1 – Teoria Estruturalista – Conceitos

INTRODUÇÃO:

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL permitiu um grande desenvolvimento científico, principalmente na segunda metade do Século XIX e início do Século XX. Mas, todo esse progresso solicitou das empresas a adoção de modelos organizacionais mais aprimorados que os anteriormente utilizados. Diante dos problemas e situações novas, as ORGANIZAÇÕES tiveram que se estruturar adequadamente, definir objetivos, planejar atividades com critérios precisos, obter e organizar recursos, controlar com maior rigor, apurar e avaliar resultados e dirigir o material humano.

Estas circunstâncias fizeram que todos os modelos de ORGANIZAÇÕES buscassem, incessantemente, formas eficientes para poder competir e ter continuidade: grandes corporações, fábricas, prestadores de serviços, entidades, associações, empresas públicas etc.

A constante busca por melhorias levou a criação e aplicação de linhas de pensamento voltadas para a administração de acordo com um dado momento e realidade para suprir necessidades e expectativas. Durante o Século XX, diversos estudiosos se dedicaram ao desenvolvimento de TEORIAS para que as empresas tivessem resultados favoráveis. Uma delas, criada no final da década de 50, foi a TEORIA ESTRUTURALISTA.

A IDEIA DO ESTRUTURALISMO

WILHELM WUNDT, médico, filósofo e psicólogo alemão, é considerado um dos fundadores da psicologia experimental e o grande precursor do MÉTODO ESTRUTURALISTA na psicologia.

ESTRUTURALISMO é uma corrente de pensamento com origem na PSICOLOGIA e que teve grande influência na filosofia, sociologia, antropologia e linguística. Apesar de sua natureza mais filosófica, o modelo procurou criar uma interdisciplinaridade entre as ciências e identificar ESTRUTURAS GERAIS de um todo ao analisar suas partes.

Graças aos intelectuais franceses, o pensamento ESTRUTURALISTA foi se propagando a partir do fim do Século XIX e durante a primeira metade do Século XX. O ESTRUTURALISMO mostra como uma estrutura geral se repete em todos os níveis ou em todas as suas partes e, através da análise de partes, avalia-se um TODO.  

Em ADMINISTRAÇÃO, o ESTRUTURALISMO procurou identificar as estruturas que sustentam todas as partes em uma ORGANIZAÇÃO e os fenômenos que podem ser identificados através da análise de suas inter-relações.

ESTRUTURA

Na literatura disponível há diversos conceitos sobre o tema:

1 – É uma composição de elementos observada em relação à totalidade da qual eles fazem parte.

2 – É o conjunto FORMAL, de dois ou mais elementos, que permanece inalterado seja na mudança, seja na diversidade de conteúdos, isto é, a ESTRUTURA se mantém mesmo com a alteração de um dos seus elementos ou relações.

3 – Por sua natureza, a ESTRUTURA é a composição de todas as partes que estão estruturadas em subordinação em relação a outra, de maneira que qualquer tipo de modificação em uma delas implicará, fatalmente, em uma revisão do TODO.

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

É o formato ou o desenho da maneira de organização e disposição hierárquica de uma empresa. Há formas diversas que são criadas em função das atividades e que levam em conta objetivos e as características do ramo de atuação, CULTURA ORGANIZACIONAL, IDENTIDADE ORGANIZACIONAL etc.

TEORIA ESTRUTURALISTA   

A TEORIA ESTRUTURALISTA surgiu por volta do final da década de 50 como uma convergência de outras abordagens e o desdobramento da TEORIA DA BUROCRACIA com uma leve aproximação com a TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS e com a TEORIA CLÁSSICA.  

Os ESTRUTURALISTAS desenvolveram modelos de análise que relacionaram ou ampliaram conceitos da abordagem CLÁSSICA (de caráter formal), da TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS (de caráter informal) e da TEORIA DA BUROCRACIA (de caráter baseado em racionalidade e coerência).

A proposta procurou inter-relacionar as ORGANIZAÇÕES com o AMBIENTE EXTERNO (ou seja, a sociedade) e com uma visão crítica sobre a ORGANIZAÇÃO FORMAL. A ideia partiu da aplicação de um modelo de ORGANIZAÇÃO racional e perfeito com base na BUROCRACIA.   

A SUPERFICIALIDADE DAS TEORIAS

1 – TEORIA CIENTÍFICA e TEORIA CLÁSSICA: as duas teorias não perceberam a natureza humana. Apenas consideravam um tipo de administração centralizadora, total, responsável pela organização e pelo uso de recursos.

2 – TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS: a experiência de ELTON MAYO na WESTERN ELETRIC em 1932 foi uma tentativa de introdução das ciências do comportamento na ADMINISTRAÇÃO.

das empresas e pregava a descentralização, delegação, autoavaliação e administração participativa (uma postura HUMANÍSTICA sobre a participação do homem na ORGANIZAÇÃO).

Mesmo sendo uma forte oposição à TEORIA CLÁSSICA, ela não trouxe bases consistentes que pudessem substituir as propostas anteriores. E a maioria das críticas feitas referiu-se a visão romântica e inexistente do trabalhador. E as novas teorias do pós-guerra fizeram este modelo se esgotar aos poucos na segunda metade dos anos 50.

A oposição surgida entre a TEORIA CLÁSSICA e a TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS – incompatíveis entre si – tornou necessária uma posição mais ampla e compreensiva que integrasse os aspectos considerados por uma e omitidos pela outra e vice-versa.

3 – TEORIA DA BUROCRACIA: no final dos anos 30 os especialistas da ADMINISTRAÇÃO viram na BUROCRACIA de MAX WEBER, de caráter baseado na racionalidade e na coerência, um modelo muito interessante e aplicável.

A ideia WEBERIANA, similar ao FAYOLISMO,enfatizava a eficiência técnica e a ESTRUTURA HIERÁRQUICA. Nesta época, às vésperas da II GUERRA MUNDIAL, as empresas já haviam se tornado mais complexas e passaram a solicitar modelos organizacionais bem mais definidos, maior CONTROLE e maior previsibilidade do seu funcionamento.

O ESTRUTURALISMO é voltado para o TODO e com a relação das partes na constituição do TODO. Então, a característica desta teoria entende a totalidade, a interdependência das partes e o fato de o TODO ser maior do que a soma das partes. A ideia básica foi considerar a ORGANIZAÇÃO na totalidade dos seus aspectos como uma só ESTRUTURA.  O conceito teve o objetivo de tratar a ORGANIZAÇÃO sob o ponto de vista da ESTRUTURA, das PESSOAS e do AMBIENTE.

A TEORIA ESTRUTURALISTA teve a pretensão de ser uma síntese da TEORIA CLÁSSICA e da TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS. Tomou por base aTEORIA DA BUROCRACIA abordando a forma como a empresa é organizada na divisão de atividades e recursos materiais e humanos.

Até a década de 50 as teorias da administração apenas enxergavam aspectos internos das ORGANIZAÇÕES concebendo-as como sendo um SISTEMA FECHADO. A TEORIA ESTRUTURALISTA passa a verificar os AMBIENTES considerando a organização como um SISTEMA ABERTO e em constante interação com o meio AMBIENTE.

Os ESTRUTURALISTAS procuram inter-relacionar as ORGANIZAÇÕES com o AMBIENTE EXTERNO, que é a sociedade. Uma sociedade composta de outras ORGANIZAÇÕES, que se caracteriza pela interdependência entre estas ORGANIZAÇÕES. Desta forma trata:

A – Da ORGANIZAÇÃO FORMAL e da ORGANIZAÇÃO INFORMAL.

B – Das RELAÇÕES INFORMAIS entre empregados e os seus GRUPOS.

C – Da importância das RECOMPENSAS econômicas e sociais.

D – Das ORGANIZAÇÕES como SISTEMAS FECHADOS (aspectos internos) e SISTEMAS ABERTOS (interação com o meio externo).

E – Das RELAÇÕES INTERORGANIZACIONAIS.

Sugestão de Leitura

GERALDO R. CARAVANTES, CLÁUDIA C. PANNO, e outros. Administração: Teorias e Processo. Editora Pearson Universidades. Edição 1ª. São Paulo, 2004.

FERREIRA, A.; REIS, C.; PEREIRA, I. Gestão empresarial: de Taylor aos nossos dias: evolução e tendências da moderna administração de empresas. Editora Pioneira Thomson Learning. São Paulo 2002.

MAXIMIANO, ANTONIO CESAR AMARU; VERONEZE, FERNANDO. Teoria Geral da Administração – Da Revolução Urbana à Revolução Digital. Editora ‏ Atlas. Edição 8ª. São Paulo, 2017.

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