Só Inovação garante a sobrevivência de uma START UP?

INTRODUÇÃO:

Pessoas ligadas ao EMPREENDEDORISMO se preocupam apenas com a relação entre o índice de mortalidade das START UP’S e aspectos referentes à INOVAÇÃO. É simples justificar por que EMPREENDEDORES sem uma cultura inovadora fracassaram. Mas, o mundo dos negócios é complexo: assim como START UP’S inovadoras e mal gerenciadas quebram, muitas delas, sem o ímpeto voltado para a CRIATIVIDADE e INOVAÇÃO, são bem gerenciadas e bem-sucedidas.

Não é APENAS a falta de INOVAÇÃO que afunda o EMPREENDEDOR. Certos “PECADOS” (erros de GESTÃO) e o descumprimento de determinadas práticas básicas de ADMINISTRAÇÃO são as razões para o insucesso: não atender às necessidades dos clientes, investir de forma errada etc., etc. etc.

Muitos EMPREENDEDORES estão convictos que basta criar uma START UP inovadora que a sua permanência no mercado está assegurada: é uma questão de sobrevivência. A INOVAÇÃO pode se transformar em um DIFERENCIAL fundamental para a valorização de uma START UP, para conceituar o EMPREENDEDOR, seus produtos/serviços e suas marcas.

Porém, lançar novos produtos ou serviços com regularidade não significa, necessariamente, uma INOVAÇÃO. Inúmeras IDEIAS sensacionais podem não ter o retorno desejado e muitas delas correm o RISCO de ter um CICLO DE VIDA menor que a expectativa. Entretanto, para ter continuidade no mercado há outros aspectos que vão além da INOVAÇÃO.

NOÇÕES SOBRE INOVAÇÃO

Para muitos, INOVAR é uma arte. É criar alguma solução, praticidade ou um benefício a mais que seja perceptível ao consumidor (muitas vezes copiando dos concorrentes).

Outras visões consideram que em qualquer ramo de atividade a INOVAÇÃO significa, acima de tudo, criar alternativas que estejam à frente das necessidades e desejos dos consumidores. Ela é capaz de antecipar o que eles realmente querem para que os produtos/serviços consigam atendê-los, encantá-los e criar um vínculo permanente em sua memória.

INOVAR

Para quem sonha com o EMPREENDEDORISMO, BILL GATES, STEVE JOBS, PAUL ALLEN etc. são nomes de referência e servem como exemplos de INOVAÇÃO. Eram jovens perseverantes, ousados e determinados, cheios de CRIATIVIDADE, que com poucos recursos mas e muita inspiração chegaram ao topo do sucesso. Porém, a mesma receita nem sempre dá certo – cada caso é um caso e cada uma tem a sua ‘ESTRELA”.

O EMPREENDEDOR precisa desenvolver diversas competências, ter visão estratégica e CRIATIVIDADE para identificar oportunidades e criar boas ideias. E a cultura da INOVAÇÃO em seus negócios também deve ser hábil para atrair e manter clientes por meio de DIFERENCIAIS. Mas, na prática, o processo não é tão simples assim.

● No presente, descobrir uma “NOVIDADE NOVA” com um grande DIFERENCIAL está cada vez mais difícil. Existe um enorme volume disponível de DADOS, INORMAÇÕES e OPORTUNIDADES nas mais variadas áreas de negócios.

● Desde o final do Século XX as transformações e as mudanças adquiriram uma velocidade espantosa. Os fatos e as INFORMAÇÕES se tornam passageiros, envelhecidos e sem relevância a cada 2 ou 3 anos.

● A INOVAÇÃO não é estática. Pelo contrário, ela é dinâmica e aplicável em muitas áreas além da tecnologia da informação. Ela pode se manifestar na utilização de produtos e serviços existentes por meio de um novo uso ou de uma visão diferente.

“Não existe uma nova ideia. É impossível. Nós simplesmente pegamos um monte de ideias antigas e, então, as colocamos em um tipo de caleidoscópio mental”. MARK TWAIN – escritor americano, 1835-1910.

● A INOVAÇÃO está ligada à DESCONSTRUÇÃO: mudar o que é o óbvio e evidente para transformá-lo. Quebrar PARADIGMAS, raciocinar ao contrário da maioria (o rebanho) e quebrar preconceitos. É usar o CALEIDOSCÓPIO MENTAL” proposto por MARK TWAIN.

● A INOVAÇÃO pode estar em coisas simples.  Novas oportunidades podem estar em coisas que ninguém teve a ousadia de procurar ou de enxergar de maneira diferente. Muitos EMPREENDEDORES perdem muito tempo tentando criar o que ninguém criou. Às vezes a ideia brilhante está debaixo do próprio nariz.

“Talento é acertar um alvo que ninguém acerta. Genialidade é acertar um alvo que ninguém vê”.  ARTHUR SCHOPENHAUER – filósofo alemão, 1788-1860.

● A INOVAÇÃO não é escrava da evolução da tecnologia. Ela pode estar presente em uma prestação de serviço diferente, nas experiências dos consumidores, na forma de atendimento (on Line ou em PDV), na COMUNICAÇÃO, em produtos com novos aromas, sabores, cores, embalagens, usos, no prazo da entrega etc.

A PERCEPÇÃO: por muito tempo as oportunidades se apresentavam de maneira mais visíveis, o que permitia um espaço de tempo maior para a maturação de ideias. Na NOVA ECONOMIA, o tempo é o grande adversário e se tornou um sério obstáculo para o EMPREENDEDOR:

● Se as ideias não forem colocados em prática e EXECUTADAS imediatamente, grandes sacadas correm um sério riscode se tornarem obsoletas ou se tornarem um grande sucesso que não saiu do papel. 

CUIDADO: uma IDEIA FANTÁSTICA às 8:00 Hs da manhã pode estar ultrapassada na hora do almoço. Mas, como a pressa é a inimiga da perfeição, antes de mais nada a IDEIA FANTÁSTICA precisa ser muito bem desenvolvida e avaliada.

● Diferentemente das condições que se apresentavam nos anos passados, os atuais EMPREENDEDORES precisam ter uma dinâmica maior e grande habilidade para observar, processar e associar INFORMAÇÕES, analisar oportunidades e ter poder de reação. Segundo especialistas, nas condições criadas com a PANDEMIA DO COVID 19 estes requisitos se tornaram ainda mais importantes.

SÓ INOVAÇÃO GARANTE A SOBREVIVÊNCIA?

A resposta é muito simples: NÃO!

1 – CLIENTES: ignorar os FEEDBACKS e as opiniõesdos clientes é um péssimo habito de muitos EMPREENDEDORES. É precisoaprender a ouvir a  clientela e verificar o que a START UP precisa fazer para ter um DIFERENCIAL que atenda necessidades e desejos (dos clientes e não do EMPREENDEDOR). A INOVAÇÃO não implica somente em alguma coisa extraordinária – pequenas ações poderão fazdr uma grande diferença.

2 – FALTA DE CONTATOS: por incrível que pareça, muitos EMPREENDEDORES ainda não sabem aproveitar todo o potencial das redes sociais para investir em contatos e oportunidades de negócio.

3 – HÁ FALTA DE OUSADIA: a DISRUPÇÃO é o termo que tem sido usado como uma forma de expressar a quebra de PARADIGAMAS. Mas, o conceito original significa uma INOVAÇÃO tão radical e tão revolucionária que rompe o modo tradicional de atuar em um mercado a ponto de transformá-lo. Interpretações à parte, para muitos EMPREENDEDORES a falta de ousadia pelo medo do RISCO é um grave problema.

4 – PIVOTAR: em EMPREENDEDORISMO o termo PIVOTEAR é uma mudança drástica no ramo de atuação da START UP, mudança de estratégia sem mudar o objetivo básico ou até, em último caso, transformar o foco do produto/serviço por falhas e resultados negativos. Os maiores problemas em relação à PIVOTAGEM estão relacionados a uma análise incipiente e um processo decisório mal conduzido ou ao momento mal avaliado. Neste caso, a CRIATIVIDADE e INOVAÇÃO

5 – AMBIENTE DE TRABALHO: um ambiente desfavorável não permite que a CRIATIVIDADE e INOVAÇÃO possam fluir na medida certa.

Infelizmente, em todos os ramos de negócios os conflitos entre os colaboradores é um perigo constante.

Então, cabe ao EMPREENDEDOR exercer a sua capacidade de LIDERANÇA para evitar desgastes e prejuízos à CRIATIVIDADE e INOVAÇÃO. Para complicar o cenário, o AMBIENTE poderá piorar quando houver desentendimentos entre os fundadores ou investidores. 

6 – MATERIAL HUMANO: montar uma EQUIPE coesa e sintonizada contando com múltiplos talentos e profissionais experientes é um grande desafio – não só pela convivência, mas pelo custo que isto significa para o EMPREENDEDOR. Por outro lado, o RISCO de contar com pessoas sem talento, sem CRIATIVIDADE e INOVAÇÃO pode ser mais caro.

7 – BURNOUT: uma boa parte dos novos EMPREENDEDORES está em uma fase em que ainda há a necessidade de conciliar seu projeto com o trabalho formal e com a vida pessoal. O BURNOUT  também é conhecido como síndrome do esgotamento profissional – é um desequilíbrio psíquico causado pela forte exaustão relacionada ao trabalho (pressão, ansiedade e o peso das responsabilidades).  

8 – GESTÃO INEFICIENTE: com a START UP em andamento, há algumas medidas úteis para o EMPREENDEDOR ter maior produtividade. Uma GESTÃO competente que privilegie o trabalho, que terceirize ou delegue tarefas mais simples, que faça uso de tecnologias adequadas, que elimine hábitos improdutivos e tire o foco dos problemas pessoais. Assim, haverá maior espaço para pensar em projetos e exercer a CRIATIVIDADE e a INOVAÇÃO:

● Trabalhar em função de um planejamento prévio.

● Priorizar ideias (uma de cada vez e não todas ao mesmo tempo).

● Administrar o tempo corretamente.

● Não atuar no módulo MULTI-TAREFEIRO (o faz tudo).

9 – MARKETING INADEQUADO: a falta de uma PESQUISA PRÉVIA e de testes para verificar a viabilidade de uma ideia é uma das falhas mais críticas. O EMPREENDEDOR precisa ser pragmático e sem melindres – ideias que parecem excelentes (no papel) na prática são totalmente não funcionais.

Há produtos/serviços que parecem fantásticos, mas, não solucionam nenhum problema para os consumidores – são inviáveis, exigem investimentos fora da realidade da START UP, não satisfazem necessidades, não agregam valor, não atendem desejos etc.

● Outro agravante muito comum é a perda do momento exato para lançar um produto/serviço (cedo ou tarde demais). Neste caso o trabalho da CRIATIVIDADE e INOVAÇÃO ficou perdido.

● Outro aspecto se refere a exposição e divulgação no mercado: a ideia foi excelente, viável e um produto/serviço que é um show de CRIATIVIDADE e INOVAÇÃO. Porém, poucas pessoas conhecem…

10 – FALTA DE BENCHMARKING: é muito importante observar a concorrência.

É preciso estar vigilante às ações dos concorrentes para antecipar medidas defensivas, aproveitar ou aprender com os seus erros ou então tomar suas ações como inspiração – uma grande oportunidade para o exercício da CRIATIVIDADE e INOVAÇÃO.

11 – FALTA DE CAPITAL: os recursos mal avaliados, aplicados de forma indevida ou gastos com imprevistos são fatais. De acordo com os especialistas, é o segundo maior problema na mortalidade das START UPS.

12 – FALTA DE MODELO DE NEGÓCIO: um planejamento mal elaborado e sem um bom modelo de negócio poderá inviabilizar qualquer ideia e desperdiçar o talento do EMPREENDEDOR. De acordo com os especialistas, é o maior problema na mortalidade das START UP’S.

Sugestão de Leitura

CHRISTENSEN, CLAYTON M. O Crescimento pela Inovação. Editora Campus. Edição 2ª. Rio de Janeiro, 2003.

DRUMOND, RIVADÁVIA. Fazendo a inovação acontecer: Um guia prático para você liderar o crescimento sustentável de sua organização. Editora Planeta Estratégia. Edição 1ª. São Paulo, 2018.

BESSANT, JOHN; TIDD, JOE. Inovação e Empreendedorismo. Editora Bookman. Edição 3ª. Porto Alegre, 2019.

WAENGERTNER. A Estratégia da Inovação Radical. Editora Gente. Edição 1ª. São Paulo, 2018.

DRUCKER, PETER. Inovação e espírito empreendedor: Prática e princípios. Editora Cengage Learning. Edição 1ª. São Paulo, 2016.

KOTLER, PHILIP; DE BES, FERNANDO T. A Bíblia da inovação. Editora Lua de Papel. Edição 1ª. Birigui, 2011.

GOVINDARAJAN, VIJAY; TRIMBLE, CHRIS. O Desafio da Inovação. Editora Alta Books. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2013.

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