INTRODUÇÃO:
O mundo não foi mais o mesmo após a II GUERRA MUNDIAL. Além da perda de 45 milhões de vidas, a maioria civis, o conflito deixou a Europa (o maior palco dos combates) e o Japão em ruínas e em uma situação de extrema penúria. Foi necessário um período de recuperação, no qual a ADMINISTRAÇÃO também teve que se transformar com novas teorias mais adequadas aos novos tempos.
A TEORIA COMPORTAMENTAL
Também é conhecida como ABORDAGEM DAS CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO (BEHAVIORAL SCIENCES APPROACH). A TEORIA COMPORTAMENTAL criou uma nova visão da ADMINISTRAÇÃO tendo sua ênfase voltada para a abordagem do COMPORTAMENTO e, portanto, se afastando das posições PRESCRITIVAS E NORMATIVAS (1) do TAYLORISMO, FAYOLISMO, dos estudos de HAWTHORNE (ELTON MAYO – Relações Humanas) e da TEORIA DA BUROCRACIA.
Por sua vez, abordagem comportamental (ou TEORIA BEHAVIORISTA – do inglês BEHAVIOR – comportamento) tomou por base a ABORDAGEM DESCRITIVA E EXPLICATIVA e é entendida como uma derivação da TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS (ELTON MAYO). O seu enfoque ainda é sobre o comportamento humano devido ao desenvolvimento das ciências comportamentais e da PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL ao conceituar o contexto das organizações de forma mais extensa. Leva em conta as influências do COMPORTAMENTO na empresa como um TODO e as perspectivas dos indivíduos diante das organizações.
(1) A ABORDAGEM PRESCRITIVA E NORMATIVA: é uma perspectiva que tem a atenção voltada em determinar princípios NORMATIVOS que devem ser aplicados rigorosamente, em todas as situações, como uma fórmula infalível (PRESCREVE como fazer as coisas nas empresas para que o administrador alcance os seus objetivos).
(2) A ABORDAGEM DESCRITIVA E EXPLICATIVA, não estabelece regras como o administrador deverá resolver os problemas das empresas. Ela DESCREVE, analisa e EXPLICA as organizações para que o administrador selecione a maneira mais indicada para lidar com elas de acordo com sua natureza, variáveis, tarefas, participantes, problemas, situação, limitações etc.
VISÃO CRÍTICA – os estudiosos da BEHAVORISTAS criticaram as Teorias precedentes:
● TEORIA CIENTÍFICA e TEORIA CLÁSSICA: pelos conceitos formais e mecanicistas, pela ênfase nas tarefas e na forma desumana em relação ao trabalhador.
● TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS: pela ingenuidade em relação aos trabalhadores. A liberdade deveria ser complementada com mais responsabilidade.
● TEORIA DA BUROCRACIA: pela adoção de um modelo rígido e absolutamente inflexível (o “MODELO DE MÁQUINA”).
“… comportamento é orientado para objetivos, podendo cooperar com os outros indivíduos, quando for importante para o alcance dos objetivos o esforço coletivo, ou ainda pode competir com os outros, quando ocorre uma disputa”. CHIAVENATO, 2003.
A ORIGEM DA TEORIA COMPORTAMENTAL
Dentro da TEORIA CIENTÍFICA e da TEORIA CLÁSSICA alguns estudiosos enxergaram o valor do fator humano e iniciaram estudos sobre sua influência na ADMINISTRAÇÃO. Mas, nesta época o enfoque era absolutamente do ponto de vista técnico, voltado para métodos de trabalho, eficiência e organização da empresa.
Num plano secundário ou, até inexistente, foram colocadas as necessidades, interesses e sentimentos das PESSOAS que trabalhavam nas ORGANIZAÇÕES. Mesmo com todo o desenvolvimento técnico ocorrido na segunda metade do Século XIX, ficou bem claro que a produtividade, o resultado e o desempenho de uma organização eram vinculados ao comportamento das PESSOAS.
Para a maioria dos autores, o início da COMPORTAMENTAL pode ser considerado com o livro O COMPORTAMENTO ADMINISTRATIVO lançado em 1947 por HEBERT ALEXANDER SIMON trazendo conceitos diferenciados em relação ao processo de tomada de decisões e aos limites da racionalidade. Além de HEBERT SIMON, outros estudiosos tiveram grande importância: RENSIS LIKERT (1903-1981), ABRAHAM MASLOW (1908-1970), CHRIS ARGYRIS (1923-2013), DOUGLAS MCGREGOR (1906-1964), FREDERICK HERZBERG (1923-2000), DAVID MCCLELLAND (1917-1998), CLAYTON ALDERFER (1940-2015) e WILLIAM OUCHI (1943-).
A EMPRESA É UM SISTEMA SOCIAL
Segundo a TEORIA COMPORTAMENTAL o centro das atenções continua sendo o ser humano. Portanto, ela évista por muitos como a evolução ou até um desdobramento da TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS.
A partir da TEORIA COMPORTAMENTAL a ênfase se volta para as pessoas e o homem passa a ser entendido como um SER dotado de necessidades. Numa empresa o SISTEMA SOCIAL é importante: é constituído por PESSOAS (o ser humano) com suas NECESSIDADES que ultrapassam o lado financeiro. Outros aspectos relevantes são os SENTIMENTOS, ATITUDES e COMPORTAMENTOS.
– A TEORIA COMPORTAMENTAL procura explicar o COMPORTAMENTO de cada indivíduo dentro de uma organização.
– O SER HUMANO tem a capacidade de ORGANIZAR suas próprias PERCEPÇÕES frente ao AMBIENTE como um TODO e tem a capacidade de APRENDER e capacidade de MUDAR suas ATITUDES.
ATITUDES
São disposições favoráveis ou desfavoráveis em relação a OBJETOS, PESSOAS e ACONTECIMENTOS ou em relação aos seus atributos.
COMPORTAMENTOS
A – Na PSICOLOGIA, o COMPORTAMENTO é o conjunto de procedimentos ou reações (RESPOSTAS) do indivíduo em determinadas circunstâncias em relação ao meio ambiente que o cerca (ESTÍMULOS).
B – Segundo CHIAVENATO, o COMPORTAMENTO significa
“a maneira pela qual um indivíduo ou uma organização age ou reage em suas interações com o seu meio ambiente e em resposta aos estímulos que dele recebe”. Chiavenato, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração (2003, p. 324).
C – De acordo com STEPHEN P. ROBBINS,
“O comportamento organizacional é um campo de estudos que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura organizacional têm sobre o comportamento das pessoas dentro das organizações, com o propósito de utilizar este conhecimento para melhorar a eficácia organizacional” (Robbins, 2002).
D – COMPORTAMENTO é o conjunto de ATITUDES (reações ou RESPOSTAS) de um indivíduo diante do MEIO AMBIENTE (ESTÍMULOS AMBIENTAIS). No ambiente corporativo COMPORTAMENTO dos indivíduos pode ser orientado para:
● Alcançar OBJETIVOS.
● COOPERAR com outros indivíduos para alcançar OBJETIVOS (quando isto for importante dentro do esforço coletivo).
● COMPETIR com outros indivíduos (em caso de uma disputa).
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
Partindo da PSICOLOGIA, a TEORIA COMPORTAMENTAL trouxe este conceito para a ADMINISTRAÇÃO estudando O QUE AS PESSOAS (ou GRUPOS) FAZEM dentro da empresa, a FORMA como os GRUPOS e INDIVÍDUOS se COMPORTAM dentro dela e a interferência do COMPORTAMENTO destas PESSOAS (ou destes GRUPOS) nos RESULTADOS.
A empresa só vai alcançar seus OBJETIVOS se houver COOPERAÇÃO entre as PESSOAS (ou GRUPOS) de forma COORDENADA. Assim, todo o esforço será útil para alcançar um propósito. Para que isto funcione, há a necessidade de uma DIVISÃO RACIONAL DO TRABALHO e de uma HIERARQUIA DEFINIDA.
Sendo uma análise relacionada às situações do ambiente de trabalho, a importância do COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL recai sobre as funções, tarefas, absenteísmo, TURN OVER, produtividade, desempenho e administração. A TEORIA COMPORTAMENTAL trouxe da PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL uma série de ideias através de conceitos diferentes:
A – COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL. B – LIDERANÇA.
C – MOTIVAÇÃO. D – COMUNICAÇÃO.
E – DINÂMICA DE GRUPO. F – PROCESSO DECISÓRIO.
G – ESTILOS ADMINISTRATIVOS.
INSATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES EGOÍSTICAS
COMPORTAMENTOS como a passividade ou a recusa de responsabilidade são sintomas de uma doença denominada INSATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES EGOÍSTICAS. Dessa forma então, o homem frustrado está tão doente quanto o homem desnutrido. A organização deve se preocupar não somente com a satisfação das necessidades básicas dos seus empregados, visto que aquele que não tenha a oportunidade de interagir e obter valorização profissional poderá mostrar-se insatisfeito, ainda que disponha de excelente remuneração.
MOTIVAÇÃO
A TEORIA COMPORTAMENTAL toma por princípio o comportamento individual, estudando o campo da MOTIVAÇÃO humana. Os comportamentalistas acreditavam que, a partir do momento que se toma conhecimento das necessidades humanas, pode-se melhorar a qualidade do trabalho utilizando a MOTIVAÇÃO nas organizações.
O HOMEM ADMINISTRATIVO
Com esta denominação fica estabelecido que um indivíduo toma DECISÕES racionais: o trabalhador tem opinião, tem decisão, colabora e participa na solução de problemas. Em comparação com as Teorias precedentes a TEORIA COMPORTAMENTAL enxerga um homem diferente.
O CONTEXTO
O PÓS-GUERRA: a II GUERRA MUNDIAL (1939-1945) deixou a Europa arrasada com enormes perdas humanas e materiais, sem contar o horror do HOLOCAUSTO.
Mais uma vez a humanidade foi vítima de um conflito sem precedentes, chegando a um nível de destruição bem maior do que a I GUERRA MUNDIAL (1914-1918).
OS ESTADOS UNIDOS – O CREDOR DO MUNDO: os americanos tiveram participação ativa no conflito contando com todo o seu poderio militar e com a enorme capacidade produtiva de suas indústrias. Seu crescimento econômico foi rápido e, em 1945, chegou a um patamar muito à frente de qualquer outra nação, o que lhe conferiu a posição de maior credor do mundo.
A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA: as armas desenvolvidas durante o conflito criaram um novo nível de desenvolvimento tecnológico, levando à modernização e a posterior automatização da indústria. A penicilina, o avião a jato, o computador (cérebro eletrônico), retransmissão FM multicanal de rádio, a utilização da energia atômica, radar, o aproveitamento da borracha sintética e do petróleo sintético, foguetes etc.
A GUERRA FRIA: foi o nome dado à disputa hegemônica iniciada ao final da Guerra entre os Estados Unidos e a União Soviética. Ocorreram vários conflitos estratégicos e indiretos de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica (Capitalismo X Socialismo).
As duas potências competiam para ampliar suas zonas de influência em diversas partes do mundo e recebeu esta denominação porque não houve uma guerra aberta e direta entre os dois países. Terminou em 1991 com a extinção da União Soviética.
PLANO MARSHALL
A partir de 1945, os americanos já prestavam assistência econômica à Europa e auxílio militar à Grécia e à Turquia. A ONU (Organização das Nações Unidas) criada em outubro 1945, prestava ajuda humanitária aos países arruinados pela guerra. O PLANO MARSHALL foi anunciado em 1947 em HARVARD e ficou conhecido por ERP (EUROPEAN RECOVERY PROGRAM – Programa de Recuperação Europeu) .
A partir do ano seguinte, destinou 14 bilhões de dólares de ajuda econômica para 16 países até 1952.
Além da recuperação das economias da Europa Ocidental, os americanos tencionavam barrar o crescimento dos partidos comunistas. A princípio, a ajuda contou com alimentos, combustível e maquinário para o desenvolvimento industrial. Posteriormente, houve a diminuição dos regulamentos, políticas e restrições em relação ao comércio exterior (as barreiras alfandegárias) e outras medidas de caráter comercial. As nações beneficiadas se desenvolveram, progrediram e formariam a UNIÃO EUROPÉIA.
Sugestão de Leitura
CHIAVENATO, IDALBERTO. Introdução à Teoria Geral da Administração. Editora Campus. Edição 7ª. Rio de Janeiro, 2003.
MAXIMINIANO, ANTÔNIO CÉSAR AMARU. Teoria Geral da Administração – Da Revolução Urbana à Revolução Digital. Editora Atlas. Edição 8ª. São Paulo, 2017.
SILVA, RENATO O. Teorias da Administração. Editora Pearson. Edição 2ª. São Paulo, 2015.
GIL, ANTÔNIO CARLOS. Teoria Geral da Administração – dos Clássicos à Pós-modernidade. Editora Atlas. Edição 1ª. São Paulo, 2017.
ROBBINS, STEPHEN P. Comportamento Organizacional. Editora Pearson. Edição 11ª. São Paulo, 2008.