Estados Unidos: A Expansão no Século XIX – A América para os Norte Americanos

INTRODUÇÃO:

 A História dos EUA foi marcada por uma rápida expansão territorial na primeira metade do século XIX na direção do Oceano Pacífico. Ficou conhecida como “A MARCHA PARA O OESTE” aproveitando, na maior parte, a grande fragilidade de seus vizinhos. Vários fatores positivos contribuíram para este crescimento.

Fluxo Imigratório: após a independência, em 1776, a imigração se acelerou e foi aumentando durante todo o Século XIX. Em 1790 os Estados Unidos tinham uma população de 3.900.000 habitantes que em 1810, num curto espaço de 20 anos, chegou a 7.200.000. Por esta época sua sociedade era, sobretudo, voltada para atividades agrárias no Nordeste e grandes latifúndios exportadores no Sudeste. E levas de exploradores já se aventuravam pelos territórios obtidos pelo Tratado de Paris de 1783.

As grandes levas imigratórias, que aumentavam cada vez mais, eram justificadas por aspectos muito importantes:

● – A perseguição religiosa continuava.

● – A Europa se desestabilizou após a Revolução Francesa em 1792.

● – Na Inglaterra, as novas formas de produção da REVOLUÇÃO INDUSTRIAL fizeram com milhares de artesãos e camponeses fossem para as cidades em busca de emprego e esvaziaram as áreas rurais. Em consequência, as cidades inglesas ficaram saturadas e sem empregos suficientes.

● – Ao mesmo tempo, as dificuldades financeiras e a concentração fundiária na Europa expulsaram muito camponeses da terra.  

● – No final do Século XIX, a imigração intensa veio principalmente da Inglaterra, Irlanda, Alemanha e Itália. E estes imigrantes, muitos deles artesãos que perderam seu trabalho, trouxeram todo o seu talento para a América.

● – O rápido crescimento demográfico e a área pequena do país contribuíram para a busca das terras a Oeste para aumentar a produção agrícola e a área para os rebanhos.

A EXPANSÃO:

OS ANTECEDENTES:

Com base na visão dos primeiros colonos protestantes que chegaram à América (a terra prometida por Deus), os Estados Unidos teriam a grande missão essencial de ocupar a região para civilizar os povos inferiores do continente. Era a DOUTRINA DO DESTINO MANIFESTO, que se tornou uma ideia comum, ao afirmar que o povo americano foi eleito por Deus para executar esta tarefa.

O Presidente JAMES MONROE (1758-1831)  dá a conotação política em 1820 para a ideia da DOUTRINA DO DESTINO MANIFESTO.

A princípio, a DOUTRINA MONROE temeu que as potências europeias agissem para recuperar suas colônias na América. MONROE se posicionou como grande “DEFENSOR” das nações da AMÉRICA LATINA que vinham se libertando das suas metrópoles (mesmo que os Estados Unidos ainda não tivessem tanta importância no Continente).

A doutrina pregava “A AMÉRICA PARA OS AMERICANOS”. Entretanto, conforme o tempo passou, os interesses territoriais expansionistas dos Estados Unidos modificaram a ideia inicial. A expansão da DOUTRINA MONROE, para o Oeste e para o Sul, se transformou em “A AMÉRICA PARA OS NORTE-AMERICANOS”.

A AMÉRICA DOS NORTE AMERICANOS:

O processo aproveitou a fragilidade dos vizinhos e foi realizada de forma pacífica ou pelo uso da força:

Tratado de San Lorenzo (1795): foi uma grande vitória diplomática americana sobre disputas territoriais na Flórida (possessão espanhola) e a concessão de livre navegação aos navios americanos pelo Rio Mississipi.

Louisiana: em função das despesas com as guerras na Europa e no Haiti, Napoleão Bonaparte vendeu o território da Louisiana aos americanos em 1803 por 15 milhões de dólares. E os Estados Unidos estenderam o seu território para além do Rio Mississipi.  

Flórida: Em 1819 aos americanos compraram a Flórida dos espanhóis por 5 milhões de dólares e a Coroa Espanhola ficou com o Texas.

● Alasca – “América Russa”: o Czar  Alexandre II tinha o Império Russo em grandes dificuldades financeiras e temia perder o território com facilidade para os ingleses baseados no Canadá.

Oregon: até 1841, a colônia de Oregon, a o Noroeste, nunca chegou a ser de grande interesse econômico para os ingleses. Foi cedida aos norte-americanos anexada em 1846.

● Texas – O uso da FORÇA: por ser muito pouco povoado, em 1822 as autoridades mexicanas permitiram a entrada e o estabelecimento de colonos americanos no Texas (Tejas) sob a condição de lealdade e conversão ao catolicismo. A partir de 1830, os desentendimentos entre os colonos e as ditaduras que dirigiam o México começaram a prejudicar o controle da região.

Em 1836, os texanos/americanos declararam a sua independência como República do Texas, um estado reconhecido pela França e pela Inglaterra. Mesmo com a maioria da população já composta de colonos norte-americanos, o governo do presidente López de Santa Anna não reconheceu o novo país e, de 1842 e 1844, tentou recuperar o território.

A frágil República do Texas solicitou em 1845 a sua incorporação aos Estados Unidos, que foi concedida imediatamente. Aproveitando a presença de seu exército no território texano, os americanos pressionaram o México vender a Alta Califórnia e o Novo México.

A resposta negativa por parte dos mexicanos deu início a guerra contra os Estados Unidos de 1846 a 1848.

Com a vitória, os americanos tomaram Califórnia, Arizona, Nova México, Nevada, Utah e parte do Colorado e pagaram aos vencidos uma indenização irrisória de 15 milhões de dólares. A tomada de territórios foi concluída com a anexação de GADSDEN em 1853 e a derrota custou ao México a perda de 51% do seu território. 

O GENOCÍDIO:

Antes de completar um século de independência os Estados Unidos se agigantaram territorialmente. E pela DOUTRINA DO DESTINO MANIFESTO, os americanos estavam seguindo à risca sua grande missão essencial e executando a tarefa de ocupar e “CIVILIZAR” os povos inferiores … A MANDO DE DEUS. Estava faltando um item a passar pelo processo “CIVILIZADOR”: os indígenas.

Os confrontos entre colonizadores e indígenas se iniciaram desde o começo das 13 colônias (JANESTOWN – 1607, MASSACHUSETTS – 1620, NOVA AMSTERDAM – 1626, PENNSYLVANIA – 1680). Diversas batalhas exterminaram muitas nações estabelecidas há milhares de anos na América. E estas vitórias só reforçaram o sentimento de superioridade racial dos brancos e reforçaram ainda mais o expansionismo calcado na DOUTRINA DO DESTINO MANIFESTO do “POVO ELEITO POR DEUS”.

A expansão territorial dos Estados Unidos obrigou os indígenas a abandonarem suas terras provocou a morte de milhões deles pela destruição de seu modo de vida e pela violência a que foram submetidos.

Depois de tomar a maior parte do México, em 1848 foi descoberto ouro na Califórnia. Tem início a MARCHA PARA O OESTE na qual foi necessário limpar o caminho da presença dos indígenas. Os índios que ocupavam as terras dos Estados Unidos ainda estavam passando por fases de desenvolvimento e tinham muito pouca capacidade de para se defenderem dos europeus. Desta forma se explica a grande facilidade com que foram derrotados.

Entretanto, desde 1830 o decreto da Lei de Remoção de Índios forçou várias nações indígenas a se transferirem numa marcha forçada da Geórgia para uma nova reserva estabelecida a oeste do Rio Mississipi. O governo americano não cumpriu a promessa de que os novos limites seriam respeitados, o que gerou inúmeros conflitos. O episódio, chamado de Trilha das Lágrimas, causou a morte de milhares…

E durante todo o Século XIX ocorreu a destruição de grande parte das nações indígenas e dos seus recursos de sobrevivência (a pele dos búfalos tinha alto valor comercial para os americanos e a espécie chegou muito perto  da extinção).

A SEQUÊNCIA DO PROCESSO DE EXPANSÃO:

Após 1865 a expansão prosseguiu e foi facilitada pelo uso das ferrovias.

facilitada pelo uso das ferrovias. A extensa malha ferroviária permitiu vencer as grandes distâncias do território americano. Com o país consolidado internamente, mesmo com as cicatrizes profundas da Guerra Civil, os objetivos se voltaram para o cenário externo em busca de novos mercados e  fontes de matéria primas para a crescente indústria americana. 

A capacidade militar e as experiências adquiridas foram colocadas em prática. Após a anexação das ilhas havaianas no Oceano Pacífico em 1898 os Estados Unidos se voltaram para o Caribe.

No fim do Século XIX haviam proposto para a Espanha a compra de Cuba e Porto Rico para expandir a sua área de influência. Como os espanhóis recusaram a proposta os Estados Unidos passaram a apoiar os movimentos cubanos de independência.

Em 1898 a marinha americana enviou o couraçado MAINE para o porto de Havana como uma provocação à Coroa Espanhola. Por acidente o navio explodiu matando 266 tripulantes e oficiais.

Os americanos aproveitaram o fato para culpar os espanhóis dando início à Guerra Hispano-Americana. Com vitória os Estados Unidos tomaram Porto Rico e Cuba (independente a partir de 1902), Guam e Filipinas pelo Tratado de Paris e ampliaram sua influência para o Oceano Pacífico e Ásia.

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