INTRODUÇÃO:
Todos os dias a LOGÍSTICA luta com o objetivo de fazer os produtos das empresas chegarem ao seu destino com rapidez, segurança e com custo favorável para ter COMPETITIVIDADE e sustentabilidade. A escolha do MODAL DE TRANSPORTE mais oportuno é resultado de um processo de avaliação, geralmente complexo, para a TOMADA DE DECISÃO que mantenha a qualidade do serviço e resultados desejados.
MODAIS DE TRANSPORTE
É um dos aspectos de maior relevância dentro dos conceitos da LOGÍSTICA quanto às modalidades de transporte (os meios utilizados na LOGÍSTICA) através das rodovias, das ferrovias, por hidrovias, por meios aéreos ou por dutos. Qualquer uma das formas escolhidas (ou MODOS) tem um grande impacto sobre as formas de sistemas de produção, distribuição e nível de consumo. Portanto, sobre os resultados econômicos de um país. É parte indispensável dentro do processo logístico, promovendo a entrega dos produtos no destino estabelecido junto ao solicitante.
O transporte ainda é fundamental no processo e vem se tornando com maior precisão com o apoio da tecnologia. Em uma visão atual, os MODAIS trabalham de maneira complementar, não concorrem entre si e cada vez mais atuam inter-relacionados em um sistema organizado e planejado dentro de uma VISÃO SISTÊMICA.
No cenário brasileiro, a pesquisa de 2018 da CNT (Confederação Nacional de Transportes) apresenta as seguintes informações sobre o transporte de carga:
A LOGÍSTICA NA ESTRATÉGIA COMPETITIVA
A escolha acertada dos MODAIS permite que a empresa tenha diferencial nos seus serviços logísticos, maior capacidade na movimentação de cargas e economia de escala. É preciso considerar que o transporte inclui variadas formas de movimentar os materiais ou produtos (no âmbito interno e externo). Há diversos aspectos que têm influência na escolha de um MODAL: local de entrega (localização geográfica), urgência, custo, peso, quantidade de itens, volume (cubagem), tipo de carga etc. Desta maneira, não existe como afirmar categoricamente qual o meio de transporte 100% perfeito.
O MODAL com maior adequação é o que puder se enquadrar às necessidades do momento e compatível com a qualidade dos serviços de transporte. Entendendo a LOGÍSTICA como parte da ESTRATÉGIA COMPETITIVA, este é um diferencial bem interessante frente à concorrência. Assim, as atividades deixaram de ser planejadas isoladamente e se juntaram num processo operacional como um todo.
Os MODAIS são importantes dentro do PROCESSO LOGÍSTICO por atuarem além das tarefas ligadas ao transporte e distribuição. Para ter mais eficiência, os processos do AMBIENTE INTERNO da empresa devem levar em conta a aplicação dos MODAIS na GESTÃO da movimentação em armazéns, estoques, almoxarifados, compras e inúmeras atividades de apoio.
A ESCOLHA DOS MODAIS
Todos os MODAIS têm vantagens e desvantagens e cada um apresenta características e custos que influenciam na escolha.
O transporte, na maioria das empresas, representa o elemento mais importante do CUSTO LOGÍSTICO e tem papel fundamental para excelência no serviço e vantagem competitiva. Os GESTORES responsáveis deverão conhecer os tipos de mercadorias, capacidade do transporte, cubagem, custos, grau de versatilidade pela característica do serviço e a viabilidade das possíveis rotas por critérios de segurança e rapidez.
OS TIPOS DE MODAIS
1 – MODAL RODOVIÁRIO
Na década de 1950, quando a indústria automobilística foi implantada no Brasil, o transporte rodoviário se tornou o meio de transporte de carga mais importante.
O MODAL RODOVIÁRIO utiliza ruas, estradas e rodovias (pavimentadas ou não) levando produtos, animais ou pessoas. Além do mais, na época a indústria automobilística gerou grande movimentação na economia e milhares de postos de trabalho diretos ou indiretos.
Vantagens: é o MODAL mais adequado no transporte por carregar quase todos os tipos de produtos (granel, líquidos, químicos, acabados, semiacabados, grãos, laticínios e carnes). As operações são simples, é flexível em relação aos trajetos, chega a todos os pontos do país e permite o serviço porta a porta do ponto de partida até o destino.
Atende às empresas de forma rápida, não necessita de tantas formalidades, tem boa relação custo x benefício, e, dependendo do produto, não exige embalagens especiais.
Desvantagens: por trafegar em muitas rodovias em péssimo estado de conservação, a manutenção dos veículos se torna cara. No Brasil, ainda há o agravante dos custos de documentação, combustível e valor dos pedágios. Grande parte da frota é antiga (18 anos), há baixa competitividade para longas distâncias: os fretes se tornam mais caros e capacidade de carga é menor. O transporte rodoviário é inseguro. Os motoristas com freqüência sofrem o risco de assaltos, abordagens violentas e roubos de carga por quadrilhas especializadas neste tipo de crime.
2 – MODAL FERROVIÁRIO
Ao mesmo tempo em que a indústria automobilística foi implantada, o transporte ferroviário no Brasil foi perdendo importância, a malha diminuiu e não houve grandes investimentos em manutenção ou expansão.
Nos anos 90 a participação das ferrovias era somente 10% do transporte de cargas.
Contudo, continua sendo importante para grãos e minérios em longas distâncias. A maior parte da rede ferroviária brasileira está nas regiões Sul e Sudeste perfazendo aproximadamente 30.129 quilômetros (incluindo todos os 22 estados e o Distrito Federal).
A partir de 2000, novos investimentos voltados para o setor implementaram projetos visando a ampliação ou reforma de pátios de manobras, ampliação da capacidade de suporte da via permanente, compra de material rodante e construçõa de terminais de integração.
Os recursos elevaram o nível da matriz do transporte e a oferta para os serviços logísticos. A participação das ferrovias chegou a 20% em 2001 e 27% em 2008 – mas, o volume ainda é muito baixo em comparação com o tamanho do país.
Vantagens: as ferrovias têm uma expressiva capacidade de carga para commodities, produtos agrícolas, minérios, siderúrgicos, derivados de petróleo, fertilizantes etc. É ideal para longas distâncias, possui elevada eficiência energética, pouco poluente, baixo custo frete e é mais seguro em relação ao MODAL RODOVIÁRIO.
Desvantagens: tem baixa velocidade, é muito lento em relação às suas operações de carga e descarga, tem baixa flexibilidade, a malha tem pouca extensão, há pouca integração entre os estados. A rede ferroviária brasileira tem outro ponto crítico pelo uso de 4 tamanhos de bitolas diferentes (distância interna na parte interior dos trilhos por onde as rodas deslizam): Bitola métrica (1,00 m), Bitola larga (1,60 m), (1,60 m), Bitola mista (1,00 m a 1,60 m) e Bitola standard (1,435 m). A diferença entre as bitolas dificulta que um trem possa ir até seu ponto final.
Uma ferrovia tem alto custo de implantação e baixo custo de manutenção.
3 – MODAL AÉREO
No Brasil, o transporte de carga foi feito pelo Serviço Postal Aéreo Militar e seu primeiro vôo em 1931 transportou malotes do Rio de Janeiro a São Paulo três vezes por semana.
No decorrer dos anos, suas rotas foram se expandindo pelos pontos inacessíveis do interior do país e para a América do Sul.
O MODAL AÉREO teve um grande desenvolvimento durante a II GUERRA MUNDIAL como função estratégica e tática com a missão de transportar tropas, material bélico, equipamentos, suprimentos, munições e diversas ações de apoio LOGÍSTICO.
Após o conflito, o transporte aéreo ganhou outro conceito pela necessidade de suprir os locais distantes e passou a ser adotada pelas empresas civis. Desde o início dos anos 50 as companhias aéreas passaram a se interessar e explorar o transporte de cargas. No presente é um MODAL que vem apresentando um crescimento expressivo desde o final do Século XX. As aeronaves utilizadas podem atuar no transporte de cargas, passageiros ou, dependendo do interesse da empresa aérea, operar em vôos mistos (carga / passageiro)
Vantagens: o MODAL AÉREO tem grande agilidade, segurança e praticidade sendo a melhor alternativa para produtos que exijam transporte rápido e com eficácia para longas distâncias em menor espaço de tempo. É o ideal para mercadorias perecíveis, amostras, brindes, medicamentos, peças de reposição, encomendas urgentes ou de alto valor, produtos eletrônicos, em linhas nacionais e internacionais. Estes fatores aumentam a competitividade do usuário e podem ser os melhores argumentos de venda e o diferencial.
A carga é colocada por equipamentos apropriados em PALLETS ou CONTAINERS que facilitam o embarque e o desembarque. Omanuseio é mais cuidadoso permitindo um baixo custo com embalagens e menor risco de roubo e extravio.
Os documentos são simples de serem emitidos e, em geral, os aeroportos estão localizados próximos aos centros de produção industrial, agrícola e importantes centros de negócios.
Desvantagens: em comparação com outros países, a carga aérea no Brasil ainda é pouco utilizada (4% de todo o movimento). A sua baixa utilização é pelo custo elevado e pela baixa capacidade de transporte (limite de espaço). Também é preciso levar em conta que há poucos aeroportos com condições adequadas que demandam altos investimentos em adaptações na infraestrutura, reformas e manutenções constantes. o MODAL AÉREO requer o apoio de outro tipo de MODAL para completar a entrega (geralmente o MODAL RODOVIÁRIO).
Sugestão de Leitura
ALVARENGA, ANTONIO CARLOS; . NOVAES, ANTONIO GALVÃO Logística aplicada: suprimento e distribuição física. Editora Blucher. Edição 3ª. São Paulo, 2000.