Estados Unidos: A Guerra Civil

INTRODUÇÃO:

Em 1860 os Estados Unidos já haviam progredido de forma singular. Mas, questões internas ainda impediam que a nação se projetasse de maneira decisiva no cenário internacional. Estas questões, fruto do início do processo inicial da sua colonização, apresentavam diferenças que, durante o Século XIX, foram se aprofundando entre os Estados do Norte e os Estados do Sul.

É interessante e contraditório que uma nação, criada por grupos de presbiterianos puritanos, de visão religiosa e extremamente rígida, vindos da Europa em busca de liberdade e que moldaram a mentalidade dos imigrantes que vieram posteriormente, praticassem o genocídio contra os indígenas e que convivessem com a escravidão. E mesmo a voracidade com a qual praticaram o processo de expansão territorial, principalmente contra os mexicanos, tivesse com justificativa uma “MISSÃO CIVILIZATÓRIA” dada por Deus.

ANTECEDENTES:

Por volta de 1850 os americanos haviam alcançado o objetivo de formar um país de dimensões continentais, com uma saída para o Oceano Pacífico através de compra, negociação e conquista. Entretanto, na verdade, era uma nação que acomodava duas realidades bem distintas.

NORTE-NORDESTE:

No começo do Século XIX, por volta de 1810, a industrialização teve início aproveitando ferro, carvão e energia. Este progresso e desenvolvimento ocorreram de forma ininterrupta.

As Guerras Napoleônicas fizeram que as importações diminuíssem elevando o consumo de produtos americanos e o aumento do mercado interno.

Outro fator positivo e fundamental para acelerar a industrialização foi a vinda de dezenas de milhões de imigrantes de todas as classes, culturas e países através do porto de Nova York.

Cerca de 60 milhões de pessoas chegaram da Europa entre 1815 e 1914.

Uma boa parte desta multidão tinha diversas profissões e era uma mão de obra expulsa da Europa pelas mudanças advindas da REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. Logicamente, também significavam a ampliação de uma massa de consumidores fazendo com que o Norte fosse se tornando altamente industrializado, desenvolvido, rico e mais populoso. 

● Em pouco tempo, surgiu uma poderosa burguesia industrial local que passou a pleitear por altas taxas contra os produtos importados para manter de seu desenvolvimento.  Os produtos ingleses tinham preços mais baixos.

● As indústrias americanas aproveitaram e o progresso científico da 2ª. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL e das inovações que foram criadas pelos americanos. Enquanto isso nos estados do Sul…

SUL-SUDESTE:

O mesmo processo de desenvolvimento não aconteceu no Sul dos Estados Unidos. A economia permaneceu a mesma dos tempos coloniais e havia parado no tempo.

● A produção continuava sendo em grandes propriedades monocultoras, dedicadas à exportação de algodão e tabaco com a exploração do trabalho escravo. A sua visão era manter, comprar e vender escravos, bens móveis que, por costume, eram vistos como sendo menos do que humanos.

● Os estados sulistas exportavam para o Norte uma parte do algodão que colhiam e importavam bens necessários. Mas, os grandes proprietários rurais sulistas tinham interesse em baixar as taxas alfandegárias por importar produtos da Inglaterra, de melhor qualidade, com preços bem mais baixos dos que eram fabricados nos estados do Norte.

UMA QUESTÃO POLÍTICA:

A luta por entre os interesses nortistas e sulistas passou a ser dividida entre os abolicionistas e os grupos favoráveis à manutenção da escravidão, principalmente depois da aquisição ou anexação de novos territórios e na expansão para o Oeste.

A elite rural e aristocrata do Sul tinha interesse em preservar os direitos dos proprietários de escravos e o direito dos estados para implantar suas próprias políticas. Ao mesmo tempo, a sua visão latifundiária tinha a intenção em manter a escravidão nos seus estados, expandi-la para os novos territórios e assegurar o elevado preço dos escravos, mantendo um sistema de trabalho manual, sem mecanização e de baixo custo.

Os estados do Norte pleiteavam a abolição e lutavam para impedir a expansão escravista. Os escravos libertos e assalariados fariam o mercado consumidor crescer e também poderiam se tornar uma mão de obra barata. Assim os manufaturados teriam condições de competir com os produtos ingleses. Este antagonismo gerou a GUERRA CIVIL AMERICANA.

ABRAHAM LINCOLN (1809-1865): nortista e líder do Partido Republicano venceu as eleições presidenciais americanas em Novembro de 1860 sob um clima de grande tensão.

Os grandes proprietários do Sul temiam que LINCOLN parasse a expansão da escravidão para chegar até a abolição total.

Antes da posse do novo  presidente, em março de 1861, os Estados do Alabama, Carolina do Sul, Flórida, Geórgia, Louisiana e Mississipi formaram uma união política sob a presidência de JEFFERSON DAVIS(1808-1899) e se separaram dos Estados Unidos para formar os ESTADOS CONFEDERADOS DA AMÉRICA.

Teve início a GUERRA CIVIL AMERICANA (ou GUERRA DA SECESSÃO – 1861 a 1865) que causou mais de 970.000 mortos, cerca de 3% da população do país.

No final do conflito a escravidão havia sido abolida, mas, os negros não tiveram nenhuma vantagem e nem integração social.

O racismo continuou forte com base na supremacia da raça branca e acabaram sendo marginalizados.

O Sul perdeu ainda mais a sua influência política e entrou em uma enorme crise.

Mas de modo geral, os Estados Unidos entraram em uma fase de grandes dificuldades e ainda levariam alguns anos se recuperar.

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