O desenvolvimento dos estudos sobre ADMINISTRAÇÃO tem produzido uma literatura farta e com conceitos interessantes. As novas ideias no EMPREENDEDORISMO também mostram outros caminhos, definições variadas e entendimentos diferentes.
Sobre este tema o consenso estabeleceu que ser EMPREENDEDOR é uma tarefa difícil e trabalhosa (HOUAISS, A. 2001) onde características pessoais, muitas vezes, possuem um peso maior do que o ramo de atividade escolhido como foco do negócio.
E diversos autores sobre a matéria apontam CARACTERÍSTICAS similares para o perfil EMPREENDEDOR: PESSOA sonhadora, criativa, com autoconhecimento, ousada ao enxergar para frente e para cima, líder, proativo, com inteligência emocional, capacidade de planejamento e habilidade técnica etc.
Todas estas qualidades dão ao indivíduo as condições para poder construir o futuro e responder aos desafios representados pelas maneiras como ele vai criar a gestão do seu próprio negócio. Pensar em oportunidades de negócio analisando sua viabilidade, criar controles e monitoramento, formar a CULTURA ORGANIZACIONAL, comportamentos, CLIMA LABORAL etc.
É… agora parece que achamos a pedra-de-toque, a RECEITA INFALÍVEL genuína para praticar EMPREENDEDORISMO.
Bem, vamos complicar o assunto e levar a nossa fórmula mágica para um cenário diferente: o desafio do INTRAEMPREENDEDORISMO.
O INTRAEMPREENDEDOR
É a figura do profissional entendida como o executivo ou um colaborador, agindo na empresa com as mesmas preocupações e características de um EMPREENDEDOR. O objetivo é fazer mudanças, criar coisas novas e importantes, projetos etc. É o EMPREENDEDORISMO feito por gente da própria empresa.
O INTRAEMPREENDEDOR promove ações inovadoras, dá velocidade à organização, assume os RISCOS da atividade e vislumbra situações futuras. É o elemento que planeja mudanças, antecipa necessidades e expectativas. Para tanto, usa suas observações, análises e ideias apontando outras soluções em seus INTRAPROJETOS.
OBSTÁCULOS
Entretanto, este contexto de trabalho representa grandes dificuldades. Em geral, o PRIMEIRO OBSTÁCULO será enfrentar a má vontade da empresa em apostar em mudar e abandonar velhas formas de trabalho.
O INTRAEMPREENDEDOR vai necessitar, além de alta capacidade técnica, muita HABILIDADE POLÍTICA. O desafio está na ruptura de privilégios existentes, limitação de espaços já delineados e maus costumes estabelecidos em áreas onde GESTORES agem na ZONA DE CONFORTO.
O SEGUNDO OBSTÁCULO é mais sério. Mesmo sendo competente e bom profissional, o INTRAEMPREENDEDOR que propõe bons projetos e mudanças não tem garantia de sucesso. Ainda que tenha ideias inovadoras e aptidão de antever os resultados do seu trabalho diante das reais necessidades de transformação da empresa, nem sempre ele é bem visto.
Em algumas situações seus superiores (ou pares) o consideram como ameaça pela grande probabilidade de ficar comprovado que, o que tem sido feito até hoje foi feito de forma errada. Assim, sob este olhar, sem apoio e sofrendo forte pressão o INTRAEMPREENDEDOR pode tender a se acomodar e simplesmente se tornar MAIS UM convivendo com o que está errado, pode ficar isolado pregando no deserto ou correr o perigo de ser… DEMITIDO.
O TERCEIRO OBSTÁCULO se refere à ideia que esteve em moda no meio corporativo por algum tempo e que já está entrado em extinção (graças a DEUS). Particularmente, ela me causou grande estranheza: a “DOR DO DONO”, também conhecida como DdD.
A DOR DO DONO?
É uma expressão relacionada à percepção e ao sentimento de que um profissional TEM QUE se doar profundamente. Ou seja, estar envolvido FULL TIME com a organização como se ele fosse, na verdade, o seu proprietário, o DONO.
Significa que um INTRAEMPREENDEDOR tem que assumir um papel em que experimente DIVIDIR a mesma DOR DO DONO, suas aflições, STRESS, pressão alta, frio na espinha e o tormento por cuidar dos negócios como se fosse o DONO (assumindo o mesmo papel do empresário!).
Sentir a DOR DO DONO? Ao analisar por outra visão posso considerar uma incoerência. O INTRAEMPREENDEDOR é um profissional a quem foi dada uma missão com grande responsabilidade e, em geral, sem apoio e com pouca autonomia. A TAREFA é muito mais espinhosa.
INTRAEMPREENDEDOR não é dono, não é um dos fundadores da empresa, não é investidor com direito a retorno, não é sócio, não é acionista, não está envolvido no processo sucessório e nunca vai enxergar a empresa com o interesse idêntico.
Ser EMPREENDEDOR é um enorme desafio – ser INTRAEMPREENDEDOR é pior ainda. É necessário que o profissional tenha o máximo de envolvimento com a empresa, RESILIÊNCIA diante das pressões e as sensações e sentimentos como se ele fosse, de fato, o seu DONO.
Sentir a DOR DO DONO? Até agora eu não li nada na literatura da Administração ou em algum estudo específico abordando em que momento é para dividir a mesma ALEGRIA DO DONO: participação nos resultados, ter reconhecimento e ter o mérito por cuidar dos negócios como se fosse o próprio empresário.