O EMPREENDEDORISMO Feminino

INTRODUÇÃO:

Um dos assuntos que têm sido objeto de estudos, debates (até acalorados) e ganhando importância como tema de palestras é o EMPODERAMENTO FEMININO. A maioria dos que analisama matéria se preocupam apenas com aspectos sociais desfavoráveis às mulheres, o resultado de uma forma compulsória da sociedade patriarcal. Ou seja, hoje em tudo a mulher ainda precisa provar maior capacidade ao ser comparada aos homens.

Até há pouco tempo, a desproporção de direitos entre homens e mulheres era um assunto desconsiderado. Por muitos séculos ambos os lados estiveram de acordo com a ideia que homens e mulheres possuem diferenças naturais que a sociedade estabeleceu. Desta maneira, em relação ao universo masculino a mulher foi relegada a uma posição de inferioridade, tendo por princípio, uma “CONDIÇÃO” firmada como fato natural.

OS TEMPOS MUDARAM

Os tempos mudaram mesmo. Os questionamentos se ampliaram e agora podemos verificar outros desdobramentos que estimularam ainda mais a controvérsia:

● O EMPODERAMENTO FEMININO tem relação com o EMPREENDEDORISMO?

● O EMPODERAMENTO FEMININO pode ser uma das razões que levam um número cada vez maior de mulheres ao EMPREENDEDORISMO?

A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO

O aumento da participação feminina na vida econômica do Brasil não está relacionado só com a ampliação do seu nível de formação. Mas, outros antecedentes também contribuíram:

● O processo de industrialização no Brasil, intensificado a partir do Governo JK (1956-1961), iniciou uma grande transformação na estrutura produtiva, acelerou a urbanização e, ao mesmo tempo, mudou a sociedade.

● Outro fator que teve influência, a partir da segunda metade da década de 1960, foi a liberação dos costumes e o senso de maior autonomia para as mulheres.

● O achatamento da renda tornou necessária a inclusão das mulheres no mercado  de trabalho pois, o marido sozinho já não conseguia mais  dar o sustento para a família. Então,  gradativamente ocorreram mudanças no estilo de vida. 

● No fim dos anos 60 ocorrem mudanças na estrutura familiar: a queda das taxas de fecundidade, o período para a preparação profissional aumentou e o casamento perdeu prioridade para a carreira.

● No início da década de 1970 a mulher amplia espaços dentro de variados setores do mercado de trabalho, aumenta sua participação na vida cultural, política e em outros campos de atividade. 

● Mesmo com essas transformações em relação aos comportamentos e atitudes, muitas mulheres carregaram o peso da divisão de papéis (a JORNADA DUPLA: a profissão e os cuidados com a casa).

Por uma questão cultural e apesar do seu talento, a mão de obra feminina continua sendo discriminada em boa parte das empresas e, para as mulheres, a luta pela ampliação de espaço é crescente. Chegar até a igualdade de gênero, acesso ás oportunidades e reconhecimento no mercado de trabalho continua um desafio. Em qualquer abordagem a respeito do tema se discute sempre sobre as condições de inferioridade que a mulher é colocada:

A – A remuneração é menor. 

B – A carga de trabalho da mulher é maior.

C – A divisão da responsabilidade é desigual.

D – Osdireitos ainda não foram conquistados integralmente.

E – As chances para alcançar cargos mais importantes são bem limitadas.

F – Há crises e a instabilidade no mercado de trabalho formal.

G – E ainda há o problema do ASSÉDIO

AS MULHERES NO EMPREENDEDORISMO

Todos estes fatores levaram as mulheres a enxergarem no EMPREENDEDORISMO a grande possibilidade de melhoraria: contribuir na renda familiar, ter outra fonte de renda (ou ter o próprio sustento – sem a figura do marido), o enriquecimento de suas vidas, carreira própria, autoestima, liberdade e independência.

De modo geral, o  EMPREENDEDORISMO feminino teve um crescimento expressivo em todos os países a partir das últimas décadas do Século XX. No Brasil, a sua participação na vida econômica tem aumentado e estudos apontam que a brasileira é uma das mais empreendedoras do mundo. 

A pesquisa realizada pela SEBRAE mostra que de cada 100 EMPREENDEDORES, 45 são mulheres. Outra pesquisa realizada mostra que 61.000 mulheres tem uma franquia com faturamento 32% acima das que são comandadas por homens.

A pesquisa realizada pela SEBRAE mostra que de cada 100 EMPREENDEDORES, 45 são mulheres. Outra pesquisa realizada mostra que 61.000 mulheres tem uma franquia com faturamento 32% acima das que são comandadas por homens.

A pesquisa 2017 do GEM Brasil mostra que o número de EMPREENDEDORES iniciais é cada vez maior (em razão da crise econômica que fez com que as pessoas procurassem alternativas de ganho além do emprego formal).  E a parcela de mulheres continua superando a dos homens.

A pesquisa 2018 do GEM Brasil  aponta que cada vez mais o público feminino vem mostrando sua força no EMPREENDEDORISMO. O Brasil tem a 7ª maior participação das mulheres entre os EMPREENDEDORES INICIAIS (em negócios com até três anos e meio de atividade). Ainda em 2018, a pesquisa revelou que 24 milhões de brasileiras dirigiam algum tipo de empreendimento formal ou informal (44% por necessidade) ou então planejavam planos para ter o seu próprio negócio.

AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA EMPREENDEDORA

Em geral, as EMPREENDEDORAS se diferenciam por algumas peculiaridades, consideradas essenciais

Provavelmente são características que determinam sua longevidade e sucesso nos negócios:

Embora progridam de maneira mais lenta, a sua taxa de sobrevivência é maior.

De todas as EMPREENDEDORAS, 33% atuam no comércio varejista, 20% em alimentação, 12% na indústria e o restante está distribuído por diversos setores. No Brasil 40% dos novos empresários são mulheres, enquanto no mundo elas representam 30%.

– Elas procuram maior compreensão do mercado, dos detalhes e procedimentos que envolvem a área em que atuam. Preferem investir em setores que já conhecem por formação acadêmica ou experiência profissional.

As EMPREENDEDORAS são mais jovens, possuem maior nível de escolaridade, maior resiliência, são organizadas, persistentes, e detalhistas (características importantes para a ADMINISTRAÇÃO dos negócios).

Em geral, elas planejam melhor os negócios, são mais cautelosas, desenvolvem habilidades gerenciais e apresentam maior estabilidade.

Os negócios das mulheres são de porte menor atuando no setor de serviços, o maior gerador de empregos formais. É a área em que as mulheres mais inovam e onde têm maior potencial de crescimento. A evolução também está em profissões liberais, pequenos negócios e empresas de perfil familiar.

A mulher moderna corre atrás de ideais e tem capacidade de atuar em atividades que, antigamente, eram tipicamente masculinas. O homem já é mais restrito. Há setores em que sua presença pode não ser bem vista por sua incapacidade de entender o que se passa no universo feminino: estética, beleza, vestuário, lingerie, alimentação, acessórios, calçados etc.

A mulher moderna é mais versátil e tem capacidade de integrar as atividades profissionais com atividades pessoais e voluntárias.

As mulheres acreditam muito mais na sua competência para ser bem sucedida e, na faixa etária maior de 50 anos, elas têm na atividade o seu maior objetivo.

– Uma boa parte das EMPREENDEDORAS acredita que são vistas com muita desconfiança pelas instituições de crédito.

– Nos últimos anos, aos poucos, a liderança das mulheres vem crescendo nas empresas e nos negócios.

(*) – As EMPREENDEDORAS têm a gestão dos seus negócios mais participativa e menos agressiva.

(*) – O impacto da liderança feminina no EMPREENDEDORISMO é perceptível, positivo e um diferencial nos negócios. A maneira de lidar com perfis diferentes é essencial e se constituiu num talento em que as mulheres naturalmente têm maior habilidade. 

Pesquisa GEM Brasil 2015: quando o assunto é a abertura de novos empreendimentos o público feminino é o mais expressivo. Os dados apontam que o EMPREENDEDORISMO tem despertado mais interesse das mulheres. A proporção de “Empreendedores Novos” – os que têm um negócio com menos de 3,5 anos – é maior entre elas: 15,4% contra 12,6% de homens.

OBSTÁCULOS PARA A EMPREENDEDORA

O mundo dos negócios é desafio para as mulheres. O EMPREENDEDORISMO tem uma série de obstáculos a serem superados e é preciso que os órgãos públicos e privados vejam o público feminino de maneira diferenciada:

– Falta de financiamento e apoio. Nossa sociedade ainda carrega preconceitos em relação às mulheres no mercado de trabalho e também no EMPREENDEDORISMO. É preciso analisar os tipos de apoio necessários no aspecto técnico e emocional. Em muitos casos, o apoio financeiro vem dos familiares pelas dificuldades encontradas junto às instituições de crédito.

– Faltam estímulos: painéis, workshops, MENTORING, pesquisas mais detalhadas, divulgação, eventos e premiações direcionadas ao EMPREENDEDORISMO feminino.

– É preciso ampliar cursos, treinamentos, COACHING, literatura, CASES, networking, INCUBADORAS e desenvolvimento de fontes de informações.

– De acordo com a opinião de diversos especialistas, o maior obstáculo para a EMPREENDEDORA esteja relacionado ao SEXISMO. Falta um combate mais efetivo contra a visão preconceituosa em relação ao papel social da mulher (tarefas de dona de casa).

– Falta a valorização da DUPLA JORNADA.

(*) Cuidado: A experiência mostra que isto nem sempre corresponde à realidade. Muitas vezes a EMPREENDEDORA pode apresentar um perfil bem negativo no trato com as pessoas… e colocar tudo a perder.

Sugestão de leitura

Empreendedorismo Feminino – Transformando Ideias em Negócios, Modelos e Práticas. Editora Gregory. Número 1. São Paulo, 2017.

HOPPE, LETÍCIA; RECH, IONARA; MONTEIRO, MAIARA. Empreendedorismo feminino. Protagonistas em ação.  Editora Edipucrs. Edição 1ª. Porto Alegre, 2018.

ABRAHÃO, BÁRBARA RESENDE. Empreendedorismo Feminino – Um Estudo da Relevância Individual do Trabalho de Mulheres Empreendedoras de Minas Gerais. Editora Appris. Edição 1ª. Curitiba, 2019.

CHIQUET, MAUREEN. Do Nosso Jeito: Mulheres, Liderança e Sucesso.  Editora Seoman. Edição 1ª. São Paulo, 2019.

Mulheres de Alto Impacto. Editora Gregory. Edição 2ª. São Paulo, 2019.

AMARUSO, SOPHIA. #GIRLBOSS. Editora Pensamento-Cultrix. Edição 1ª. São Paulo, 2015.

ROTTENBERG, LINDA; ZIEGELMAIER, ROSEMARIE. De Empreendedor e Louco Todo Mundo tem um Pouco. Editora Alta Books. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2018.

LOPES, ROSE MARY. Educação Empreendedora: conceitos, modelos e práticas. Editora Elsevier. Rio de Janeiro, 2010.  

VILLAS BOAS, ANDRÉA; DIEHL, BRUNA VILLAS BOAS. Elas Empreendedoras. Editora Queen Books. Edição 1ª. São Paulo, 2012.

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