Teoria da Burocracia – O Modelo de Gouldner

INTRODUÇÃO:

Diversos estudiosos afirmam que os trabalhos de ROBERT K. MERTON, PHILIP SELZNICK e ALVIN GOULDNER também poderiam ser relacionados às ideias do ESTRUTURALISMO. Opiniões a parte, tradicionalmente eles pertencem a TEORIA DA BUROCRACIA.

Contudo, apesar da visão ampla sobre a importância do ESTRUTURALISMO na ANÁLISE ORGANIZACIONAL, no conhecimento científico e nos conceitos que foram apresentados na elucidação dos problemas organizacionais, a TEORIA DA BUROCRACIA teve outra preocupação. O seu objetivo foi a criação de propostas diante da superficialidade da ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA, da TEORIA CLÁSSICA e da TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS diante das variáveis e problemas que ocorreram nas organizações no final da década de 1930

MERTON, SELZNICK e GOULDNER analisaram e descreveram o círculo vicioso burocrático. A preocupação foi demonstrar o desequilíbrio provocado no sistema pela aplicação de uma técnica de controle procurando a manutenção do equilíbrio de um subsistema e a forma pela qual tal desequilíbrio tem influência no subsistema afetado.

ALVIN WARD GOULDNER

Foi sociólogo e professor americano conhecido como um intelectual crítico por suas contribuições significativas para a literatura da sociologia.  GOULDER lecionou Sociologia de 1959 até 1967 na Universidade de Washington de 1967 até 1972 na Universidade de Buffalo de 1972 a 1976. Foi presidente da Sociedade para o Estudo dos Problemas Sociais em 1962.

GOULDNER publicou diversos materiais e livros.Os livros de maior relevância foram: STUDIES IN LEADERSHIP em 1950 (ESTUDOS EM LIDERANÇA),em 1954 PATTERNS OF INDUSTRIAL BUREAUCRACY (PADRÕES DE BUROCRACIA INDUSTRIAL com o estudo de caso de administração em fábrica moderna revelando as relações entre trabalhadores e gestão em uma planta industrial e na comunidade fora dela) e em 1970 THE COMING CRISIS IN WESTERN SOCIOLOGY (A CRISE VINDOURA DA SOCIOLOGIA OCIDENTAL)

Os estudiosos afirmam que a sua obra mis importante foi THE COMING CRISIS IN WESTERN SOCIOLOGY (A CRISE VINDOURA DA SOCIOLOGIA OCIDENTAL) usado por muitas escolas de sociologia.

O MODELO DE GOULDNER

A organização é vista como um sistema instável. O processo burocrático é um ciclo instável que busca estabilidade e equilíbrio, mas que acaba provocando tensões e conflitos interpessoais. Para GOULDNER não existe apenas um tipo ou modelo burocrático. Afirmou que há uma infinidade de burocracias (todas elas relevantes), mas que devem de estar em equilíbrio: o excesso de burocratização leva à rigidez e a sua ausência gera a desorganização e a indisciplina. O modelo pode ser explicado:

A – Maior a exigência de controle ou mais regras burocráticas: a exigência de controle por parte da organização conduz à imposição de regras burocráticas.

B – Diretrizes gerais e impessoais: as regras burocráticas definem o que é permitido e o que não é permitido.

C – Visibilidade das relações de poder: os participantes têm maior visibilidade das relações de poder e das normas.

D – Aumento de tensão interpessoal: as normas aumentam a tensão no relacionamento interpessoal e reduzem a motivação para produzir.

E – A indução aos padrões: a adoção de diretrizes gerais e impessoais especifica um nível mínimo de desempenho aceitável.

F – O rigor na supervisão: ao ver a diferença entre os OBJETIVOS da organização e os resultados obtidos na prática, devido ao comportamento padrão, a organização reage. A partir deste ponto, ela aumenta o rigor na supervisão para forçar as PESSOAS a trabalharem mais (a organização intensifica a BUROCRACIA PUNITIVA, o que aumenta a visibilidade das relações de poder. Reinicia-se o ciclo, isto é, o círculo vicioso da supervisão fechada.

TIPOS DE BUROCRATIZAÇÃO DE GOULDNER

São três as formas de burocracia identificadas e que coexistem em diferentes graus dentro de uma mesma organização para formar um tipo de burocracia mista.

1 – Burocracia fingida: as normas são impostas de fora e sua violação confere um determinado STATUS aos infratores. Neste tipo de BUROCRACIA, o moral costuma ser elevado, porquanto os valores informais do grupo são reforçados pela possibilidade de violação conjunta das regras impostas de fora e mal controladas.

2 – Burocracia representativa: as regras e procedimentos são promulgadas por especialistas (com EXPERTISE técnica), cuja autoridade é aceita pelos supervisores, operários e por todos os participantes. Portanto, as regras têm o apoio de todos, pois integram o sistema de valores que é predominante na fábrica. A alta qualidade do trabalho confere prestígio, originando uma atitude de solidariedade e de exortação aos infratores.

3 – Burocracia punitiva: as regras são impostas pelas pressões da administração ou dos empregados, na tentativa de coagir a outra parte. A autoridade e o comando são realçados e a infração às regras é punida de forma severa.

LIVROS

Análise Organizacional (1959), Reciprocidade e Autonomia na Teoria Funcional (1959), A norma de reciprocidade: uma declaração preliminar (1960), Anti-Minotauro (1964), Entra Platão (1966), A Crise Iminente da Sociologia Ocidental (1970), Pela Sociologia: Renovação e Crítica na Sociologia Hoje (1973), A Dialética da Ideologia e Tecnologia (1976), O Futuro dos Intelectuais e a ascensão da nova classe (1979) e Os dois Marxismos (1980).

“WEBER parece ter concebido as normas como se elas se desenvolvessem e operassem sem a intervenção de grupos interessados que, além disso, possuem o poder em graus diferentes. Certamente, a BUROCRACIA é um instrumento produzido pelo homem e será produzido por homens na proporção de seu poder em uma situação dada”. GOUDNER, ALVIN W. Entra Platão PG. 61 – 1966.

GOULDNER, ALVIN W. Coming Crisis of Western Sociology. (Crise vindoura da sociologia ocidental). Publishing William Heinemann Ltd. London, UK – 1971.

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