a integração da indústria pesada de bens de capital. A construção da Hidrelétrica de Paulo Afonso e a criação da Petrobrás foram fundamentais para dar continuidade ao progresso.
A Petrobras foi criada em 1953 pelo movimento “O PETRÓLEO É NOSSO” iniciado em 1946. As primeiras refinarias da empresa, de MATERIPE e de CUBATÃO, foram recebidas do Conselho Nacional de Petróleo. A produção teve início em 1954 suprindo apenas 1,7% do consumo.
Para barrar a expansão da influência da URSS no início da década de 1950, os americanos ainda direcionavam seus investimentos na reconstrução da Europa através do PLANO MARSHALL. A prioridade era para as áreas consideradas como estratégicas (Ásia com a reconstrução do Japão e a GUERRA DA CORÉIA para deter a expansão da CHINA COMUNISTA de MAO TSÉ TUNG). Somente na segunda metade da década, com a Europa já praticamente recuperada, os EUA se voltaram para a América Latina.
JUSCELINO KUBITSCHEK, eleito presidente da República em 1955, iniciou o PLANO DE METAS. O objetivo principal foi voltado para o desenvolvimento econômico de vários setores, visando acelerar o processo de industrialização brasileiro para gerar riquezas e diminuir a desigualdade social. O PLANO DE METAS privilegiou investimentos em transportes, energia, indústrias de base, bens de consumo (duráveis e não duráveis) e a substituição de importações.
Mas, o maior destaque foi para indústria automobilística. A maior parte da entrada de capital estrangeiro no Brasil foi entre 1957 e 1960 pelo investimento direto neste setor. JUSCELINO KUBITSCHEK superou obstáculos da oposição política e os protestos contra o capital estrangeiro, visto pelos nacionalistas como uma ameaça ao desenvolvimento brasileiro.
Mesmo com a forte oposição, é fato que o setor automobilístico foi essencial para o processo de desenvolvimento.
É uma atividade que recebeu maior parte de capitais e beneficiou diretamente as outras indústrias: autopeças, material plástico, vidros, material elétrico, borracha, produtos do setor metal mecânico, etc. O segundo setor a receber um grande volume de investimentos foi setor químico seguido do setor têxtil e metalurgia.
KUBITSCHEK mudou a capital federal para o centro geográfico do país. A construção de BRASÍLIA começou no final de 1956 e foi inaugurada em 1960 (projeto de OSCAR NIEMEYER e LÚCIO COSTA). A ideia não era nova. A Constituição Federal de 1891 já havia previsto a transferência e em 1894 uma comissão realizou o trabalho de demarcação da área do futuro Distrito Federal no Planalto Central.
Outro evento marcante para o país aconteceu logo no início dos anos 50. A inauguração da primeira emissora de televisão na América Latina, em setembro de 1950 (TV Tupi Canal 3 em São Paulo) pelo jornalista e empreendedor ASSIS CHATEAUBRIAND, proprietário dos DIÁRIOS ASSOCIADOS e EMISSORAS ASSOCIADAS.
O fato teve um lado de aventura, coragem e pioneirismo que seriam a marca daquele Brasil que estava se modificando e se transformando. A influência da televisão na cultura brasileira e no comportamento social foi inquestionável.
Aos poucos ela foi transformando e modificando valores e costumes, moldando uma população com acesso a um nível maior de informações, mesmo com as nítidas diferenças socioeconômicas. E em paralelo, aconteceu uma mudança nos hábitos de consumo com a publicidade de diversos produtos, que antes era realizada através do rádio. Agora, o público consumidor tinha acesso ao som e à imagem, fatores muito mais importantes ao se analisar este veículo de comunicação.
Sugestão de Leitura
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração – Uma Visão Abrangente da Moderna Administração das Organizações. Editora Atlas. Edição 10ª. São Paulo, 2020.
MAXIMIANO, ANTÔNIO C. Teoria geral da administração: da escola científica a competitividade em economia globalizada. Editora Atlas. Edição 1ª. São Paulo, 2010.