1 – Logística e Ergonomia

INTRODUÇÃO:

Sendo identificada como uma das maiores causas de faltas e afastamentos de um grande número de funcionários, os problemas relativos à questão ergonômica se tornaram uma preocupação permanente. As empresas têm o compreendido a gravidade deste problema. É uma fonte de custos elevados com licenças prolongadas, tratamentos médicos, graves efeitos psicológicos, sequelas, perda da qualidade de vida dos trabalhadores e inúmeros processos na justiça.

É preciso um planejamento para uma mudança organizacional que estabeleça melhores processos de produção e manuseio de materiais, condições laborais, prevenção de lesões por esforço repetitivo e acidentes de trabalho. Em geral, o trabalho nas fábricas e nos armazéns se constitui em tarefas caracterizadas por ações repetitivas com o uso da força, com posturas antiergonômicas, com riscos constantes para a saúde e outras várias condições prejudiciais.

O AMBIENTE NO ARMAZÉM

Como qualquer outra atividade operacional, os armazéns e depósitos também são locais onde ocorrem falhas humanas na execução das tarefas. Porém, é onde existe maior risco de acidentes de trabalho em comparação com a área administrativa.

O PROCESSO LOGÍSTICO E A SEGURANÇA DO TRABALHO

Após a década de 90, a GLOBALIZAÇÃO fez o ritmo de trabalho nos armazéns e depósitos ter um expressivo aumento. No início do Século XXI a tecnologia da informação e o E-COMMERCE deram outra dinâmica à LOGÍSTICA pelo aumento da demanda.

E, a partir de 2020, com a PANDEMIA do COVI-19 e suas consequências, os processos logísticos das empresas se viram forçados a elevar o grau de produtividade, competência diante dos clientes e intensidade ainda maior nos esforços dos funcionários.

Diante desta nova circunstância, o ímpeto do comércio digital fez com que a efetividade da LOGÍSTICA e da CADEIA DE SUPRIMENTOS, em todo o seu funcionamento, fosse um diferencial significativo. Assim, o andamento das tarefas também solicitou equipamentos mais modernos e seguros para a movimentação, separação, expedição e entrega dos produtos e a correta adequação ergonômica dos postos de trabalho. 

O planejamento para a execução da atividade laboral em um armazém requer um relatório detalhado pelo GESTOR da área.

A descrição deverá apresentar atividades, as situações que representam fadiga, riscos à saúde do trabalhador, impactos ao MEIO AMBIENTE e os procedimentos e equipamentos de segurança em uso.

Caso haja necessidade, poderá haver a participação de profissionais especializados em SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO para a emissão de um RELATÓRIO DE IMPACTO NA SAÚDE OCUPACIONAL E MEIO AMBIENTE: Médico do trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Arquiteto, Engenheiro Civil, Projetista, Desenhista industrial, Terapeuta ocupacional, Fisioterapeuta, Psicólogo e Recursos Humanos.

SEGURANÇA DO TRABALHO

“Segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes, quer eliminando a condição insegura do ambiente quer instruindo ou convencendo as pessoas da implantação de praticas preventivas”. IDALBERTO CHIAVENATO. (2002, p. 438).

Na atividade da LOGÍSTICA a SEGURANÇA DO TRABALHO também busca planejar atividades que antecipem e minimizem riscos para eliminar situações que possa prejudicar o trabalhador e causar incidentes de trabalho ou acidentes de trabalho.

Atualmente, o tema não se restringe somente à escolha e o uso intensivo de EPI’s em trabalhos de armazenagem.

O uso de novos equipamentos e tecnologias criaram novas circunstâncias e diversos riscos nos locais das atividades que transformaram o tema em um estudo MULTIDISCIPLINAR envolvendo a participação de outras áreas.

Incidente de Trabalho: toda e qualquer circunstância acidental ou episódio que NÃO gere lesão ou perturbação funcional e que não resulte na morte ou incapacidade temporária ou permanente do trabalhador.

Acidente de Trabalho: é quando qualquer circunstância acidental ou episódio gere lesão ou perturbação funcional temporária ou permanente do trabalhador durante seu trabalho ou em decorrência dele.

A ERGONOMIA VAI ALÉM DO LAY OUT

Quando realizada de forma incorreta, a movimentação e o levantamento de produtos e cargas no armazém tem uma grande probabilidade de causar graves lesões no sistema musculoesquelético dos trabalhadores.

A segunda década do Século XXI têm sido um cenário repleto de mudanças que se refletem intensamente nos ambientes de trabalho. O trabalho, cada vez está se desenvolvendo e avançando dentro de um padrão humano-máquina que pode gerar problemas de saúde cumulativos.  Portanto, cresce a importância das medições ergonômicas com o objetivo de evitar as consequências prejudiciais de uma tarefa repetitiva e promover condições saudáveis, eficientes e favoráveis.

Os maiores danos acontecem na região lombar, nos ombros, braços e pulsos com dores e desconforto (LER e DORT).

Em LOGÍSTICA, há inúmeras situações de risco em armazéns, centros de distribuição, depósitos e almoxarifados. Muitas delas causadas pela exigência da rapidez na busca de produtos (separação de produtos item por item), orientações sobre o processamento de pedidos, separação de produtos, documentação, carga e descarga, formas de processar informações, movimentação e a correção de erros.

Tanto é que cada vez mais o uso de robôs tem se tornado muito comum.

Atualmente, foco da preocupação da LOGÍSTICA não se refere mais apenas ao aproveitamento do espaço físico, no aumento do desempenho da CADEIA DE SUPRIMENTOS ou atenções com qualidade, agilidade, eficiência, custos e prazos. A visão de uma gestão mais moderna tem tido a ideia de prevenção, qualidade de vida, formas mais inteligentes de trabalho, redução do número de movimentos, cuidados em relação a acidentes e doenças laborais.

Os especialistas perceberam que a ERGONOMIA pode fazer uma grande diferença na LOGÍSTICA. O LAY OUT e as instalações de um armazém dever seguir um projeto adequado. O arranjo físico de estações de trabalho, móveis, utensílios e equipamentos devem estar funcionando com design ergonômico certo.

Assim sendo, a ERGONOMIA na LOGÍSTICA considera a disposição da estação de trabalho, dos móveis, utensílios e equipamentos nos escritórios e nos depósitos para que a mão de obra tenha maiores condições de executar as tarefas, a contento, com o menor prejuízo físico com eficiência para eliminar passos e ações desnecessárias.

Porém, a ERGONOMIA vai além de estudos focados em articulações e músculos. Os estudos ergonômicos envolvem processos que influenciam o modo de se executar tarefas que permitam a implantação de processos menos desgastantes e sem stress para os funcionários.

De fato, atualmente um dos aspectos que vem ganhando importância dentro da Logística é a apreensão em relação às ocorrências em que os trabalhadores podem estar expostos. Por causa da dimensão de suas atividades a ERGONOMIA, através da Ergonomia Física, chegou também até a Logística que, por natureza, é um trabalho que coloca funcionários diante das mais diversas condições desfavoráveis.

A ANÁLISE ERGONOMICA NO ARMAZÉM

Além do cuidado com a fadiga, saúde físico-psicológica e segurança dos funcionários, a ERGONOMIA trabalha para aprimorar as tarefas para eliminar erros, modificar a disposição do ambiente para que os processos sejam mais simples. A expectativa é aumentar a produtividade e a efetividade no tempo de desempenho (a velocidade do processamento milhares de pedidos diários), a melhoria da qualidade, menor custo e maior satisfação do consumidor.

ANÁLISE ERGONOMICA

Este trabalho visa à busca e a identificação de todas as funções, apetrechos, móveis e objetos que são utilizados pelos profissionais no seu local de trabalho. A análise também procura medir os impactos que interferem direta ou indiretamente sobre os funcionários (impactos físicos e psicológicos) dentro dos locais onde são realizadas as operações logísticas.

A ANÁLISE ERGONOMICA avalia os riscos dos equipamentos e das instalações utilizados, o ambiente, a influência que cada um dos elementos atua: luz, temperatura, umidade, exposição, disposição, movimentação que têm potencial para prejudicar a saúde física e mental dos funcionários.

As atividades analisadas nos armazéns, depósitos centros de distribuição e almoxarifados podem verificar condução de veículos, manuseio de produtos e materiais e tarefas que solicitem um excessivo esforço muscular. 

A ANÁLISE ERGONOMICA DO TRABALHO é regida e regulamentada pela NR17 do MINISTÉRIO DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL – MTPS, que tem a finalidade de estabelecer as diretrizes e os requisitos que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psico fisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente.

A ANÁLISE pode ser dividida em:

Aspecto físico: aborda as condições das respostas do trabalhador quanto à carga física (movimentos repetitivos, força necessária, posição, vibração e as prováveis lesões) e psicológica. Inclui as formas de manipulação de materiais e produtos bem como o arranjo físico dos postos de trabalho (adaptar o trabalho ao homem e não adaptar o homem ao trabalho).

Aspecto Cognitivo: aborda as condições e os processos mentais do trabalhador e se refere à percepção, atenção, aprendizado das tarefas (treinamento), habilidades, coordenação motora, nível de memória, relacionamentos (com outas pessoas e com os sistemas). Estudos mais abrangentes levam em conta as pressões, carga mental do trabalho, erros e tomada de decisão.

Aspecto Organizacional: também é conhecida por MACROEGONOMIA. É relativa ao desenvolvimento de uma estrutura organizacional, a disponibilização de equipamentos, processos e organização em geral: instalações, LAY OUT, perfil da GESTÃO e da SUPERVISÃO, turnos, qualidade da mão de obra, plano de incentivos, benefícios, motivação, treinamentos etc.

Medidas: revezamento, pausas programadas, organização mais eficiente do trabalho, métodos mais racionais, projetos de melhoria ergonômica e treinamento dos trabalhadores.

Sugestão de Leitura

GRANDJEAN, ETIENNE. Manual de Ergonomia – adaptando o trabalho ao homem. Editora Bookman. Edição 5ª. Porto Alegre, 2003.

CHIAVENATO, IDELBERTO. Recursos Humanos: edição compacta. Editora Atlas. Edição 7ª. São Paulo, 2002.

 

CORREA, VANDELEI MORAES; BOLETI, ROSANE ROSNER. Ergonomia – Fundamentos e Aplicações. Editora Bookman. Edição 1ª. Porto Alegre, 2003.

 

GUÉRIN, F; KERGUELEN, A; LAVILLE, A; DANIELLOU, F.; DURAFFOURG, J. Compreender o Trabalho para Transformá-lo: A Prática da Ergonomia. Editora Blucher. Edição 1ª. São Paulo, 2001.

WEERDMEESTER, BERNARDO; DUL, JEAN. Ergonomia Prática. Editora Blucher. Edição 3ª. São Paulo, 2012.

SILVA, ALEXANDRE PINTO DA. Ergonomia – Interpretando A Nr 17. Editora LTR. Edição 3ª. São Paulo, 2019.

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