INTRODUÇÃO:
O cenário no qual TAYLOR iniciou suas atividades como profissional mostrava um ambiente totalmente desorganizado e desestruturado dentro das fábricas. As suas propostas, inteligentes e ousadas, foram um grande progresso e causaram uma verdadeira revolução no sistema produtivo. Mesmo assim, ele não foi poupado de duras críticas de intelectuais, foi perseguido por grupos dentro das empresas contrários aos seus métodos.
Considerado um dos gênios mais reverenciados do século passado, TAYLOR foi, simultaneamente, um dos personagens mais criticados. As transformações que a ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA causou nas formas de trabalho tradicionais em uso nas fábricas provocaram muitas REAÇÕES desagradando operários, sindicatos, gerência, psicólogos, imprensa, parte dos políticos, economistas, intelectuais etc.
Para os empresários, a ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA foi uma grande proposta pelos lucros obtidos: a produção de cada trabalhador cresceu em média 33% entre 1907 e 1915. Para o governo americano houve maior arrecadação de impostos. Em 1908, a HARVARD BUSINESS SCHOOL iniciou um dos primeiros cursos de Administração de Empresas tomando por base a GESTÃO CIENTÍFICA.
Apesar dos impressionantes resultados, em termos de produtividade e de lucros alcançados pelas empresas que adotaram a nova forma de trabalho,a ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA não escapou de sofrer severas reprovações. As críticas foram fartas e notórias, principalmente por ter colocado o trabalhador numa condição puramente mecanicista.
O PANORAMA:
● No fim do Século XIX e começo do Século XX os Estados Unidos tinham empresas de vários tamanhos, sendo que algumas delas, em pouco tempo, se tornariam gigantes e poderosas.
● Os avanços técnicos e científicos da 2ª. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL pressionavam as empresas para um processo de atualização contínua.
● O crescimento acelerado e desorganizado ocorrido nas empresas americanas, gradativamente, deu maior complexidade na sua Administração.
● Ao mesmo tempo, o DESTINO MANIFESTO continuava voraz e fazendo novas vítimas. O IMPERIALISMO AMERICANO foi, aos poucos, ganhando poder e influência e deixou evidente para as potências europeias que a América era o seu território.
● No governo de THEODORE ROOSEVELT (1901) os americanos instituíram a DOUTRINA DO BIG STICK (o Grande Porrete) e ampliaram seu raio de influência no MAR DO CARIBE (o “baixo ventre americano”).
Os americanos já haviam tomado Cuba e Porto Rico na guerra contra a Espanha (1898) e ocuparam militarmente a Nicarágua (1909), a República Dominicana (em 1905 e novamente de 1916 a 1924) e o Haiti (de 1915 a 1934). Os americanos separaram o Panamá da Colômbia (1903) para a construção do Canal do Panamá (1904) encurtando a navegação marítima, interferiram na política interna do México (1910) e dominavam as “Repúblicas das Bananas” da América Central (Nicarágua, Guatemala, Honduras, Costa Rica e El Salvador).
A agressiva política intervencionista do BIG STICK dava o direito ao governo dos Estados Unidos de usarem fuzileiros navais ou mandar uma “VISITA” da Marinha americana a qualquer país latino americano, que se tornasse uma ameaça aos seus interesses ou para proteger cidadãos americanos.
● Nos negócios, a concorrência no mercado era intensa enfrentando produtos ingleses, franceses e, depois de 1870, a unificação alemã trouxe mais um competidor de respeito. Nesta situação, havia a necessidade urgente para as empresas americanas aumentarem sua competência e eficiência com maior rendimento e uso de seus recursos de forma racional.
Num cenário, onde os EUA continuavam a crescer cada vez mais, suas empresas não encontravam a mesma facilidade e alternativas para ganhar espaço no mercado externo. Os seus métodos de produção, desorganizados e desestruturados, tinham diversos problemas: baixo rendimento, ineficiência, desperdícios, grande volume de perdas etc.
FALTAVA UM PERSONAGEM QUE MODIFICASSE ESTA SITUAÇÃO…
Na década de 70 do Século XIX este era o momento quando TAYLOR iniciou suas atividades. E suas propostas, inteligentes e ousadas, causaram uma verdadeira revolução quebrando um modelo ultrapassado de sistema produtivo. Ele foi o primeiro a analisar todo o trabalho na fábrica, tempos e movimentos criando padrões de execução.
PONTOS FAVORÁVEIS PARA AS EMPRESAS
● Os produtos ganharam em qualidade e passaram a competir em pé de igualdade em um processo produtivo com menores perdas e desperdícios.
● Melhor aproveitamento de recursos e de tempo – maior produtividade – produzir mais utilizando menos. Com a redução nos custos e com maior produtividade, o preço dos produtos ficou mais acessível, as vendas e os lucros aumentaram fazendo a economia dos EUA crescer rapidamente em todas as áreas. Ao final da I GUERRA MUNDIAL (1914-1918), com a Europa exaurida pelo conflito, a expansão americana foi ainda mais vigorosa.
- TAYLOR começou no chão de fábrica, mas, transformou todos os aspectos da vida e da cultura do Século XX. Tanto que, até hoje, o modelo que se generalizou a partir do início do século passado continua em uso.
Não só nas fábricas, mas também em escritórios, lojas, lojas etc. O mundo nunca mais trabalhou da mesma maneira. As empresas que não se adaptaram às novas formas de trabalho…
AS CRÍTICAS AO TRABALHO DE TAYLOR
Apesar dos resultados espetaculares, do enorme êxito na racionalização das empresas da época, das profundas transformações e os seus desdobramentos a ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA não escapou de críticas. TAYLOR,e o seu inseparável cronômetro, não tardavam a entrar em desavença com os operários por cobrar deles uma intensidade de trabalho acima do que eles estavam acostumados.
As fábricas tinham que abandonar o lado artesanal, no qual os trabalhadores faziam do modo que achavam melhor, no tempo e no ritmo que achavam corretos. Como resultado, em muitos lugares os operários organizaram greves e em 1912 esta situação confusa levou TAYLOR diante de um comitê no Congresso Americano explicar o que estava acontecendo.
● Com a divisão do trabalho, a abordagem TAYLORISTA reduziu o operário para ser uma peça SUPER ESPECIALIZADA, um ser robotizado. O trabalhador é parte do sistema produtivo, passivo ficando apenas com uma visão restrita do processo. Sua principal qualidade era seguir ordens com o tratamento igual ao de uma máquina. A FRAGMENTAÇÃO através da SUPER ESPECIALIZAÇÃO torna a qualificação desnecessária facilitando a seleção, treinamento e supervisão.
● VISÃO REDUCIONISTA considerou que o trabalho poderia ser sempre reduzido, decomposto e explicado em unidades simples e fundamentais (THE ONE BEST WAY).
Os intelectuais socialistas foram os mais ferozes contestadores do TAYLORISMO pelo gradativo esgotamento dos operários e, por consequência, a degradação do próprio trabalho.
● Os métodos de TAYLOR tornaram as atividades repetitivas e monótonas para dar maiores lucros ao CAPITALISTA com a exploração de trabalhadores. A iniciativa do homem foi reduzida junto com as suas habilidades e sua criatividade. A padronização das TAREFAS e das SUBTAREFAS seria um mecanismo a mais para tornar mais intenso este processo do que uma verdadeira forma científica de se racionalizar o trabalho.
- Mesmo sendo eficiente e produtivo, o homem passa a ser uma extensão da máquina, que enxerga apenas sua TAREFA sem a sua visão sobre o restante da sua vida e interação dentro da empresa.
- No geral, ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA enxerga a empresa no sentido puramente mecânico e com pouca atenção ao homem. A técnica conduziu o trabalho à desumanização sem ponderar fatores sociais. Assim, o ser humano é colocado num segundo plano. O desempenho só considera as tarefas executadas pelo operário na numa abordagem tecnicista e mecanicista. Portanto, os críticos julgaram a abordagem TAYLORISTA inacabada e parcial por considerar apenas o lado FORMAL da empresa e não os aspectos humanos.
● Os cientistas fizeram críticas ao TAYLORISMO por sua pretensa ideia de criar uma ciência, sem o rigor e o cuidado de apresentar EXPERIMENTOS CONTROLADOS, HIPÓTESES e TESES em suas propostas e princípios. De fato, o trabalho de TAYLOR teve por base a evidência empírica, a lógica racional de suas observações e práticas obtidas por sua experiência e atuação no chão de fábrica.
● Outra reação foi quanto a ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA ser de SISTEMA FECHADO.
Não houve ponderações sobre o meio ambiente em que a empresa está inserida e levando em conta apenas o que acontece dentro da fábrica. A ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA prescreve princípios normativos a serem aplicados, como uma receita pronta, infalível para qualquer situação.
● Para muitos setores, a ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA ganhou notoriedade por ser um método de trabalho abusivo, frio e calculista com a eficiência voltada para provocar demissões. Na realidade, o seu verdadeiro objetivo era fazer o operário trabalhar mais e ganhar menos.
● Devido à grande oposição ao TAYLORISMO, cada vez com maior intensidade, a HARVARD BUSINESS SCHOOL retirou a disciplina de GESTÃO CIENTÍFICA de seu currículo em 1914.
● A ideia de TAYLOR sobre a Vadiagem Natural e Sistemática por parte dos operários também causou um grande mal-estar. Ele tinha a convicção de que a indisciplina era um hábito de longa data, inerente e muito comum à maioria dos operários (para ele, muitos trabalhadores reduziam a produção de propósito).
● Dentre as inúmeras críticas, talvez a que tenha sido mais veemente e que causou muita polêmica foi o conceito a respeito do HOMO ECONOMICUS. Na visão mecanicista do TAYLORISMO, um empregado é visto como um equipamento, uma extensão ou uma simples parte da máquina movida só por recompensas financeiras. Age motivado apenas em função do interesse material e financeiro. O TAYLORISMO não contou com outros importantes fatores motivacionais.
A ARTE CRITICA A ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA
Em “TEMPOS MODERNOS” (1936) CHARLES CHAPLIN faz críticas a ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA e a industrialização. O seu personagem trabalha numa fábrica da primeira metade do século XX, luta para sobreviver no mundo moderno e industrializado. O filme satiriza as condições como operário é tratado. De forma inteligente, CHAPLIN ironiza as técnicas utilizadas nas fábricas e a forma de trabalho a que o homem é submetido. Mostra os estragos do processo de mecanização de tarefas, que agora são feitas por máquinas. “TEMPOS MODERNOS” mostra, entre outras coisas, as más condições de trabalho e as consequências sofridas devido ao sistema TAYLORISTA-FORDISTA.