3 – As origens da GESTÃO AMBIENTAL

INTRODUÇÃO:

A partir do Século XXI, as pressões da sociedade a respeito do MEIO AMBIENTE se tornaram bem mais intensas. Estas pressões fizeram com que muitas empresas mudassem a forma de atuação e se adequassem às Leis e regulamentos.  Ao mesmo tempo, houve o aumento de recursos destinados ao desenvolvimento de novas tecnologias em equipamentos de controle de poluição, formas de produção de produtos e prestação de serviços. Foi um trabalho que integrou a QUESTÃO AMBIENTAL no mundo dos negócios.

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

É considerado um conjunto de atitudes, individuais ou empresariais, destinado a alcançar o DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL do planeta. São atitudes que necessitam fomentar o crescimento econômico em equilíbrio com ações de proteção ao MEIO AMBIENTE (no presente e no futuro).

Atualmente, ações que antes não faziam parte do dia a dia das empresas se tornaram práticas usuais, principalmente nas fábricas – consideradas as grandes vilãs por suas práticas predatórias contra a NATUREZA:

● O estabelecimento efetivo de um sistema de gestão ambiental.

● A reciclagem de resíduos sólidos.

● A utilização da água de forma racional visando o tratamento e reuso durante os processos produtivos.

● O uso de materiais e matérias-primas de fornecedores com certificação ambiental.

● A utilização de meios de transporte com sistemas não poluentes ou de baixo índice de poluição

● O uso de processos de produção de baixo consumo de energia ou o uso de fontes de energia limpas e renováveis.

● Incremento de inovações e o desenvolvimento de produtos de menor impacto ambiental.

● Criação de programas de treinamento focando a importância da sustentabilidade. Este aspecto tem sido fundamental por efetuar a integração da GESTÃO AMBIENTAL nas atividades de recursos humanos. É preciso ter em mente a necessidade de uma mudança no comportamento e na cultura dos funcionários para as ações que os integrem à mentalidade do SGA.

se uma empresa pretende implantar a gestão ambiental em sua estrutura organizacional, deve ter em mente que seu pessoal pode transformar-se na maior ameaça ou no maior potencial para que os resultados esperados sejam alcançados”. DENIS DONAIRE (1995, p.102).

– SÉCULO XXI

A – RIO + 10: foi realizada em Johanesburgo (2002) e também é conhecida por CÚPULA MUNDIAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.

O evento reuniu representantes de 189 países além da participação de centenas de ONGs. Na RIO+10 as discussões não se limitaram apenas ao MEIO AMBIENTE:  os aspectos sociais tiveram grande destaque.

Um dos pontos mais importantes foi a busca por medidas para reduzir em 50% o número de pessoas que vivem com menos de 1 dólar por dia até 2015 (populações abaixo da linha de pobreza).

Os aspectos sociais abordaram temas como o saneamento básico, fornecimento de água, energia, saúde, agricultura e BIODIVERSIDADE. Além das questões sobre os aspectos sociais, a reunião cobrou atitudes com relação aos compromissos firmados durante a ECO-92, principalmente a AGENDA 21.

Porém, a RIO + 10 não trouxe resultados muito significativos. Os países ricos não cancelaram as dívidas das nações mais pobres, os países da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e os EUA não assinaram o acordo que previa o uso de 10% de fontes energéticas renováveis.

Um dos poucos resultados favoráveis da RIO + 10 foi em relação ao abastecimento de água. Os países concordaram com a meta de reduzir pela metade, o número de pessoas que não têm acesso a água potável nem a saneamento básico até 2015.

B – CLIMATE CHANGE 2007: PAINEL INTERGOVERNAMENTAL SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS (IPCC) foi criado em 1988 pela ORGANIZAÇÃO METEROLÓGCA MUNDIAL e o PNUMA (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE) para fornecer informações científicas, técnicas e socioeconômicas relevantes para entender as mudanças climáticas, seus impactos potenciais e as opções de adaptação ou formas para minimizar seus efeitos.

1 – O aquecimento do sistema climático é inequívoco.

2 – A maioria dos aumentos observados na temperatura média global desde meados do século XX são muito parecidos aos aumentos observados nas concentrações de GEE.

3 – O aquecimento e aumento do nível dos oceanos continuarão a aumentar por séculos devido as escalas de tempo associadas aos processos climáticos e de realimentação, mesmo se as concentrações dos GEE pernanecerem estáveis.

4 – A probabilidade de que isto seja causado apenas por processos climáticos naturais é menor que 5%.

5 – A temperatura poderá aumentar entre 1,1 e 6,4 °C durante o Século XXI.

6 – O nível do mar provavelmente se elevará entre 18 a 59 cm.

7 – A certeza de que haverá mais derretimento glacial, ondas de calor e chuvas torrenciais é maior que 90%.

8 – O nível de certeza de que haverá um aumento nas secas, ciclones tropicais e marés acima do nível normal é maior que 66%.  

9 – As emissões de DIÓXIDO DE CARBONO (tanto as emissões passadas como as emissões futuras) continuarão a contribuir para o aquecimento e para o aumento do nível dos oceanos.

10 – As concentrações de gases têm aumentado significativamente como resultado de atividades humanas desde 1750, após a I REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.

11 – Os governantes precisam reduzir o gás carbônico pela queima de Petróleo e Carvão, passar a incentivar o uso de energias renováveis e promover o reflorestamento. Para isso será preciso destinar 0,50 % do PIB mundial para salvar a Terra de grandes catástrofes.

C – Rio + 20: em 2012 foi realizada no Rio de Janeiro a Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20 que reuniu representantes de 193 países.

Conferência teve uma das maiores coberturas e foi acompanhada de perto pela imprensa, marcou os vinte anos da realização da Rio-92 e contribuiu para a definição da agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas.

O encontro fez uma avaliação das políticas ambientais que foram adotadas e emitiu um documento final, com o título de “O FUTURO QUE QUEREMOS”, que  reafirmou uma série de compromissos. Porém, houve duras críticas, principalmente em relação à falta de clareza, objetividade e pela fata de metas concretas para que os países diminuíssem a emissão de poluentes e estabelecessem ações que preservassem ou recuperassem suas áreas naturais. A Rio + 20 teve dois temas principais:

1 – A ECONOMIA VERDE NO CONTEXTO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DA ERRADICAÇÃO DA POBREZA. A ECONOMIA VERDE é o instrumento destinado a aplicação de políticas e programas com vistas a fortalecer a implementação dos compromissos de desenvolvimento sustentável em todos os países membros da ONU. Em relação ao Brasil, a ECONOMIA VERDE deve ser direcionada ao contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, uma vez que economia e meio ambiente não podem ser dissociados das preocupações de caráter social.

2 – ESTRUTURA INSTITUCIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: a abordagem e as discussões sobre a estrutura institucional buscaram formas para melhorar a coordenação e a eficácia das atividades desenvolvidas pelas diversas instituições do sistema ONU voltadas para as diferentes bases do DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (econômico – social – ambiental). Os países debateram, principalmente, os programas voltados ao desenvolvimento econômico, bem-estar social e à proteção do meio ambiente e como estes programas devem ser organizados dentro de esforços conjuntos.

WORLD WIDE FUND FOR NATURE

Criada no início dos anos 60, a WWF é uma organização de conservação da natureza de caráter global.

Conforme o seu relatório de 2002, denominado Planeta Vivo, a nossa sociedade consome cerca de 20% a mais de recursos naturais além do que o planeta Terra tem capacidade para repor.

OS STAKEHOLDERS NA GESTÃO AMBIENTAL

No início do Século XXI, acompanhando uma tendência já iniciada nos anos 90, começaram a surgir outras situações sobre questões relativas ao MEIO AMBIENTE. Acionistas e investidores (STAKEHOLDERS) voltaram o seu interesse por empresas que mostraram resultados positivos associados às ações sobre preservação da NATUREZA e DESENVOLVIMENTO SOCIAL, independentemente dos aspectos legais ou das pressões de órgãos governamentais.

Quase que simultaneamente, outros STAKEHOLDERS seguiram a mesma propensão: Comunidades, Clientes, Bancos, Consumidores, Concorrentes etc. Empresas orientadas para o MEIO AMBIENTE passaram a ter um conceito muito mais favorável diante da opinião pública.

“para sensibilizar os demais administradores da empresa, que lhe podem dar apoio e respaldo organizacional no engajamento da temática ambiental, propagando e consolidando a ideia de que sua atividade, antes de ser uma despesa a mais para a organização, é uma grande oportunidade para a prospecção de novas formas de redução de custos e melhoria de lucros”. (DENIS DONAIRE, 1999 – p. 87)

No presente, os negócios causam efeitos no MEIO AMBIENTE e o MEIO AMBIENTE causa efeito nos negócios:

Há repercussões sobre aImagem Corporativa, sobre oconceito dos Produtos e Serviços e na reputação das empresas.

● O relacionamento com os clientes se torna promissor.

Há o aumento na rentabilidade.

Há uma sensível transformação na mentalidade dos colaboradores. 

● Há maior expectativa dos acionistas e investidores.

“a proteção ao meio ambiente deixa de ser uma exigência punida com multas e sanções e se inscreve em um quadro de ameaças e oportunidades, em que as consequências têm impacto sobre a sobrevivência da organização” (DENIS DONAIRE, 1999, P. 70).

Empresas que se consideram como INDÚSTRIA 4.0 possuem uma filosofia de trabalho diversa em comparação ao que era praticado em relação a preservação do MEIO AMBIENTE e aos RECURSOS NATURAIS durante o Século XX. Mesmo com os danos da PANDEMIA DE COVID-19, elas continuarão crescendo tomando por base, além dos avanços tecnológicos, suas ações em RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL e a qualidade de vida. É uma tendência que se mostra como sendo um caminho sem volta. As empresas que ainda não se posicionaram para essa nova realidade necessitam se adequar com presteza porque, do contrário, poderão desaparecer.

Sugestão de Leitura

MAIMON, DÁLIA. Passaporte verde: gestão ambiental e competitividade. Editora Qualitymark. Rio de Janeiro, 1996.

DONAIRE, DENIS. Gestão ambiental na Empresa. Editora Atlas. São Paulo, 1999.

MOURA,  LUIZ ANTÔNIO ABDALLA DE. Qualidade e Gestão Ambiental. Editora Del Rey. Edição 6ª. Belo Horizonte, 2011.

CAIRNCROSS, FRANCES. Meio ambiente: custos e benefícios. Editora Nobel. São Paulo, 1992.

BARBIERI, JOSÉ CARLOS. Gestão ambiental empresarial. Editora Saraiva. Edição 3ª. São Paulo, 2004.

MOTTA, RONALDO SEROA. Economia Ambiental. Editora FGV. Edição 1ª. Rio de Janeiro 2006.

SACHS, IGNACY. Desenvolvimento includente, sustentável, sustentado. Editora Garamond.  Edição 1ª. Rio de Janeiro 2004.

ALMEIDA FERNANDO. O bom negócio da sustentabilidade. Editora Nova Fronteira. Rio de Janeiro, 2002.

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