Tipos de ERGONOMIA

INTRODUÇÃO:

Após o processo de GLOBALIZAÇÃO no início dos anos 90, as empresas passaram a enfrentar um novo panorama que exigiu mudanças radicais nas formas de Administrar. Entre as mudanças ocorridas, a ERGONOMIA e a SAÚDE DO TRABALHO se tornaram alvo da atenção das empresas brasileiras, com maior rigor, em comparação com os anos anteriores. As condições adequadas para os colaboradores foram reconhecidas, aos poucos, como de grande valia para que as empresas se adaptassem às novas solicitações nas RELAÇÕES DO TRABALHO.

Ainda em relação ao Brasil, as estatísticas referentes aos acidentes de trabalho e doenças laborais mostraram, desde a década anterior, a urgência e a necessidade da aplicação da ERGONOMIA. Mas, nos anos 90, as soluções viáveis esbarraram na falta de conhecimento técnico, de especialistas, experiência administrativa e conhecimento legal do assunto. Ao mesmo tempo, o volume de processos judiciais por insalubridade, periculosidade, aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial e doenças laborais permaneceram em níveis muito altos.

Nos anos 2000 a ERGONOMIA passou a ser vista como a solução, que necessitava de uma abordagem mais abrangente e investimentos por parte das empresas. Ela foi entendida como uma solução para proteger a saúde do trabalhador e a proteção específica quanto aos riscos existentes, tanto nos aspectos médicos, legais e de segurança. Nos dias atuais, ela participa ativamente da responsabilidade social, ética nas RELAÇÕES DO TRABALHO e fator de justiça e de igualdade.

A ERGONOMIA E ACIDENTES

As investigações sobre acidentes de trabalho podem se basear nas CONDIÇÕES ERGONÔMICAS do local. A ERGONOMIA analisa os postos de trabalho como sendo a ligação do homem ao equipamento utilizado nas tarefas e, também, o ambiente no qual ele está na empresa. Dependendo da atividade exercida, o trabalhador pode estar exposto a inúmeros RISCOS ERGONÔMICOS, RISCOS AMBIENTAIS e de propensão aos acidentes. Assim, a ERGONOMIA utiliza métodos preventivos em relação às doenças e acidentes de trabalho, agindo sobre o ambiente para oferecer conforto e segurança aos colaboradores.

INTERFACE E APLICAÇÕES

Outro aspecto muito positivo é que a ERGONOMIA solicita a INTERFACE com diversas áreas da empresa e o uso de várias modalidades do conhecimento por sua ampla faixa de aplicações. A ERGONOMIA – ENGENHARIA DE FATORES HUMANOS não está apenas voltada para os ambientes das empresas.

Sua aplicação é importante para qualquer projeto de DESIGN em transportes, equipamentos médicos e odontológicos, TIC, produtos para terceira idade e envelhecimento, material nuclear, construção civil, ambientes virtuais e projetos de produtos de consumo.

Quanto aos produtos de consumo, os cuidados com o projeto vão desde a embalagem até o formato final para melhor ajuste do produto ao usuário (e não o contrário – a USABILIDADE é um componente da EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO): note books, celulares, móveis, veículos, eletro eletrônico, acessórios, roupas etc.

ERGONOMIA E A QUALIDADE

Em empresas, em que a GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL atua de forma sistemática, a ERGONOMIA considera que uma das suas atividades de maior importância a HUMANIZAÇÃO dos processos para racionalizar as atividades, sistemas e métodos de trabalho ao homem. São medidas que, com certeza, se refletem na qualidade dos bens/serviços, no CLIMA LABORAL, MOTIVAÇÃO e ENGAJAMENTO.

TIPOS DE ERGONOMIA

Da mesma maneira como as outras áreas do conhecimento, a ERGONOMIA também evoluiu e deixou de ser vista, apenas, como a relação do homem com o seu trabalho. Em uma visão mais moderna, ela trata de todas as formas de interação do indivíduo com os elementos que são utilizados em suas atividades. A ERGONOMIA tem três principais áreas de especialização:

1 – ERGONOMIA FÍSICA  

Ocupa-se com as respostas do corpo humano em relação à carga física e psicológica. Abrange a manipulação de materiais, arranjo físico dos postos de trabalho e suas demandas, movimentos repetitivos, vibração, força requerida e a postura estática que estão vinculados a distúrbios músculo esqueléticos. A ERGONOMIA FÍSICA avalia a postura durante o trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, tendência para distúrbios músculo esqueléticos causados pela atividade, projetos para postos de trabalho e a preocupação com a segurança e saúde do funcionário no desempenho da função.

O objetivo é efetuar a análise das medidas do corpo, projetar e dimensionar móveis, equipamentos, máquinas e ferramentas de acordo com a anatomia humana e capacidade fisiológica e psicológica.

Intervenções da Ergonomia Física

● Ergonomia de correção: altera elementos como a iluminação, níveis de ruído, temperatura, dimensões, posicionamento do mobiliário etc.

● Ergonomia de concepção: é feita no projeto do ambiente para uma melhor organização do trabalho, dos sistemas de produção e do uso correto dos equipamentos. Também atua para manter a postura correta dos funcionários.

● Ergonomia de conscientização: é aplicada em programas de treinamento em educação sobre ergonomia em palestras e treinamentos, abordando a correção de hábitos posturais e uso de equipamentos.

● Ergonomia participativa: relacionada com a criação de um CIE (COMITÊ INTERNO DE ERGONOMIA), que se dedica à conscientização e viabilização de projetos ergonomicamente corretos voltados para saúde dos trabalhadores.

2 – ERGONOMIA COGNITIVA

Também é conhecida por ENGENHARIA PSICOLÓGICA e está relacionada aos processos mentais que o trabalhador utiliza na execução de suas atividades como a percepção, atenção, cognição, controle motor e armazenamento e recuperação de memória. Também inclui a forma como eles interferem nas interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema.  A ERGONOMIA COGNITIVA avalia raciocínio, resposta motora, percepção e memória para encontrar alternativas que possam diminuir os fatores de estresse no ambiente de trabalho. A ERGONOMIA COGNITIVA avalia a resposta do indivíduo em relação:

– A carga mental que o trabalho exige.

– Os processos de tomada de decisão.

– O desempenho específico em determinados setores.

– A interação entre o indivíduo e a máquina.

– A confiabilidade humana.

– O stress proveniente das rotinas de trabalho.

– A formação da concepção de PESSOA X SISTEMA.

A ERGONOMIA COGNITIVA, também atua com ações de treinamento, aprendizado e desenvolvimento dos colaboradores promovendo melhorias nas relações entre os colegas e Gestores.

3 – ERGONOMIA ORGANIZACIONAL OU OPERACIONAL

Também é conhecida por MACROERGONOMIA. Refere-se à ERGONOMIA que estuda e propõe mudanças na CULTURA ORGANIZACIONAL, no CLIMA ORGANIZACIONAL, fortalecendo estruturas, processos e políticas da empresa. Seu objetivo é adaptar as CONDIÇÕES ERGONÔMICAS da empresa para preservar ao máximo a saúde e o bem-estar dos trabalhadores. A ERGONOMIA ORGANIZACIONAL mostra que é possível ter ambientes que com boas condições de trabalho, sem que isso signifique altos investimentos para a empresa e avalia:

– CULTURA ORGANIZACIONAL.

– Qualidade da gestão.

COMUNICAÇÃO INTERNA da empresa.

– Atividades executadas em grupo.

– Projetos participativos realizados e trabalhos cooperativos.

– Ambiente e tarefas.

4 – ERGONOMIA OCULAR

Esta nova área da ERGONOMIA vem se desenvolvendo a partir do ano 2000 e também é conhecida como ERGONOMIA VISUAL. O uso da informática em escritórios e em diversos postos de trabalho tem crescido e vem apresentando condições, muito diferentes e estressantes, em comparação às tradicionais formas. As estações de trabalho do computador e o uso de tablets e celulares por períodos prolongados  causam fadiga visual, dores musculares no pescoço, ombros, costas, braços coluna vertebral e articulações. 

Sugestão de leitura

MATTOS, UBIRAJARA; MÁSCULO, FRANCISCO. Higiene e segurança do trabalho. Editora GEN LTC. Edição 2ª. São Paulo, 2019.

MONTMOLLIN, MAURICE DE. A Ergonomia. Editora Instituto Piaget. Edição 2ª. Lisboa, 2011.

DE MASI, DOMENICO. A sociedade Pós Industrial. Editora Senac. Edição 3ª. São Paulo, 2000.

GUERIN, FRANCOIS; KERGUELEN, A; LAVILLE, A. Compreender o Trabalho para transformá-lo. A prática da ERGONOMIA. Editora Blucher. Edição 1ª. São Paulo, 2001.

PALMER, COLIN. Ergonomia. Editora Fundação Getúlio Vargas. Rio de Janeiro, 1976.

DICAS SOBRE ERGONOMIA:

– Organizar o local de trabalho.

– Obedecer às normas de segurança.

– Usar PRODUTOS ERGONÔMICOS.

– Manter a cabeça alinhada no centro do monitor.

– Manter as costas eretas.

– Deixar os braços levemente esticados

– Não cruzar as pernas.

– Posicionar e manter as pernas em 90 graus.

– Programar pausas, fazer alongamento e praticar GINÁSTICA LABORAL.

Deixe um comentário