A Expansão da Administração Científica

INTRODUÇÃO:

A despeito dos inúmeros problemas, polêmicas e críticas ferozes enfrentadas, a ADMINISTRAÇÃO CIENTIFICA comprovou o brilhantismo das ideias de TAYLOR através de seus resultados impressionantes. A partir de 1911 o TAYLORISMO foi se alastrando, se tornou comum nas fábricas americanas e se expandiu por outros países nas décadas seguintes.

O RESULTADO Com a ADMINISTRAÇÃO CIENTIFICA os resultados obtidos com os seus princípios prescritos no gerenciamento fabril eram notáveis. Por esta razão, uma oposição ferrenha não resistiu por muito tempo em suas colocações. E a partir de 1914, a linha de montagem da FORD, com seu fluxo materiais e partes detalhadamente planejados, trabalhando com preponderância da máquina sobre homem, ocasionaram uma revolução no modo de vida. Os automóveis e muitos outros bens passaram a ser fabricados em larga escala e vendidos a preços acessíveis.

A fabricação artesanal ficou no passado e os engenheiros agora trabalhavam com base em métodos racionais. A aceitação do TAYLORISMO teve prós e contras:

1 – Os socialistas, intelectuais, radicais, sindicalistas, a imprensa e os operários consideravam esta forma de trabalho cruel.

Era um sistema de alienação do homem para trabalhar bem mais, somente em benefício das empresas. Ao mesmo tempo, o ganho de eficiência levaria à perda de muitos empregos.

2 – Para os capitalistas, investidores, empresários e governo americano havia um entusiasmo enorme pela grande oportunidade de consumo. Este grupo via no TAYLORISMO a solução para produzir muito mais, vender muito, lucrar muito mais e arrecadar impostos.

Entretanto, TAYLOR considerava que a ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA atuava em benefício de TODOS dando equilíbrio às relações de trabalho por permitir ganhos para TODOS com o aumento dos níveis de produtividade. Após a morte de TAYLOR, em 1915, aos poucos os opositores amenizaram o volume de suas críticas. Ao mesmo tempo, os engenheiros foram eliminando os desperdícios e maus hábitos que prejudicavam os trabalhos na produção.

O INÍCIO DA EXPANSÃO:

Saindo das fábricas o TAYLORISMO começa a ser aplicado em outras áreas de atividade. Com o tempo, os escritórios e o comércio também passaram a ter suas tarefas feitas de forma racional, com a mesma lógica ao assumir os princípios e os rigores da ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA. E logo ela se ampliou para outros países.

FRANÇA:

Durante a I GUERRA MUNDIAL (1914-1918) a participação americana, de abril de 1917 até o fim do conflito, enviou mais de 1.000.000 de combatentes para lutar contra os alemães no Front Ocidental. O primeiro-ministro francês GEORGES CLEMENCEAU (1841-1929) ficou vivamente impressionado com a quantidade de materiais e o trabalho efetuado: os EUA mostraram seus padrões de eficiência e capacidade industrial ao transportar e abastecer suas tropas com munições, equipamentos, hospitais de campanha, construção de cais, estradas, linhas de comunicação etc. CLEMENCEAU ordenou que todas as fábricas sob o comando do Ministério da Guerra francês utilizassem imediatamente os princípios e as práticas TAYLORISTAS no seu esforço de guerra.

Mas, o TAYLORISMO não era assunto totalmente inédito na FRANÇA. HENRY LOUIS LE CHATELIER, um importante químico francês do final do Século XIX e começo do Século XX (conhecido por seu trabalho sobre o princípio do equilíbrio químico) teve contato com as ideias de TAYLOR entre 1904 e 1907.

CHATELIER se tornou seu seguidor, partidário e um grande entusiasta da ideia de que o método científico deveria ser usado na indústria.

Com a finalidade de aplicar métodos científicos à indústria, LE CHATELIER reuniu engenheiros metalúrgicos e automotivos em 1906. Por meio de conferências, cursos e publicações procurou convencer os franceses sobre as vantagens das ideias do TAYLORISMO.

Mas, até 1914 seu trabalho se restringiu a RENAULT e a MICHELIN. A I GUERRA MUNDIAL obrigou os franceses a buscarem um esforço de racionalização e padronização da produção, especialmente nas indústrias voltadas para a produção de armas.

Na França LE CHATELIER divulgou as ideias de TAYLOR e teve a sua permissão para ser o tradutor oficial e editor de suas obras. Porém, os lucros seriam dedicados com exclusividade à divulgação da ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA. Em 1928, LE CHATELIER publicou o livro “LE TAYLORISM” e, apesar de seus esforços, as ideias propostas por HENRY FAYOL foram as mais utilizadas pelos franceses.

UNIÃO SOVIÉTICA  

O que ressalta à primeira vista é que até mesmo a União Soviética, empenhada em dar reais condições de vida para classe trabalhadora e banir em definitivo a exploração do homem pelo homem, tenha adotado o modelo TAYLORISTA. Como foi possível este modelo americano e capitalista, voltado para níveis de elevada produtividade, estar dentro de uma revolução das massas proletárias?

Antes da REVOLUÇÃO DE 1917 a industrialização na RÚSSIA CZARISTA necessitava de melhorias nas condições de produção. Era preciso adotar modelos de gestão similares às empresas europeias e americanas. A ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA passou a ser adotada para a organização do trabalho e da produção em fábricas situadas em São Petersburgo.

As discussões sobre a aplicação do TAYLORISMO na Rússia causaram debates acalorados entre intelectuais socialistas. Um dos principais opositores foi LÊNIN.

Entre 1913 e 1916 ele criticou o modelo americano por proporcionar altos ganhos para a BURGUESIA e o CAPITALISMO com o aprofundamento da exploração das massas operárias. Após a REVOLUÇÃO RUSSA DE 1917, que implantou o governo socialista e substituiu a classe governante aristocrática, foi necessária a reconstrução da atividade econômica.

A partir de 1917, as disputas em torno das definições sobre o modo de produção industrial levara a aplicação do TAYLORISMO enquanto prática organizacional. A partir de então, LÊNIN e outros líderes como TROTSKY e BUKHARIN se tornaram grandes entusiastas das aplicações do modelo americano.

Porém, por toda a década de 1920 a aplicação não encontrou suporte entre os diretores das fábricas nem entre os próprios operários. E acabou por se transformar numa área de estudo sem muita aplicação prática. Houve uma busca pela melhoria e aumento da produção com a adaptação do uso dos métodos americanos. Na União Soviética o TAYLORISMO foi chamado de NOT (NAUCHNAYA ORGANIZATSIIA TRUDA – Organização Científica do Trabalho).

ALEMANHA NAZISTA

Nos anos ENTREGUERRAS a Administração Científica foi implantada nas Alemanha através do DINTA (Instituto Alemão de Treinamento Técnico do Trabalho) e a sua receptividade, a princípio, foi muito pequena. Historicamente o nível de treinamento, a alta qualificação e a cultura dos operários alemães sempre foram características bem marcantes.  As relações hierárquicas, em todos os níveis, sempre foram homogêneas, unidas em torno de um trabalho e objetivo comum.

Mas, em 1930, a FORD instalou sua fábrica na Alemanha e em 1931 a GM adquire o controle da OPEL. As duas empresas implantaram os métodos de produção americanos. A economia alemã se recuperou e cresceu rapidamente durante os primeiros anos do REGIME NAZISTA.

E um dos principais fatores da recuperação foi o impulso dado às indústrias pelo programa de rearmamento, no qual ADOLF HITLER direcionou economia a partir de 1934. A disciplina natural do operário alemão e a GESTÃO CIENTÍFICA renderam resultados.

GRÃ-BRETANHA

O Taylorismo chegou à Grã-Bretanha na década de 30 e a sua receptividade foi muito pequena. Historicamente as empresas inglesas nunca se preocuparam em modificar as suas formas de trabalho.

JAPÃO  

Muito acreditam que os métodos de produção das fábricas japonesas são inéditos. Mas, pouco antes da II GUERRA MUNDIAL o TAYLORISMO e o FORDISMO já eram copiados e aplicados no Japão por KIICHIRO TOYODA.

Os métodos de trabalho americanos e as ideias de TAYLOR foram retomados no final da década de 40 e início dos anos 50 na reconstrução do JAPÃO sendo a base do sistema TOYOTA de produção e que se disseminou pelas empresas do país. Para renovar a sua indústria os japoneses criaram o conceito de KAIZEN (significa aprimoramento contínuo – uma aplicação do TAYLORISMO).  A disciplina natural do operário japonês e a ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA renderam resultados.

ITÁLIA

Dois movimentos formaram o regime FACISTA: o SINDICALISMO e o NACIONALISMO. Os SINDICALISTAS tinham por propósito que a economia deveria ser dirigida por grupos que representassem os trabalhadores nas indústrias.

Por sua vez, os NACIONALISTAS, acreditavam na luta entre nações. Então, em meio a este cenário político, sob o regime fascista na ITÁLIA de BENITO MUSSOLINI, os resultados da aplicação do TAYLORISMO foram inexpressivos.

Na década de 20 a estrutura produtiva italiana ainda era precária e rudimentar. A sociedade tinha mentalidade feudal e o perfil do trabalhador italiano neste momento estava bem abaixo do ideal para a atividade fabril. A maior parte dos trabalhadores estava ociosa, uma tendência vinda desde o Século XIX e que se agravou após a I GUERRA MUNDIAL. E no período continuavam as grandes correntes imigratórias para a América.

O regime FACISTA reconhecia a propriedade privada e o lucro como sendo legítimos e incentivava a produtividade, desde que não houvesse algum tipo de conflito com o Estado.

PORTUGAL E ESPANHA

A industrialização destes países na década de 1920 era incipiente. Durante muito tempo as duas nações se acostumaram a viver do Pacto Colonial e se sustentando com o comércio e exploração das colônias restantes de seus antigos Impérios. Ainda nas primeiras décadas do Século XX a atividade industrial nunca objeto de interesse.

BRASIL

Na década de 30 foi criado em São Paulo o Instituto de Organização Racional do Trabalhador (IDORT) para estudar e divulgar as ideias de TAYLOR e programar os preceitos e técnicas de produção na indústria paulista. Mas, este trabalho só começou a surtir um efeito mais positivo na década de 50, durante o processo de industrialização do governo de JUSCELINO KUBITSCHEK.

Sugestão de Leitura

SILVA REINALDO O DA. Teorias da Administração. Editora Pioneira Thomson Learning. Edição 2ª. São Paulo, 2001.

OLIVEIRA, DJALMA DE PINHO REBOUÇAS DE. História da Administração: Como entender as Origens, as Aplicações e a Evoluções da Administração. Editora Atlas, Edição 1ª. São Paulo, 2012.

BACCARO, ARCHIMEDES. Introdução geral à Administração – Administração ontem e Hoje. Editora Vozes. Edição 2ª. Curitiba, 1988.  

Deixe um comentário